O dia amanhece claro, embora um pouco frio. A cidade começa a mostrar um pouco de vida, embora ainda pareça uma cidade triste, o clima já não está tão pesado como a noite. Como tinham percebido, haviam muitas construções que tinham sido destruídas em algum confronto recente, e assim que Hélius Flava (estrela principal) nasce, várias pessoas começam a arrumar várias destas construções. As ruas ficam cheias de entulhos. Algumas pessoas aproveitam os entulhos dos outros para reconstruir as próprias casas.
A rua onde estavam possui três grandes oficinas que terão um movimento relativamente forte o dia inteiro. A primeira é uma carpintaria/marcenaria/madeireira, e segunda uma ferraria/forja/armoraria e a terceira é... tipo... ela é bem difícil de se definir, mas poderíamos a grosso modo chamar de "loja de ferragens" e tem vários tipos de instrumentos para as mais diversas profissões de artesões. Esta terceira oficina dá vários suportes para as outras duas e parece em parte uma mistura delas, além disto tem alguns trabalhadores do tipo pau para todo tipo de obra.
As oficinas não são um primor em organização, matérias primas e produtos acabados estão estocados em tudo que é canto, são prateleiras e prateleiras cheias do chão ao teto. Mas elas claramente são um dos pontos principais da cidade, assim que abrirem as pessoas já vão procurar estas três oficinas, ao meio-dia o movimento ali se torna uma coisa de louco, com fila de vários minutos para ser atendido.
Nenhuma outra loja comercial chama tanta atenção, mas existem várias pequenas oficinas e lojas esparramadas: alfaiatarias, courarias, muita coisa de artesanato, vendedores ambulantes que vendem de pequenos animais a talheres de prata (livros, roupas, quinquilharias), alguns bares e alguns armazéns que vendem produtos diversos de alimentos prontos ou para cozer, lojas de produtos para herbanários...
Enfim, qualquer coisa que possam imaginar que teria numa vila pequena ou média certamente tem em Dafodil, e algumas coisas só de cidades um pouco maiores também.
Os homens de Reikon irão para o porto cuidar dos seus negócios pessoais, e o rio é um lugar que certamente vocês procurarão mais cedo ou mais tarde, pois não tem como ignorar um lugar com tanta água, ainda que sejam movidos pela curiosidade de entender o que os homens de Reikon tanto falavam sobre estes lugares cheios de água.
E quando chegam no rio, é impossível não se emocionar. É muita água. Vocês não acreditavam que existisse tanta água assim no mundo inteiro. Quando saíram na cidade-prisão, a caravana de vocês tinha umas 200 carroças-pipa, ali daria para encher muito mais de 200 carroças-pipas só numa linha do rio.
A largura dele era de cerca de dez casas médias. O rio chamava Rio da Serpente e era muito sinuoso. Haviam três pontes, uma dava num lugar que chamavam do "bairro baixo", outra na Necrópole e outra ligava as partes sul da cidade. As margens do rio eram de uma terra preta e em alguns lugares as correntes eram fortes.
Vocês veem também pela primeira vez os tais "barcos" que os homens de Reikon tanto falavam, espécies de "casas de madeira que andavam sob as águas" e se admiram.
Depois de babarem um pouco por aquela visão tão diferente, vocês reparam o porto. Tudo para vocês é novo, tem algumas pessoas pescando (e finalmente vocês veem o que são os tais "peixes" que os homens falavam), há três lugares para atracar (portanto não é um porto tão movimentado, os navios são de tamanho médio), tem alguns pontos que dá para nadar, há um comércio local em volta do porto. A parte mais movimentada é o embarque e desembarque de cargas, as pessoas ao redor perceberão claramente que vocês não estão acostumados a ver um porto, e vão mandá-los ficar longe da área de carga para não atrapalhar.
O porto é também um dos lugares mais barulhentos da cidade, pessoas gritando ordens de todos os lados, a maioria parece apressada e muitos tem até a cara inamistosa. O número de homens supera o de mulheres em 8 ou 9 por 1.
Em toda a cidade, e principalmente no porto, há pessoas falando vários idiomas. Alguns falam Moloke, outros Esperanto, outros Yrdok e várias outras línguas, sendo que muitos os compreenderão e muito não.
No meio da cidade há construções melhores que as que viram no norte, algumas casas de pessoas com obviamente mais posses, mas ainda nenhuma mansão. A construção que mais se destaca é o templo, com muitas linhas curvas, vários espaços com dois, três ou quatro andares e uma torre do lado. O templo ocupa todo um quarteirão, tem um pátio grande e uma praça na frente. Está cheio de barracas no seu pátio onde aparentemente, pessoas recebem ajuda principalmente de curadores.
Alguns híbridos começam aparecer com mais frequência. Muitos semi-ocultos por capuzes e roupas largas, outros bem misturados ao ambiente como se já estivessem acostumados aos humanos e estes acostumados com eles. Alguns demônios aparecem depois das 10 horas, por enquanto ainda parecem poucos, mas estão com armas e armaduras pesadas e patrulham a cidade como guardas, e provavelmente são mesmo um exército.
Pelo que Ranëri falou, e também pelo que observam na cidade, há dois ou três dias a parte oeste da cidade atacou esta parte onde estão, mas a parte leste parece ter ganhado a disputa e expulsado os outros de volta para a Necrópole. Alguns ainda estão comemorando. Ela também deixou informações de como achar a "Praça das Celebrações", que é um dos pontos importantes para a tal "Corte dos Milagres". Outro ponto óbvio é o Templo e a praça da Corte em frente dele, mas o tal Icanor estará na Praça das Celebrações, que fica cinco ruas abaixo da rua do templo.
- Quem estiver procurando Icanor:
Ele não é difícil de se achar. Algumas pessoas em volta os olham com desconfiança, mas se forem inteligentes e procurar direto por alguém que pareça estar ajudando bêbados e estropiados, verão um homem negro, por volta de seus quarenta e poucos anos, numa barraca que até parece uma barraca de um vendedor ambulante cheia de ervas, pastas e vidros.
Ele confirma ser a pessoa que procuram, se falarem que foram indicados por Ranëri, ele também diz saber quem é. Quando chegam, Icanor estava enfaixando o braço de um homem, e não para quando começam falar com ele. Apesar disto a primeira impressão é de que parece uma pessoa amigável. Se alguém quiser pode jogar Reação com 1D12, sendo 1 uma primeira impressão "neutra" e 12 que ficaram muito impressionados com ele. Pode rolar e já interpretar, mas se não quiser não é obrigatória pois já defini que "hostil" ele não se mostra.
Suas roupas são boas, o cabelo parece bem tratado e a barba bem cortada. Não parece rico, mas deve ser alguém de certa importância. Tem um físico forte, embora vocês veem que não é um corpo de um guerreiro, talvez o considerem até bonito ou atraente. Ele fala Esperanto ou Moloke com facilidade, um pouco anasalado como Ranëri, mas ao contrário dela domina bem o idioma.
Não demonstra qualquer atitude diferente quando algum híbrido fala com ele. Além do homem que ele estava atendendo, várias pessoas ficam perto da barraca dele. Vocês inclusive veem uma demônio deitada no chão, aparentemente trêbada. Ela é alta e muito musculosa, e geme de dor (provavelmente de cabeça) perto de alguns sacos com folhas (provavelmente medicinais) que ele tem por ali.
Icanor não parece levar nenhuma arma consigo. Enquanto trabalha cumprimenta tanto vocês como outras pessoas que passam, logo ele termina de enfaixar o braço do homem, falando para ele trocar a bandagem depois de 16 horas e tomar cuidado para não infeccionar. Ele continuará falando com vocês mas se interrompendo de tempos em tempos para falar com outras pessoas, pois embora não tivesse uma fila enorme, muitas pessoas o procurava.
Outras impressões aleatórias que podem ter da cidade, podem escolher qualquer número delas, dependendo que quanto tempo gastem para andar por ai, ou podem tirar algumas nos dados, como preferirem:
1 - Algumas nuvens tampam Hélius Flava por um minuto e meio, deixando a cidade mais escura, e neste breve tempo você tem a impressão de ver raios de luz vermelha indo de um lado a outro das nuvens. Mas a impressão passa logo que Hélius sai de trás das nuvens.
2 - Um casal, com vestes de couro pesado e escuro e espadas longas longas se destaca na multidão. Eles parecem observar tudo em volta, e quanto percebem seu olhar o cara pergunta: TÁ OLHANDO O QUE?
3 - Um meninos de 10-12 anos corre na rua e se esconde num beco. Logo atrás dois homens correm na mesma direção gritando algo. Quando o perdem de vista, ficam olhando ao redor, com raiva.
4 - Alguns homens no porto cozinham um "monstro estranho" perto da praia. Na verdade era apenas um peixe enorme com mais de dois metros e algumas centenas de quilos, vendendo pedaços para quem quiser comprar.
5 - Numa praça, um trio de artistas canta por moedas, um homem com violino, uma mulher com uma flauta e outra cantando. Ela tinha a voz bonita, mas a música era muito triste, mesmo não entendendo o idioma dela.
6 - Uma mulher com roupa muito chamativa corre para o meio-fio e vomita. Dois homens vêm atrás dela, a ajudam ficar de pé, colocam uma moeda na mão dela falando algo em voz baixa e a levam para dentro de uma casa.
7 - Num beco, você vê um corpo de um homem jogado num canto, cheio de marcas de facada, parece ter sido morto a pouco tempo.
8 - Uma das ruas possui vários cartazes com rostos de pessoas desenhados, e algumas coisas escritas, tipo "recompensa" e "procura-se".
9 - Uma mulher de meia-idade, roupas coloridas, para você na calçada e diz: "sinto uma magia forte em você! Por duas moedas eu posso ler o seu futuro!"
10 - Bêbados cambaleiam por todos os lados, alguns urinam na rua, um deles pego com a "arma" do crime nas mãos é arrastado por alguém vestindo algo que parece um uniforme para sabe-se-lá-onde, o mijão pede misericórdia.
11 - Perto do porto, homens e mulheres são vendidos como escravos por dois mercadores, um deles vendia escravos negros e altos, outro vendia escravos de pele parda, mais baixos e de ombros e quadris largos, eles eram concorrentes e pessoas nas ruas olhavam com indignação seletiva. Era uma das áreas mais bem vigiadas da cidade. Apenas um pequeno grupo de pessoas com vestes brancas gritavam contra os escravistas (em Esperanto, Yrdok e outra língua) frases como "arrependam deste pecado da escravidão", "No pós-vida seus escravos estarão melhores que vocês", "Raças inteligentes não foram feitas para serem escravizadas", "arrependam-se em nome da Virgem, escravagistas não entrarão nos Círculos Celestes".
12 - Um rapaz anda na rua com uma faca na mão, ela dá um encontrão com uma mulher e corta a bolsa que ela levava no cinto. Ela não percebe na hora que foi roubada.
13 - Ambulantes lotam uma praça, ao lado há também várias pequenas casas que vendem produtos diversos cada um tentando chamar atenção no grito para produtos das mais diversas qualidades. Uma moça chega perto, abre um sobre-tudo e mostra diversos frascos: "Iae camarada, produto do bom só com a Gazela aqui, o que você precisa? Remédio ou veneno? Tenho de tudo, e se quiser uns bagulhos mágicos te arrumo rapidinho, por um bom preço..."
14 - Duas humanóides com feições felinas dançam na praça, pessoas jogam moedas no chão perto delas, de vez em quando algum homem (e mais raramente uma mulher) chega perto e tenta agarrá-las, mas elas sempre se esquivam, chutando as pessoas para longe, a o público gargalha toda vez que fazem isto.
15 - Três mulheres gritam e trocam tapas na rua. Duas delas começam bater na outra, que cai no chão e é segurada pelos cabelos, mas quando elas pensam que iam poder arrebentar a terceira na porrada, ela gritra, e das mãos dela saem chamas, queimando o rosto de uma das mulheres que a agredia.
16 - Você encontra uma moeda grande, caída numa rua meio escura.
17 - Ouve-se com som alto de berrante vindo da direção do templo, e então dezenas de pessoas passam a caminhar para lá, algumas dando soquinhos no ar e recitando alguma coisa.
18 - Alguns homens com chapéis de palha e sem camisa estão retirando escombros de uma casa, um deles grita: "Preciso de homens fortes, pago 3 kons a hora!"
19 - Uma súcubo, alta e com grandes chifres, segurando uma caneca de bebida, chama pessoas na rua: "Bebida grátis para todos que participaram da vitória da Corte dos Milagres! Morte aos covardes de Ades! Morte aos covardes de Ades! Esta cidade é nossa." Alguns dão vivas e urras enquanto ela grita.
20 - Dois homens fortes batem num cara fraco e magro, ele pede ajuda, mas ninguém parece se importar.