Seraphina mantinha o rosto sereno enquanto limpava a bancada, pelo menos na aparência, na verdade ela estava observando o ambiente inteiro, pegando cada gesto ou movimento e guardando em sua memória. Os viajantes que não passavam muito tempo na cidade não deveriam saber, mas a Matriarca da Taverna era respeitada por toda a cidade a ponto de ser considerada a Chefe Integra de Ramush, nada do que acontecia morria sem que ela não soubesse, por isso, a presença dos novatos era de certa forma interessante.
Kanny
O ato de tirar os Gnomos pela péssima música – o que foi um alívio para os Orcs – causou um principio de problema, o Gnomo Líder, com uma espessa barba branca, chegou a ameaçar uma revolta, por ele já teria subido no palco e arrumado confusão, contudo, no momento em que o Saxofone foi retirado, o olhar dele e dos outros dois, brilharam, afinal, o que era aquilo que ele tinha em mãos? A surpresa por parte deles foi muito maior que a dos demais presentes, claro, houve surpresa nos olhares dos Orcs, Dragonatos, Halflings e a Guilda Humana, mas nada comparado ao brilho no olhar dos Gnomos que certamente não imaginavam que um instrumento musical como aquele pudesse ser feito, por causa disso, durante toda a melodia e não importava até quando ele tocaria, eles ficaram do lado e quando houve a menor das pausas – pelo término da música ou alteração da letra, não importa – os Gnomos passaram a aplaudir a ponto de subirem no palco e o cumprimentarem, sendo que o líder foi o primeiro a falar.
- Meu jovem, que belíssima melodia que você está tocando com... com... Qual o nome disse? – Olhava, encantando para o Saxofone.
- Sim... Qual o nome desse instrumento, você o fez? Ele é seu? – Comentou o segundo Gnomo, que parecia tão encantando quando o líder.
- Por Dio, ao menos digam os seus nomes antes de perguntarem isso. Desculpe forasteiro, eu sou Glim, o mais velho é meu pai Gimble e o mais novo é meu irmão Gerbo, nós temos uma Fábrica de Brinquedos aqui em Ramush, meu pai é o dono então acabamos construindo instrumentos musicais para descansarmos – Comentou sorrindo. – Onde achou esse instrumento? –
Seraphina olhou para aquilo e suspirou rindo, a curiosidade dos Gnomos era o que tornava a sua raça incrível.
Luth
Luth não estava atrás de nada que aquela taverna oferecia, na realidade, tirando a bebida e a comida, se ele quisesse alguma coisa além disso iria procurar um bordel no outro lado da cidade, Seraphina jamais permitiria que suas filhas se tornassem meretrizes para satisfação sexual, de qualquer forma, da mesma maneira que Luth percebeu os Meio-Orcs, o Líder daquele grupo, que estava encostado na parede, sorrindo com a situação dos Gnomos fez o mesmo, assim que o jovem patrulheiro entrou no ambiente, os braços se cruzaram e uma expressão nada amigável saiu de seu rosto, estava basicamente intimidando para que ele não tentasse nada. Não era possível decifrar se aquilo que ele fez foi por causa da vestimenta, do comportamento ou pela própria intuição, uma vez que o lado humano de um Meio-Orc impera, contudo, estava claro que aquela ameaça não seria vazia, tanto que manteve a expressão mesmo quando esse se sentou e começou a fumar. Seraphina acabou percebendo aquilo, chamou as filhas gêmeas, Amarryn e Seraffyn e para quebrar o clima que viria a acontecer, simplesmente deu indicações para cada uma, sendo que a primeira foi em direção ao Orc, oferecendo uma deliciosa carne de Carneiro e a outra para o rapaz. Seraffyn se aproximou, reverenciou de leve e sorriu, entregando a ele uma caneca de bebida e uma pata de Cordeiro, sorrindo gentilmente.
- Aqui... Cortesia de Seraphina, a Matriarca, experimente mesmo que não tenha vontade, não conseguirá sentir uma carne melhor do que essa. – Acabaria por colocar em cima da mesa, olhando de canto para o Meio-Orc, continuando. – Por favor, não leve a sério essa provocação barata, o Grunsh tenta impor sua liderança, mas não é mau. Ele apenas se incomoda com forasteiros nos limites da cidade, ele é o líder dos Caçadores de Ramush e apenas não quer problemas. –
Whisper.
Quando a jovem Pirata entrou no ambiente, por alguns segundos todos pararam para olhá-la, principalmente as Halflings, as meninas cochicharam alguma coisa inaudível, mas assim que os olhares se voltaram a elas engoliram a seco e voltaram a fazer os seus afazeres. Whisper era conhecida por muitos lugares, não era à toa, a muito tempo chegou a caminhar com os temíveis Piratas que não deveriam nem ser mencionados, por um motivo que ninguém sabia renegou essa vida embora continuasse com a fama. Assim que Whisper se sentou, demorou um pouco para que Amellyne entregasse a cerveja gratuita, coitada da menina, estava tremendo e somente entregava a bebida por que Seraphina era muito mais apavorante do que a Pirata, tanto que a jovem apenas sorriu e se afastou, provavelmente seria a escolhida da mesa durante a noite toda, pobre menina.
Os Draconatos estavam nervosos com a missão, tanto que nem mesmo a melodia belíssima de Kanny conseguiu mudar suas expressões, em um acesso de raiva o Draconato Clérigo, de escamas brancas, simplesmente socou a mesa com força, falando em alto e bom som, utilizando a língua Dracônica, que poderia ser interpretada facilmente de tão claro que saiu o idioma, seria algo parecido com: “Chega, eu cansei.”. A saída da mesa do Draconato foi tão impactante que os outros começaram a discutir entre si, sendo apaziguados por Ammelya, uma das filhas de Seraphina, o Draconato pensou em se afastar de todo mundo e acabou passando por detrás de Whisper, mas no momento em que passou olhou de relance o mapa, sendo obrigado a parar.
- Hmmm... Perdoeime ... – Tentava falar na língua Comum, se enrolando um pouco com as silabas. – Preciso eu perguntar-ti, donde achou um mapa em Dracônico? - Ele sabia o que aquilo significava, embora estivesse com letras diferenças ao usual.
Bonzor.
Os problemas estavam prontos de serem resolvidos naquele ambiente, mas a entrada de Bonzor fez com que Seraphina colocasse a mão no rosto e desanimasse, o Bufão era um bobalhão inteligente, apenas se faz de idiota para alegrar os outros, contudo, seu QI e sua inteligência supera e muito a grande maioria. A primeira cena que fez foi cantar Amarillys, a quinta filha de Seraphina, que deu uma risadinha breve, seguido do bêbado que desmaiou novamente com o sono e por último os Draconatos, que mais estavam preocupados em discutir consigo mesmo do que responder a ele. Por fim, quando Bonzor se aproximou de Seraphina, a mesma apenas começou a preparar uma guloseima enquanto comentava alto o suficiente que ele pudesse escutar facilmente.
- Um dia você vai arrumar confusão com alguém Bonzor e honestamente espero não estar viva quando isso acontecer. – Comentou, vendo a brincadeira de ficar girando, parando ele com o braço. – Pare com isso, as cadeiras foram caras para que fique girando, vai estragar toda a engenhosidade do Gimble. –
Contudo, no momento em que ele começava a escutar a música e agraciasse, Seraphina se debruçava na mesa, ouvindo junto, enquanto falava bem baixinho, em um claro tom provocativo.
- Quem sabe um dia não faz como ele e toca para ela? – Sorria, entregando a comida para ele, tratavam-se de Cebola empanada com queijo. – Coma e lembre de me pagar no fim, preciso resolver um probleminha. – Seraphina saia da bancada, colocando o avental em cima da mesa, estava indo em direção a Amarok, que segurava uma das suas filhas.
Amarok
A entrada de Amarok mexia muito com os preceitos do ambiente, as regras eram claríssimas para todos os que ali estavam, contudo, poderia ser interpretada de modo errôneo, a fé alheia era vetada no reino inteiro, não eram proibidos de possuí-la, o proibido era abrir um palanque para pregá-la, entretanto, só o fato da enorme barba branca anã surgir fazia os demais fecharem a cara, principalmente o humanos da Guilda Humanoide, o Guerreiro e o Bárbaro cruzaram os braços irritados, sendo seguidos pelos Meio-Orcs, felizmente o Paladino não havia percebido isso, um alento enorme para Seraphina, que detestava quando esse tipo de coisa acontecia em sua Estalagem.
Amorra, que passava naquele momento, foi segura pelo braço, a audácia do anão poderia ser confundido com tudo, desde machismo até mesmo uma breve violência, afinal, o braço do anão é o triplo do braço de uma Halfling, podendo deixar marcas profundas e piorou quando esse começou a falar, a impressão que dava era que o anão era um tarado e em determinado momento a garota teve que forçar o braço para se desvincular, ou tentar no caso, pelo menos até a chegada de Seraphina, que bateu brevemente com um pedaço de madeira na dobra do braço que segurava a sua filha, como se solicitasse que ele a deixasse livre.
- Não existe “dono” da Taverna, viajante. Apenas dona, no caso a Matriarca, eu... – Comentou, o olhando com seriedade, pedindo que soltasse o braço de sua filha antes de continuar, puxar uma cadeira, pular para alcançar o encosto e se sentar, comentando – O que quer de mim? –
Mûrazor
A entrada de Mûrazor foi tão impactante quanto a de Whisper e Amarok, os três tiveram reações similares para contextos diferentes, no caso do rapaz o desespero de existir um ambiente onde o conflito e o combate ocorram mexeriam com a alma daquele que ali estava, seu corpo e mente estavam presentes, todavia, sua natureza a muito havia se perdido. A expressão apavorante o fazia se tornar um patinho feio em meio a todos, ou melhor, a quase todos. Annyn, a Halfling mais velha, simplesmente percebeu a expressão vazia e solitária que ele tinha e lentamente caminhou na direção do mesmo, trazendo consigo uma caneca com a bebida mais famosa da Taverna, colocando em cima da mesa enquanto sorria em meio a todos os problemas pelo qual ele deveria estar passando naquele ambiente.
- Cortesia da casa, meu Senhor, espero que aproveite a comida, a bebida e a música. – Apontava para Kanny. – Certamente é um instrumento que não é visto sempre. –
Annyn não sabia se o homem gostaria de ter ou não sua presença só que isso não importava, ela simplesmente puxou uma cadeira, pulou para se sentar e colocou a mão no rosto, olhando para ele de modo gentil e suave, como se quisesse acalmar qualquer momento de tensão que ele por ventura tivesse.
- Não passa muito por Ramush não é? Dificilmente esqueceria um rosto, ainda mais de alguém tão “perdido”. –
Pontos à serem Ressaltados.
• Estou considerando que o Bufão conhece as manias da cidade, até porque, ele estava fazendo um serviço para um nobre, desta forma, se precisar, ele tem o acesso as informações básicas que os viajantes não possuem.
• As conversas são individuais e obviamente o ambiente é grande o suficiente para que as informações não se cruzem, com exceções a alguns gritos e socos na mesa (Draconatos), aplausos (Gnomos), um bêbado sendo carregado e a Dona do Estabelecimento sair do balcão e ir até o anão. Considerem que as conversas são paralelas.
• Seraphina (nas costas), o Draconato Clérigo (no elmo), o Gnomo Líder (no manto do corpo) e o Líder Meio-Orc(no braço esquerdo) possuem o seguinte Simbolo amostra:
Esse é o Símbolo do Lord Dio, a Entidade Máxima do Reino, assim como, da Familia Imperial, que utiliza o mesmo símbolo, se algum dos Players jogar um TESTE DE INTELIGÊNCIA (D20) e passar (acima de 10 passa), se recordará que esse Símbolo representa a união do Império e da Divindade, onde o Preto faz parte da Classe Real e o Branco da Classe Divina, também vai se lembrar que essa religião começou a pouco mais de 500 anos.
• Em um determinado momento, a escolha de qualquer um de vocês, acontecerá a cena descrita abaixo:
A Guilda humanoide estará se divertindo com a música, inclusive a Bruxa, ansiosa por pentelhar o jovem Halfling, puxará a orelha dele, que reclamará, o Guerreiro e o Barbaro começaram a rir, está bem claro que eles futuramente se tornarão um casal bem incomum, contudo, a Clériga passará a ficar cada vez mais estranha, a ponto de segurar o seu símbolo sagrado (um pingente no formato de um Floco de Neve), de forma forte enquanto começa a se balançar, fazendo com que a Bruxa pare de implicar e olhe para ela.
- Melissa... O que foi? – Toca na cabeça dela, percebendo que começa a arder em febre. – Ela não está bem. –
O Bárbaro simplesmente olhará para a garota e se sentará, ironizando.
- Obvio que não está, essa entidade que ela venera não traz bons ventos. – Cuspira no chão.
- Agora não é hora para isso, Borlik, agora não é hora. – Retrucará a Bruxa novamente, segurando nas mãos dela. – As mãos dela estão quentes. –
- Ei... Ela não está tendo outra daquelas “visões” – o Halfling começa a fazer sinais com os dedos. – Não é? –
Naquele mesmo instante, a mesa onde estão será jogada para o alto, acertando a parede do outro lado, os quatro amigos serão atirados para os cantos, onde a Bruxa será jogada em direção a Mûrazor, o Halfling para Whisper e o Guerreiro e o Bárbara para o centro do salão, chegando ambos a sacarem a espada após se levantar, olhando com seriedade, onde o Guerreiro gritará bem alto.
- Melissa, você está bem? – Apontando a espada para ela.
- Esta vindo... Está vindo. – Repetirá as palavras a todo momento, segurando o símbolo nas mãos que começará a derreter, enquanto se ajoelha no solo, como se uma luz, invisível, começasse a puxá-la para cima. – Ele está aqui... Aqui... Ele está aqui... Ele chegou... –
• Após a cena acima, todos os demais NPCs ficarão em alerta, inclusive as Halflings, Seraphina ficará de pé e levará a mão no quadril, ela tem duas espadas curtas escondidas, todos os players deverão fazer um TESTE DE PERCEPÇÂO (d20), onde Whisper, Mûrazor e Amarok devem jogar com VANTAGEM.
(Pra iniciantes, jogar com Vantagem é Jogar o dado D20 duas vezes, o maior número deverá ser considerado. )