Dehill, a Naknetita e o Duende Perdido

Naturalmente, os três caminham na direção sul, para onde viram as pessoas indo, está se aproximando das 18:00, o sol já começa a se por, e as sombras das construções já tapam a luz, o vento ainda não diminuiu, o frio já começa a assentar. Pegam a estrada que dava visão sobre a parte mais baixa da cidade, quando chegam na beira do barranco, percebem que ele não é lá tão íngreme, mas devem haver uns 30 metros de barranco. Vão descendo a escada feita de tijolos, é larga, caberia várias pessoas lado a lado descendo por ela, tem corrimãos de pedra, vai fazendo uma curva leve, e no horizonte, antes das árvore e telhados taparem a vista, vocês veem o maravilhoso sol começando a encostar no horizonte, uma bela vista!

Caminham mais um pouco, a escada termina numa estrada, que segue fazendo uma curva para a direita, há árvores dos dois lados, após fazer a curva, uma reta, um corredor entre várias casas, e lá na frente, já dá pra ver um aglomerado de pessoas. Conforme se aproximam, começam a ouvir muitas vozes, as vozes se misturam, há um murmúrio de fundo, algumas mais exaltadas do que outras, e todas falando juntas, conforme vão se aproximando, as pessoas olham pra vocês estranhando. Do ponto de vista de Serge e Coen, a maioria são civis comuns, ninguém de destaque por enquanto, mas quando vão entrando no meio delas, avançando, adentrando na região da praça, as casas saem da frente, abrindo a visão, e então, lá no meio, os três veem.

Sobre uma estrutura elevada, há a figura de um homem, longos cabelos brancos e lisos, barba preenchida também branca. Apessar da cor dos cabelos, seu rosto não exibe muitas rugas, indicando que talvez ele não seja tão velho quanto a cor dos cabelos indicam. Veste trajes azuis, de um tecido bem fabricado, cobrindo uma camisa mais simples, de mangas brancas. Ele se apoia em uma bengala e carrega um semblante de profunda sabedoria, seriedade e preocupação. Ao seu lado direito, de pé, com olhar fixo no horizonte, vestindo uma pesada armadura, espada na bainha, escudo e outras armas de haste prezos nas costas, há a figura imponente de um draconiano, suas escamas têm um tom amarelado brilhoso como o cobre, no peitoral da armadura, o símbolo de Ventuna.

Os três se espremem um pouco entre as pessoas para chegar um pouco mais perto, e nesse momento, o homem de aparência sábia, de pé sobre a plataforma elevada, feita de madeira e pedras, diz alto, solene e severamente

— Por favor! Silêncio.

As pessoas param de falar, então ele continua

— É compreencível que alguns sintam-se um pouco aflitos, o que acontece de fato é estranho, mas eu lhes asseguro que estou estudando a situação com afinco, sinto por ainda não possuir respostas para as questões que vos aflige, peço-lhes paciência, e trabalho, afinal, reclamação não gera alimento nem resolve problemas! As crianças já estão sendo tratadas na enfermaria, e não se preocupe Sra. Caed, o pequeno Herald será encontrado e trazido de volta em segurança.

A figura de longos cabelos brancos olha para o povo e pergunta alto

— Alguma última pergunta pertinente?

Então, lá da frente, vocês ouvem uma voz aguda, desafinada e um pouco desengonçada, que quase o interrompe e diz

— O Sr. Fenrok me ordenou para questionar-lhe diante de todo o povo. E então "graaande" Lord Errich de Ilibruen, o que foi feito das minas de Nahill? Após tanto tempo fechada, a família Fenrok começa a disconfiar de que o Lord a tomou para si! Se não, então por qual motivo a guarda nos impede de minerar? Por qual motivo a guarda interrompe a transação do objeto de maior valor nessas terras? Por qual motivo o minério que elevou a vila aos seus níveis atuais de riquezas não podem ser mais acessadas? O Sr. Zemir, da família Fenrok, a mais famosa família de mineradores indaga ao povo de Dehill, por que deveriam confiar num Lord que nem humano é!?

Nisso, os Serge, Coen e Yrel, que até agora só observaram, ouvem uma briga entre palmas e vaias proveniente da plateia. Então, o Sr. de longos cabelos lisos, sobre a elevação, referido como "Lord Errich de Ilibruen", devolve um olhar sério, que mescla despreso com impaciência

— Querido Sr. Wiggins, já que seu sarcásmo me passou despercebido, agradeço-lhe pelo elogio. E diga ao Sr. Zemir, da família Fenrok, que muito provavelmente esteve profundamente ocupado e portanto não pôde vir exibir suas ideias por si só, que a coroa tem mais com o que se preocupar no momento, do que com o futuro da família Fenrok ... E povo de Dehill, acredito que conhecem a pessoa diante de vocês, fui mandado aqui por ordem de meu povo da floresta, para honrar um acordo entre homens e elfos, perante uma aliança que visa a prosperidade mútua, e aqui estou, representando meu povo da floresta, trazendo a vocês minha sabedoria e meu conhecimento, e há mais de sessenta anos tenho trabalhado por vocês com grande afinco. Minha ambição é muito clara, e todos vocês sabem bem disso, não tenho nada a esconder, quero ficar, e ajudar a construir um lugar pacífico e digno para vocês e para minha esposa e filha, e é o que tenho feito nos últimos sessenta anos. E agora, diante desses novos problemas que aparecem, não vou recuar, vocês podem contar comigo para solucionar-mos isso!

As pessoas recebem essas palavras com muitas palmas, ele agradece com um gesto de sua cabeça, olha para o draconiano ao seu lado, dá um sinal a ele, ele concente com um gesto, expressando que entendeu, então desce do palco na frente e comanda alguns guardas para abrirem passagem para o Lord passar.

OFF: Vocês estão no meio do povo, ouviram toda a confusão e agora o Lord está descendo, e os guardas abrindo passagem! O que os nobres Hobbits das cidades livres, e a pequena e mística Pixie da cidade encantada irão fazer nesse momento?

Os três se adiantam e caminham um pouco na frente dos guardas, tentando não chamarem a atenção para si. O caminho para o qual o Lord ia, era rumo a mesma escada que os três desceram, por enquanto, aparentemente os três não foram notados, estão alguns metros a frente, porém, há muitas pessoas também caminhando nesta rua, seguindo o mesmo rumo que os outros. Não há tanto alvoroço como havia na praça, mas ainda há várias pessoas caminhando, tanto próximo de vocês, na frente dos guardas, como ao lado dos guardas e atrás dos guardas. O Lord caminha sorrindo, cumprimentando as pessoas, ao lado dele o draconiano, e em volta, quatro guardas em formação.

O Lord que caminhava cumprimentando as pessoas, lança um olhar sereno para os Hibbits, na frente dele, o draconiano os encara com um semblante sério, invocado, porém o Lord toma a frente e enquanto continuam andando, vai falando

— Acalme-se Dracorius, não assuste os forasteiros com esse seu olhar. Olá Hobbits, como vão vocês? Mestre Roshi? disse você, jovem Hobbit, ... hum ... Já ouvi falar sim, ouvi muitas histórias sobre ele, o grande monastério de Soto Shu, em Porto Sul, é um lugar muito procurado por aspirantes  das artes monásticas, dizem que o mestre que ergueu sua família com punhos firmes e muito suor. Se ouvi bem, a jovem com você também carrega este mesmo sobrenome, a julgar pela postura da jovem Coen, eu diria que é filha dele. Estou certo?

A pergunta é direcionada a Coen, ele sorri e espera até que ela responda, depois, antes de continuar a conversa com Coen, retorna sua atenção para Serge

— Por outro lado, o jovem Serge carrega o sobrenome "da Colina", por acaso pertence a guilda dos barões de Porto Real? Também ouvi falar muito sobre eles, poderosos na cidade livre do oeste! Perguntou-me se tenho um tempo para falar, bem, como podem ver, acabo de falar bastante com o povo de Dehill, e nesse momento, minha família me espera para o jantar. Mas acho interessante a presença de nobres Hobbits das cidades livres em nosso humilde vilarejo, caminhem comigo se não se importarem, podemos conversar enquanto volto para casa, e peço-lhes que não se incomodem com a presença de meu braço direito Dracorius, ele se empenha ao máximo para manter minha segurança, as vezes até exagera um pouco. Disse-me que foram enviados pelo próprio mestre Roshi? Hora, hora, devem querer tratar de negócios importantes, estou certo? Digam-me, o que o trazem aqui?

A fala do Lord é transmitida magistralmente, o domínio de formas cultas do idioma comum fica muito evidente aos Hobbits, ao ouvirem ele falar, é claro tanto para os dois como para Yrel que o homem é um diplomata, alguém acostumado a lidar com pessoas de diversos locais, ele inspira sabedoria, conhecimento, segurança e confiança em seu modo de se expressar.

O Lord, Dracórius, os quatro guardas, Serge, Coen e Yrel, e mais algumas pessoas em volta, avançam rumo a escadaria, de volta para a parte alta da cidade, já chegaram a região com mais árvores e começam a fazer a curva. Quando Coen responde, o Lord acena com a cabeça dizendo que compreende, então passa a ouvir Serge e quando o Hobbit termina de falar, o Lord continua

— Entendo, parece haver um conflito entre as famílias, apesar disso, você está ajudando Coen a suprir Porto Sul com um novo minério, interessante. De fato, a Naknetita é uma ótima escolha, esse minério responsável pelo crescimento de nossa cidade é tão resistente e maleável quanto o ferro.

Quando Serge fala sobre a Mina e sobre os Fenroks, Errich ouve atentamente, e continua

— Pois é, os Fenroks junto as Minas de Nahill compõem uma situação complicada em Dehill atualmente. Quanto aos Fenroks, eu não diria que são indignos, só que as vezes são pouco confiáveis. Por outro lado, sobre as Minas, sinto lhes informar que sim, as refinarias estão interrompidas, e esta, por sua vez, é uma situação um pouco mais delicada, horas tensas demandaram medidas à altura, mas não acho apropriado conversarmos sobre isso aqui, afinal, as paredes têm ouvidos e muitas vezes interpretam as coisas erroneamente.

Faz uma pausa, sua expressão fica um pouco mais séria, e volta a falar

— Nunca foi nossa intensão interromper as transações desse minério, esse negócio foi sempre o que realmente colocou pão sobre nossas mesas, se é que me entendem. É muito bom saber que estão dispostos a ajudar, pois estamos em crise, caros Hobbits, e precisando de toda a ajuda possível. No entanto, imagino que devem estar cansados, a julgar pelo pequeno e recente corte em seu rosto caro Serge, imagino que a viajem para cá não tenha sido fácil. Enfrentaram problemas no caminho? Estão precisando de ajuda?

completa o Lord, com estas indagações.