Capítulo 9

Enquanto ainda presos, Solaire prestava atenção no que acontecia e comenta com Khatar e Chris Ka – Se tivemos um ladino as coisas seriam mais fáceis...

[...]

(Risos distantes)

[...]

Oscar de Astora ouve alguém falando, a voz vinha do lado esquerdo da cela, era de outro prisioneiro (Thea MacCuinnleis), da cela ao lado, ela ouvira a conversa sobre a fuga e isso interessava ela.

– Quem és tu? – Fala Oscar em tom grave e desconfiado.

Os heróis não conseguem vê-la, apenas ouvi-la, ela também não poderia vê-los, mas os viu entrando na cela quando chegaram, então sabe como e quantos são.

A descida para o momento de confusão em sua mente o impedia de pensar racionalmente. Nunca esteve preso - mesmo em seus momentos mais complicados em Monte Ferro, sempre tinha para onde e por onde sair. Tanto é que conseguiu fugir da cidade sem muitos problemas, mesmo com ela toda ocupada por um exército inimigo. Mas agora, dentro de uma jaula - o comportamento pendia para seus instintos mais básicos, Khatar estava agitado e apesar de ter notado a tentativa de conversa de Oscar com a dona do riso, não parou para interagir diretamente, mantinha-se olhando para o cavaleiro sempre que podia, mas caminhava de um lado para o outro. Arrastava as mãos pelas paredes e forçava as barras quando passava por elas em movimentos repetidos, como se em alguma das vezes algo diferente fosse acontecer. Tentava achar algo onde pudesse ser útil, mas sabia de suas limitações naquele momento. Talvez fosse melhor ter reagido no momento que Griffith os mandou prender - uma chance mínima é melhor que chance nenhuma.

Valor imensurável. Até pouco tempo, muitas coisas eram imensuráveis - não poderiam pensar que encontrariam um dragão titânico preso em uma caverna, tão pouco que logo depois essa montanha viria abaixo e que poucas horas depois sairiam vivos de um encontro com uma besta que cuspia fogo e morte. Estávamos com certa vantagem no quesito imensurável.

- Escamas de dragão.

Interrompeu a conversa dos dois, oferecendo o valor imensurável.

- Eu tive que golpear cinco vezes o mesmo local que que as escamas quebrassem, com um machado que é metade do meu tamanho, além disso - as escamas eram leves, com um ferreiro experiente, você poderia criar uma arma ou proteção. É uma promessa, já que no momento não temos nada. Mas eu ofereço esse meu espólio, se este for recuperado do castelo assim que garantir nossa liberdade.

Parou, segurando nas barras de ferro da prisão. Tinha planos para as escamas - mas era melhor ser livre do que ganacioso. Além disso, como ele próprio disse - era uma promessa, ainda teriam que encontrar onde é que suas armas e equipamentos tinham sido estocados após a prisão. Com certeza nada teria sido jogado fora, eram armas simples, mas armas que derrotaram um dragão - precisava contar com a vaidade de Griffith nesse sentido.

- Perdoe Ka. Ele, Oscar e Solaire estão comigo nessa situação por minha culpa. Não sei como o conheceu, como General ou Rei - mas não aceitei as recentes ações de Griffith, agi sem cautela e por isso estamos aqui.

Segurou o antebraço da recém conhecida e o ofereceu o seu próprio para que fosse segurado, um acordo de armas. Era fácil de perceber que Khatar, apesar da aparência rústica, tinha um caminho com as palavras e pelo cumprimento, um histórico militar. Era fácil que, numa situação como aquela, qualquer um poderia prometer qualquer coisa e depois de liberto, simplesmente não honrar sua palavra - mas Khatar fez questão do cumprimento e de encarar sua possível libertadora nos olhos, para que - mesmo com possíveis suspeitas, pudesse passar ao menos um pouco de confiança.

- Em algumas horas haverá uma troca de turnos, vocês devem ter percebido. Nesse tempo, há uma janela... Vamos usar essa janela. Vamos tentar sair sem chamar atenção.

Afastou-se um pouco da grade e juntou as três pedras que estavam no chão, segurando-as na mão. Poderiam ser úteis mais tarde.

- Fique atenta para quando iniciar a troca, será o momento.

- Sou Khatar de Monte Ferro.

Assentiu com a cabeça, concordando com o plano.

A partir daí, as coisas desenrolaram-se rápido demais. Ao mesmo tempo em que Thea abria a fechadura de sua própria cela, Ka iniciava a invocação de um elemental. Os gênios não se batiam e não tinha muito tempo para que organizar a situação, pelo o que já tinham percebido antes - a troca de guardas era algo rápido demais. Sentar e se entender estava um pouco fora de cogitação. Por isso, seria melhor usar tudo o que estivesse disponível ao dispôr do grupo.

Talvez Ka estivesse planejando alguma coisa - parecia mais perturbado do que o próprio Khatar com a sensação de se estar preso, trocava ameaças com Thea. Ela parecia mais cauteloso em outras oportunidades, não conseguia entender o que estava sendo o gatilho de sua nova atitude.

Ouviu o primeiro trinco ser aberto e viu Thea se aproximar da cela do grupo. Sentiu o ar rarefeito o golem de fogo se formando do rito de invocação, já tinha visto antes - enquanto lutava contra o dragão, mas sem qualquer outro estímulo, era algo incrível - o ar sendo puxado e o fogo surgindo e tomando forma, balançou a cabeça e afastou o abestamento que lhe tomava, não poderia parecer uma criança impressionada nesse momento.

Ouviu então o segundo trinco ser aberto.

- Ka! O que está fazendo? Vai chamar a atenção dos guardas. Ordene o golem para bloquear a sala dos guardas e vamos sair agora! Oscar! Solaire!

Incitou os demais e avançou na direção da saída. Como o golem bloqueava a entrada, Khatar passou a caminhar na direção da saída - se preciso fosse, atravessaria as chamas - mas não continuaria mais dentro da cela. Esperaria contar com Ka para que o golem, agora que invocado, tivesse uma utilidade maior do que ameaçar a recente conhecida.

ON –

Muito acontece em pouco tempo, mas algo era notável, a estadia dos heróis presentes nas celas da prisão fora rápida, considerando ser a prisão mais temível dos arredores, será que escapar das celas seria o maior dos problemas?


[...]


Após conhecerem a ladina Thea, uma ruiva de habilidades notáveis, tiveram um problema a menos para se preocupar, a fuga; talvez tenha sido, talvez tenha sido bom, Chris Ka invocar o elemental de fogo, a ronda e troca de sentinelas era rápida e de muita marcação, garantir que os únicos guardas presentes no momento ficassem presos talvez fosse uma estratégia sensata, mas o tumulto...






"SOCORRRROO, FOOOGOOO!!!"










Os prisioneiros ficaram eufóricos com a fuga e alguns desesperam com o incêndio, mas seus gritos e batidas nas celas apenas colaboravam com o fim do elemento furtivo naquele momento, todos estavam desarmados e sem armadura, lutar seria arriscado. Oscar e Solaire ainda estavam bem feridos e fracos devido a batalha contra o dragão, dificilmente o segundo seria capaz de soltar aquela magia de raios novamente e, talvez, não tivesse tendência moral para usar contra um guerreiro no qual lutava junto pelo bem de Midland.


– Temos que ser rápidos, por qual caminho iremos? – Pergunta Oscar aos seus companheiros.



[...]



– Vós não irastes escapar!!!! – Gritam os guardas atrás da fogueira criada pelo elemental de fogo.


[...]


Passos...


Dava para ouvir o som de passos e de metal batendo em metal, os reforços estavam chegando.


O que os heróis farão?