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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Nazamura Qua Jan 16, 2019 5:40 pm

    Não que Mayane fosse esperar respostas elaboradas ou algo assim, mas um minimo de lógica era previsto, entretanto a resposta de Ace foi muito vaga e tava incluido nas entrelinhas "não sei" em seu ponto de vista ele crê que Deus perdeu o controle da mesa, mas se fosse lógico, Deus teria previsto q ele perderia o controle então não seria Deus, seria um deuzinho menor...

    Chacoalhando a cabeça em seus proprios pensamentos ela decide deixar pra la a loira parecia não ter ouvido seu chamado, mas de alguma forma olhava para ela. Apelando então para seu dom natural de médium, Mayane continua

    "- Quem é você? se aproxime, me diga seu nome. "

    Logo uma ruiva entra na sala, de nome Guinevere, seria uma inferencia ao rei Arthur ? pensa.

    Não teve muito tempo para entrar na conversa quando um espetaculo de trevas nocauteou varios de seus colegas caçadores. Seu coração saltou a garganta, ela nunca tinha visto algo do tipo e imediatamente invoca Joana em seus pensamentos

    "Joana, eu preciso de você, proteja-me, me guarde de todo mal, dê-me luz para que eu possa ser a luz que irradia e protege a todos dessa casa"
    Joana escreveu:- Prepare-se para o pior criança

    sentiu então uma vontade de desmaiar, poderia crer que eram as forças de um miasma muito forte tomando conta do lugar, mas o abraço de sua anja a impede de sucumbir. ela pode então ver Ace que se arrastou em direção ao filho que o consolou, Gerson estava apagado e ela mal conseguia saber dar uma explicação plausivel para aquilo

    Ao olhar pela janela, parece que mais uma resistiu ao que foi que tivesse acontecido e estava acudindo a freira, tentou então acordar alguns de seus companheiros aparentemente em vão, temeu que estivessem mortos

    "- Joana, me diga, o que eu faço agora? tudo o que posso lhe pedir é que proteja a alma deles, ilumine-os e os resguardem" - enviou telepaticamente a mensagem para a anja guardiã ignorando um pouco que havia outra entidade loira q estava olhando para ela. Apenas teve tempo de olhar pra janela pra ver se ela ainda estava lá e se tinha recebido sua comunicação.
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    Mensagem por Mellorienna Qua Jan 16, 2019 8:00 pm





    Jardim Secreto


    22h40min
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    EXTERNA

    A Estrela Rubra, como um olho maléfico que houvesse se aberto na abóbada de escuridão, inundava a alma de Ana de uma inquietação crescente. O mundo parecia pesar sobre seus ombros e o jardim, antes gracioso, agora parecia cercado por matas sinistras intransponíveis. Como um oásis de luz em meio à tormenta.

    Mas os vagalumes tinham sumido.

    Quando foi que eles sumiram? Ana não saberia dizer. Mas o cricrilar reconfortante das pequenas formas de vida que habitavam entre as flores e árvores havia parado, deixando o jardim mergulhado em um silêncio sepulcral.

    Irmã Graça, deitada em seu colo, permanecia de olhos fechados. Como se dormisse um sono bastante profundo. E ela se debatia levemente, como se seus sonhos fossem assombrados por visões profanas. A prece de Ana, entretanto, pareceu surtir efeito, e a mulher relaxou, entregando-se à inconsciência.

    Devido ao silêncio opressor, a movimentação de uma pessoa dentro da casa pôde ser ouvida por Ana mesmo ali, do meio do jardim. Alguém havia resistido a o que quer que tenha acontecido. E talvez precisasse de ajuda. E então ela discerniu, distante e bem baixinho, a voz de uma criança - uma menino. Mas as palavras eram inaudíveis àquela distância, mesmo no silêncio absoluto.




    DENTRO DA CASA

    Ace estava sentado no chão, abraçado ao filho, que o amparava. O menino tinha os olhos da mãe. Ao ver Mayane se mover pela sala, dirigiu-se a ela, sem interromper o abraço carinhoso ao pai:

    - Moça, você precisa de ajuda?

    Ao mesmo tempo, Joana libertou a médium de seu abraço protetor, ficando de pé e sorrindo para o menino. A mulher loira no jardim não estava em qualquer lugar que pudesse ser vista.

    - Até o ano passado ele era capaz de me ver. - Joana olhava para Guilherme ainda - Mas agora está completamente atrelado ao Plano Material. Para o bem ou para mal, é como as coisas são.

    Joana era uma mulher jovem e Guilherme uma criança corajosa. Dava para entender porque o espírito dela se afeiçoou ao garotinho. Ele ainda olhava para Mayane, parado ali de pé na entrada do corredor, abraçando um Ace que chorava agarrado ao filho.

    - Deus em sua eterna misericórdia providenciou que a casa fosse movida da Umbra enquanto era tempo. Contudo, criança, esta é a fronteira do Sonhar. E aqui não poderei alcançá-la por muito mais tempo.

    Com um tom de urgência, Joana se reaproximou de Mayane, tomando as mãos da psicóloga nas suas.

    - Há muito que eu poderia ter dito antes. E me arrependo de ter permitido que caminhasse nas trevas por tanto tempo, minha querida. Ofereci o conhecimento que acreditei que estaria preparada para receber. Entretanto, se houvesse guiado seus passos de forma mais assertiva, poderia deixa-la agora em melhor situação. - a voz de Joana traduzia verdadeiro arrependimento e preocupação para com Mayane - Mas, agora ouça. Não há muito tempo. Uma grande tempestade ergueu-se na Umbra Profunda. Um maelstrom. De fato, o Sexto Maelstrom. Mayane, esta casa amiga não deve retornar à Penumbra do mundo. E o Sonhar não é seguro, mesmo em suas fronteiras longínquas. Você é a única que pode avisar Alana Rafaela sobre isso. Você a viu, instantes atrás. Parada no jardim.

    Joana acariciou a face de Mayane, como uma mãe que consolasse um filho pequeno:

    - Eu estava diante de você, imaterial, e por isso você a viu pelos meus olhos. Mayane, você precisa avisá-la. O Sexto Maelstrom. Não se esqueça, criança. E seja forte! Eu virei até você assim que puder. Contanto que não abandone a coragem, criança, tudo ficará bem. É da vontade do Senhor que este tempo tenha sido seu para viver. Mas Alana Rafaela está com você e eu não poderia desejar alguém melhor. Tenha fé! Tenha f---

    A presença de Joana se desfez, permitindo que Mayane sentisse a dimensão do vazio que havia se abatido sobre todos.

    - Moça? - a voz grave do menino chamou a psicóloga de volta à realidade.



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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Jolie_Scarlatt Qua Jan 16, 2019 11:45 pm

    Era uma noite fria e silenciosa, estava com o pensamento confuso por conta de um texto medieval que tinha lido mais cedo na biblioteca no campus, e por conta de uma pequena discussão com um aluno do 1 ano de literatura, resolvi caminhar até o caminho de casa e quem sabe parar no barzinho da esquina e tomar uma ou duas doses de Whisky para conseguir dormir. Entrei no bar, sentei no balcão, o garçom sorriu para mim e já me entregou a bebida "quero duplo" o dia foi difícil e fiquei ali observando as pessoas ao redor, e tentando imaginar como seria a vida de cada um, o que estariam comemorando ou se estaria como eu tentando esquecer algo. O celular tocou, era mensagem da minha tia, ela mandava todos os dias um boa noite, preocupada comigo, e algumas vezes ate respondia outras simplismete silenciava ... pedi a conta e deixei o valor sobre o balcão, caminhei de volta para casa imersa aos meus pensamentos . Ao se aproximar de uma viela percebi um movimento estranho, apertei meus passos, senti um frio na coluna, um pressentimento que não cabia no meu peito, quanto mais de pressa andava , mais próximo os passos ficavam perto de mim, e quando percebi estava não estava mais andando mas correndo,  "ai meu Deus não deveria ter bebido mais uma dose", e quando menos esperava uma mão gelada encostava em mim, me derrubou no chão, olhei para aqueles olhos grandes e sombrio, aquela pele pálida, e aquela sensação de terror e escuridão me dominando quando achei que a morte tinha me encontrado uma jovem mulher, linda por sinal, dona de os olhos castanhos envolventes me salvou, me puxou de volta para luz  e um pouco zonza, embriagada, apavorada desfaleci um pouco antes de chegar em uma casa desconhecida e ser acolhida por um lindo menino dos olhos esverdeados. O mesmo menino que ao acordar sorriu aquecendo o meu coração e me ofereceu uma xícara de cha quente e doce, quando percebi onde estava, #alias onde eu estava? #ouvi vozes vindo do corredor, coloquei a xicara na mesinha do lado da cama e fui em direção das mesmas, "putz minha cabeça doi" , ao entrar na sala me deparei com um grupo de pessoas que jamais tinha visto na vida, não fazia a minima ideia de quem seriam, e fui recepcionada por um homem com os olhos de fogo e um sorriso encantador e ao encaminhar em sua direção algo muito estranho aconteceu, um leve tremor no solo, "mas como? estamos no Brasil ... aqui nao tem terremoto" foram meus únicos pensamentos antes da escuridão me dominar e cair no chão inconsciente. Não sabia mais se estava sonhando ou se era real ... mas apenas via um lobo castanho-queimado e branco  de olhos azuis que brilhavam na noite eterna e criaturas da escuridão ... e gritos ....... gritos ...... gritos....
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    Mensagem por antonio xavier Qui Jan 17, 2019 11:01 am

    Ana sente a escuridão externa mexer profundamente em seu estado de espírito, era preciso um grande esforço para não se sentir exatamente como o Jardim se encontrava naquele momento.

    Ana viu com um pequeno alívio a Irmã Graça ficar mais tranquila em seu forçado sono. O silêncio absoluto fazia com que a menina ouvisse cada respiração e cada mais profundo pensamento, precisava agir e ajudar. Como será que estão os outros no interior da casa? Ana ouve apenas uma voz de menino, mas não discernia nada.

    Ela levantou e com cuidado encostou o corpo da Irmã no gramado. Caminhou até a casa e rapidamente observou a cena: Ace perturbado sendo acolhido pelo filho, Mayane acordada e todos os outros desmaiados, inclusive uma menina que ela não conhecia.

    Uma certa ansiedade ficou estampada em sua face:

    "- Mayane, precisamos fazer algo para ajudar os outros. Guilherme, você está bem? Você saberia me dizer onde posso encontrar livros que, talvez, me ajudem a uma solução para fazê-los acordar e acalmar Ace"
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    Mensagem por Mellorienna Qui Jan 17, 2019 4:08 pm





    Jardim Secreto


    22h40min
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    No Futuro Sombrio...:

    Ace chorava agarrado ao filho, sentindo o coração doer, tamanha a taquicardia. Ouviu quando Ana interpelou o garoto e percebeu que Mayane também deveria estar de pé. Mas não tinha forças para mais que encarar os olhos de Guilherme. Ele tinha os olhos da mãe.

    - Pai, vai ficar tudo bem. Eu preciso que você seja forte agora. A mamãe, a Tia Graça e seus amigos precisam que você seja forte. - Guilherme deu um passo para trás e Ace começou a secar o rosto nas mangas da blusa de frio que usava, assentindo para o filho que só então se virou para Ana - Eu durmo sob os Sinais, moça. Eu estou bem. A Tia Graç---

    - Gui, traga o Manual para a Ana. - recuperando-se, mas já retomando o controle sobre as próprias emoções, Ace se dirigiu ao filho com orgulho na voz - Você é mesmo filho da sua mãe. Ela vai saber da sua bravura.

    O menino sorriu para o pai, abraçando-o mais uma vez:

    - A bravura herdei de você. - após certificar-se que o pai estava bem, a criança correu para o interior da casa, gritando - Eu já volto, Srta. Ana!

    Por sua vez, Ace se colocava de pé, com certa dificuldade. Olhando ao redor, deu com Ana e Mayane acordadas, os demais caídos em uma espécie de desmaio. O loiro se concentrou por um instante, e então respirou aliviado, voltando-se para as moças:

    - Mel está bem. E está vindo para cá. Precisamos mover a casa de volta para a Umbra, rápido! Ana, você viu uma planta com flores em formato de sino, de cor azul?


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    Mensagem por antonio xavier Qui Jan 17, 2019 11:29 pm

    Ana se impressionou com a força e a inteligência do menino, ele não parecia uma criança: a necessidade muitas vezes trazia uma maturidade consigo.

    A menina fechou uns olhos e orou um rápido Pai nosso, buscando emitir suas energias para Ave, enquanto ele se dirigia ao filho e observava os demais caçadores.

    Foi com um certo alívio que ela viu Ace se levantar, mesmo com dificuldade, e se dirigir a ela sobre a necessidade de movimentar o Jardim e a casa. Não havia tempo para questionar e pensar muito sobre aquilo, apenas aceitar.

    Com a pergunta, Ana pensou e relembrou seus momentos no Jardim, passou cada imagem por sua mente e finalmente viu a flor sobre a qual Ace falava: 

    "Sim, Ace. Eu vi a flor sobre a qual fala, ela está com a Irmã Graça, a pegarei imediatamente".


    Ana corre até a Irmã Graça e pega a flor das mãos da anciã, retornando para a sala onde Ace estava.
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    Mensagem por Nazamura Sex Jan 18, 2019 6:40 pm

    Guilherme escreveu:- Moça você precisa de ajuda?
    Foi quando Mayane percebeu que havia voltado a realidade, o abraço protetor de sua anja da guarda a protegeu  e sorria para o menino que cresceu e não vê joana mais.
    - Estou bem, obrigada, como está seu pai?
    Mayane responde para Joana "entendo, o processo de reencarnação dele está concluido, ele está incorporado a nova vida guardando uma vaga ideia da anterior. Esse garoto foi alguma coisa sua na ultima vida Joana? um filho seu que agora reencarna tendo Ace como pai?" - sorria enquanto via a cena de ternura da anja se desenvolvendo em sua frente.

    Mas logo ela mudou o tom do discurso para um tom preocupada.

    - Joana, você fez o melhor que pode dentro da minha evolução, me guiou a livros, a caridade e ao conhecimento, não se arrependa minha guia - Falou em tom de voz normal já que era a primeira vez que Joana conversava com ela, May acabou se distraindo e conversou com Joana ao inves de conversar em pensamento

    Joana deixou um recado para q Mayane chamasse Alana Rafaela, a loira que a viu sobre sonhar não ser seguro e q a casa amiga não deve voltar a penumbra... tambem explicou q só conseguiu ver a loira pelo influxo magnetico de Joana, já q Mayane não tinha a mediunidade da visão, embora fosse uma medium invocadora

    - Eu confio em você Joana - disse com lagrima nos olhos emocionada pelo encontro com a guia - Pode confiar em mim que eu ...

    Guilherme escreveu:- Moça?
    ----
    - Hein? mas eu não estava... - Analisando friamente a situação Mayane provavelmente estava em projeção astral, vendo as coisas pelo ponto de vista de sua anja guardiã, razão que explicaria ela ter visto Alana Rafaela e ter conversado com Joana com tanta naturalidade

    Logo ana entra no recinto

    Ana escreveu:"- Mayane, precisamos fazer algo para ajudar os outros.

    - Ah sim, claro, eu tenho um recado do mundo espiritual para Alana Rafaela. Mas eu a vi em espirito, eu não a conheço, não sei se ela fez a passagem.

    logo Ace, já desperto diz:
    Ace escreveu:Precisamos mover a casa de volta para a Umbra, rápido!


    - E minha guia pediu pra avisar que o sexto Malestrom se ergueu e que sonhar já não é mais seguro. o que devemos fazer Ace ?
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    Mensagem por Mellorienna Sex Jan 18, 2019 8:34 pm





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    Ace ergueu uma das sobrancelhas ao ouvir Mayane mencionar o nome de Alana Rafaela. O fato de ser Consagrado nem sempre significava que alguém era uma pessoa de fé, e talvez o Caçador houvesse visto com desconfiança os dons mediúnicos de Mayane até aquele momento. Mas não mais.

    - Que recado tu tens pra entregar à Alana Rafaela? - o Caçador ainda tinha os cílios úmidos, mas parecia cada minuto mais refeito de seja lá o que o abateu. Ao ouvir o restante da explicação da psicóloga, Ace tomou nas mãos a pistola que trazia num coldre junto às costelas, engatilhando a arma - Mas que caralh--- que raios "sonhar não é mais seguro" quer dizer? - ele voltou os olhos flamejantes para Ana - Precisamos trazer Irmã Graça para dentro. Se o Jardim corre perigo, preciso tê-los todos ao alcance dos disparos. Vocês duas, tentem carregá-la de volta para cá. Eu vou trancar a casa. E apressar Guilherme.

    Caminhando até Ana, ele pegou das mãos da moça a delicada flor azul em formato de sino. Sorriu para ela, daquele jeito iluminado, enquanto dizia:

    - E obrigada. A atenção aos detalhes pode salvar nossas vidas. - novamente olhando para Mayane, ele completou - Talvez seja preciso desobedecer e levar a casa de volta à Penumbra, Mayane. Mas só faremos isso em um última instância. Eu prometo. Por enquanto, tragam Irmã Graça. E fiquem atentas! Gritem se tiverem problemas.

    O Caçador saiu pelo corredor, ainda com a arma e a flor em punho.


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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por antonio xavier Sáb Jan 19, 2019 8:56 pm

    Ana ficou preocupada com a mensagem de Alana Rafaela, ela não podia ver, mas tinha uma grande sensibilidade desenvolvida ao longo dos anos de estudo e trabalho no Fraternidade e havia dentro da menina uma ansiedade que a deixava agitada.

    "- Mayane, sinto que devemos fazer o possível para cumprir o pedido de Alana. Às vezes não damos atenção àqueles que nos guiam e cometemos erros. Eles sabem mais que nós. Vamos trazer a Irmã para dentro. Preciso de sua ajuda, não conseguirei sozinha."


    Após falar com Mayane, Ana foi caminhando em direção à Irmã Graça para poder trazê-la para o interior da casa. Nenhum lugar parecia seguro naquele momento, Ana esperava encontrar respostas no livro que Guilherme trouxesse. 

    Acordaria a todos se possível. Em um momento tão crítico, era essencial a ação e a presença de todos.
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    Mensagem por Mellorienna Seg Jan 21, 2019 5:00 pm





    Jardim Secreto


    22h50min
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    Com a dificuldade típica de carregar uma pessoa desacordada, Ana e Mayane transportaram Irmã Graça para dentro da casa, posicionando-a na poltrona onde antes Ace estava sentado. Enquanto o Caçador ia de janela em janela, recitando palavras e tocando símbolos entalhados na madeira dos batentes, as duas moças posicionaram os companheiros nos sofás o melhor que podiam, garantindo que todos estariam o mais confortável possível.

    Não tardou para que Guilherme voltasse à sala, mas - antes que pudesse entregar o grosso tomo encadernado em couro para Ana - Mel da Paixão entrou pela porta.

    A cena era bonita de ver. Os olhos inteiramente negros da Caçadora deram primeiro com os olhos flamejantes do marido, que tinha acabado de trancar a janela oposta à porta, e os dois sorriram um para outro como se não se vissem à meses. Porém, antes que os adultos pudessem sequer se mexer, Guilherme já tinha corrido para a mãe, abraçando-a com força enquanto segurava o livro em uma das mãos. Mel abraçou o menino e o beijou muitas vezes, com aqueles cabelos que se moviam como tentáculos macios ao seu redor. E então, Ace chegou até os dois, e os três ficaram ali, abraçados em silêncio por alguns segundos. E as trevas do mundo pareceram se adensar lá fora, porque a luz dentro da casa era mais brilhante que o sol.

    Houve sussurros de preocupação, de carinho, de expectativa. Mas Ana e Mayane eram testemunhas discretas e silenciosas do pequeno milagre que era o amor de uma família florescer em meio à Caçada Selvagem. Mel foi até cada uma delas e conferiu como estavam, enquanto Ace saía para buscar Antônio - desacordado - e Doc, que havia ficado cuidando do companheiro. Com autorização da mãe, Guilherme entregou o Manual à Ana. Mel instruiu ambas as moças de que havia uma forma de acordar os companheiros, mas a um custo significativo.

    - Talvez seja melhor esperar que despertem por si mesmos. O sono não é de todo mal, afinal. É preciso estar descansado para combater bem nas lutas que virão. - ela era prática, mas havia preocupação e ternura em seus gestos ao examinar cada um dos desacordados.

    Doc chegou, e com ela Antônio, que foi colocado ao lado dos demais no sofá. A médica, ao verificar o estado dos companheiros, percebeu que estes estavam dormindo. Como se estivessem presos em um sonho.

    Nesse meio tempo, através de palavras e gestos, Mel da Paixão despertou Dom Inácio. Era algo realmente inédito para Ana e Mayane, e Doc supunha que houvesse sido o mesmo método utilizado com ela no hospital. Era certa que as mulheres tinham várias perguntas, e o padre - que precisou correr até a janela logo que acordou, vomitando o pouco que havia comido - deveria ter ainda mais dúvidas. Mas, como sempre, parecia não haver tempo.

    - Agora que os três Profetas estão acordados, há uma escolha que vocês precisam fazer. Os Sinais da Consagração plenos devem ser gravados por um Noturno, um vampiro, de forma indelével à pele do Caçador que queira se consagrar. Nós não temos estes recurso agora, mas é possível mimetizar os Sinais, dando parte de sua eficiência ao alvo, caso um Profeta trace os símbolos corretos. Para garantir a efetividade desse processo, é necessário a troca de fluidos entre o Profeta e aqueles que receberam os Sinais. Um Profeta poderá marcar o outro, mas mesmo com a troca de fluidos esses Sinais serão fracos aos olhos Senhor. Um Profeta poderá marcar a si mesmo, mas os Sinais serão ainda mais fracos, limitando cada vez mais a quantidade de efeitos que o Caçador será capaz de produzir.

    Saliva, sangue e outros fluidos seriam, em ordem crescente, os mais indicados para o procedimento. Todos os companheiros deveriam ser marcados, com o uso de canetinhas pretas de tinta permanente (que Mel entregou aos três Profetas), e - quando todos estivessem portando os desenhos corretos, resolveria-se a questão fluídica. Entretanto, era mister salientar que aquele que gravou os Sinais deveria trocar fluidos com o companheiro, e isso os ligaria pelo tempo da duração dos Sinais (entre 24h e 48h, conforme os cuidados que tivessem com as marcas deixadas pelas canetinhas).

    Maria Ivri foi orientada a lavar com água e sabão os Sinais gravados por Mel com caneta Bic em sua pele, de forma a possibilitar uma tela limpa para que os Profetas trabalhassem. Ana e Mayane receberam o dever de escolher quais companheiros marcariam, enquanto Dom Inácio foi incumbido da difícil tarefa de marcar as duas Profetisas - caso houvesse tempo, ajudaria a marcar os demais. O Manual foi aberto por Mel na página correspondente aos Sinais. Eram muitas e muitas, com detalhes que enunciavam palpites de gerações de Caçadores da Família da Paixão sobre o significado de cada um deles. Alguns, como as ondas do mar, eram ligados às memórias. Outros, como o nome do Arcanjo Rafael (em abijad aramaico), eram ligados à saúde. E ainda havia muitos outros: um conjunto diferente para Profetas, Exorcistas e Tutores.

    - Ana, Mayane, Padre Inácio. Vocês são os Profetas e recebem as Marcas da Lua. Doc, Victor e Guinnevere, a nova companheira de vocês, são Tutores. Eles recebem as Marcas da Tríade. Gerson e Antônio são Exorcistas. Eles recebem as Marcas da Cruz. Guilherme vai ajudar vocês a localizar cada Sinal e a posição onde deve ser gravado. Certo, Gui?

    O menino tinha grande intimidade com o Manual, passando a folheá-lo de modo experiente, enquanto comentava acerca dos primeiros Sinais para cada um dos grupos.

    - Ace me disse o recado que você tinha para Alana Rafaela. - Mel olhava diretamente para Mayane agora, com aqueles olhos que eram poços profundos de escuridão - Alana Rafael da Paixão é a matriarca da minha família. A primeira Caçadora a empunhar a Lâmina de Shai'tan. Talvez o recado devesse ser transmitido à minha tia, por ser a descendente mais próxima dela. Mas, algumas pessoas da sua fé já me chamaram por esse nome antes. - a Caçadora tocou levemente o ombro de Mayane - De qualquer forma, o recado foi recebido. Obrigada, Mayane.

    Beijando o filho e o marido, Mel se dirigiu à porta:

    - Precisaremos mover a casa de volta ao Plano Físico. E isso significa os territórios de um caern de lobisomens. Eu e Di vam---

    - Ace. Se chamar de Di, ninguém te entende, minha prenda.

    A Caçadora sorriu da porta, daquele jeito charmoso:

    - Eu e Ace vamos mover a casa e então tentar garantir passagem segura de vocês para fora do caern. Quando todos estiverem acordados e os Sinais temporários estiverem no lugar, Guilherme e Irmã Graça vão ajudá-los a achar o caminho. Não temam.

    A mulher saiu, levando no encalço o loiro, que se despediu do filho e desejou destreza aos Profetas antes de sair.

    - E você, guria, descanse se conseguir. Recupere suas forças. Ou faça com que desenhem em você primeiro, e teste suas novas habilidades, para conhecer os limites. - e, em um sussurro de cumplicidade, aproximando-se de Doc, ele completou - E cuide do meu filho para mim, por favor? Ele é um prodígio, o meu pequeno trovador, mas só tem oito anos.

    Tanto Ace quanto Mel saíram para a noite do jardim, cujas árvores farfalhavam em uma valsa sinistra, enquanto Irmã Graça estava desacordada e Guilherme, empolgado por ser deixado "no comando", sorria animado:

    - Muito bem! Peguem suas canetinhas! Um, dois, três e já!




    OFF: Temos oito jogadores que devem ser divididos em dois grupos de quatro jogadores cada. A regra é simples: deve haver um representante de cada papel em cada um dos grupos. Assim, a única divisão obrigatória é que um grupo tenha o Gerson e o outro grupo tenha o Antônio, de forma que exista um Exorcista por grupo.

    Vocês vão escolher como formar esses grupos. Podem combinar no grupo do whatsapp ou pelo meio que preferirem. A conclusão de vocês deve ser postada aqui, na forma da continuação da cena. Ex.: Ana decide que vai ficar no grupo do Gerson. Assim, em seu post, Ana descreve que gravou os Sinais em Gerson. Aconselho que os desenhos sejam feitos durante o tempo de desmaio dos amigos, para aproveitar a passagem temporal.

    Não se esqueçam de incluir no post a troca fluídica escolhida. Ex.: Ana desenha os Sinais em Gerson e escolhe que vai beijar o Exorcista. Não precisa executar a ação com o companheiro desacordado - dá pra só anunciar a escolha e esperar que ele acorde para beijá-lo. Ou pode beijar desmaiado, tudo bem também. O mesmo para as outras trocas fluídicas.

    Após a escolha dos grupos, farei rolagem de dados para determinar o sucesso do desenho dos Sinais. Logo após, a rolagem para o sucesso da ligação entre os membros, dependendo da troca fluídica escolhida.

    Postagem liberada para: ANA DEMIRIS, DOC MARIA IVRI, DOM INÁCIO e MAYANE. Os demais poderão postar amanhã a noite, quando encerramos a Semana dos Pesadelos. Para isso, a escolha dos grupos tem que estar anunciada até amanhã a noite!

    Go go roleplay!


    Padre
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    Padre
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Padre Seg Jan 21, 2019 9:28 pm

    REUNITED

    Doc não esperava muito tempo, logo Ace surgia da escuridão sendo a ajuda que Mel prometera mais cedo. Assim como Mel, ele ainda mantinha o visual do museu, o que intrigava Maria.

    Não tem um tempo limite pra eles manterem essas formas? É justo gastarem aqui conosco quando algo pior pode acontecer a qualquer momento?

    Conforme desciam, Doc notava a dificuldade do homem ao carregar Antônio, se ofereceria para ajudar, mas qual seria o ponto? Não estava no mesmo nível que o rapaz e só atrapalharia. Pegando a mão dele, seguia em silêncio. Pelo rapaz estar evitando falar, imaginou que não seria uma boa hora interromper o silêncio. O cheiro de carne fazia com que Maria se incomodasse, odiava ficar sem comer, havia se esquecido a quanto tempo já estava sem se alimentar direito, torcia para que para onde estivessem indo, pudesse dar uma pausa só pra recuperar a energia.

    Ao chegar, revia Ana, Mayane, Mel e a criança que deduzia ser o filho de Mel e Ace. Apressando o passo chegava até Mayane.


    Mayane, Ana... Que bom que vocês estão bem. E você deve ser o filho da Mel. ― Daria um abraço em Mayane e Ana se notasse que elas a recepcionariam assim, se não, só seguraria as mãos das duas e em seguida passaria a mão na cabeça da criança com um sorriso amistoso. Logo, retornava sua atenção para Mayane e Ana mais uma vez. ― Vocês já tem alguma ideia do que está acontecendo? Ou pra onde levaram a legista?

    Ao olhar para os companheiros, não se surpreendia, era o mesmo que acontecia com Antônio, mas o que estaria causando aquilo? Ela se perguntava. Dom Inácio finalmente despertava e Doc apesar de fazer certas deduções sobre o método, guardava pra si mesma. Finalmente então saiam do silêncio e o sinal de que trilhariam novos caminhos surgia, queria se sentir empolgada, mas estava um pouco cansada e a fome não ajudava.

    Ouvia a informação com um pouco de vergonha, lembrava da cena que era obrigada a protagonizar com Antônio e agora era mais constrangedor ainda, porque precisaria passar por aquilo de novo. Seria a terceira boca que beijaria só naquela noite, porque não via necessidade de usar o método de sangue. Se fosse uma das baladas que frequentava ou se estivesse um pouco mais bêbada... Estaria nos sonhos. Quem olhasse pra mulher, notaria o desconforto enquanto Mel continuava seu discurso.

    Seguindo o conselho de Mel, ia se lavar e limpar a pele e retornava a ponto de ver quem era designado pra qual tarefa e ouvir as instruções finais, seus olhos levantavam atentos na direção dos caçadores quando ouvia falar sobre os lobisomens, de qualquer jeito tinha outras instruções dadas por Ace e se ela seria uma força necessária nessa guerra, não poderia ficar pra trás.

    Treinar...? ― Dizia um pouco confusa sobre como faria aquilo. Suas habilidades despertadas no hospital era algo que tinha mais controle por agora? De um jeito ou de outro, guardava as instruções e sorria para Ace. ― Seu filho estará em boas.

    Imediatamente ao dizer estas palavras, lembrava-se da legista, antes que Ace se afastasse, segurava seu braço. Não queria atrasa-lo, mas Mel era confusa e no fim sobre as respostas que queria, não havia recebido muitas.

    Ace... Você sabe algo da legista? Rita.

    Quando Ace partia, Doc voltava sua atenção para os outros quatro.

    Mayane e Ana, vocês se importam se eu for primeiro? E se não for muito incômodo, sabem dizer se tem algo que eu possa comer. Eu não estou com sono, mas é difícil seguir o ritmo de barriga vazia. ― Desviava a atenção pra criança e dava um sorriso gentil, mas seu tom estava um pouco mais sério agora. ― O que aconteceu aqui enquanto nós estávamos no hospital? Se não se importarem de darem um resuminho.
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por antonio xavier Seg Jan 21, 2019 10:16 pm

    Ana cumprimentou Doc com um aperto de mão e um olhar bastante cúmplice, haviam passado por muitas coisas em pouquíssimo tempo. A menina havia ouvido cada palavra de Mel e Ace com muita atenção, ela era muito concentrada quando existia um objetivo a ser cumprido. Assim, ela não pensou demasiadamente sobre as muitas dúvidas que ainda possuía, só uma questão ainda ficou no ar: por que sermos consagrados por um noturno? Iremos nos tornar parte noturnos? Será que por isso Irmã Graça nunca se consagrou?

    Ana sorriu para Guilherme, pegou a caneta de suas mãos e falou com Mayane e Doc:

    “-Irei fazer as marcas que foram pedidas, depois, Mayane, por favor, faça a marca em mim”

    Ana lembrou da história do Oriente e como Genghis Khan exigia juramentos de sangue de tribos que o serviam, em geral, a chamada “Irmandade de Sangue” representa, um vínculo superior à fraternidade biológica. São estabelecidas rigorosas responsabilidades entre duas ou mais pessoas, que juram fidelidade em uma relação entre iguais.

    Ana achava que a melhor troca de fluídos para um juramento seria o sangue, fora que ela não se sentiria confortável em trocar qualquer outro tipo de fluído com as pessoas que estavam na sala. Já pensou marca-las com urina como cães marcam os territórios. Ela riu internamente de seu pensamento bobo.

    Ela se aproximou de Gerson, Guinevere e Victor. Fez os desenhos que foram pedidos em cada um, de acordo com sua função. Pegou uma flecha e furou o dedo. Lembrou de uma leitura no Evangelho segundo o Espiritismo:
    “A forma nada vale, o pensamento é tudo. Ore, pois, cada um segundo suas convicções e da maneira que mais o toque. Um bom pensamento vale mais do que grande número de palavras com as quais nada tenha o coração.”

    Ela respirou fundo e passou seu sangue nos lábios de cada um de forma delicada e cuidadosa e repetiu a seguinte oração:

    "-Deus Onipotente, que vês as nossas misérias, digna-te de escutar, benevolente, a súplica que neste momento te dirijo. Se é desarrazoado o meu pedido, perdoa-me; se é justo e conveniente segundo as tuas vistas, que os bons Espíritos, executores das tuas vontades, venham em meu auxílio para que ele seja satisfeito.

    Peço que consagre-os para esta luta, de acordo com o destino de cada um. Como quer que seja, meu Deus, faça-se a tua vontade. Se os meus desejos não forem atendidos, é que está nos teus desígnios experimentar-me e eu me submeto sem me queixar. Faze que por isso nenhum desânimo me assalte e que nem a minha fé nem a minha resignação sofram qualquer abalo."
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Guilix Ter Jan 22, 2019 6:08 pm




    Padre Inácio
    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 A50f48bd45a9866c6a491f14f5ee7e5d-roman-cross-catholic-by-vexels
    ORA ET LABORA

    Os que contendem com o Senhor serão quebrantados, desde os céus trovejará sobre eles; o Senhor julgará as extremidades da terra; e dará força ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido.
    1 Samuel 2:10

    Ao acordar daquele pesadelo tão real, Dom Inácio logo correu para janela para vomitar a comida de mais cedo. Já fazia tempo que ele não estava se sentindo bem, e aquela experiência estava acabando com seu corpo. Ofegante, antes de se recuperar, mais informação estava sendo jogada goela abaixo. Ele não gostava de tomar decisões sobre pressão, ainda mais decisões de vida ou morte.

    Para ele, se consagrar não era uma opção muito positiva. Irmã Graça não tinha passado pela Consagração e estava ali firme e forte. Felizmente, Mel estava possibilitando uma consagração temporária, e talvez aquilo já seria o bastante para ele ter mais tempo para resolver o que fazer. Aquilo parecia com muitos rituais pagãos que ele já havia estudado e isso ia contra aquilo que ele acreditava. "Onde está sua fé?", ele se questionava. "É mais importante desenhar algo sobre a pele ou ter o coração firme nas promessas do Senhor?". Agora não era a hora de se conflitar em mais perguntas, mas o senso de urgência mostrava que ele teria que agir.

    Foi até a mesa ficando de costas para as moças e pegou uma das facas limpas. Por um instante pensou em tirar a própria vida para não ter que passar por tudo aquilo. Mas ao ver o seu reflexo na lâmina fugiu de seu próprio olhar e de seus pensamentos suicidas. Encarar a si mesmo era muito doloroso. Dom Inácio estava sendo um homem irreconhecível naquele dia, e ele não gostava nada disso. Ele era um ministro do evangelho ungido no Santo Sacramente. Seu espírito sempre foi muito mais conservador do que revolucionário, ainda mais como padre católico, onde a Tradição Apostólica seja tão importante para a manutenção do status quo.

    "Perdão, Senhor, mas preciso fazer isso por elas." Seus olhos se encheram de lágrimas ao proferir aquela breve mas sincera oração. Tomou coragem e arrancou uma lasquinha da pele do polegar esquerdo. Uma dor aguda percorreu sua mão, mas de certa forma confortou sua alma, pois sabia que merecia ser punido pelas os atos a seguir. Ele cansou de se segurar, e algumas lágrimas correram por seu rosto e, antes que alguém percebesse, as secou com as costas das mãos. As lágrimas correram por sua mão, se misturaram ao sangue do dedo o tornando um pouco mais claro e menos viscoso. Não era seu plano, mas precisava terminar aquilo que tinha começado. Então, passou o dedo pelas costas da lâmina da faca depositando uma fina linha do sangue ralo e a entregou para as moças.

    Pegou uma das canetas e pediu licença para desenhar a Marca da Lua na fronte de Ana. O seu nome o trouxe a recordação da missa daquele dia. Ele havia contado a história da Oração de Ana, mãe de Samuel, que sendo estéril foi abençoada por Deus e pode dar a luz a um dos maiores profetas do povo de Israel. Ao ouvir Ana Demiris proferindo aquela oração, sentiu a fé da Ana bíblica, e isso o confortou um pouco. Ele precisavam de um milagre para sobrepujar aquele mal que estava por vir, e a fé era sua única esperança.

    Depois disso se aproximou de Doc. A olhou nos olhos e lembrou que seu nome era Maria. "Que coincidência miserável", pensou ele. O nome de Nossa Senhora, da Mãe da Igreja, a Rainha do Céu. Mais uma vez desviou os olhos da realidade. Encará-la era como encarar a própria Mãe de Cristo. E o peso do seus erros mais uma vez se acumularam sobre a suas costas. Respirou fundo, e terminou o desenho na testa de Doc. Se afastou calado, e então criou coragem para proferir a decisão que havia tomado.

    - Companheiras, me perdoem, mas não vou me consagrar, nem mesmo temporariamente. Estou ajudando vocês hoje, mas se depois dessa noite eu continuar nessa missão, será do jeito que minha consciência acha a mais correta. Já sou um sacerdote ungido e não farei parte de um ritual pagão. Só estou abrindo uma exceção para a segurança de vocês, e depois eu me resolvo com Deus.





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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Jolie_Scarlatt Qua Jan 23, 2019 12:25 am

    Caminhava no meio do nada, estava tudo escuro, havia vultos porém não conseguia identificar o que exatamente eram, não sentia meu corpo, não sentia presa a lugar nenhum, era como se não existisse mais gravidade na terra, e estava flutuando em uma imensidão sem fim. "será que morri e estou no limbo?" . Era um desespero não cabia mais no meu peito, quando senti algo mais forte que eu, algo que vinha me queimando .... queimando, tão forte que me arrancou daquela escuridão e acordei deitada rodeada de pessoas desconhecidas ...

    - Hmmmm... preciso de um banheiro, ou uma lata de lixo .... acho que vou vomitar ....

    E sai correndo em direção ao banheiro onde aqueles estranhos me indicaram, vomitei tudo que ainda existia no estomago, alias nem lembrava mais qual tinha sido minha ultima refeição e quantos dias estivera em transe, ao lavar o meu rosto reparei um desenho no meu pulso. "mas o que seria isso?" "alias que sensação estranha é essa que estou sentindo? parecia que toda minha vida estava se modificando, e tudo que acreditava que era apenas contos nos livros velhos dos meus pais era verdade e até pior".

    Sai do banheiro e encaminhei até a sala onde parecia que todos que estavam acordados me olhavam tentando me desvendar.

    - hmmmm.... oi! acho que não fomos apresentados direito sou a Guinnevere e sinceramente não sei o que está acontecendo e como vim parar aqui e alias porque isso está desenhado no meu pulso?

    Mostrei meu pulso para eles, e uma doce menina se apresentou como Ana pediu para eu sentar e explicou tudo para mim, desde o momento da escuridão, momento que estive desacordada e as coisas terríveis que está por vim.

    "sou tutora .... marca de triade ... mundo da escuridão" eram as coisas que martelavam na minha cabeça, como exatamente tudo isso aconteceu?

    - ok, não sei exatamente o porque parei no meio dessa confusão toda, mas algo dentro de mim diz que isso e herança da minha família, estou predestinada a seguir esse caminho, portanto tenho medo de falhar, pois como ser uma tutora de alguém ou algo se descobrir isso agora?

    Não sabia exatamente se perguntava para mim mesmo, ou para aquela pequena que me olhava com compaixão. Mas fiquei ali observando e analisando a minha volta esperando um sinal do que estava por vim....
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Nazamura Qua Jan 23, 2019 10:04 am

    Mel escreveu: De qualquer forma, o recado foi recebido. Obrigada, Mayane.
    - Tudo bem. - disse sorrindo depois q ela encostou a mão em seu ombro

    Maria escreveu:― Vocês já tem alguma ideia do que está acontecendo? Ou pra onde levaram a legista?
    Mayane vai até Maria e a abraça e depois diz se recompondo
    - A umbra é meu melhor palpite, mas não tenho muita certeza, foi tudo tão rapido.

    Maria escreveu:― Mayane e Ana, vocês se importam se eu for primeiro? E se não for muito incômodo, sabem dizer se tem algo que eu possa comer. Eu não estou com sono, mas é difícil seguir o ritmo de barriga vazia.
    - Pode ir, acho que sobrou comida sobre a mesa, mas deve estar fria

    Ana escreveu:“-Irei fazer as marcas que foram pedidas, depois, Mayane, por favor, faça a marca em mim”
    - Claro, será um prazer ajudar - disse sorrindo, mas com um sorriso um pouco sem graça.

    Mayane apenas se concentra enquanto observa a movimentação agitada de todos pela casa, estava um pouco perdida e preferiu ficar calada em seus proprios pensamentos enquanto observava a movimentação de todos
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Mellorienna Qua Jan 23, 2019 6:35 pm





    Jardim Secreto


    02h30min
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    Dom Inácio decidiu que não se consagraria nem mesmo temporariamente, o que deixou Mayane e Ana responsáveis por desenhar os símbolos registrados no Manual sobre todos os desacordados. O padre ajudou como pôde, com sangue e lágrimas, mas o trabalho era lento e difícil: havia muitos detalhes que precisavam ser reproduzidos à perfeição, e Guilherme mantinha um olhar atento sobre ambas as Profetisas, ajudando-as a apagar os erros com álcool antes que a tinta da caneta permanente secasse. Ao final, a sala - cujas janelas haviam sido fechadas por Ace antes de partir - cheirava como um ambulatório hospital: álcool, sangue e nervosismo.

    Doc foi a primeira a ser marcada por Mayane, ficando livre para investir seu tempo em achar comida (que mesmo fria estava deliciosa), cuidar do estado geral dos companheiros e trocar mensagens com seu Mentor. A vida começava a se descortinar cada vez mais como um apanhado de eventos sem sentido: não apenas em Bela Vista, mas em diversas partes do globo, pessoas haviam desmaiado e/ou sido assoladas por pesadelos naquela noite. Seu Mentor trabalhava para obter uma explicação, e trocava suas impressões com Maria Ivri. Aparentemente, o epicentro do evento era na Índia, onde bilhões de pessoas haviam sido nocauteadas para sonhos malignos - mesmo as que conseguiram permanecer acordadas. Relatos de acidentes automobilísticos e ferroviários ao redor do mundo inundavam os noticiários, o Mentor de Doc dizia, e alguns casos de assassinatos brutais, suicídios e crimes bárbaros haviam sido divulgados pela mídia de massa.

    Uivos. Uivos na noite.

    Ana e Mayane apressavam os desenhos, com ajuda de Dom Inácio e Guilherme. Mas cobrir os dois antebraços de cada companheiro com os símbolos corretos era uma tarefa árdua. Tudo piorava na hora de gravar o sinal sobre o coração: era preciso remover as roupas dos desacordados, desenhar, esperar a tinta da caneta secar e então tornar a vesti-los, um a um. Enquanto Ana e Mayane marcavam as outras mulheres, Guilherme se virava de costas, e fazia com que Dom Inácio fizesse o mesmo:

    - Mesmo sendo padre, seria falta de respeito com as gurias, não é? Se o senhor fosse médico, seria outra história... - o menino tirava aqueles momentos para conversar com Dom Inácio, perguntando coisas acerca de passagens da Bíblia (ele parecia ter predileção por Daniel na cova dos leões) e da vida eclesiástica, e contando coisas sobre ter oito anos sendo da Família da Paixão - Acho que a pior parte foi deixar de esperar o Papai Noel, sabe? A ideia de que se algo ou alguém invade sua casa a noite, só trará a morte como presente. Eu gostava do Natal. Papai ainda monta uma árvore enorme, mas acho que o cesticísmio da mamãe acabou me contagiando... É cesticísmio que fala, né?

    Um a um, os Caçadores foram acordando. Mas já era passado das duas da manhã quando todos puderam sentar e conversar. A recuperação milagrosa de Antônio parecia ser o mais inexplicável. Mesmo o agente de Inteligência não sabia dizer o que havia acontecido para que os ferimentos se regenerassem naquela velocidade. Ossos quebrados, cortes, hematomas: tudo havia sumido. No lugar, finíssimas cicatrizes branco-prateado, como se a recuperação houvesse acontecido anos atrás. Doc conhecia o segredo daqueles fatos, mas a decisão de falar aos outros sobre as habilidades da Tríade era difícil e cabia somente à médica. Será que os companheiros acreditariam no que ela foi capaz de fazer recitando umas palavras desconhecidas e jogando água sobre Antônio? Será que o padre e a freira veriam com bons olhos o beijo de vômito e a ritualística envolvida?

    Mayane e Ana trabalharam arduamente e estavam cansadas. Aqueles que acordavam, vinham com lembranças de um mesmo sonho vívido, onde a Lua de Sangue erguia-se na planície sobre dois adolescentes. Irmã Graça parecia ser a única que não havia compartilhado a mesma visão. Tinha o semblante muito sério e os olhos se voltavam constantemente para Guilherme, mas negou-se a dividir o que viu no reino dos sonhos. Acabou ocupando-se de servir uma ceia noturna para os presentes, enquanto conversava com Dom Inácio na cozinha.

    - Os Sinais da Consagração foram ensinados por Deus a Moisés, para que fosse possível distinguir entre todos aqueles que eram do Povo de Deus. As marcas nas portas até hoje usadas pelos judeus em suas casas e sinagogas vêm daí. Assim como o costume de atar fitas do Senhor do Bonfim ao braço, que vemos aqui no Brasil. As marcas deveriam ser gravadas nas soleiras das portas, atadas ao braço e colocadas como frontão entre os olhos. Essa última parte era alegórica: indicando que a Palavra de Deus deveria ser o guia dos fiéis. Tudo isso eu sei que você conhece, Inácio. Pode me passar o pão, por favor? Não, aquele ali. Isso. Obrigada. - fatiando o pão caseiro e organizando as fatias em uma cesta de fibras naturais, a freira continuou - Porém, o Diário de Alana Rafaela diz: "Veio a mim um Anjo do Senhor, em asas negras como a noite, e falou-me dos Sinais e ensinou-me o caminho da Consagração. Guiou-me o Anjo Negro para que me ungisse um Assassino Noturno, pois Deus marcou Caim, primeiro assassino, e pelo Sangue de Caim os Sinais devem ser marcados. Assim revelou-se o Mistério do Nome da Espada. E ao pó têm retornado os Assassinos Noturnos, em Chamas de justiça e vingança." Eu costumava dormir com o Diário na minha mesa de cabeceira. Poderia citar trechos inteiros... mas isso não vem ao caso. Entenda, Inácio. Oito gerações de Caçadores da Família concordam com a conclusão a que o Manual chegou: o Anjo que ensinou à Alana Rafaela, nossa matriarca, o Ritual da Consagração foi o mesmo que revelou à ela o Nome da Espada. A espada que hoje é o fardo de Mel. Sollaris, a Lâmina de Shai'tan.

    Dom Inácio havia visto a espada no Museu. Mel tinha degolado a criatura que os atacava, e depois transformado a carcaça sem cabeça em pó ao cravar a lâmina no coração do monstro. Mas o que o padre não sabia é que - se o que Irmã Graça disse era verdade - aquela era a Espada do Inimigo, Lúcifer, o Anjo Caído.

    Entendeu a preocupação de Irmã Graça quanto aos efeitos da Consagração. Apesar de serem as palavras de Deus, seu uso havia sido modificado pelo Diabo, e ensinado a uma jovem moça no interior de Portugal, em uma época em que não havia muitas alternativas de segurança pública ou autoridades fortes que pudessem defendê-la e à sua família. Talvez tenha parecido uma boa ideia na circunstância, assolada por demônios sedentos de sangue, buscar o acolhimento sob as asas negras de Shai'tan, o Inimigo. Mas e os demais? Oito gerações da Família da Paixão, com a alma Consagrada.

    Consagrados a Deus? Ou ao Diabo?

    Enquanto isso, Ana folheava o Manual, encontrando seções inteiras dedicadas ao arco e flecha (muito comum nas primeiras gerações da Família). Havia registros de paralisantes que funcionavam contra vampiros e/ou lobisomens, substâncias que ampliavam o dano contra as criaturas das trevas, modelos de seteiras de flechas mais eficazes para perfurar e até mesmo duas páginas dedicadas apenas ao empalamento com arco e flecha.

    Lendo o Manual, a garota descobriu que empalar um vampiro não iria matá-lo, como no cinema, mas sim torna-lo imóvel como uma estátua. Isso poderia ser feito com qualquer coisa, não era necessário que o objeto usado como estaca fosse de madeira. A única exigência é que atravessasse/se alojasse no coração. Havia registros (mais modernos) de Exorcistas que alegavam ser capazes de empalar com um tiro de revólver ou pistola. Ana não saberia dizer. Quase desejou que apenas Profetas tivessem feito anotações no Manual.

    A ceia da madrugada foi servida no exato instante em que Mel retornou à casa. Havia uivos cortando o frio da noite de tempos em tempos, e a Caçadora foi primeiro até o filho, depois até a tia e então se voltou para o grupo. Contando. Ela estava conferindo se estavam todos ali. Todos vivos.

    Havia pão caseiro, queijo meia-cura, manteiga e presunto cru sobre a mesa, junto com pequenos e rubros morangos silvestres, biscoitos de nata e geleia de amora. Chá mate, café, leite e mel completavam a pequena ceia. Mel da Paixão sentou-se à mesa com Guilherme no colo, e já começava a dar os prognósticos quando Ace chegou.

    E ele estava péssimo.

    O loiro estava empoeirado dos pés à cabeça, as roupas amassadas, e tinha um olho roxo quase fechado devido ao edema. Guilherme chegou a exibir uma ligeira preocupação, mas Mel abraçou o menino mais forte, gargalhando.

    - Nenhuma costela quebrada dessa vez? Acho que Bedwyr pode ter finalmente se encantado pelo seu charme gaúcho.

    Ace rosnou qualquer coisa em resposta e foi lavar as mãos e o rosto para sentar-se a mesa. Então, começaram a explicar o que sabiam.



    A casa no Jardim podia se mover entre as dimensões, vagando entre a Penumbra (região mais próxima da Umbra), o Sonhar e o Plano Material. Quando estava no mundo, localizava-se em uma área de proteção permanente (reserva florestal) que abrigava a nascente do Rio Comprido. Esta APP era território dos lobisomens em Bela Vista, um lugar que as Bestas-da-Lua entendiam como sendo sagrado, por ser próximo à emanação da Mãe-Natureza (Wyld). A esse lugar, davam o nome de caern. O centro do caern abrigava diversas matilhas, cada uma com seu alpha, além da cúpula da Seita (o conjunto das matilhas). Este centro ficava cerca de 7km a norte dali.

    Naquele tempo, havia boa relação entre a Família (da Paixão) e os Garou (nome pelo qual os lobisomens se tratam). Mel e Ace coletaram juntos três informações importantes:


    • O evento atingiu os Garou com ainda mais intensidade que os humanos, havendo relatos chegando de diversos caern sobre o "Despertar de Antélios". A Estrela Vermelha que brilha intensamente no céu da Umbra e do Sonhar recebe esse nome entre os lobisomens, e é um sinal de mau agouro - um dos prenúncios do Apocalipse.

    • Os Garou concordavam em cooperar com o grupo reunido na casa do Jardim, desde que nenhum humano pisasse no centro do caern e nenhuma profanação chegasse às matas virgens pelas mãos dos novos Caçadores. Igualmente, todos deveriam se comprometer a honrar o totem da Seita, caso o Espírito do Lobo Guará decidisse por abençoá-los.

    • Um outro sinal do Apocalipse havia se concretizado em Bela Vista naquela noite, o que os Garou entendiam como sendo a causa de todo o pesadelo ao redor do mundo. O Impuro Perfeito, filho da quebra do Primeiro Verso da Litania (lei sagrada dos lobisomens que proíbe que os Garou procriem entre si), havia partido para encontrar o Coração da Wyrm. O que exatamente isso queria dizer, Mel e Ace não souberam precisar, porque o Impuro Perfeito era um assunto delicadíssimo entre os Garou (razão pela qual Ace havia levado uma surra de um dos alphas, em que pese a boa-vontade existente entre Caçadores e Lobisomens naqueles tempos). Mas, uma coisa era certa: havia uma Cria das Trevas junto com o Impuro Perfeito.



    - E, a menos que eu esteja enganada, esta é a trilha que conduz à Última Filha de Eva. Mencionada na Tábula de Osíris. Outro sinal do Fim do Mundo. - Mel embalava Guilherme no colo, enquanto comia o que podia e falava - Precisamos chegar até eles. Porém, não temos como localizá-los. E é aí que vocês entram. Os pais do Impuro Perfeito partiram em busca do filho. Um para o Sonhar e o outro para a Umbra. Vocês devem se dividir em dois grupos, um para cada objetivo. Localizem os pais do Impuro Perfeito e consigam ao menos três gotas de sangue de cada um. E então retornem para cá. Com o sangue dos pais, emularemos o sangue do filho, e assim poderemos obter a exata localização do Impuro Perfeito. Mas, cuidado! Isso tem que ser feito com a máxima discrição. Se alguma Besta-da-Lua desconfiar da nossa intenção de encontrar o filhote, a trégua entre nós será rompida e eles poderão invocar uma caçada contra nós. E vocês não querem que isso aconteça.

    A Caçadora levantou-se da mesa, levando o filho adormecido nos braços para o quarto, enquanto Ace completou:

    - Enquanto isso, Mel e eu vamos atrás de Ana Rita. Só espero que ela não tenha se tornado outra bússola, como a pobre Carolina... - o Caçador havia colocado um bife cru sobre o olho inchado, o que dava a ele um ar entre feroz e bobo.


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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por antonio xavier Qua Jan 23, 2019 9:55 pm

    Após um árduo trabalho para compor a consagração temporária, Ana descansou de sua maneira preferida, em uma poltrona com um livro na mão. E a leitura tinha sido bastante satisfatória, ela encontrou as informações que gostaria para estar a cada dia mais apta para o trabalho.

    Enquanto isso, Ana folheava o Manual, encontrando seções inteiras dedicadas ao arco e flecha (muito comum nas primeiras gerações da Família). Havia registros de paralisantes que funcionavam contra vampiros e/ou lobisomens, substâncias que ampliavam o dano contra as criaturas das trevas, modelos de seteiras de flechas mais eficazes para perfurar e até mesmo duas páginas dedicadas apenas ao empalamento com arco e flecha.

    Lendo o Manual, a garota descobriu que empalar um vampiro não iria matá-lo, como no cinema, mas sim torna-lo imóvel como uma estátua. Isso poderia ser feito com qualquer coisa, não era necessário que o objeto usado como estaca fosse de madeira. A única exigência é que atravessasse/se alojasse no coração. Havia registros (mais modernos) de Exorcistas que alegavam ser capazes de empalar com um tiro de revólver ou pistola. Ana não saberia dizer. Quase desejou que apenas Profetas tivessem feito anotações no Manual.

    Ana ouvia com muita atenção as explicações de Mel e Ace, buscava guardar cada informação sobre Noturnos, Garous, sobre a casa em que estavam agora. Era uma quantidade muito grande de novidades e conhecimento, a menina ficava agitada e com uma mente que parecia um navegador da internet com múltiplas abas abertas. Ela ainda se preocupava com a informação recebida no Museu e o desaparecimento de Ana Rita, lembrava das palavras de Irmã Graça e não iria questionar isso, entretanto foi com alívio que ouviu que Mel e Ace iriam investigar o assunto.

    Desta forma, Ana resolveu falar para onde gostaria de ir:

    "- Amigos, eu gostaria de ir para Sonhar. Fiz a marca da Consagração em Guinnevere, Victor e Gerson, gostaria, se fosse possível, que me acompanhassem."

    Ana ficou pensando sobre a Consagração e gostaria de conversar com Irmã Graça sobre o assunto, mas esperava que os outros dessem um parecer primeiro.
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Padre Qua Jan 23, 2019 11:53 pm

    Breakups



    Doc recebia as marcas de consagração por Mayane, existia um tipo de gratidão pela psicóloga mas ela não sabia dizer exatamente o porquê, talvez fosse por tudo que haviam vivido juntas naquela noite ou simplesmente porque tudo o que havia presumido sobre a mulher desde o começo da noite estava errado. Ela era uma grata surpresa e uma ótima companheira, entretanto, algo que ela havia falado não saía de sua cabeça: a umbra.

    Eu já li algo sobre isso... Se me lembro bem a umbra é o reino dos espíritos e lobisomens e alguns vampiros tem acesso a ela. Se lá é onde a Dra. Rita está, então não podemos ficar de braços cruzados. Mesmo que ela já esteja morta, mesmo que...

    Talvez Mayane percebesse, mas enquanto a mulher se perdia em seus pensamentos dolorosos, eles transpareciam em suas feições sem que ela pretendesse. Se colocasse tudo o que havia acontecido naquela noite de maneira nua e crua, tinha aprendido só o que Mel e Ace achavam justo e as informações que queria, nunca pareciam chegar. Algo começava a incomodar lá no fundo, mas por enquanto algo facilmente ignorável.

    Após ser marcada, aproveitava o tempo livre pra comer o que havia sobrado, mesmo com o aviso de Mayane, a comida ainda estava boa, Doc aproveitou o banquete enquanto checava o celular por respostas de seu mentor. Quando ele finalmente respondeu, o que ela recebia dele era perturbador, primeiro por descobrir que a situação que vivenciavam estava acontecendo no mundo todo, era a primeira vez que via algo desse tipo atingir essa magnitude e se algo era tão poderoso pra afetar a terra inteira, o que será que teriam que enfrentar? Pela primeira vez queria que aquela luta não fosse a dela.

    Será que as pessoas não percebem que tem algo de errado? Talvez seja assim que a humanidade funcione, dizem que ignorância é uma benção, mas eu acho isso triste.

    Ao terminar de comer, dava tempo de voltar e ver Guilherme chamando a atenção do padre, Maria pensava por um segundo que talvez, só talvez fosse legal ter uma criança, mas o desejo logo passava, algo em seu interior lhe dizia que aquilo era errado, MUITO errado por algum motivo que não conseguia se lembrar e quando Doc reconhecia isso, levava sua mão a cabeça enquanto tentava organizar os pensamentos no meio daquela confusão.

    Por que? Por que não consigo me lembrar de nada e só deles... Puta que pariu.

    Conforme os novatos caçadores acordavam, Maria se aproximava deles, um de cada vez para analisa-los e checar se estava tudo nos conformes. Não sabia como a noite prosseguiria e como seu único papel era garantir que todos estivessem bem, era o que ela faria. Quanto a surpresa em relação aos ferimentos, talvez Antônio percebesse que tivesse algo a ver com ela, de qualquer jeito, não tinha porque guardar segredos, mas também não via a necessidade de compartilhar detalhes.

    Eu e Mel performamos a cura. ― Dizia enquanto continuava sua análise dos pacientes restantes. ― Não foi bonito, precisei fazer coisas de que não me orgulho, mas o que importa é que você está bem.

    Era constrangedor, evitaria inclusive olhar nos olhos do rapaz ou de qualquer outro que não estivesse examinando naquele momento, torcia para que o assunto morresse. Deixava então a conversa rolar e quando terminasse, visivelmente pensativa e incomodada com alguma coisa iria para o canto da sala fumar um cigarro, deus, como sentiu falta daquele Dunhill, a cada tragada sentia-se menos incomodada, mas só aquilo não era o bastante e Maria sabia.

    Mel retornava, Maria sentia que já havia comido demais e escolhia não se juntar a ceia, escolhia continuar calada, no seu canto, desfrutando de todo o seu maço de cigarro, por sorte sempre carregava um extra, porque aquele estava prestes a acabar. A chegada de Ace era preocupante, mas não parecia que poderia ajudar, também imaginou que ajuda era algo que ele não iria querer naquela hora, já que tinham que comer.

    A explicação começava e a palavra "penumbra" chamada atenção de Doc que agora dava uma maior atenção para o que era dito, o que havia acontecido com os lobisomens era estranho, de fato, mas tudo o que havia acontecido até então não era? No fim, as coisas que deveriam causar impacto, apenas pareciam só mais uma informação que deveria anotar no seu caderninho quando lembrasse, no fim, o apocalipse era de fato a ideia mais assustadora de tudo aquilo.

    Sua próxima missão era dada, porém havia uma pulga atrás da orelha que Maria simplesmente não conseguia tirar da cabeça, aquele assunto era seu e era um assunto inacabado, que por algum motivo nenhum dos outros caçadores parecia de fato ligar, então cabia a ela. Ainda com seu cigarro em mãos se levantava e direcionava-se para Ace com uma voz alta, firme e rígida.

    Ace eu vou com vocês e eu não estou pedindo! Pra vocês mais experientes isso tudo relacionado a civis pode ser uma questão resolvida com um protocolo padrão, mas pra mim não é. Eu passei o resto da noite seguindo ordens e no completo escuro no que diz respeito ao que aconteceu mais cedo, então eu não vou arredar o pé disso. ― Olhava então para os seus companheiros com pesar, não queria deixa-los ir sozinhos, queria na verdade poder se dividir e garantir que cada um pudesse carregar um pouco dela, mas no fim do dia, todos tinham seus próprios demônios pra carregar. ― Eles vão ficar bem sem mim, ainda tem dois tutores sobrando pelo que eu vejo, é só eles se dividirem e tudo vai dar certo e se não der... Bom, somos todos crescidos e estamos todos preparados. Eu sei que apocalipse é uma questão bem mais séria do que vocês lidam no dia-a-dia, mas sinceramente, não me importa. De que adianta salvar o mundo e perder a minha alma?

    A frase era um clichê conhecido e livre pra interpretações e por mais que lidassem com almas de verdade ali, Ana dizia mais sobre o seus sentimentos e psicológico do que a própria alma em si. Talvez as coisas dessem certo, talvez as coisas dessem errado, mas o véu para aquela mulher havia caído por sua causa, por isso era imprescindível para ela naquele momento que fizesse sua parte para com Ana Rita. Seus olhos esbanjavam determinação.

    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Legiao_VUhkL7DyX3GRTcSzYrmwavpsAn2l8FJet1_0BNjMPb.png

    Então, o que vai ser, Ace? Eu vou de qualquer jeito, você e Mel só precisam decidir se vão optar pela minha companhia ou vou tentar a sorte sozinha.
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Immemorabili Qui Jan 24, 2019 7:05 am

    Sua visão se desembaçou com uma sensação familiar. Cenário diferente e tipo diferente. Obviamente nunca sonhara em ter qualquer coisa similar àquele sonho, mas a sensação de estar morto não era nova. Havia passado por isso antes, quando filosofia alguma conseguiria fazer sentido do quanto já achou que havia chegado no seu limite como soldado. Havia sido usado como peça de sacrifício lá, e seria usado aqui também. Mas era diferente quando Victor pensava que dessa vez, poderia pisar na escuridão e aceitar um pedaço dela para usar a arma contra o próprio inimigo. Ou talvez, algo tão parecido quanto.

    Olhou para as suas mãos com a sensação de que havia algo diferente. Olhou para seus braços e puxou o tecido de sua camisa com um sentimento de que havia muito mais do que o óbvio fora do lugar. Mas não disse uma palavra. Levou os dedos à ponte do nariz e apertou, suspirando antes de se levantar. O sonho estava vívido em sua cabeça e mesmo antes de perguntar já tinha certeza de que era algo bem maior do que uma ilusão que só ele mesmo tivera. A primeira pessoa que o ex-soldado teve vontade de checar, por alguma coisa, havia sido Guilherme. Chame de instinto, de compensação por uma infância que não teve, ou até mesmo por simples bom-senso de se preocupar com uma criança. Depois que o garoto pareceu melhor, mais forte e mais inteiro do que qualquer um ali, ele apenas seguiu como normal.

    Quando foi analisado por Doc, não disse nada além das palavras necessárias e por fim agradeceu com um - Obrigado. Por cuidar dos outros. - rouco, antes de ir ao banheiro mais próximo e olhar no espelho. Não encarou exatamente a si mesmo, na verdade, nem se lembra de ter visto a si mesmo. Não era um homem de extravazar a raiva de maneira cega, ou teria socado a parede até microfraturar seus punhos.

    Comeu com a mesma cara, com a mesma falta de gosto de sua falta de paladar. Comeu apenas o necessário, razão do porquê de seu corpo ter um teor de gordura tão ridiculamente baixo.

    Sentiu-se sem paciência para aquela conversa Bíblica. O sonho havia surtido efeito contrário no homem; achava tudo aquilo uma baboseira simbólica. Acreditava no poder que possuía nas pessoas e acreditava em Deus, mas em sua opinião fosse espada de Lúcifer, fosse espada de Rá, fosse espada de Baal, não importava. Teria o mesmo poder equivalente de acordo com algo feito com ela e com a simbologia humana. Para ele, Deus estava muito acima de qualquer coisa como um mundo sombrio ou algo que ele pensava ser "idiotice".

    Ainda estava consideravelmente perdido, perto de tudo que estava acontecendo ali. Detalhes que ele não ouviu ainda ou detalhes que não se encaixavam na cabeça de alguém que não era tão sábio nem no Oculto, nem no Bíblico.

    - Podem contar comigo. - Respondeu de maneira mais curta do que o usual, olhando para Ana. - Sei que a maioria de vocês não gosta de mim ou tem ressalvas por eu ser ex-militar. Quero que saibam que essa época morreu muito antes do dia de hoje, e eu também morri lá. A única coisa que restou foi o treinamento e a vontade. - Balançou a cabeça positivamente para Gerson e Guinnevere também, antes de virar as costas. Ao menos, teve alguma certeza de que aquela era Guinnevere pois era o único nome que não havia ouvido até então. Gostaria de dizer que era péssimo em nomes, mas na verdade sua mente nunca se esquecia. E se lembraria daquele sonho para o resto de sua vida, também, se as coisas seguissem o rumo natural.

    Foi até perto do quarto, esperando que a Caçadora voltasse. - Mel. Preciso falar com você por um minuto, por favor. - Precisava falar com ela em particular, e acenou a cabeça para que fossem até um lugar mais tranquilo, para se apoiar com as costas e respirar fundo, falando baixo. - Vejo ânimos diferentes nas pessoas. Cansaço ou não, parecem dispostos. Quando estive dentro daquele sonho, tive sensações que não pareço sentir neles. Ace tem a visão parecida com a minha, preciso do seu ângulo. Algo dentro de mim queria aceitar aquele tipo de escuridão e, se fosse possível, me transformar em um demônio e me virar contra outros demônios. Eu preciso saber de você o que isso implica, pois eu vou colocar uma bala na minha cabeça antes de fazer algo contra esses Caçadores. E preciso saber quando será a hora de fazer isso, se necessário. - Os olhos haviam perdido o mísero brilho que tinham, deixando janelas escuras.

    Da nossa vida, em meio da jornada,
    Achei-me numa selva tenebrosa,
    Tendo perdido a verdadeira estrada.

    Dizer qual era é cousa tão penosa,
    Desta brava espessura a asperidade,
    Que a memória a relembra inda cuidosa.

    Na morte há pouco mais de acerbidade;
    Mas para o bem narrar lá deparado.
    De outras cousas que vi, direi verdade.

    Contar não posso como tinha entrado;
    Tanto o sono os sentidos me tomara,
    Quando hei o bom caminho abandonado.

    Depois que a uma colina me cercara,
    Onde ia o vale escuro terminando,
    Que pavor tão profundo me causara.

    Ao alto olhei, e já, de luz banhando,
    Vi-lhe estar às espaldas o planeta,
    Que, certo, em toda parte vai guiando.

    Então o assombro um tanto se aquieta,
    Que do peito no lago perdurava,
    Naquela noite atribulada, inquieta.
    Ryan Schatner
    Samurai Urbano
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    Samurai Urbano

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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 2 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Ryan Schatner Sex Jan 25, 2019 5:23 am



    Antônio contemplava aquela cena insólita que era a do casal sob a estrela de sangue, cujo brilho era hipnotizante. A sensação que tinha naquele sonho lúcido era de pura impotência, como se não pudesse se mover e como se a própria noite tentasse lhe esmagar sob seu manto de trevas. Como quando se fixa o olhar em uma lâmpada, sua visão começava a ofuscar por manter os olhos fixos no brilho daquela estrela por tanto tempo. Tencionava os músculos de tal forma, na tentativa de se mover, e quando foi tirado da inércia de seu sono saltou rugindo do sofá em que estava. Em pé, levou a mão à altura das sobrancelhas e semicerrou os olhos, evitando a luz da sala. Olhou em volta para seus companheiros com um ar confuso e em seguida para seu próprio corpo, tateando-o em busca de seus ferimentos. Sua mente era pura anarquia e a tontura lhe atingiu como um raio. Apoiou-se com uma mão no televisor, levando a outra à boca quando sentiu um misto de fome e ânsia. Sem falar com ninguém saiu pelo corredor e quase trombou com a moça ruiva que saia do banheiro, onde entrou às pressas, trancando a porta atrás de si. Se encarou no espelho e viu as marcas desenhadas em sua fronte e também nos braços e peito, quando pôde examinar-se com mais cuidado. Seu estômago novamente deu sinal de vida e o agente levou a mão à boca mais uma vez. Um sabor amargo subiu de sua garganta junto com dois arrotos consecutivos. Tinha vontade de vomitar, mas a fome também era um sinal de que nada tinha no estômago para jogar para fora, até que alcançou o vaso sanitário e uma pequena quantidade de bile, amarga e amarelada, saltou de suas entranhas em um vômito.

    Lavou a boca na pia e apoiando o corpo com os braços no lavabo, olhou mais uma vez para o espelho, tentando colocar a mente em ordem. Quantos dias (ou meses) teria ficado desacordado? A última coisa que se lembrava era de estar no pós-operatório, todo remendado como uma múmia e agora estava curado em uma casa desconhecida. Lembrava-se de Mel e Doc conversando sobre uma cura, mas não de terem executado nada do tipo. Seja o que for que tenha ocorrido, os resultados eram além da imaginação. Tony não sentia dor alguma, nada além da confusão mental. Ao perscrutar seus gravíssimos ferimentos, encontrava apenas mínimas cicatrizes que pareciam ser de anos atrás.

    Percebeu que ainda estava com as roupas do hospital, mas ao abrir a porta do banheiro, notou seus pertences recostados na parede do corredor. Apanhou-os e quando ficou minimamente apresentável, retornou à sala. Observou que todos estavam marcados, e que alguns, assim como ele, haviam acabado de acordar de um tipo de torpor coletivo. Havia canetas, um recipiente com álcool e instrumentos com marcas de sangue por sobre a mesa daquela casa completamente desconhecida para ele. Tudo aquilo fez a cabeça do agente doer em leve desorientação.

    Aos poucos, conversando com um aqui e outro lá, foi tomando ciência dos ocorridos das últimas horas. Sobre como derrotaram a monstruosidade no Museu com fogo e com os poderes de Mel e Ace, de Carolina e do Ritual, do rapto de Ana Rita, do mal que varrera o globo e o atingira em cheio quando estava no hospital e de como Doc e Mel o curaram e o extraíram do local até aquela casa misteriosa. Quando a mulher que posteriormente conheceu por irmã Graça fez a mesa para a ceia, Antônio serviu-se de tudo quanto pôde sem pudor. Seu estômago clamava por comida com a fúria de um dragão. À mesa, inteirou-se mais sobre a casa, o sonhar, a umbra, os lobisomens e sobre o apocalipse! Pensava – “Desmaiei no começo da noite e acordei no fim do mundo?” – Se indagava se podiam fazer algo a respeito, e no fundo, acreditava que sim. Afinal, se a situação fosse inevitável, de que adiantaria o esforço? Melhor seria passar seus últimos minutos embriagado e em boa companhia em alguma casa de má reputação em Bela Vista.

    Enquanto todos conversavam, o agente sorriu para Guilherme, o filho de Ace e Mel, que com olhos curiosos observava o homem que comia como um leão. Antônio era magro de ruindade, pois era um profissional do garfo. Ninguém sabia dizer para onde ia tanta comida e tinha sido até enxotado de uma churrascaria na Argentina, no passado.

    — Vocês vão comer aquilo ali? – indagou apontando para os restos do assada que jaziam em uma forma por sobre o fogão – Então se não se importam... – e se dirigiu aos anfitriões enquanto mastigava – Hum! Sobre a legista, pode ser que faça algum sentido para vocês! Ela se encaixa perfeitamente no perfil das vítimas que estavam lá, de origem asiática e tal. Então é provável que a mesma pessoa que matou aquelas mulheres possa ter raptado a doutora. Quando estávamos no IML, ela disse que os corpos haviam sido drenados, porém, nenhum ferimento ou sinais de violência foram constatados, apenas uma cruz de madeira depositada na língua. Mas ao menos uma conexão entre elas eu pude notar! Todas tinham um espelho trincado tatuado em algum lugar do corpo, coisa nova, feita no máximo no último ano.

    Após a ceia, de barriga cheia, mente um pouco mais calma, e recomposto, foi conversar com Mayane. Sabia que não tinha sido o melhor dos parceiros lá no IML e se iam trabalhar juntos, deveria reparar a situação.

    — Mayane, eu poderia ter uma palavrinha com você? Eu lhe devo desculpas por antes, sei que fui um idiota lá no IML, mas a verdade é que faz muito tempo que não trabalho em grupo, acho que perdi o jeito da coisa. Passei os últimos anos trabalhando sozinho pro governo, fazendo coisas das quais não me orgulho e na minha linha de serviço não há espaço para dúvidas ou erros, então não tenho por que mentir que me irritei um pouco quando você saiu do planejado naquela ocasião. E quando deixei vocês para trás, foi pensando que estariam mais seguras em uma delegacia cheia de policiais do que no fronte de batalha, onde claramente não tinham experiência... – e após uma breve pausa, riu de si mesmo – E olha o que houve comigo, que me julgava o especialista, né? Enfim, eu sei que posso não ser a mais agradável das companhias agora, que posso ser cabeça dura e insistir em fazer as coisas do meu jeito, mas apesar de tudo isto, não tenha dúvidas que minha intenção foi boa! Então sinto muito pelo meu mau comportamento e espero que tenhamos oportunidade de nos ajudar nesta empreitada.

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