Salve-se quem Puder! Um mau Presságio.

A magia de cura lançada pelo anão parece retirar o soldado de sua agonia, que embora não acorde fica mais calmo, como se tivesse passado imediatamente de "seus últimos momentos" para um "longo sono de descanso". Os outros dois soldados, agora que veêm seu amigo fora de perigo resolvem esperar que os aventureiros cuidem dos restos mortais do aldeão que ali morava para então levá-los até o cherife da cidade. E assim os acontecimentos se sucedem, o draconiano e o anão encontram uma maneira de empacotar as cinzas, e depois cavam uma cova no fundo do quintal, e enquanto isso a Pixie conversa com a mulher e com o menino para acalmá-los. Finalmente os dois terminam o serviço de enterro, voltam dizendo que já estão prontos para partir. Os soldados se levantam, deixando o soldado caído descansar ali mesmo por enquanto e Yrel vem voando se juntar com os outros dois, e o porta voz dos soldados diz:

— Venham conosco forasteiros, vamos apresentá-los ao capitão Dracórius.

Assim que saem da casa, a mulher os agradece novamente, especialmente à Pixie que conseguiu lhes trazer um pouco de paz. E quando vão se afastando, o garoto vai até a janela e fica assistindo eles se afastarem pela abertura, balançando a mão em sinal de despedida para Yrel. E o grupo então caminha novamente pelas ruas noturnas daquela cidade sem sorte, as luas mais uma vez se apresentam grandiosas lá em cima, e um clima de suspense parece se instalar enquanto os três aventureiros acompanham os dois soldados. É como se a qualquer momento pudesse sair correndo de alguma das casas ou esquinas outra criatura grotesca como aquelas, mas pelo menos até que chegassem à pequena balsa nada acontece. Os cinco então sobem na balsa e um dos soldados e Ancalagon cuidam da manivela, e em pouco tempo todos já estão do outro lado do rio, até aquele momento a noite parecia calma, mas o sentimento de suspense ainda prevalecia. E então os guardas falam:

— Vamos com cautela agora, teremos que caminhar por esta rua até a parte alta da cidade, serão seis quadras mais um morro íngreme, não sabemos se teremos que enfrentar qualquer coisa até chegarmos lá. Os aventureiros prontamente respondem positivamente e continuam seguindo.

Após deixarem a doca, o primeiro setor de construções com o qual se deparam, é um setor de vendas, são as vendas dos "Astods" conforme as placas indicam, todas fechadas e trancafiadas devido a hora da noite, e eles continuam caminhando. Em seguida, cruzam uma esquina e as casas parecem compor um setor residencial, formado por casas simples, provavelmente de aldeões como àquela família. A maioria dessas casas estão fechadas e sem nenhuma iluminação, porém, algumas outras demonstram leves fitas de iluminação escapando pelas frestras de portas e janelas, como se ouvessem pessoas acordados do lado de dentro.

— Ao que parece a tragédio ainda não chegou aqui ... Continuemos!

Após caminharem bastante, e passarem por algumas casas ainda em construção, finalmente se deparam com um morro bem íngreme. A estrada de ladrilhos que vinha ondulando desde o rio agora se transforma em uma escadaria bastante íngreme que fazendo zigue-zague consegue escalar aquele morro, levando-os à parte alta da cidade, que repousa acima de um piso cerca de 6 metros mais alto que a parte de onde vieram. Após vencerem àquela escadaria tortuosa, finalmente estão lá em cima, e olhando para tráz, passam a ter uma ampla visão da parte baixa da cidade, vendo o rio que chega à cidade pelo sul e o corta serpenteando em direção ao norte, nenhuma movimentação incomum aparente na paizagem, e então voltam a caminhar. Yrel rapidamente nota que já passou por ali quando chegou à cidade pela primeira vez com os dois Hobbits, e não fica surpreza quando após poucos passos os cinco estão passando em frente à um templo devotado ao Deus da prosperidades "Propérus", também trancafiado.

— O quartel fica logo ali, vamos! Dizem os guardas.

Então caminham mais um pouco e já conseguem ver os muros do quartel, que se estende por muitos metros ocupando uma quadra inteira. Conforme se aproximam, passam a ouvir movimentação brusca, vários guardas saem pala a entrada do quartal e correm para o norte, outros saem e correm para o sul, e embora os aventureiros não tenham esbarrado com nenhum problema no caminho até ali, estava claro que a tragédia continuava em outras partes da cidade.

— Chegamos! Vamos entrando, o capitão deve estar aqui.

Então, os cinco passam pelos portões do quartel e caminham um trecho bem iluminado. O lado de dentro tem uma extensa área de treinamento, com vários equipamentos de treino como alvos e fantoches de lutadores, e cercando a área de treinamento há uma grande construção com pouquíssimas janelas, era fácil notar que aquilo deveria tanto abrigar os soldados como servir de prisão para os criminosos daquela cidade. Os guardas se adiantam e levam os três aventureiros para uma das entradas, lá dentro há várias tochas e o lugar parece mesmo uma prisão com corredores e muitas entradas dos dois lados do corredor, e ao fundo chegam numa grande sala com uma porta mais grossa que está bem aberta.

" É a sala do capitão." Pensam os três.

Antes de entrarem, mais dois soldados saem correndo de lá de dentro e se quer cumprimenta os recém chegados.

— Vamos, a coisa parece estar feia! Diz um dos dois soldados.

Então os cinco passam pela porta. Do lado de dentro há uma grande sala, com uma grande escrivaninha em uma das paredes, e nas outros paredes há prateleiras, de um lado livros, do outro muitos troféus. Atrás da mesa da escrivaninha, sentado e segurando um cachimbo há um troculento e sério anão, cabelos grisalhos com uma careca avançada e nariz protuberante, seu semblante é sério e expressa sabedoria. De pé, ao lado da mesa, está um Draconiano de escamas alaranjadas, alto e muito forte, vestindo uma intimidadora armadura de placas e segunrando um grande escudo de madeira, e uma espada longa guardada em sua bainha. Além dos dois, há mais dois soldados.

Quando os aventureiros chegam acompanhados pelos dois solados, o draconiano lança um olhar surpreso e indimidador para os recém chegados, especialmente para Ancalagon, e então com sua voz raspada e monstruosa vai logo dizendo:

— Vocês aí, façam silẽncio por um momento! Ele diz para os que estão na mesa, e então caminha em direção a porta, onde os aventureiros permanecem de pé. Ao chegar um pouco mais perto, ele direciona palavras deretas ao seu conterrâneo: — Hmm ... uma draconiano das terras Uogundrag! Os outros guardas se afastam rapidamente, parecem temer o draconiano alaranjado. Ele caminha rodeando Ancalagon e contrai suas narinas cheirando o ar, e prossegue: — E é um guerreiro! Pelos Dragões de outrora, o que te trazes aqui? Qual é o seu nome pequeno dragão? A expressão "pequeno dragão" é de grande orgulho para os draconianos, e demonstra respeito. Na maioria das vezes os draconianos agem assim uns com os outros, um comportamente que é aprendido desde cedo pelos membros da raça. Tal comportamente é até compreensivel para os anões que valorizam grandemente os membros de sua raça, no entanto, a maioria dos humanos se sentem ofendidos e incomodados. Além do mais, o dragoniano de escamas amareladas pouco deu atenção aos membros de outras raças que chegaram junto com Ancalagon. Não obstante, os três aventureiros notam agora que estão todos olhando para eles, esperando respostas, até mesmo o anão sentado atrás da escrivaninha e os outros dois soldados que já estavam na sala. A propósito, há havia algo estranho, pois parece que ninguém havia notado a pequena Pixie que se locomovia furtivamenta, ocultando-se das atenções por enquanto.