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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

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    Mensagem por Mellorienna Qua Jan 09, 2019 7:00 pm





    Jardim Secreto


    19h
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto C1641339d8a5360eb17bae450ef6d4b1


    A pequena capela erguida por bandeirantes trezentos e poucos anos antes havia estabelecido o solo sagrado onde se erguia a majestosa Catedral de Nossa Senhora da Luz da Boa Viagem. Afora o Santuário Nacional, em Aparecida, aquela era uma das maiores construções dedicadas à fé católica no Brasil e reunia caravanas de fiéis durante todo o mês de abril, quando a Festa da Padroeira de Bela Vista atraía centenas de turistas diariamente.

    Porém, era agosto. Uma noite fria de um agosto frio e feio. A imponente Catedral estava deserta como um mausoléu de profetas e santos quando o grupo se aproximou. Com familiaridade, Ace conduziu os novos Caçadores pelos corredores da construção centenária, sem esperar que Dom Inácio tomasse a frente. O loiro estava calado, soturno, e seguiram sem que os perturbassem até um pátio interno, com um pequeno e alegre chafariz em um pátio de pedra.

    Dom Inácio estivera ali algumas vezes, em contemplação, buscando conectar-se à divindade. Mas jamais havia suposto que pudesse haver uma passagem secreta abaixo do chafariz - revelada ao puxar o cajado do Pastor, girar o seio direito da Ninfa e torcer o pescoço do quarto carneirinho. Um chafariz bem árcade e uma sequência bem macabra.

    Descendo por uma escada em espiral que mergulhava na escuridão, os Caçadores deram com um túnel escavado na rocha que sumiu completamente quando a passagem acima se fechou. Sem nenhuma luz, Ace os conduziu à frente, segurando Ana pela mão:

    - Deem as mãos. O caminho não é longo. - a voz dele estava séria e o Caçador mal esperou que os demais se preparem-se antes de puxar a garota pelas trevas à frente.

    Não havia nada em que tropeçar, mas era incômodo andar às cegas. Ainda mais quando o homem que os conduzia parecia enxergar perfeitamente naquele breu denso. Se o caminho era de fato curto nenhum deles poderia dizer. O tempo passava e voltava sobre os Caçadores na escuridão do túnel, alongando-se e curvando-se, como a eternidade. Mas então eles viram: havia uma luz no fim do túnel. Uma clareira? Não. Um jardim. Uma casa com varanda e paredes de pedra. Luzes acesas. Uma mulher esguia na casa dos cinquenta anos os aguardando com um sorriso no rosto, vestida em um blusão de lã bem clarinho e calças de couro surradas e macias.

    Qual não foi a surpresa de Dom Inácio ao perceber que os olhos afiados e inteligentes que se fixavam nele eram os de Irmã Graça!

    A freira e o Caçador se cumprimentaram como parentes cheios de saudades que não se vissem há muito tempo. Um cheiro delicioso de carne assada vinha do interior da casa. E todos foram convidados a entrar, encontrando um ambiente aconchegante e simples - típico das casas de interior, das casas de vós, com seus sofás confortáveis e lareiras crepitantes. Para completar a cena familiar, havia uma criança dormindo no sofá, com um biscoito caseiro meio comido firmemente agarrado à mãozinha pequena que repousava no peito. Um menino loirinho de cabelos atrapalhados, com não mais que dez anos. Quando Ace o carregou no colo, sumindo pelo corredor, a semelhança entre os dois ficou mais que nítida.

    - Noite difícil? - a freira tinha olhos escuros, ferinos e ágeis - Vocês têm os olhos de quem viu o Demônio ganhar asas, uh? Esse símbolo está errado, filho, você deveria estar marcado pela Cruz. - a mulher apontou para o pulso de Gerson e então fez o Sinal da Cruz sobre a testa - Assim, percebe? Como o Diego. Ah e eu vejo que você foi arrebanhado, Inácio. A sua bênção, padre, por falar nisso. Mas, se depender de mim, essas Marcas nunca estarão sobre você. Sobre nenhum de vocês. Os Sinais da Consagração são u--- - vendo Ace retornar para a sala, a freira se calou, encarando o Caçador. Então deu de ombros - Vou cevar o mate. E ver o assado. Comemos assim que vocês cuspirem esse porco-espinho que abocanharam.

    A mulher deixou a sala rumo à cozinha - era possível ver parte do cômodo dali, cantarolando algo sobre um cavalo indomável. Ace então se sentou em uma poltrona que parecia já ter o formato do Caçador e começou:

    - A primeira coisa que vocês precisam saber é que a Caçada Selvagem é a morte. Todos os Caçadores estão mortos, desde o dia em que se rompe o Véu. Não há lugares seguros. Não há esperança. Só agonia, dor e morte no fim. A Caçada é inglória. Vocês não serão sequer lembrados, nunca serão heróis. A longa noite vem e devora até sua alma. Não há redenção.

    O tom do homem era centrado, quase calmo, mas seus olhos flamejavam e a cruz de sangue sob a pele da testa parecia pulsar levemente.

    - Por que vocês foram convocados? Bem, vocês não foram. Olha, o Véu se partiu e vocês viram A Verdade. Eu ou Mel estávamos lá, por coincidência. É isso. Vocês poderiam ter ido correndo pro colo de um Noturno e implorado para que ele desse a vocês a imortalidade hollywoodiana que "Entrevista com o Vampiro" ou "Crepúsculo" venderam. Vocês poderiam ter se trancado em casa, ou mudado pra outro país, tentado fugir ou sei lá. Mas vocês ficaram. E um grande mal se levantou e nós, Caçadores, precisamos nos unir. Então chamamos vocês. Quanto mais de nós juntos, mais chances temos de fazer alguma coisa. Quantos mais conseguirmos treinar e Consagrar, melhores nossas chances. É só.

    O homem fez uma pequena pausa, ouvindo a cantoria da mulher na cozinha. Agora o cavalo tinha sido domado e uma moça andava nele, dizia a música, como se fosse um pônei.

    - "Isto lhe será como sinal em sua mão e memorial em sua testa, para que a lei do Senhor esteja em seus lábios". Êxodo. Os Sinais da Consagração foram ensinados por Deus a Moisés. Vocês se lembram da história sobre marcar os batentes das portas com o sangue do cordeiro para que as pragas do Egito não atingissem o Povo de Deus? Pois é. Conhecimentos gnósticos e cabalísticos pra cá e pra lá - eu não passo de um gaúcho grosso e ignorante que não sabe nada dessas coisas - mas funcionam. Você recebe os Sinais e o bicho-papão tomba com três tiros, em chamas azuis e desespero. Essa é a minha parte, como Exorcista... - Ace indicou a cruz de sangue abaixo da pele da testa - ... mas tem mais. Muito mais. A questão é, Victor e todos vocês, nada vai protegê-los. A Consagração pinta um alvo no meio da sua cara, inclusive. E, por mais que dê uns "poderes" interessantes, não torna ninguém adivinho. Então, não tínhamos como saber que a Carolina tinha sido morta por um Noturno. Não tínhamos como saber que haveria um ataque. Mas, e eu quero deixar isso muito claro, vocês deveriam estar preparados para morrer. Sempre. Todos os Caçadores estão mortos. E não tem explicação, palestra, treinamento, Consagração ou o caralho que for que possa salvar alguém nessa sala. Infelizmente. Eu, de verdade, lamento. Vocês mereciam mais que isso. Meu filho merecia mais que isso.

    Ace se recostou contra o poltrona e passou as mãos pelos cabelos. No mesmo instante, Irmã Graça voltou à sala, entregando ao Caçador uma cuia de chimarrão com um sorriso maternal no rosto. E foi ela quem emendou:

    - Muito bem. Imagino que vocês tenham perguntas.




    OFF: Postagem liberada! Depois eu vou editar o post para incluir imagens bonitas xD~



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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por antonio xavier Qua Jan 09, 2019 11:49 pm

    Ana Demiris seguiu com Ace, mas o desejo interior dela era estar mais próxima de Mel: alguma coisa na mulher a atraia, seus olhos "traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca". O jeito que ela falava com os outros, o golpe da espada, Ana precisava aprender.

    A menina ainda refletia sobre os acontecimentos da noite, repassava tudo em sua mente, se aprimorando e marcando para si mesma cada erro e cada necessidade de aprimoramento: não podia falhar antes de conhecer e entender o máximo. Na igreja, Ana ainda estava hipnotizada com as lembranças e mal percebeu que entrava em um lugar secreto e que mal enxergava, até que visualizou a obra de arte árcade, bucólica, que era o local onde haviam chegado. A freira, o jardim, a casa, tudo fascinante. E naquele momento, Ana passou novamente a estar presente.

    Observou tudo e, sinceramente, achou o discurso de Ace bem bobo. Parecia faltar um pouco de cérebro para o rapaz. Não sabia bem. Era provável que aquela fala pessimista, que mostrava muito da experiência do rapaz, não se conectasse com quem Ana era, então não havia um comunicação completa, ela, simplesmente, negava aquilo: ela iria conhecer, aprender e sobreviver.

    Quando a Freira voltou e falou com aquela doçura e um ar docente, Ana se arrepiou e não tardou a falar:

    "- Boa noite, Senhora. Me chamo Ana Demiris e há muitas perguntas na minha mente nesse momento. Porém preciso compreender como os símbolos que desenhamos e a oração funcionaram nesta noite. Como eles funcionam?"
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Saskwatch Qui Jan 10, 2019 11:52 pm

    Gerson não era muio de igreja, só tinha primeira comunhão por que a tia  obrigou, e até presenciar este lado escuro do mundo, não esteve em muitas. A vista imponente dessas construções sempre o deixaram desconfortável, como se não fosse um lugar feito para acolhe-lo, mas para ostentar poder.

    Esta em questão, a maior e mais bela que já tinha visto, mas não deu para admirar muito, somente seguiu a passos apressados aos seus colegas.

    "que diacho desse lugar escuro que to me metendo" aflito ao seguir Ace pela escadaria e depois através do caminho tenebroso.

    Até que seus sentidos avisaram que tinha algo bom a esperar, como sempre, era difícil lhe faltar animo para comer, e estava sentindo um cheiro delicioso.

    Entrando na casa se sentiu muito a vontade, se encostou num canto e ouviu atento a conversa.

    Aguardando sua vez de falar, não perdeu tempo, aguardando a primeira pausa, tímido falou:

    - Então Piá, a noite ta tensa, não sei se posso senta e descansa, ou se a gente vai tê correria de novo. To animado pra aprendê a dá uns cacete nesses bixo doido, se não acho que nem dá pra íh atras ta guria que sumiu do nada. Mas véi, o chero ta me matando, será que ocê me arruma um gole dessa parada, e rola uma janta antes?

    Meio encolhido, ficou encostado, esfregando as mãos de leve, tentando se recuperar da noite fria e assustadora.
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Immemorabili Sex Jan 11, 2019 4:34 pm

    Não disse nada ao encarar os olhos de Ace também. Sabia que havia muito a ser dito sem palavras ali, e não seria tolo de pensar que o homem não era perigoso ou apto, também. Mas havia perdido há muito a opção de ter medo por razões como aquela, por mais que pudesse ter cautela. Suspirou lentamente antes que partissem daquele lugar. Os outros cuidariam disso, pelo visto. Olhou do ferido até o Padre em seu discurso. Não era realmente contra espiritualismo, mas não dividia muito daquelas visões "inocentes" quando se tratava de assuntos de vida ou morte.

    Não gostava de "Magia" ou o que quer que fosse aquilo tudo. Achava que criaturas sapientes não eram sábias, corretas e nem aptas o bastante para merecer um potencial daqueles.




    Observou a capela com indiferença. Estava satisfeito com o tempo frio, da maneira que estava. Detestava o calor, ainda que não tanto quanto aquelas coisas pareciam detestar o fogo. Ainda esperava que Ace acabasse dizendo alguma coisa, mas não iria exigir nada até que fosse o momento certo. Quando precisaram prosseguir pelo escuro, ofereceria a mão a quem quisesse, pisando com cautela. Deixaria seus olhos se acostumarem à escuridão, tal como nos seus treinos, mas seria quase em vão, de tão escuro. Mas era deveras incômodo. Decidiu seguir os barulhos de Ace, então.

    Não conhecia aquele lugar, e não sabia quem era Irmã Graça mesmo que lhe fosse apresentada. Mas parecia haver uma familiaridade com o padre. Parou para observar o garoto, sem saber qual era o seu papel ali, até que sua mente recolheu a informação de Ace sobre o filho, horas e horas mais cedo. Não disse nada, observando a conversa com Gerson e o símbolo. Olhou brevemente para o seu próprio pulso, ainda marcado em sua pele, próximo da ponta da tatuagem. Graça se interrompeu quando Ace voltou, não soube dizer se por receio, respeito, ou ambos.

    "Demônio ganhar asas". Sim e não. Ele estava aflito, mas por conta própria, estava acostumado a esperar o pior. Aquilo não era exatamente longe do espectro de "tudo pode piorar".

    E então, o discurso. Havia escutado tantos distintos. Morte, inglória, nada de heroísmo... tantas e tantas vezes, o mesmo tipo de discurso feito por pessoas diferentes, em lugares diferentes. Mas sempre circulavam o mesmo tipo de filosofia. E ele detestava filosofias. Ficavam no caminho da ação de verdade, quando exagerados. Já dizia Diógenes, aqueles que filosofavam demais era por simplesmente não querer voltar para casa.

    E ergueu uma sobrancelha, tombando levemente a cabeça, quando ouviu o seu nome. No final das contas pareciam que aquela Consagração era tão suja quanto os chefões do exército ou os políticos. "estejam sempre preparados para morrer, pois já estão mortos", mas em algum lugar sempre haverá algum mandachuva barrigudo, se enchendo de comida e pecados, mandando que outros morram.

    - É um discurso bonito, Ace. Mas dizer que já estamos mortos ou que já deveríamos estar preparados não exonera a culpa da falta de preparo e de deixar na mão do acaso. Deveríamos ter nascido com habilidades de predador. Não deveria haver pessoas cegas ou fracas no mundo também. Mas há. Por isso é dever das pessoas que conseguem lutar, proteger aquelas que não nasceram para isso. Vocês não poderiam adivinhar o que acontecera lá, mas poderiam nos preparar para que soubéssemos agir em uma emergência. Sem algo ridículo como um WhatsApp, poderíamos ter nos tornado carne de abate, junto com mais um inocente morto. Ou dois. Ou dez. Ou vinte. Não foi o preparo ou o treinamento que salvou a noite, mas sim um aplicativo de celular. Vindo de algo tão formal como a Consagração, eu tenho a expectativa de que seja ao menos melhor do que o exército sujo do qual saí; e não mandar um grupinho a la Scooby Doo para se virar. Por isso estou dando o benefício da dúvida. Eu não dou a mínima merda se vou morrer aqui agora ou amanhã, mas quero levar comigo a maior quantidade de demônios possível, se for minha hora. E quero que me preparem. Nenhuma filosofia niilista vai mudar isso, pois não sou afetado por "já estar morto" ou por "nunca ser um heroi". Honestamente, estou cagando pra isso. Uma bala na minha testa vai me matar tanto quanto ser decepado por uma criatura; e eu sempre vivi esse risco. Eu poderia ser torturado por um chefe de gangue ou poderia ter a mente torturada por uma criatura da noite, e ambas são torturas também. Mas se eu puder ao menos proteger os outros ao meu redor, vou ter feito algo que presta.
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Mellorienna Sex Jan 11, 2019 8:24 pm





    Jardim Secreto


    19h
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    A cuia de chimarrão roncou nas mãos do Caçador e a freira prontamente encheu-a com água quente de uma garrafa térmica que havia buscado na cozinha. Com a mão direita, entregou a cuia para Gerson, exibindo um sorriso amistoso:

    - Já vou pôr o jantar na mesa. E vocês todos podem relaxar. Pensem nesta casa como a Última Casa Amiga. - ela piscou para Gerson e então olhou para Dom Inácio - Leio mais "O Senhor dos Anéis" que a Bíblia nos últimos dias, que Deus tenha piedade da minha alma.

    Apesar de já ser uma senhora, a freira era mulher bastante distinta, esguia e com uma pele lisa e viçosa, com apenas algumas poucas rugas ao redor dos olhos. Aquelas que são comuns em pessoas que sorriem com frequência por quarenta ou cinquenta anos seguidos.

    À pergunta de Ana, a freira e o Caçador se entreolharam. E Ace riu, balançando negativamente a cabeça, enquanto a senhora se dirigia à mocinha:

    - Eu devia ter imaginado que Diego não se daria ao trabalho... Eu sou Irmã Graça, Madre Superiora da Ordem de Nossa Senhora da Luz da Boa Viagem. Freira, sim. Parente desse bagual por casamento. - a freira deu um tapinha de leve nos cabelos loiros de Ace, sob os protestos de "ei!", mas ambos sorriam - E responsável por ele ser um péssimo Mentor. Já que eu fui a Mentora dele.

    Os olhos afiados da mulher se voltaram para Victor:

    - E você deve ser... ViCtor, certo? Com um graaande destaque para o C. Ela sempre pronuncia como se esse C fosse a coisa mais especial do mundo, menina tola... - os músculos da mandíbula de Ace se retesaram no queixo quadrado, mas a freira continuou - Mas eu percebo. Falando grosso sobre proteger as pessoas. Todo disposto a sacrifícios pessoais. E esse ar de quem não se importa. A tal médica tem que ser mesmo muito boa, ou a esc...

    Ace tocou o braço da Mentora e ela o olhou, interrompendo-se novamente diante dos olhos flamejantes dele. Então deu de ombros, voltando-se novamente aos convidados.

    - Tudo será esclarecido. O quanto pudermos. Porque há muito que não sabemos, como se é de imaginar. - virando-se para Ana com um sorriso gentil, ela prosseguiu - Mas sobre os Sinais da Consagração, sabemos tudo que há para saber. E nisso, o conhecimento não falhará. Mas venham, venham. Vamos para a cozinha. Carne assada não espera! E todo esse papo pode acabar acordando o menino. Venham! Posso oferecer um vinhozinho? Sei que pra você vai, hein padre? Os homens do Clero são os bebedores mais inveterados!

    A freira riu e apontou para a cozinha, esperando que a acompanhassem para a refeição.




    OFF: Mini-ronda concluída! As perguntas serão detalhadas e nenhum questionamento será deixado pra trás, mas isso será feito na ronda de amanhã, após a postagem de todos os players. A mini-ronda serve apenas para manter o continuum, para manter a cena andando durante diálogos ou rodadas de treino, ok? :3



    Guilix
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Guilix Sáb Jan 12, 2019 12:35 am




    Padre Inácio
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    ORA ET LABORA

    O Senhor faz tudo com um propósito;
    até os ímpios para o dia do castigo.
    Provérbios 16:4

    Dom Inácio se sentiu bem ao perceber que o grupo aceitou sua proposta de ir para igreja. Não era sempre que ele conseguia trazer um bando de pecadores para dentro de seu templo, e de certa forma, seria confortável estar em seus domínios. "Quem sabe algum deles queira se confessar. Pelo menos se alguém morrer será salvo", pensou ele. Inocente, mal sabia ele que suas almas já estavam condenadas. Em sua mente, a igreja poderia ser um porto seguro já que aqueles seres sujos não deveriam ser capazes de profanar a casa de Deus. Sobretudo, Deus não habita em templos feitos por homens, e algo além da atual compreensão dele poderia tornar aquele lugar realmente seguro. O padre ainda tinha muito a aprender e a errar, e como uma criança sonhadora, ainda tinha esperança em salvar o mundo.

    Ao chegarem próximos ao portão da igreja, o padre fez o costumeiro sinal da cruz, sacou um molho de chaves do bolso e em poucos segundos encontrou uma chave proeminente que abria aquele grande cadeado. Entraram no templo vazio e o som de dezenas de passos ecoavam pela majestosa Catedral. O cheiro de incenso da missa da manhã ainda tomava o ar. O padre respirou fundo para tirar o gosto amargo de sangue da boca das deploráveis cenas daquela tarde.

    - Bem-vindos a cas... - Ace, ignorando as palavras do anfitrião, tomava a frente partindo em direção aos corredores. O padre ficou um pouco incomodado com a postura do Caçador. Se sentiu invadido e desrespeitado, mas seguiu com os outros sem falar nada, como se fosse um hóspede no seu próprio templo.

    Chegaram até o pátio onde o padre costumeiramente meditava enquanto tomava o sol da manhã, só que dessa vez, a lua que iluminava o ambiente. Quando Ace abriu aquela passagem secreta, Dom Inácio ficou boquiaberto. Era como os Noturnos. Algo que esteve embaixo de seu nariz por muito tempo, e ele nunca percebera. Era comum ouvir falar que existiam passagens secretas dentro de igrejas antigas, mas o clérigo desconhecia aquela.

    Seguiram pelos corredores de mãos dadas e chegaram até a casa escondida. A surpresa maior foi encontrar um rosto familiar em meio a tanta novidade. Irmã Graça com toda sua "graça", estava lá. O padre abriu um sorriso largo e raro, já que ainda não tinha relaxado naquele longo e tenso dia. Era reconfortante para ele encontrar alguém que tinha alguma afinidade e que poderia de fato ajudá-lo. Se cumprimentaram calorosamente e o padre a seguiu até a cozinha.

    Ele queria ficar um pouco a sós com ela para poder conversar com um pouco mais de privacidade. Eles compartilhavam a mesma fé, e talvez só ela pudesse realmente o entender. Enquanto a ajudava com os preparativos da janta, o padre botou pra fora o questionamento que guardou dentro de si aquele dia todo. Na verdade, durante a vida toda aquela resposta nunca tinha sido encontrada. Era como um vazamento de uma barragem, que tentava ser preenchido por diversas pedrinhas. Algumas até ajudavam o vazamento a diminuir, mas nenhuma de fato o cessava. A resposta de Irmã Graça poderia ser "a" pedrinha perfeita, e quem sabe se encaixar perfeitamente em um dos mais profundos e primitivos questionamentos da humanidade.

    - Irmã. Qual é nosso propósito?





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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por antonio xavier Sáb Jan 12, 2019 12:55 pm

    Ana acompanha a todos para a cozinha como haviam indicado, mas dentro dela tinha uma mini-ana que estava se contorcendo por ainda não ter recebido nenhuma resposta adequada para a sua pergunta.

    A menina retornou aos tempos de escola e lembrou dos muitos professores que ficavam incomodados com a sua quantidade de questionamentos e, principalmente, lembrou da resposta padrão "Ainda não é agora que vocês irão aprender isso." ou "Esta matéria é de outro ano, você só vai estudar depois".

    Ana tinha um grande interesse por ensinar, então já havia lido alguns livros de filósofos da educação. A menina gostava particularmente dos 4 pilares de Rubem Alves: o aprender a aprender era algo muito bonito e ela se identificava muito com as palavras do educador. A gente aprende por perguntas, as respostas não nos levam a lugar nenhum, são as dúvidas que fazem a humanidade caminhar.

    Ana torceu de leve a boca, principalmente ao perceber a comunicação silenciosa entre Ace e a Madre, quando ela falava sobre a moça desaparecida. Mais uma pergunta, Ana não sabia muito sobre quem havia sumido da cena, era necessário compreender: seria alguém ligada ao ritual que havia interrompido?
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Saskwatch Sáb Jan 12, 2019 2:28 pm

    Gerson pegou a cuia, e apressado queimou a língua no primeiro gole, estava nervoso, curioso, e com fome.

    Foi se acostumando com o calor da bebida, saiu do canto e foi à cozinha, onde se ofereceu:

    _ Dona frera, se precisá de duma mão em alguma coisa me chama tá? - Tentando ser educado.

    Então foi até Ace e relatou.

    _ Então Piá, fui lá na boate, e não foi muito susse não, a treta foi tensa.

    _ Eu fui no escritório da dona, a ruiva chamava Isabele Delacô, era tão bunita que quando falo comigo me congelô, num conseguia me mexê, e pedi até ajuda pro povo, mas vi que num era só isso, tava travado mesmo.

    _ Quando consegui me soltá um pouco apareceu uma loira doida, só muié loca de bunita lá, a Dona chamô ela de Kruendorfe.

    _ A Loira mandô eu fugi se quisesse fica vivo, e eu tava me borrando já, então carpei o gato, e fui pro Museu acudi a galera.

    _ Foi corrido pra cacete, foi isso que anotei na cabeça pra te contá, passei o maior cagaço e depois ainda teve o monstrengo, mas lá tive que faze alguma coisa, tava todo mundo fudido.

    _ O resto cê viu né Piá... Viu, já tomei todo o chá amargo aqui, agora que que eu faço com isso?
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    Mensagem por Mellorienna Sáb Jan 12, 2019 5:58 pm





    Jardim Secreto


    22h
    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


    Irmã Graça aproveitou os instantes em que esteve sozinha com Dom Inácio para tocar amigavelmente a mão do padre com as suas, sorrindo:

    - Fazer o melhor que pudermos no tempo que nos é dado, Inácio. - ela tinha olhos escuros e inteligentes, que pareciam enxergar o conflito dentro da alma do padre - Mas, por hora, servir o jantar.

    Com a sabedoria das pessoas práticas, a freira colocou a mesa, agradecendo aos que ofereceram ajuda e designando pequenas tarefas a cada um. Todos sentados, pegou de Gerson a cuia de chimarrão após o fim do relatório da missão, enchendo-a de mais água quente. Trouxe para a mesa um pernil de cordeiro inteiro assado, acompanhado de molho de hortelã à parte - "mesmo das coisas mais maravilhosas há quem não goste" - arroz branco, batatas assadas com casca bem dourada, legumes na manteiga e feijão temperado com manjerona - "se vocês fossem velhos como eu, saberiam que não é almoço ou jantar se não tiver feijão".

    Para beber, vinho e cerveja gelada, suco de acerola natural e água - "chimarrão antes e depois; nunca durante". A grande mesa de madeira, com suas cadeiras pesadas, convidava à ideia de relaxamento em um jantar amistoso. Mas "a Família Da Paixão descansa carregando pedras", e o Caçador e a Freira iam falando a medida que as garfadas permitiam, debatendo o Oculto na mesa de jantar como quem fala sobre a escuridão que se abateu no Palácio do Planalto.

    Era visível, porém, o esforço de ambos para escolher as melhores e menos traumáticas palavras. Nem sempre as mais educadas, razão pela qual a Freira ralhava e o Caçador sorria, dando de ombros. Carne de cordeiro e "cerveja suficiente para nocautear a Cria de Fenris" - ao que Irmã Graça revirava os olhos, sussurrando um "nos seus sonhos" de forma cúmplice para Dom Inácio e Ana Demiris - e o loiro começou a falar. "Tudo o que a Bruxa não queria que ele dissesse" - um sorriso de admiração apaixonada dançava nas chamas dos olhos de Ace e Irmã Graça perdoou o que ela bem sabia que, vindo dele, dificilmente poderia ser considerado uma ofensa contra a "menina tola" que era sua sobrinha.

    Assim, em meio às garfadas e goladas, os novos Caçadores foram aos poucos apresentados aos fatos que regiam suas novas vidas.

    Por oito gerações, a Família (Da Paixão) havia registrado todo o conhecimento que puderam adquirir. E, por esse motivo, sabiam que havia uma origem bíblica em todo o terror que caminhava no mundo. Como um aviso, o Gêneses dava conta do destino daqueles que matam e do destino daqueles que morrem violentamente, mas a interpretação gnóstica havia se perdido para a Humanidade e... - "menos teologia e mais dados palpáveis" - ... a Realidade era dividida em Planos interligados, sendo possível atravessar de um para o outro nos locais corretos e com o conhecimento correto.

    A tudo aquilo, o Manual (da Família) dava o nome alegórico de Mundo das Trevas. Havia o plano em que estavam, o Plano Material, onde se desenrolava o que as pessoas cobertas pelo Véu chamavam de vida real, enquanto os Predadores da Humanidade se fortaleciam nas trevas da ignorância. Mais além, mas justaposto, como uma sombra que se alonga até os limites do universo, havia a região que os Registros das Bestas-da-Lua chamavam de Umbra. Os lobisomens, mais que qualquer outro ser vivo, clamavam afinidade com a Umbra. Mas aqueles eram os domínios dos Espíritos. E em suas regiões mais densas apenas os Mortos caminhavam. Diametralmente oposto, em cores vívidas e ácidas, a imaginação criava terrores no plano que as Tradições dos Despertos - "feiticeiros, que Deus tenha piedade de suas almas" - chamavam de Sonhar. Este era o lar das criaturas feéricas que roubavam crianças nas noites frias, exigiam sacrifícios humanos e... - "oh você acordou; não, Changeling não são legais se você olhar bem de perto, Guilherme. Pega um prato e nada de comer só carne!" - ... havia Fadas belas e místicas e que motivavam histórias de amor e conquistas: mas elas eram uma pequena fatia de uma população assustadora de criaturas com dentes de tubarão saídas de pesadelos.

    E havia Múmias que se levantavam, contudo eram poucos os dados no Manual sobre elas. E os Magos também eram reais: humanos que despertavam - "seguindo a vontade do demônio, se querem minha opinião profissional" - e eram amaldiçoados/abençoados com a compreensão da Trama da Realidade. Magos poderiam conjurar um dragão no meio do Centro de Bela Vista, mas não fariam isso - "toda Mágika tem um preço" - e a negação da mente racional das pessoas ao redor, a descrença delas, parecia atingir os Feiticeiros como uma bola de demolição no estômago. Sabiam que havia um nome para esse fenômeno, mas era desconhecido. Apesar dos muitos dados sobre como reconhecer um Feiticeiro, havia pouca simpatia por eles correndo no sangue da descendência de Alana Rafaela da Paixão - e muito conhecimento se perdia no ódio cego movido pela Palavra de Deus a Moisés - "Êxodo, 22:18 - 'não deves preservar viva a feiticeira'. E eles caem com um tiro na testa. Bom, a maioria deles".

    Sobre os Noturnos - "vampiros, papai; seus amigos vão entender melhor se falar assim" - ou Vampiros, havia um extenso conhecimento obtido com o sangue de inúmeros Caçadores. Os Sinais da Consagração - "calma, já vamos chegar nesse ponto" - indicavam que havia alguma relação com Caim, o Fratricida, mas não era certo em que ponto ou extensão. Era fato que nem todos eram iguais e que havia guerras sangrentas entre os próprios Noturnos. E havia os Senhores do Medo, vampiros muito antigos, que aniquilavam e se alimentavam daqueles de sua própria espécie. Talvez, os Noturnos fossem seus próprios predadores naturais. O Manual dizia que havia uma divisão mais ou menos formal entre eles - "como famílias, com sobrenomes ou alcunhas características, e um conjunto de traços que os distinguem uns dos outros" - porém, aqueles eram nomes difíceis de obter. Era provável que houvesse pouco mais de dez dessas Famílias, e apenas alguns poucos nomes eram conhecidos: Toreador, Assamita, Lasombra e Ravnos. Havia menções esparsas a Demônios, mas não ficava claro se era um nome para uma daquelas Família de Vampiros, ou se uma referência a Anjos e Demônios em si - "pois é, esses existem também, e não é bonito".

    Quanto às Bestas-da-Lua, ou Lobisomens, havia uma oscilação no Manual. Por vezes, eles eram caçados como inimigos. Em outros tempos, eram tratados como aliados. Assim, a Família (Da Paixão) havia coletado muita informação sobre os chamados Garou ao longo dos séculos. Estes se dividiam em Tribos, rígidas e de característica hereditária. E eram governados por um intrincado sistema de signos, denominado Augúrio, que era atribuído a um Garou de acordo com a Lua de seu nascimento. Atualmente, uma Parente da Cria de Fenris - "uma moça que nasceu dos Garou, mas não é Lobisomem" - era aliada na Caçada Selvagem. Uma policial civil chamada Lívia - "que parece uma viking!, é verdade, não é, pai?" - que Mayane poderia reconhecer como sendo aquela que a Dra. Ana Rita perguntou se teria designado-a para examina-la, quando encontrou a ora desaparecida no IML.

    No mais, o inimigo eram sempre os Noturnos, sem negociação. Feiticeiros às vezes passavam sob o radar, especialmente nos tempos modernos - "e até a Mel acabou 'excessivamente amigável' com aquele ruivo miseráv... não, Gui, não é do Tio Mek que o pai está falando não". E os Lupinos iam e vinham na aliança, mas eram sempre devotados a exterminar Vampiros - "criaturas que eles chamam de crias da Wyrm, a Corruptora" - o que os tornava uma fonte mais ou menos confiável de poder de fogo. Porém, os Noturnos não tinham redenção. E eram letais, quase impossíveis de ferir e se alimentavam do medo, maquinando vinganças eternas nas sombras contra os poucos da Humanidade que ousavam voltar-se contra eles.

    E era ali que os Sinais da Consagração entravam - "quero adverti-los desde já que, Palavra de Deus ou não, eu sou terminantemente contra". A Consagração não era uma organização de Caçadores. Não era uma Ordem de São Leopoldo - "que existe e tem alguns Consagrados em suas fileiras". A Consagração era uma cerimônia, um ritual. Ligada ao Capítulo 6 do Deuteronômio - "E estas palavras que hoje te ordeno têm de estar sobre o teu coração; e tens de atá-las como sinal na tua mão, e elas têm de servir de frontal entre os teus olhos; e tens de escrevê-las sobre as ombreiras da tua casa e nos teus portões" - e que funcionava baseada em símbolos de gnose e caballa, tatuados aos braços e ao peito do Caçador, e marcados entre os olhos, por um Noturno. No Manual, constava a anotação de que "a marca de Deus protegia Caim, o primeiro assassino. Ele, do Sangue de Caim, a marcou com os Sinais". Gêneses, como dito. E assim era feito, até os dias de hoje.

    Havia três tipos de Sinais possíveis: Lua Crescente, para os Profetas; Tríade, para Tutores; e Cruz, para Exorcistas - "essa na minha testa, em sangue sob a pele". Mas algo era comum a todos os Consagrados: eles portavam o Anel de Gabriel. O anel de ouro, grosso e pesado, tinha uma espécie de agulha sob o sinete exibindo as asas do Arcanjo - "sim, como aquele usado pelo Papa na Idade Média, para envenenar as pessoas que excomungav... NÃO TOQUEM!" - e carregava uma dose letal de veneno. Caso necessário, normalmente após ser capturado pelo inimigo, o Consagrado poderia fazer A Prece. E três pessoas, que ele carregasse representadas na tatuagem sobre o coração, seriam protegidas por um ano e um dia. Contra todo o Mal.

    E havia os poderes - "é a minha parte preferida, BANG!" - mas, já era tarde. E Ace se retirou da mesa, levando um protestante Guilherme para o quarto, irresignado por ser mandado dormir na melhor parte. Irmã Graça já tinha tirado a mesa e servido a sobremesa - "pavê é a melhor coisa do mundo, depois do amor de Deus Nosso Senhor" - e agora se despedia igualmente - "será só o tempo de trancar os portões, mas fiquem a vontade, por favor".

    A cozinha aconchegante deixava entrever estrelas pela janela. Vagalumes piscavam à distância e Mayane sentiu o conforto de uma casa protegida pela luz de espíritos superiores, Guardiões poderosos e almas amigas. A brisa da noite trazia o aroma das flores do jardim nos confins do mundo. E, no campo pontilhado pelo orvalho da noite, uma jovem de cabelos loiros e olhos negros fitava Mayane através da janela.




    OFF: Post gigante! Hahaha~ <3
    APENAS Mayane consegue ver a loira no jardim, ok? Para os demais, apenas vagalumes.



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    Mensagem por antonio xavier Dom Jan 13, 2019 12:39 am

    Ana Demiris absorvia cada palavra que era pronunciada sobre todo aquele mundo desconhecido. Como era possível viver tanto tempo na caverna? Múmias, Magos, Fadas, Lobisomens, Vampiros. Parecia que os livros infantis traziam muito mais da verdade do que poderia sequer imaginar. A menina tentava ao máximo guardar os nomes, principalmente dos grupos de vampiros e dos lobisomens, já que, aparentemente, eles eram muito mais aliados em nossa "luta" do que propriamente o inimigo.

    Quando o livro da família é mencionado, Ana fica fascinada: era preciso ter este livro e estudá-lo ao máximo. Não podia deixar a vida sem terminar de lê-lo e analisá-lo. "Incrível", ela pensou.

    Quando Graça explicou sobre os sinais, Ana entendeu parcialmente, pra ela, ainda havia faltado explicar como aquilo afetava o inimigo. Enquanto todos comiam, a estudante comia o mínimo, pois estava realmente concentrada na conversa e em seus pensamentos. Havia uma pergunta essencial: quem era a menina que sumiu? Ana pensava ser a ligação com o ritual do Museu, mas não lembrava as palavras exatas transcritas que Dom Inácio havia lido. Seria aquela mulher a "Filha de Eva"? Uma pequena ansiedade esperneava dentro de Ana por ela não ver ninguém fazendo ou falando algo sobre isso. Ela não podia simplesmente confraternizar e descansar.

    Graça saiu do cômodo e Ana pediu licença para os demais companheiros e seguiu atrás da senhora:

    "- Desculpe incomodar a Senhora, mas quem é a menina sequestrada? Estão fazendo algo para ajudá-la? Como eu posso agir? Desculpe mais uma vez, mas não posso simplesmente permanecer aqui: preciso fazer algo!"
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    Mensagem por Immemorabili Dom Jan 13, 2019 5:07 pm

    Parou-se quando ouviu Irmã Graça. Imaginou que ela sabia muito bem quem era quem. Sabia reconhecer uma pessoa sábia ou perigosa quando estava na presença de uma, e certamente tinha cautelas e respeito quanto às habilidades de Ace e Mel. Mas aquela mulher... havia algo nela que tocava um alarme laranja constante na cabeça do soldado. Ele era novo naquele mundo, e não entendia as nuances mais graves de tudo que ocorria ao redor. Mas estava certo de que havia mais perigos do que simplesmente um monstro ou uma arma amaldiçoada. A mente humana ainda era o maior mistério e provavelmente uma das maiores armas que alguém devia ter. Estava convencido de que boa parte dos vampiros - ou cainitas, fosse o nome que for - e qualquer outra criatura "transformada" tivesse a mente tão obscura simplesmente por ter se derivado de suas mentes humanas.

    Monstros iam e vinham, muitos conhecidos, muitos a serem descobertos e muitos que poderiam vir a desaparecer com o tempo, por culpa deles, de outras criaturas, ou dos próprios humanos. Mas o verdadeiro monstro morava ali no canto da mente das pessoas. Em seu novo campo de trabalho, Victor havia visto notícias que só eram encontradas na parte mais profunda da Deep Web. Humanos comuns - ao menos a maioria das notícias - que faziam coisas que nunca imaginaria sequer uma besta desenfreada fazendo. Atos crueis, inimagináveis, maquinados por algo muito mais doentio do que o que crescemos aprendendo desde crianças. Coisas que fariam um padre comum questionar a esperança da humanidade, e que fariam uma freira ponderar os sinais do apocalipse completo. Notícias velhas, do século XIX. Ou do início do século XX. A humanidade aparentemente não havia mudado tanto nesse tempo, se observasse as proporções. O "fiel" seguidor de Joana D'Arc havia se revelado um traidor e um pedófilo estuprador de mais de centenas de vítimas. Supostamente o primeiro da história. Supostamente.

    Então ela havia sido mentora de Ace. O nome dele era Diego? Perguntou a si mesmo, sem saber exatamente. "Falando grosso sobre proteger as pessoas". Não sabia se isso era uma colocação que caçoava dele, ou se era meramente uma colocação. O sacrifício era algo que ele estava disposto, de qualquer maneira. Não acreditava que alguém errado como ele tinha alguma saída na vida que não fosse o sacrifício próprio. "Limpeza pela dor".

    ViCtor.

    De alguma maneira, estava inclinado a acreditar na mulher. E detestava isso.

    Olhou para o Padre, vendo a diferença em suas reações. Era claro que se conheciam, então. Ou fingiam muito bem. Só que, mais uma vez, sentia como se fosse o único realmente fora de lugar ali. Mesmo Gerson parecia lidar melhor com a situação do que ele. Aparentemente não estavam numa situação parecida, como Victor achou que estariam.

    Ana os acompanhou com um jeito mais calado também. Estava um tanto quieta desde o Museu, mas não parecia estar em choque. Talvez estivesse digerindo a situação para formular a pergunta certa? O que Victor sabia era que ela tinha uma capacidade diferente de enxergar as coisas, pela maneira com que agiu lá na série de desventuras que se passaram. Foi o último a se sentar, mas ouviu com atenção. O cheiro estava tão bom que era quase desagradável sentir um cheiro tão bom no meio de uma situação delicada como aquelas, especialmente pelo fato de ele mal sentir algum gosto. Comeria com calma, como se estivesse comendo rações militares em hora de descanso (lentamente, para uma boa digestão rápida). Concordava sobre descansar carregando pedras. Era algo que ele mesmo praticava, em seu mísero descanso.

    Era muita informação. Demais para qualquer pessoa com a mente comum. O que o fazia imaginar que o garotinho seria um tipo de super-humano quando crescesse, com tudo aquele tipo de coisa girando dentro de sua mente. Escutou e absorveu; e ele não se esquecia. Nunca se esquecia.

    Esperou que as perguntas fossem feitas antes de fazer a sua colocação. Após o garoto ser levado.

    - Primeiramente, alguma coisa naquele museu estava usando o corpo da vítima como canalisador para alguma coisa maior. Algo sobre Dragão e a Filha de Eva, mas os outros dois terão capacidade melhor de explicar a situação. Especialmente porque Demiris fez algo que atrapalhou a criatura. E segundo... - Mostrou levemente o símbolo em seu pulso, logo antes do início da tatuagem. - Tríade? Não acho que eu seja bom o bastante para ser Tutor nessa situação ou qualquer outra. Tenho mais dúvidas do que todos aqui, provavelmente. Sou um peão no tabuleiro.
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Mellorienna Dom Jan 13, 2019 6:34 pm





    Jardim Secreto


    22h~22h30min
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    Ana seguiu a Freira pelo Jardim, deparando-se com o luar que se derramava sobre a mata preservada ao redor da casa de madeira e pedras. O perfume das flores invadia o ar em lufadas com a brisa noturna e vagalumes piscavam alegremente, inconscientes do perigo que pairava sobre o mundo.

    E no alto, pequena e quase invisível aos olhos de Ana, uma Estrela Rubra cintilava na abóbada longínqua do céu.

    - Então você consegue vê-la, uh? Ana. - a Freira tinha olhos escuros e inteligentes. Como uma ave de rapina - É provável que não haja tempo de dissuadi-la do caminho, se você carrega o Sangue da Profecia. Oh não, criança, não me olhe assim! É só um jeito que nós, que somos velhos, usamos para falar daqueles que recebem o Sinal da Lua Crescente.

    Havia flores brancas que brilhavam de forma tênue ao luar e Ana podia ouvir um pequeno riacho que não conseguia divisar no escuro do Jardim. Mas não havia um poste de iluminação pública sequer, em qualquer direção para onde olhasse. E as imponentes torres da Catedral não estavam em qualquer lugar visível. E nada além da sólida e aconchegante casa poderia contar sobre a presença humana ali.

    - Mel foi marcada ainda mais jovem que você. E com ela Diego. E Felipe. Meu filho. - a Freira olhou na direção da Estrela Rubra, levemente velada por uma nuvem finíssima que corria rápida pelo céu - Reminiscências de uma velha, criança. - desviando os olhos da estrela de volta para Ana, Irmã Graça tentou sorrir - Eu não sei nada sobre a menina sequestrada. Para ser exata, nem sequer sabia que uma menina havia sido levada. Mas, Ana, querida... raramente proteger ou resgatar surtem bons efeitos para um Vingador do Sangue. A vida para nós é vingar. Lembre-se disso.

    Havia uma bela flor em formato de sino, de um azul-celeste que reluzia sob as estrelas. A Freira colheu a flor com delicadeza. E então voltou-se para Ana:

    - O que não quer dizer que abandonaremos ao tormento e à morte uma Filha de Deus. Providências serão tomadas. As melhores que puderem ser. Entretanto, "o Senhor é fiel em todas as suas promessas", Ana. E a vingança pelo sangue inocente foi prometida por Deus. E é nossa, para ser carregada até o fim dos dias.




    Como qualquer criança empolgada pelo aparecimento de visitas inesperadas, Guilherme tinha dado trabalho para dormir. E Ace mal tinha se jogado na poltrona quando Victor iniciou o relatório da missão. O Caçador ouviu atentamente, e sorriu ao final, exibindo aquela confiança inspiradora que era tão característica:

    - Se você não tivesse dúvidas e se achasse preparado para a missão, seria o pior Tutor que já vi. - uma sombra perpassou o semblante do loiro de olhos flamejantes, e Ace olhou um por um dos presentes antes de voltar a falar - Há uma cerimônia, uma espécie de... Mel definitivamente vai me matar por isso... um ritual. Ele liga Tutor, Exorcista e Profeta. Eu sei que a Consagração é bíblica e que eu sou chucro demais para entender, mas é paganismo hardcore, se é que vocês me entendem. - o loiro moveu-se na poltrona, como se precisasse ter certeza de que as paredes não o tinham ouvido - E, como no triângulo em seu pulso, essa união é uma forma completa. Perfeita. Inquebrável. Ao menos, até que a morte os separe.

    Ace se interrompeu por um tempo, olhando para os Sinais tatuados aos próprios braços.

    - Antes de ser freira, Irmã Graça teve um filho. Ele era o Tutor no trio em que também estávamos eu e Mel. Mas... - aquele era um silêncio tão tenso que se poderia cortar com uma faca. Ace girava o Anel de Gabriel no dedo anelar esquerdo, com os olhos de fogo perdidos no tempo - ... isso não tem nada a ver com a missão. - voltando ao foco, o Caçador largou o Anel e cerrou os punhos - Tudo que vocês precisam saber é que não se escolhe seu papel na Cruzada e depois que uma Profetisa identificar seus Sinais só há dois caminhos: aceitá-los ou renegá-los. Não dá pra pedir uma segunda opinião. E, acreditem, eu odeio o fato daquela mulher estar sempre certa. Porém, se Mel diz que você recebe a Tríade, ou a Cruz, ou a Lua, você tem o que é necessário. Só precisam ter Fé. Principalmente em si mesmos.

    O loiro passou as mãos pelos cabelos antes de completar:

    - Agora, esse papo de Dragão e Filha de Eva. Que informações vocês têm? Precis---

    A antiga televisão de tubo com caixa de madeira, encostada a um canto da sala como um belo móvel decorativo, coberta com um crochê onde repousa um pequeno vaso de flores naturais, ligou-se de repente. Sozinha. Na tela, surpreendentemente nítida, a imagem da fachada da casa noturna Zhotique, iluminada por diversos giroflex e cercada por faixas amarelas típicas de cenas de crimes.

    - ... encontrada morta nesta noite, em seu escritório no mezanino da casa noturna. A Polícia não informou acerca de suspeitos, porém a hipótese de latrocínio foi descartada, vez que nada foi levado da vítima ou do local. Isabelle Delacour foi mutilada e decaptada. O mezanino, a prova de som, está sob análise da perícia. A Polícia Científica está empreendendo esforços para recuperar as gravações das câmeras de segurança, que foram danificadas ou apagadas, ainda não se sabe se por falha mecânica ou com intenções de acobertar o criminoso. Delacour tinha trint---

    Da mesma forma que ligou, a televisão apagou sozinha.



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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Saskwatch Dom Jan 13, 2019 7:26 pm

    _ Caramba piazada, comé que é essa historia de Eva e dragão? achei que era uma cobra, é a mesma Eva do Adão?

    O Rapaz estava deixando aos poucos o susto passar e estava empolgado. Finalmente estava parecendo que ia fazer algo importante na vida. Limpou o rosto e as mãos num guardanapo, e juntou-se a Ace e Victor, para tentar se situar na conversa.

    Após a noticia da TV ficou apreensivo, "Tomara que não me botem nessa", estava na boate, e deixou as mulheres juntas, provavelmente a tal Kruendorf havia dado cabo de Isabelle.

    _ Sabe, ela não era boa coisa, num sei se era um sangue suga desses, mas era endemonhada, to sentindo um poco mal, mas nem fico com dó dela, num sei qual era a da Loira, mas deu conta do serviço.

    Então dirigiu-se a Ace:

    _ Viu, agora que to de barriga cheia tava pensando... Nois tamo aonde, e quem ligo a TV?
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Nazamura Dom Jan 13, 2019 10:58 pm

    IML:

    A Catedral / Jardim Secreto (a chegada):

    -----

    Irmã Graça escreveu:- Fazer o melhor que pudermos no tempo que nos é dado, Inácio.... "toda Mágika tem um preço"
    - nisso ela acenou a cabeça concordando enquanto ela discursava. e quando todos comiam a mesa ela começava a falar dos diversos planos de existencia, e não apenas do material e do espiritual, mas diversos outros até de fadas e mumias... recordou-se de Rumplestiltiskin dos contos de fadas que dizia a mesma coisa sobre magia, e pelo visto a magia existe para os que estão despertos desse conhecimento... e uma curiosidade infantil lhe veio a mente, sera q com todo o conhecimento que ela já possuia sobre "forma-pensamento" a manipulação da vontade plasmando desde roupas e objetos nos planos, embora no plano fisico demorasse mais para acontecer do que no espiritual, teria ela tambem acesso a essa magica?

    em seguida falavam de vampiros e suas organizações no que ao ponto de vista dela cada vez mais ela acredita que eles estão atrasando a própria felicidade ao escolherem a imortalidade em disputas mesquinhas por poder e controle, os instintos humanos inferiores mais basicos de egoismo e vaidade e balança a cabeça como quem diz "pobres coitados"

    em certa parte mencinou a policial Livia, que trabalha no mesmo distrito de Matias... [i]"Espera, ela é uma lobisomen?"
    - a pergunta quis sair, mas ela prefeiru esperar ela terminar o discurso.

    Mayane então sentia a luz espiritual protegendo a casa e soltou um longo suspiro de alivio, saberia que haveria mais possibilidade de se comunicar com sua guia sem a pesada interferencia de miasmas que estavam em toda a parte do museu. Uma jovem loira a fitava e logo ela reconheceu pelo brilho de sua aura que era um espirito. Virou-se para a janela como se estivesse olhando la fora e perguntou.

    - Olá, quem é você?

    E enquanto Mayane conversava telepaticamente com a entidade ela lança uma pergunta na mesa

    - Desculpem perguntar isso mas, se Deus é onipotente e é o criador do céu e da terra ... - e nisso ela olha para o Padre pra ver se ele estava acompanhando-a pois eles eram de religiões diferentes, mas ela tinha certeza que sua pergunta faria as duas religiões se alinharem - Não seriam todas essas classes de criaturas, os vampiros, lobisomens, fadas e até mesmo Caim - o primeiro assasino - criações de Deus? e assim sendo, não seria contraditório Deus ter criado uma entidade eternamente devotada ao mal?

    Mayane sabia que sua pergunta era audaciosa, mas não quis prolongar o debate religioso, embora sua pergunta fosse totalmente lógica. Deus criou o universo e tudo o que há nele, então ele criou tambem caim, os vampiros e tudo o que a freira mencionou.
    ----

    Ana pergunta sobre a sequestrada o que deixou Mayane constrangida por aqueles segundos que ela tirou os olhos da doutora, em seguida sairam para o jardim

    Não demorou muito e a TV ligou sozinha anunciando a morte na boate em que Gerson estava, geralmente costuam ser espiritos que ligam. Mayane concentrou-se e procurou tentar ver se o espirito de Isabelle estava la com eles.
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Immemorabili Seg Jan 14, 2019 3:07 am

    Olhou para o o pulso mais uma vez, antes de encarar Ace. Ele mudava entre aquele olhar cheio de fogo e a expressão de tranquilidade como se fosse a coisa mais simples do mundo. Normalmente era um sinal de caráter forte, mas naquele homem era mais do que isso. Era um sinal de perigo constante, também. De todos os militares, aqueles que pareciam mais joviais eram sempre os mais letais. - Não posso dizer que esteja surpreso com a resposta. Mas acho que faz sentido. - Disse em curta resposta, antes dele prosseguir. Havia então um ritual, algo estranho e obscuro que havia acabado por tornar aqueles caçadores algo maior, algo conjunto. Tal como havia acontecido com eles, supostamente. Ironicamente, Victor não era a arma naquela situação. Seu dever então era o de se assegurar de que os outros fizessem o seu trabalho e conseguissem cumprir o que queriam? Fazia sentido, por mais irônico que fosse. Não era como se ele desejasse ser Exorcista; na verdade estava interessado em saber a razão de não ter sido chamado apenas como um soldado para aquela situação. Aparentemente os anos desde que saíra do exército haviam feito diferença em seu caráter e sua... aura?

    - Entendo. - Não sentiu vontade de se intrometer no assunto do filho da Irmã Graça. Talvez o Padre não gostasse muito de saber disso também - ou será que não se importaria? - mas Victor não dava a mínima para os rituais da Igreja, embora respeitasse o ato de um indivíduo ser espirituoso ou virtuoso. Não tinha fé na Constituição que vinha de Roma, no entanto. E muito menos na instauração de poder vigente e inserida no Vaticano. Não se incomodava com a parte pagã. Se incomodava mais com o fato de que ainda achava que as pessoas não deviam ter acesso a esse tipo de coisa. Infelizmente... muitos já o tinham. Se Victor tinha que se tornar uma arma contra eles, teria que aceitar aquele mal em prol de tentar equilibrar as coisas. Afinal de contas, ele "já estava morto".

    Virou-se para Gerson. - Não sei também. Eu só conheço os trechos do Dragão de São Jorge e a Eva da Bíblia. Mas não faço ideia de onde isso quer chegar. - Deu de ombros. Mas antes que pudesse continuar a conversa, a televisão se ligou... de maneira estranha. Mas depois de tudo que fora-lhes enfiado goela abaixo naquela noite, não ia ser uma televisão que iria assustá-lo mais. Ergueu uma das sobrancelhas, ao final. - Então... parece que todas as coisas que aconteceram essa noite estão desenhando "pontos no mapa". Espero que não literalmente. Também não sei muito sobre onde estamos, Gerson. Mas é um tanto secreto e a televisão foi ligada por alguma coisa que não podemos enxergar. - Balançou a cabeça negativamente, pressionando os lábios como quem estava um tanto cansado da situação. Mas os olhos ainda estavam despertos, e o corpo também.

    Virou-se para Ace.

    - A criatura da noite estava gritando algo sobre interromper entre o Dragão e a Última Filha de Eva. "Como ousam se interpôr entre o Dragão e a Última Filha de Eva!?", disse exatamente. A última coisa que me lembro foi o fato de que Demiris fez algo com o corpo da mulher. Uma flecha na garganta dela, que pareceu alterar a paciência da criatura instantaneamente. Antes andava como uma criatura bípede, e assim que a flechada aconteceu, correu como um urso de 200kg. Os outros dois possuem fotos e informações sobre o que estava escrito ao redor das coisas da mesa. Tenho duas perguntas. O homem que me salvou no estacionamento e me deixou em "dívida" com vocês. Ele ainda está vivo? E... o que a Irmã Graça dizia sobre mim? 'ViCtor', e "a tal médica tem que ser mesmo muito boa"? - Não tinha nenhum tipo de ironia, segunda intenção ou provocação em seu olhar. Simplesmente não sabia o que esperar daquil. Muito menos sabia se aquela segunda pergunta iria irritar Ace de alguma maneira.

    Não sabia o que pensar de Mayane e Gerson. Mas os dois pareciam mais... confortáveis, em lidar com aquela situação. Mesmo ele, que parecia falar como se estivesse perdido, na verdade parecia mais preparado do que a maioria das pessoas estaria. E ela... ela tinha alguma coisa diferente. Na sua postura, na sua voz. Não sabia dizer o que era, mas certamente os dois haviam sido escolhidos à dedo, tal como todas as outras pessoas que estavam ali.
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por antonio xavier Seg Jan 14, 2019 10:28 pm

    Ana fica absolutamente fascinada com o visual do jardim e olhando para o céu. "Como seria possível de uma passagem secreta dentro da Igreja enxergar aquele céu magnífico? Acho que certas coisas não há o que compreender, apenas aceitar."

    Irmã Graça demonstrava ser uma grande Mestre, pois ao responder aos questionamentos de Ana instigava a menina ainda a querer mais respostas e a ter novas dúvidas, havia uma verdadeira sensação de progressão, a pesquisadora dentro dela se alimentava cada vez mais e crescia.

    "No Museu, havia um ritual de localização na parede feito a partir do corpo e do sangue da pesquisadora morta. Eu, mesmo sem saber, atrapalhei o que era feito. Me coloquei entre eles e a Filha de Eva: estou com receios de que a médica legista tenha ligação com esta filha de Eva."

    Após relatar o que havia acontecido no Museu, Ana continua com suas perguntas, como uma criança que não cessa de querer saber:

    "- Irmã Graça, o que significa o símbolo da Lua em mim? Tenho uma missão especial por isso, função como a de Mel?

    A menina toca de leve no braço da irmã, buscando ser empática e diz:

    "- Não vi seu filho entre nós, sei que não há palavras que diminuam uma dor, mas gostaria de demonstrar meu carinho e solidariedade com a senhora."
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    Mensagem por Mellorienna Ter Jan 15, 2019 12:43 pm





    Jardim Secreto


    22h37min
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    EXTERNA

    Irmã Graça tocou a mão de Ana com gentileza e sorriu:

    - Obrigada, criança. Você tem a sensibilidade necessária, isso é certo. Mas, Ana, o caminho da Consagração é a perversão da Palavra de Deus. E, como tal, cobra seu preço. Um preço alto demais.

    A Freira estendeu a mão para uma pequena flor, em tudo muito semelhante a uma pequena rosa selvagem, não muito maior que um ovo de codorna, com pétalas de um branco tão puro que cintilava ao luar. Arrancando-a com diligência, a Mentora estendeu a pequena rosa para Ana, depositando a flor na palma da mão da jovem Caçadora:

    - Os Lupinos a chamam de Bravia. Nos Registros deles, é dito que a primeira muda foi um presente de Dannu, Rainha das Fadas, para sua criança mestiça que deu origem à Tribo Fianna. A Rosa Bravia é um símbolo de proteção, coragem e persistência. Ela floresce na adversidade e brilha ao luar, para lembrar ao mundo da força que há naquilo que é belo e inocente. - a Freira sorriu para Ana - A Marca da Lua é um caminho, mas não é o único. Você é livre, Ana. E pode servir à Caçada sem jamais se Consagrar. Foi o que eu fiz.

    Irmã Graça começou a caminhar lentamente de volta para a casa. Ana não viu qualquer portão que a mulher pudesse ter saído para trancar, mas a Freira parecia ter se dado por satisfeita.




    DENTRO DA CASA

    Ao comentário de Gerson e as considerações de Victor sobre a notícia aparentemente trágica que a televisão acabara de exibir, ligando-se sozinha, Ace assentiu lentamente:

    - No começo, é difícil ver as criaturas da noite como algo que não seres humanos. E, sabe, nunca passa totalmente. Ainda é difícil dar cabo de um Noturno que tenha sido uma criança. Ou uma mocinha frágil. Mas... - o Caçador com olhos de fogo e aquela cruz em sangue sob a pele tinha um ar definitivamente perigoso - ... ossos do ofício. Quanto à TV, estaria mentindo se te dissesse que sei como isso funciona. Mas ela não liga se você quiser. E não está nem na tomada. Mostra só as notícias que entende como relevantes. E quando eu falei que parecia magia tomei uma olhada atravessada daquelas da Paixão, então... Só aceito. Funciona e é o que importa no fim.

    Mayane parecia concentrada em algo no jardim, olhando pela janela, e os olhos flamejantes de Ace seguiram o ponto que ela mirava.

    - "Entre o Dragão e a Última Filha de Eva". É, não estou gostando disso. Nada que tenha relação direta com personagens bíblicos é bom sinal quando vem da boca de um Noturno. - o Caçador desistiu de olhar para fora, fitando Mayane antes de voltar a falar com Victor - Sabe por que a gente se despede de um jeito tão... uh... cinematográfico? Eu e Mel, por exemplo. Vocês viram. A gente se abraça como se fosse a primeira vez, se beija como se fosse a última vez, e faz todo tipo de declaração e jura possível antes de dar às costas um ao outro. Não é porque somos um casal de capa de "Sabrina" não. É porque pode ser mesmo a última vez antes de nunca mais. - Ace olhou instintivamente na direção do corredor que levava aos quartos, onde Guilherme agora dormia - Não sei te dizer se um Caçador está vivo até que a manhã seguinte suba no horizonte, levando os Malditos para suas covas imundas. Mas as últimas notícias eram positivas. Agora, quanto ao ViCCCtor, Irmã Graça às vezes fala demais.

    Era nítido que aquele era um ponto sensível. Ace travava a mandíbula, ressaltando os ângulos do queixo quadrado, e tinha voltado a rodar o Anel de Gabriel no dedo anelar. E então Mayane intervém, com um questionamento escatológico profundo que fez o Caçador interromper os gestos nervosos e fita-la em silêncio por alguns segundos.

    - É, esse é o tipo de pergunta que eu me fiz por muitos anos. Com a sua licença padre, e já peço perdão adiantado, Deus já perdeu o controle desse tabuleiro há tempos. E tudo que eu queria era te dizer que Ele está morto. Mas não. Deus é só um filho de uma p---

    Ace interrompeu sua fala ao ouvir uma porta se abrir no corredor. Entretanto, não era do quarto de Guilherme. A mulher que Mel havia levado até ali mais cedo - e encantado para que dormisse - havia finalmente despertado.

    Talvez o loiro com olhos de fogo e uma cruz de sangue sob a pele da testa não fosse exatamente a visão mais ortodoxa em um comitê de boas-vindas, mas Ace tinha um sorriso de partir galáxias. Levantando-se ao ver a ruiva se aproximar, ele indicou um espaço no sofá, ao lado de Mayane:

    - Você deve ser a Guinnevere, certo? Mel me falou sobre você. Senta, guria. Esses são Gerson, Victor, Dom Inácio e Mayane. Vou pegar uma ág--- - antes que Ace conseguisse finalizar as boas-vindas, a televisão piscou, ligando e desligando em menos de um segundo.




    TODOS OS CAÇADORES NA CENA

    Um leve tremor cresceu no solo, como se uma criatura há muito adormecida despertasse de um sono sem sonhos. As luzes da casa piscaram e o vento uivou e mudou de direção no jardim, agitando os galhos das árvores em uma dissonância sinistra.

    Antes que pudessem reagir, cada um dos presentes se viu cair de joelhos, como se um golpe na nuca os desmontasse. Mesmo os que estavam sentados foram empurrados ao chão sob incrível pressão.

    Os Céus queimavam.

    Ana contemplou em horror Irmã Graça cair, deitada na grama, com os olhos escuros vidrados, enquanto - rubra e sinistra - a Estrela crescia em tamanho e brilho, superando qualquer outro astro no céu que não a própria Lua.

    Com igual pavor, Mayane viu os companheiros, então ajoelhados, caírem um a um, deitados com olhos vidrados. Apenas Ace permanecia consciente, arrastando-se pelo chão em direção ao corredor, gritando o nome do filho. A médium percebeu nitidamente que Joana a abraçava, impedindo-a de cair e amparando-a contra o pior:

    - Prepare-se para a tempestade, criança!

    Por trás dos olhos vidrados, Dom Inácio, Gerson, Guinnevere e Victor viam claramente: um campo coberto em trevas, por sobre o qual erguia-se uma assombrosa Estrela Rubra enquanto a Lua Cheia tingia-se em sangue. E havia dois adolescentes. E ao lado do rapaz - ou seria o próprio rapaz? - um enorme lobo castanho-queimado e branco, de olhos azuis que brilhavam na noite eterna. E sobre a moça erguia-se a Lua de Sangue.

    Gritos. Gritos na Escuridão.

    E eles viram, claro como dia, as figuras em asas negras ao redor da jovem dupla. E mais além, claro como a vida, os Espíritos e Criaturas dos Pesadelos que corriam para o casal. A menina sorria, alheia ao destino terrível prometido por aquela horda execrável. E a luz rubra que vinha do céu cobria seus cabelos claros com matizes sanguíneas e fazia as feições do rapaz, belas e fortes, lembrarem as de um corpo ensanguentado.

    E, assim como veio, a visão se foi. E a realidade do chão da casa no jardim voltou a todos, enquanto um corajoso Guilherme abraçava o pai, consolando-o:

    - Foi só um pesadelo, papai. Foi só um pesadelo.



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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por antonio xavier Ter Jan 15, 2019 8:07 pm

    Ana olhou com um imenso carinho para a Irmã Graça, pegou a Rosa Bravia e com carinho a guardou em sua bolsa. Os olhos de Ana se encheram de emoção ela disse emocionada:

    "- Muito obrigada, Irmã. A rosa sempre estará comigo."

    "Ela floresce na adversidade e brilha ao luar, para lembrar ao mundo da força que há naquilo que é belo e inocente", eram palavras que Ana iria guardar com ela para sempre. havia algo especial em Irmã Graça, o nome era auto-explicativo: graciosidade, presente divino.

    A Consagração era algo sobre o qual Ana ainda não havia pensado e após as fortes e sábias palavras da Irmã, ela percebeu que era necessário buscar todas as informações possíveis sobre isso para só assim tomar uma decisão. A menina era decidida e após uma escolha feita, ela aceitava as consequências que provinham disso, por isso nada era feito sem que ela soubesse o máximo (que ela conseguisse) sobre o assunto.

    Ela viu a Irmã se afastar e algo aconteceu no Jardim, Ana sentiu uma dor imensa e caiu de joelhos com tamanho martírio que sofria, ela viu com horror e desespero aquela sábia anciã cair na grama. Uma força imensa de desespero tomou conta da menina que se recusava a se deixar cair por completo, era preciso ajudar e proteger aquela mulher que havia passado a admirar.

    Ana levantou-se com muito esforço e caminhou até Irmã Graça, ajoelhou-se e tomou a irmã nos seus braços. Ela ficou ali parada olhando para todos os lados em busca de ajuda. Observou com carinho a anciã e suplicava a Deus que tudo ficasse bem.
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Immemorabili Ter Jan 15, 2019 9:08 pm

    Escuridão.

    Gerson parecia mais preparado do que ele para esse tipo de coisa. Sentiu-se ironizado por ser o menos preparado de todos naquele recinto, como alguém que passou grande parte da vida pronto para morrer. Tudo parecia tão... natural, aos outros. Ainda tinha dúvidas fortes sobre qualquer capacidade que tivesse de ser Tutor. Ace falava sobre ter que se livrar de uma provavel cainita - pelo jeito que falava - que mantinha a aparência infantil. Era um assunto frágil para qualquer policial ou militar. Crianças. No caso dele, provavelmente por saber que morreria sozinho, além de todo o seu dever de proteção.

    - Vocês sabem que muitos em Israel ou nos morros do Rio se despedem da família da mesma maneira, mas os demônios que os matam são somente humanos em plena luz do dia. Nem eles e nem vocês estão errados. Aproveitem o fato de ter alguém para quem voltar. - Disse em completa retórica. Levou a mão ao queixo quando lhe respondeu sobre o caçador que lhe salvara. Se sobrevivesse o bastante, talvez encontrasse aquele homem novamente. Certamente, ele tinha mais chance de sobreviver do que Victor. Ele não estava preocupado com essa parte. Ainda tinha que agradecê-los propriamente, mesmo que tivesse o colocado em uma dívida estranha, com pessoas estranhas, em um tipo estranho de noite.

    Quanto à Irmã Graça falar demais... teve impressão de que não conseguiria mais informações nem dele, e nem dela. Suspirou. - Tudo isso parece mesmo o que as pessoas chamam de "magia pagã". Mas no final das contas, eu acho que todas as coisas se reunem em um só ponto.

    Imaginou que não houvesse propósito claro. Se Ace se fazia essa pergunta, imagina-se alguém novato. Talvez as pessoas achasse o propósito, a força, a razão e a missão própria, com o tempo. Talvez Mel ou Irmã Graça acreditassem mesmo nas coisas que diziam. Talvez todos estivessem certos ou todos estivessem redondamente errados.

    Escuridão completa

    Não se lembrava de nada do que aconteceu naquele momento e muito menos como foi parar na escuridão. Foi muito pior do que um taser. Foi como se a Terra o puxasse para baixo subitamente muito mais forte, como se fosse ser esmagado pelo próprio peso. Rangeu os dentes - ou ao menos sentiu que rangeu - e se viu na escuridão mais revelada e mais medonha e distorcida. O campo coberto em trevas, e a incômoda visão da esfera de sangue e a Estrela Rubra, como se absorvessem todo o pecado e a culpa. Algo que algumas pessoas gostariam de ver. Latebras facilius inveniunt in finem. Os adeptos do fim, os mensageiros. Ou... o mensageiro. Não entendia aqueles sinais, mas entendi uma mensagem de caos quando via uma.

    Um casal como Romeu e Julieta, mas talvez algo muito pior. Belos, intocados pela impureza visual mas... E por dentro? As asas negras dançavam aos ares, criaturas ao redor, poéticas ou não. Doloroso. Mas o lobo ao lado - ou sendo o próprio - do rapaz era o ponto que pessoalmente chamara mais a atenção do ex-militar.

    Talvez fosse melhor que eu aceitasse a escuridão como arma. Morrer. Já estou morto, sempre estive morto, desde o dia em que nasci. Talvez minha morte seja um sinal de justiça. Ou talvez eu tenha um destino pior do que a morte, me fazendo de sacrifício maldito para lutar com o maldito. Quantos vilões são necessários para lutar contra o mal? Seria eu mais um? A escuridão parece reconfortante, amiga. O escuro sempre foi melhor do que a luz...

    E não acordou.
    Guilix
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Guilix Qua Jan 16, 2019 12:32 am




    Padre Inácio
    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto A50f48bd45a9866c6a491f14f5ee7e5d-roman-cross-catholic-by-vexels
    ORA ET LABORA

    O padre estava cansado. Mesmo sentado a mesa com o restante do grupo, parecia que suportava o peso do mundo todo em suas costas. Ou pelo menos o peso do desaparecimento Dra Ana Rita. Não que ele fosse capaz de fazer algo a cerca do assunto, mas sentar-se a mesa e comer tranquilamente estava fora de cogitação.

    A comida parecia saborosa, como esperado da fama da Irmã Graça, mas o estômago do padre ainda não estava preparado para uma refeição. Se serviu com o mínimo possível para não ser desrespeitoso. Cortou o primeiro pedaço de carne e começou a mastiga-lo. E continuou mastigando por um tempo. Aquela primeira porção, não estava contribuindo para ser engolida. Talvez tenha pego algum nervo ou algo do tipo. Mastigou até cansar, e percebeu que não conseguiria deixar aquele pedaço mais digerível. Teve que forçar, mas o engoliu. Pouco a pouco, pode sentir o pedaço de carne descendo por sua garganta. Sem cerimônia, para ajudar a descer, um bom gole de vinho que faria os sommeliers o olharem com ar de reprovação.

    Os novos caçadores, faziam perguntas a Ace, e ele, as respondia com sua típica irreverência. Toda aquela conversa deixava Dom Inácio cada vez mais incomodado. Era muita informação fantasiosa. Parte tinha até um fundo de verdade e talvez, se forçar um pouco, algum fundamento bíblico, mas havia muita distorção. Por alguns momentos, o Padre cogitou defender a sua fé, mas talvez faltou-lhe coragem ou só estava evitando uma discussão que não os levaria a lugar nenhum. Apesar de ser padre, Inácio não gostava de discutir sobre religião, principalmente com quem tem o coração duro. Mas assim como aquele pedaço de carne, era difícil engolir toda aquela história e apenas o vinho poderia amenizar.

    Enquanto ainda comiam, o padre procurou um momento propicio para acrescentar algo.

    - Naquela bolsa, sobre o sofá, estão as anotações da Dra. Carolina. Depois eu queria dedicar um tempinho para terminar de traduzir, mas eu me lembro de  ler algo que lembre Apocalipse 12, que também fala de uma mulher grávida, um dragão no deserto... enfim. É um texto profético e, de certa forma, gostaria de continuar os estudos da moça.


    Depois de um longo tempo sentado a mesa e com muito esforço, Dom Inácio conseguiu terminar o seu prato. O padre fez uma saudação a moça estranha que saiu de um dos quartos. "Guinnevere... Deve ser estrangeira.". Seus olhar foi amistoso, mas ao perceber que Ace também não a conhecia, queria poder avisa-la. "fuja enquanto a tempo".  

    O padre já estava terminando sua quarta taça de vinho, quando sentiu um tremor. "acho que bebi demais", pensou ele, mas logo em sentiu seus olhos ficarem pesados, e ele já não estava mais ali.  Estava em uma cena que assombraria seus sonhos por um longo tempo.





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