Manon ainda estava um tanto tímida naquela casa, apesar de a tia e o marido dela estarem sendo bastante receptivos. Imaginara que a mãe havia feito a caveira dela, mas, aparentemente, se o fez, os dois estavam mais preocupados com aquele momento que viviam ali.
Após fazer um pequeno lanche, o “tio” avisou que já havia deixado as coisas do pai no quarto... o que fez a menina correr pra lá, curiosa.
Jogou tudo no chão, não planejando se livrar de nada. Era bom ter as coisas do pai ali... Não havia trazido nem um retrato da mãe, tamanha pressa que ela havia a mandado pra longe. Foi separando as tranqueiras, pra deixar em uma caixa dentro do armário ou decorar o quarto, e as coisas que queria deixou a mostra: algumas roupas e pijamas, os cadernos, os desenhos, os livros pornográficos e, caso encontrasse, os lápis e pincéis antigos.
Se sentou na cama e começou a folhear o caderno, quando se deparou com o desenho dela bebê e a frase que havia ouvido do sátiro. Será que seu pai também gostava de drogas?... Ou aquilo era real?
Destacou as folhas com o desenho, o pentagrama e o desenho da tia, pregando em uma das paredes livres, sorrindo ao vê-los juntos. Procurou uma folha do caderno livre, tentando copiar os detalhes do pentagrama... Parecia bastante detalhado.
Passou algumas horas naquilo, até que decidiu tomar um banho e sair pra explorar a casa. Se vestiu uma roupa leve, devido ao clima, e prendeu o cabelo úmido em um rabo de cavalo.
Algo dizia para ela que em meio àquelas matas existia uma clareira conhecida... Talvez alguém ali soubesse chegar lá...
Ou apenas encontrasse algo que a tirasse do tédio.