Ka concorda com a ideia de encurtar o nome do colega e este leva a mão ao queixo pensativo. Parecia uma boa ideia mesmo, ainda mais porque o nome real dele era ainda maior e mais complexo. "Shamanista" foi um apelido dado por Miss Fortuna, quando ela o viu usar mágica pela primeira vez. O que era engraçado, porque a palavra vinha de xamãs, feiticeiros selvagens normalmente encontrados no reino de Shalana. Como ele próprio era um feiticeiro meio antissocial, achou o apelido adequado, ainda mais vindo de alguém que ele gostava. Pena não ter aproveitado a chance pra uma aproximação. Hazama acha curioso o drow conhecer sobre Shalana. Acreditava que a maioria dos drows sequer sabia que havia um mundo inteiro lá fora. Sua arrogância é massacrada quando Shan lhe diz que já leu livros sobre todos os reinos de Erótika e visitou alguns. Sua mestra era uma feiticeira muito poderosa e conhecia magias de teletransporte, levando-o pra visitar alguns lugares em seu tempo de aprendizado.
Hazama dá uma risadinha meio desconcertada e pede desculpas. Em resposta ao mensageiro, Ka diz que deseja rever Ochyllyss e pede pro menino dizer isso a ela. Ele coça a cabeça curioso e pergunta se Ka tinha certeza mesmo disso.
- Ultimamente a senhorita Ochyllyss tem estado muito agressiva. Agride seus empregados todo dia. Mas todos morrem de medo dela e continuam obedecendo! Vou deixar o recado e correr!
Ka questiona Shan sobre magias de medo e o drow fala com toda a propriedade. Sim existiam magias que faziam as pessoas sentirem medo, assim como certos monstros possuíam auras de efeito parecido. No caso de magias comuns, nada que uma contramagica não resolva. Era tão entendido no assunto que já anos não sabia o que era ter medo, exceto quando forçado a tê-lo por meios sobrenaturais mais poderosos do que o que podia enfrentar, por exemplo, sua mestra ou algum dragão ancião, que emanavam auras de medo. Embora tivesse sido uma informação elucidadora, Ka percebe um outro defeito crasso no colega: Ele era basicamente um palestrante. Não fazia de forma intencional, mas tinha mania de explicar tudo em um detalhe minuncioso ao invés de resumir pros mais leigos. Uma mulher acharia uma conversa com ele extremamente maçante. O rapaz citaria um livro completo sobre qualquer raça de Erótika se perguntando e acreditaria estar sendo interessante. Quando Ka lhe diz sobre mulheres pagas, Shan tem uma reação "mindfuck" como se fosse um assunto que incrivelmente ele nunca ouvira falar.
- Co-como assim, mu-mulheres da vi-vida? Você pa-paga pra ela fi-ficar uma no-noite com você?
Hazama pergunta o que diabos tava havendo com ele, se havia se engasgado ou algo do tipo e Ka explica a situação. Novamente sem muito tato para com situações envolvendo homens, o alto elfo diz que Ka devia levar Shan pra mansão da patroa. Ele iria sair no outro dia como um dominador profissional se tivesse o dinheiro. Shan olha confuso pra Ka, não tendo entendido o que Hazama quis dizer com isso. Hazama vai além e pergunta se a tal pessoa que lia a sorte ali pra toda aquela gente era mulher. Podia ser um alvo interessante pros negócios. E caso ele a conhecesse, seria ainda mais fácil. Ka percebia que ser um agente duplo ali era uma jogada perigosa. Por sorte nenhum dos dois companheiros citaram o nome de seus patrões, mas isso poderia acabar ocorrendo em algum momento inoportuno.
--
Em resposta ao ocorrido na taverna, Shan diz a Ka que foi intencional. Uma magia de 'Confusão' que deixa as pessoas desnorteadas por um minuto, nada que pudesse tê-la machucado. O rapaz se desculpa, mas como já havia dito, mulheres ainda são um tópico alienígena pra ele e seria melhor que elas viessem mais devagar. Parecia que a moça iria estuprá-lo dada a oportunidade. Pela primeira vez desde que o conheceu, Ka vê o Shamanista ser sincero sobre alguém, quando ele se volta pra Hazama com o olhar visivelmente irritado e diz que o alto elfo era arrogante, deselegante e chato. Tentando levar aquilo na brincadeira, Hazama devolve dizendo que só agia assim por brincadeira com outros homens. Shan diz que ele usou uma moça inocente nas suas 'brincadeiras' e que ela merecia respeito. Hazama assume uma faceta até então nunca vista por Ka.
- Respeito!? Você tá falando sério? Mulheres nasceram pra lamber nossos pés. Eu respeito apenas aquelas que detém poder e mesmo assim, sou muito criterioso. Prefiro pensar que as uso para meus próprios propósitos...
- Spoiler:
Se o Shamanista fosse de sentir emoções por outras pessoas, estaria visivelmente irritado com a companhia daquele homem, porém a reação dele incomoda o próprio Hazama, que esperava uma reação mais enérgica, no mínimo ofendida do parceiro.
- Ah entendi. Por um momento pensei que tivesse ofendido você. Menos mal.
Hazama fica estático e sem palavras com a resposta, mas Shan apenas pede que Ka alugue o quarto. Preferia apenas descansar.
--
No cemitério, Shan confirma o que Ka diz. Criaturas mortas-vivas daquele tipo não exalavam auras de medo como fantasmas e vampiros. Conhecendo-as por tanto tempo e seu modus operandi, não se preocupava mais com elas. Inclusive já sabia o caminho pra evitá-las. Bastava que seus colegas caminhassem próximo a ele. Quando perguntado sobre Sweeney Todd, Shan revela que se tratava de um barbeiro local, acusado de matar a esposa, foi banido de Nova Londres e agora vivia na Velha. Um homem de bons modos e educado, porém possuia ódio mortal pelos nobres. Matou o juiz que o condenou, além de toda a família e amigos do próprio. Era obcecado por vingança, o que o fez se tornar procurado pela justiça. Pessoalmente nunca o visitava visto que não tinha pelos no rosto, tampouco tinha interesse em cortar os cabelos, mas não era difícil contratar seus serviços se tivesse hora marcada.
Em relação ao que dizer ou não dizer frente a senhora dele, Shan diz que nunca trouxe companhia em suas visitas e que aquela era a primeira vez. Contudo não havia regras especiais sobre o que falar. Sua senhora era até mais amigável do que o próprio drow, sendo seu único "defeito", o fato de ser uma Medusa e olhar diretamente em seus olhos, causava petrificação. Hazama ouve aquilo e veste a venda com bastante pressa. "- Taí uma mulher que eu respeito!".
Ka coloca a venda, mas percebe que elas são mágicas permitindo que ele ainda conseguisse "enxergar", mas como se tudo ao seu redor, incluindo pessoas e ambiente como tracejados brancos em um fundo negro, simulando um rascunho de mapa. É assustador quando ele vê que o Shamanista chama por sua mestra e de dentro da caverna sai uma criatura com a metade inferior cobra e a metade superior mulher, de pelo menos dois metros e meio de altura e várias cobras menores no lugar dos cabelos.
- Spoiler:
Um sibilo agudo de serpente pode ser ouvido com a aproximação da majestosa criatura que fala com voz arrastada na letra s.
- Trouxe visitassss com você, Rionzukhosha? Homens bonitos... Eu gostei deles. Devem ter olhos tão bonitos quanto suas peles!
A cauda dela era tão grande que consegue dar a volta no trio. Não era efeito mágico ou aura. Puro instinto de medo fazia o coração de Ka e Hazama palpitar horrores como se estivessem prestes a serem jantados ali mesmo. Com sua audição ímpar, a medusa pede que seus convidados fiquem tranquilos, pois não se alimentava de seres inteligentes, ainda mais tão bonitos quanto aqueles. Ela assume uma forma humanoide, com pernas normais. O Shamanista diz que seus amigos o chamavam de Shan, agora e que ele estava satisfeito com o nome. Isso deixa a Medusa satisfeita a julgar pela reação de seu rosto. Era estranho pra Ka ver as pessoas como se fossem um desenho animado, mas era melhor que não estar vendo nada. A Medusa se apresenta como Sysil'syth e diz estar muito agradecida por aqueles rapazes terem aceitado seu aluno como amigo. Ele era bastante solitário.
- Então você foi atrásssss de ajuda para o meu pedido? Acha mesmo necessssário incomodar essstessss jovenssss rapazessss?
- Na verdade eu estou apenas os guiando na cidade. Eles estão atrás de algumas mulheres específicas e como não conhecem o lugar...
Sysil'syth se aproxima de Ka passando a mão suavemente em seu queixo. O barulho e o movimento das cobras na cabeça dela não lhe deixavam muito tranquilo. A medusa diz que precisava de um rubi específico que se encontrava incrustrado numa estátua localizada em Nova Londres. A tal estátua foi removida do pântano onde estava para o museu da atual baronesa como um prêmio a sua pessoa. A ousadia dessa mulher!
- Meu pupilo não é ladino e provavelmente vai querer pegar essssssa joia à forçççça. Eu ficaria deverassss agradecida sssse puderem ajudá-lo nesssssa tarefa. Eu não quero romper minha tranquilidade aqui, por isssssso não faççço issssso eu messssma.