Keela consegue um lugar para Nadhull no Taumaturgo, até então Nadhull nunca tinha visto um navio que chegasse aos 100 metros, mas o Taumaturgo tinha 133 metros (136 se medir do último detalhe da proa), mais da metade de sua estrutura era de metal, e não madeira, era movido a vapor e tinha uma enorme roda de pás giratórias.
As celas dentro dele porém não eram muito grandes, cada uma dava para quatro pessoas, em cada parede haviam duas camas, chumbadas uma em cima da outra. Haviam também quatro pequenos baú igualmente chumbados na parede, se Nadhull tivesse algo para guardar, teria que arrumar um cadeado.
O navio ficaria aportado por mais dois dias, enquanto os ferreiros terminar seus reparos. Eventualmente Nadhull fica sabendo que o ferreiro principal estava doente e teria de ficar na cidade até melhorar e voltaria pra Fajr-Regno só sabe-se-lá-quando. Este ferreiro acusa a Corte dos Milagres de terem abandonado ele só por ter adoecido e não estar mais "útil" para a corte. Estes tipos de conversinhas aparecerão muito durante a viagem, em dias de mar calma os tripulantes ficam com tempo demais e falam qualquer merda para ter o que fazer.
O capitão do navio se chamava Ravaja (Hugo Ravaja, mas quase ninguém chamava pelo nome), tinha pouco mais de quarenta anos, cabelos ruivos ferrugem, olhos verdes, uma cicatriz no queixo, do lado direito, e do lado esquerdo, metade da orelha dele tinha sido cortada. Estava bem barbeado.
O segundo no comando era Tenente Dejade (alguns falavam Di Jade, mas é mera questão de sotaque, pois parte das pessoas falavam Tareno e parte Trans-Tareno), alguns o chamavam de Tenente, outros de Capitão, o que gerava certa confusão em qual dois dois realmente mandava no navio.
- Tenente Housam Dejade:
Embora estes dois mandassem no navio, quem comandava a operação de levar os heróis da Corte para Fajr-Regno era o Juiz Líder. Este não falava muito e Nadhull o vê poucas vezes (a menos que tenha interesse de ir procurá-lo), era alto e magro, 45-47 anos, usava roupas de um azul tão escuro que parecia preto e também uma cartola, bem diferente de todo o resto do navio. Usava também um bigode fino. A primeira impressão de Nadhull foi que ele era um homem muito sério, talvez até honrado, mas não parecia humilde.
A corte precisava dividir seus principais heróis e heroínas em Fajr-Regno e Dafodil. Talvez pudessem já ter ganho a guerra no continente se não tivessem que deixar alguns heróis em Dafodil, mas a orientação de cima era que não podiam perder a influência na Ilha dos Exilados.
Além de Keela, um tal de mestre Gonaud estava na missão: humano, negro, relativamente baixinho (algo entre 1,55-1,57), careca e com mais de 50 anos, usava um tipo de manto simples, marrom com bordados vermelhos. Parecia mais um homem de cérebro do que de músculos. Outros membros tinham chegado com o Taumaturgo, para equilibrar os que iam sair, mas Nadhull não ficou sabendo quem tinha vindo para a Ilha dos Excluídos.
A maioria das pessoas no navio eram humanos machos, portanto mulheres e demônios se destacavam ali. Além de Keela, duas mulheres eram vistas frequentemente no navio.
- Spoiler:
Precisava colocar estas imagens em alguns lugar, não importa se não verem jogo ou não entenderem a referência, hahaha
Um demônio que também era notado, não pela importância, mas por certa estranheza, foi apelidado de "O Gárgula" (mas seu nome real era Dabögu), as pessoas o chamavam assim pois ele parecia estar SEMPRE no mesmo lugar: na popa, entre os cabos de uma das âncoras, da adriça mais posterior e de um baú de polias suplementares. Não importa se você ia naquela parte de manhã, de tarde ou a noite, o Gárgula provavelmente estava lá, conferindo a caboagem, pescando ou olhando a água. Ele falava pouco com as outras pessoas (ou eram as outras pessoas que falavam pouco com ele), e os outros não o chamavam diretamente de Gárgula (só pelas costas).
(obs.: havia mais algumas mulheres, demônios e híbridos, mas eram poucos e não chamavam muita atenção)
Para andar no navio, algumas instruções básicas tiveram de ser ensinadas, tipo: "nunca fique na frente DESTE cabo, nunca fique atrás DAQUELE cabo, nunca chegue perto daquela corda se ela estiver esticada a 45º, nunca fique perto de alguém da caboagem se eles estiverem mexendo nos cabos, SEMPRE saia da frente se ver alguém da caboagem correndo, se alguém da caboagem mandar segurar um cabo (ou corda, cabete, amarra, pano, qualquer termo ou coisa que mandem você segurar) segure como sua vida dependesse disto, pois provavelmente depende".
Estes eram alguns detalhes sobre o navio.
Gil, como Nadhull calculou, soltava a língua com uma facilidade incrível; Mesmo levando em conta a verdade "elástica", ele poderia ser uma boa fonte de informações. Ele fala sobre Ĵevurá:
- Ĵevurá é a cidade dos juízes, nossa capital jurídica. Nem todos gostam dos juízes e leis, mas um pouco de lei é importante. Não acha, Keela?- Se não houvessem leis, como iriamos desobedecê-las?- Sempre tão doce!... É uma cidade curiosa, não é uma das maiores, mas é bem populosa. Metade dela está no deserto, então como a sua cidade, lá também tem a parte boa e a parte ruim.- Não existe parte boa em Dafodil.- Não seja tão desagradável! Será que não está com fome? Você costuma ficar desagradável quando está com fome.- Eu sempre estou com fome, e sempre sou desagradável.- Ĵevurá auxilia outras cidades quando têm problemas jurídicos, como ajudou Heséd, hoje as duas são bem parecidas, separadas pelo Deserto de Ĵevurá.
O deserto esconde poderes místicos. A mana vermelha é forte lá...- Como em todo deserto. - Interrompe Keela.
- É, a maioria dos desertos possui mais concentração de mana vermelha, mas a terra rochosa de Ĵevurá esconde muitos segredos. Muitos caçadores de ruínas acreditam que possam haver ruínas ancestrais por lá. Mas eu queria mesmo é conhecer a base secreta da escola que construíram lá. Quando irá me mostrar, Keela?- Não seria secreta se qualquer idiota pudesse encontrar.- Eu ainda vou descobrir. Dizem que fica numa caverna entre dois montes, o problema é que o deserto é rochoso e com incontáveis montanhas.Pela cara de Keela, esta parte da informação devia ser verdadeira, mas ela obviamente não diria nada sobre esta localização. Nadhull pensa no que mais poderia tirar de informações.
- E que tipo de criatura existem neste deserto?- Tem um bando de bestas demoníacas, dragões e às vezes raças selvagens.- Dragões de verdade?!Gil dá uma risada. O termo dragão era usado para muitas coisas, incluindo alguns tipos de lagartos ou para representar alguns magos, mas as verdadeiras criaturas eram raras. Na Ilha dos Exilados não existiam dragões.
- Sim, dragões verdadeiros. Eles não gostam de humanos, nem de demônios, então procuram lugares onde nossas raças inferiores não encham o saco deles. Mas o deserto também é chamado de "o deserto dos lagartos", sendo lugar dos lagartos-dragão, lagartos demônios, lagartos-ŝét e sëmiks. No norte, o deserto nem é tão deserto, tem algumas xerófitas, um pasto ralo mas tem, e entre Heséd e Jevurá tem até alguns oásis que dá pra acampar.
- Spoiler:
LAGARTO-DRAGÃO
SËMIK - tem alguns destes em Dafodil
LAGARTO-DEMÔNIO - não achei exatamente o que eu queria, mas é parecido com este, mas as patas dianteiras são curtas
LAGARTO-ŜÉT
Quando às sereias, Gil avisa que não são pro seu bico:
- As filhas de Jara tem certa aversão a demônios. Se bem que seria difícil você vê-las em Fajr-Regno; fora Mahijar, não tem nenhuma cidade que elas ficariam, afinal o clima seco não as atrai. Muitas sereias possuem capacidade de adquirir a forma humana, nesta forma é impossível separá-las das verdadeiras humanas. Mas mesmo as que não tem capacidade de se transformar ainda fazem um boquete maravilhoso! Quer dizer, fariam se você não fosse demônio.Keela revira os olhos como se tivesse entediada de ouvir Gil, e vai embora, procurar algo pra beber no andar de baixo.
- No caminho daqui para Fajr-Regno eventualmente podemos encontrar algumas sereias. Infelizmente às vezes somos atacados, por causa de vocês. Embora elas possam ser divertidas, as sereias também podem ser cruéis, não é qualquer navio que resiste no território delas. Mas o Taumaturgo é um destes, ninguém conseguiu afundá-lo ainda.