"Não é mais Kansas, meu irmão..."
Muitos anos atrás...
Suíça era para ser segura.
Poxa, desde a Segunda Guerra Mundial era para ser segura. O país é um país neutro. Sem treta, sem problemas.
Mas por alguma razão o destino de ser sequestrados cairia à família Prince. Pequena Elanne e seus pais foram tomados por um grupo que queria o dinheiro do patriarca e sair dali milionários... Não, bilionários. Foram pegos enquanto iam para o Hotel Staubbach e levados para um esconderijo entre as pequenas vilas que ficavam pela região, em direção das montanhas. E os meses não foram caridosos. Ainda que fosse uma criança, os sequestradores não se importavam com seu bem estar. Alimentação era apenas o necessário e entretenimento não era uma palavra no dicionário deles. O aniversário de 9 anos foi um sem bolo, sem pais e com muito choro. Finalmente, a ajuda veio no então misteriosos David Worthington, enfrentando os sequestradores e resgatando a garota.
Infelizmente para ela, a sua família já havia sido executada.
O que ela foi descobrir muito mais tarde é que seus pais foram mantidos em um cativeiro separados, onde eram torturados se não oferecessem dinheiro. A Central de Inteligência Americana encontrou-os na primeira semana e fez combinação com o governo sueco de suíço de mover uma equipe tática para atacar o local. Desta vez, para fazer bom uso do seu "patrimônio americano", chamaram super-heróis para auxiliar nesse embate contra "os terríveis sequestradores de uma das nossas maravilhosas famílias americanas". A operação com esses super-heróis foi um fracasso. Inexperientes, egocêntricos. Dado o dano colateral, achavam que o corpo de Elanne estivesse entre os mortos (pois encontraram um esqueleto pequeno, que se relevou ser de um bode anos depois), até finalmente ser encontrada por Worthington.
Naquela época, eram apenas três super-heróis. Hoje, são Sete.
À algum tempo atrás...
"Robin Hoodar" deveria ser um verbo: ato de roubar dos ricos e dar aos pobres. A ironia não passava em limpo para Elanne quando se tratava dessa dinâmica. Ela mesma seria herdeira daqueles no 1%, mas escolheu de tomar daqueles psicopatas que tomam todo dinheiro para si e deixam os funcionários em situações precárias de trabalho. Por todo o mundo Dave a levou (especialmente na América), para fazer uma "distribuição de renda forçada", como ele mesmo diria. Jeff Bezos dormia com cartão de crédito embaixo do travesseiro de tanto medo.
Eventualmente, eles receberiam a dica de um contato a respeito de uma mansão no leste europeu. A investigação inicial daria que era apenas uma casa abandonada, mas o contato afirmou que seria um esconderijo de uma fortuna inigualável de um magnata da Roxxon Corporativa de Energia, conhecida por, claro, oferecer energia e absolutamente arruinar o ambiente e a saúde de seus funcionários. Um bolo perfeito para tomarem conta.
Se não fosse o fantasma.
Elanne viu a vida ser drenada do corpo de seu mentor em um piscar de olhos e foi confrontada pela entidade nomeada Dora Blake. Para sair dali, o espectro aproveitou o corpo da jovem, se fundindo e escapando, mas eternamente em confronto.
Já o contato, Elanne nunca o encontrou.
"Mas como é o mundo dos mortos?"
Um perguntaria um senhor qualquer.
"É para onde meu cachorrinho Joey foi parar? É para lá que eu vou depois de morrer?"
- pequeno Timmy perguntaria.
A resposta é... "Sinãlvez"...
O Mundo dos Mortos se trata exatamente do local que é, mas não onde ficam. Toda vida tem seu início, meio e fim e essa experiência marca o espírito para depois da morte. Não se sabe ao certo todos os rumos possíveis, mas sabe-se que, provavelmente, tem algo depois do Mundo dos Mortos, uma vez que lá não tem a mesma quantidade de pessoas mortas desde que Cain esmagou a cabeça de Abel... Ou Cain-Alienígena matou Abel-Alienígena, o que levanta perguntas interessantes a respeito das formas dos mortos no... Mas isso se perde o fio da meada. O Mundo dos Mortos é a alfândega... ou purgatório, das almas. Mas este certamente não é o inferno.
E como ele é? Ele é equivalente a um cemintério desenhado por um jovem gótico. Ele se estende por infinidades de espaços cujas fundações são rochas negras, areias brancas e terra escura, com estruturas acinzentadas de uma civilização qual a estética se alterna entre romana, asteca e inclusive prédios modernos. Única coisa que fundamenta a aparência desses espaços é que a morte tocou ali em algum momento, e agora estava representada nesse espaço seco, frio e deprimente, onde espectros assombram as planícies, tentando reviver aspectos da sua vida agora falecida; ou então as almas tão distorcidas pelos seus atos e ego às transformam em criaturas monstruosas que devoram almas para fortalecer o seu semblante de poder.
Não é a toa que Dora Blake fez seu esforço para não ficar lá.
Mas Elanne descobriria esses segredos sobre seu sequestro...
... apenas hoje...
Ela roubaria joias, hackearia contas e interceptaria pagamentos, sim, mas também parte do seu serviço é informação. Muitas vezes (mentira, a maioria), informação se tornava algo mais útil do que o dinheiro poderia fazer. Roxxon, Hecaton, Ultratech, Murkoff, todas organizações com algum ponto solto em suas folhas de pagamento, encaminhando dinheiro para fins questionáveis ou apenas o enriquecimento dos vermes que gostam de se acumular na pilha. São todos iguais no fim, na frente de uma criança com novo braço robótico, tem um armário de famílias africanas usadas para testes de rejeição.
Ainda que assumiu a empresa, Elanne passou por um bom período comprovando que poderia retornar a empresa, mesmo com todo o período que estaria "desinteressada". Por fim, conseguiu, mantendo a maioridade do uso da empresa... Mas, durante esse tempo que esteve fora, outro filantropo fez questão de ir colocando suas mãos no restante da porcentagem, o super-herói Harman, que alias de super tem nada, ainda que tenha muito de "herói" por sua presença no Sete e suas empreitadas beneficiárias. Infelizmente, ele se torna um espinho embaixo de sua costela desde então. Para tudo, o maldito responde com um meio sorriso e bastante paciência e sensatez. Você poderia chamá-lo de um "presunçoso filho da mãe" e ele "Oh puxa, eu realmente tenho uma mãe querida" com um sorriso tão honesto que só pode ser mentira.
E isso a forçou a fazer um outro tipo de roubo, o de informações. Nem tudo é online hoje em dia, as vezes o indivíduo tem medo de cair num Anonymous e ter todos seus dados espalhados em um 4chan da vida para algum jornalista sortudo por na rede como o vazamento do próximo grande jogo. Essa informação é "analógica", brincam. O serviço de dois homens teve um deles interceptado por Elanne, revelando um documento com uma cifra ainda à decifrar, mas outro com folhas de material censurado fazendo menção ao sequestro da família Prince e a ação de super-heróis envolvidos.
A mala foi trocada do primeiro homem, que seguiu seu roteiro sem mesmo saber que foi roubado, enquanto o segundo está se dirigindo a um banco da cidade.
- Oh. Meu. Deus.
- Elanne ouviria - Você é Elanne Prince? Oh. Meu. Deus. O som da voz da mulher era alto suficiente para mais alguém do Central Park ouvir, inclusive o alvo da sua perseguição. Teria sido distraída e se exibido demais? Ou só essa garota tem uma boa visão? Independente, sua voz estridente está incomodando... Deveras incomodando...