- Será que a Jeong maltratava meu pai também? Será que ele morreu por causa dela e do meu avô? Meu ... aquele senhor sempre deixou bem claro que não gostava dele e nos proibia de tocar no nome do meu pai. Era sempre 'aquele cara' e eu era apenas 'a filha daquele homem'.
Mas May sorriu, ela parecia gostar da ideia de Eun-Ji ir visita-la e a ruiva sentia-se amada e querida. Ela nem sabia o que fazer com tanta felicidade. Não soube descrever o que sentiu quando foi abraçada pela tia, era uma sensação nova, ser abraça por alguém da própria família.
- É a primeira vez que abraço um parente, alguém com o mesmo sangue que o meu... obrigada por isso, titia - quando elas se afastaram, a garota tocou no rosto da mulher, descrevendo suas linhas, tentando ver seu pai ali e tentando ver-se naquele rosto. Então May pega o celular e mostra uma foto em preto e branco com três crianças e ela explicou quem eram. Eun-Ji segurou o telefone e começou a chorar emocionada por estar vendo seu pai pela primeira vez. Mesmo sendo uma foto antiga e com ele criança, era o mais próximo que já tinha chegado do rosto dele.
- Meu pai... - a voz saia entrecortada pela emoção, ela passava o dedo na tela como se pudesse toca-lo de verdade - oi appa... sou sua filha, Eun-Ji... eu sei que... o tempo que passamos juntos foi pouco... mas eu sinto saudades... eu sempre te amei, appa...- falava olhando para a foto - três lindas crianças, titia... e essa Yue, é quem? - antes de devolver o telefone, ela segurou junto ao peito, como se abraçasse o pai - obrigada por me apresentar o appa...
Se Eun-Ji tinha um sonho na vida, com certeza era esse: ver uma foto de seu pai. Permitiu ser tocada pela tia e ao se despedirem, ela a abraçou e agradeceu novamente.
- Foi a melhor coisa que já me aconteceu na vida. Era o que eu mais queria na vida, ver o rosto do meu pai. A única pessoa que eu acreditava que poderia me amar quando eu estava em casa sozinha, mas agora eu tenho a senhora, a senhora Bora e a Yuki unnie... ah, a Yuki unnie, ela tinha que saber disso... o Choi oppa também... ele ia ficar feliz de saber disso, né diretora? - falava empolgada sobre seus amigos.
Ela fez questão de acompanhar a tia até a porta e conversava com a diretora na volta, sem conseguir conter seu sorriso. Secava aquelas lágrimas, que agora eram de felicidade e rumava para o refeitório. Que manhã tinha sido aquela...
- Sim, senhora diretora... quanta graça divina para mim... tanta alegria... eu tenho uma tia... e ela é linda... e é elegante... e já escovou meus cabelos e eu nem sabia... ela disse que eu lembrava a avozinha dela... que na verdade é minha bisavó... eu achei que estava sozinha aqui na Coreia, ma eles estão aqui... ai meu Deus! Só falta uma coisa para minha felicidade ser completa... mas isso... bem, melhor deixar de lado por enquanto... não quero que nada estrague minha felicidade...
Ela chegou saltitando e cantarolando ao refeitório e cumprimentou seus amiguinhos e pôs-se a almoçar junto com eles e para que as crianças também comessem suas gelatinas e não dessem para ela, ela brincou de fazer esculturas (fazer desenhinhos) no doce e entregava para elas. Era algo bobinho, mas que ela fez para alegra-los também. Não era justo que eles ficassem sem a sobremesa.
Enquanto conversava com as crianças, foram lhe chamar mais uma vez e ela foi, curiosa com o que seria. Seria mais uma visita? Quem seria dessa vez?
Animou-se ao ver quem era... sua unnie... saiu correndo em sua direção e a abraçou, muito feliz em vê-la.
- Yuki unnieeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee... unnie, unnie... que saudades... como vocês está? Tudo bem? Eu tenho um montão de coisas para te contar, unnie... aonde a gente pode conversar, diretora?
Assim que estivem em um bom lugar para conversar, Eun-Ji contaria as várias novidades desses dias que passou no orfanato.
- Yuki unnie, aqui tem um monte de criancinha, elas vão adorar te conhecer. Nó brincamos muitos, sabia? Eu estou cantando em um coral de igreja, acredita nisso? Na igreja todo mundo canta na hora na missa, consegue imaginar o quão maravilhoso é isso? Eu nem acreditei quando vi a primeira vez... estou tão feliz... agora posso cantar... e para Deus... A diretora disse que eu não vou poder participar do programa por causa do processo, por que a Jeong pode usar isso contra a senhora Bora, daí eu fiquei muito triste achando que não poderia mais cantar, mas a senhora Cheong me levou para a igreja dela e me apresentou o Choi oppa... - seu rosto iluminou ao falar dele - um verdadeiro presente de Deus. Ele disse que eu podia participar do coral. Fiquei tão feliz... ele é muito gentil e eu falei de você para ele, vocês tem que se conhecerem. Ele conheceu a senhora Bora, minha futura mamãe... ela gostou dele! Ele já morou aqui e me disse muitas coisas boas que me ajudaram a passar por esse problema, com o coração mais tranquilo. Depois que eu o conheci só aconteceram coisas boas comigo... é ou não uma dádiva ter ele no meu caminho? Fiquei sabendo que poderia cantar, que a audiência para minha adoção é essa semana e a maior notícia de todas... - sorria de orelha a orelha - eu.tenho.uma.tiaaaaaaaa - falou pausadamente e efusivamente ao final da frase - uma tia unnie! E ela veio me visitar hoje, uma irmã do meu pai... e mais, você nem imagina quem é: a senhora May! - estava bem empolgada - a senhora May da Shine Brigth é minha tia... ela me mostrou uma foto do meu pai... unnieeeee... eu vi o rosto do meu pai pela primeira vez - seu olho estava vermelhinho de emoção - ela disse que tem um monte de coisa para me contar e quer que eu vá para casa dela... acho que ela quer que eu vá morar com ela... e agora você está aqui comigo! Tudo isso aconteceu hoje... hoje! Só faltava uma coisa para o meu dia ser completo, mas isso não vai acontecer... E você?
Ela tinha mais coisas para contar, mas deixou que a amiga absorvesse aquelas três boas noticias. Agora só haviam os hematomas no corpo da garota e os piores cortes agora pareciam arranhões. Eun-Ji também queria saber sobre os dias da amiga.
- Como foram esses dias? Você foi no café de gatinho? Como é lá? Que gosto tem esse café? Todo mundo foi? Quando vocês foram lá? Ah, unnie... eu vi daqui o programa... me perdoe por não ter feito uma boa apresentação e por ter ido embora sem me despedir de vocês... achei que nunca mais te veria outra vez! E me perdoe por não ter conseguido te proteger... mas fiquei muito feliz que você passou e que a Euntak não vai mais te incomodar. Agora você vai poder seguir no programa em paz, vou torcer por você.
Depois, no decorrer da conversa, ela contaria o resto, como foi parar lá e como passava seus dias.