AEROPORTO |
O internamento no hospital foi confuso, Manon, ainda bem, teve poucas visitas de sua mãe e ela deixou claro em todo o tempo que John tinha sumido e que a culpa era dela; pior, as crises de abstinência foram dolorosas e a medicação que a davam deixava Manon sedada e confusa o tempo inteiro.
Muitos dias se passaram, talvez alguns meses, em que a depressão e os remédios (drogas-artificiais) que eram entregues e obrigados a serem engolidos com ameaças faziam com que sombras pairassem acima da cama desarrumada e molhada de suor da jovem. Banhos eram dados a força e muito esporadicamente e a alimentação era basicamente abandonada após poucas colheradas de algo que parecia ser feito de papel água e muito sal.
Ela lembrava de uma vaga conversa de que Manon seria embarcada para a Europa, que a passagem tinha sido dada pela madrinha dela, cuja memória era muito vaga e ela só sabia que morava na Europa em algum país ditatorial. Mas ela não estava em condições de dizer nem que não ia nem de se preocupar com o assunto, com uma cara apática e sem reconhecer completamente o que estava acontecendo. Alguns dias depois Manon foi entregue pela mãe que sem se despedir direito a largou no aeroporto com uma grande mala pesada e ruim de carregar e uma pilha de papeis, no topo deles uma folha cartonada com o grande logo da PANAM em dourado.
Manon segue até a companhia aérea sendo encaminhada para a sala de embarque onde dorme entorpecida pelas medicações. Ela é em seguida acordada por uma aeromoça que a leva gentilmente até seu assento, após a maioria das pessoas ja estarem sentadas. A jovem se sente bastante melhor na metade do voo, como se a bad-trip de todo esse tempo de medicamento estivesse passando subitamente iniciando o que ela já conhecia como uma "boa fase" onde a mania tomava conta e a vida é mais fácil e os riscos são divertidos ou mesmo excitantes.
As pessoas bem vestidas, as aeromoças lindas de pequenos chapéus chiques e a comida servida a sua frente parecem todas te dar boas vindas à sua nova estadia no velho continente