MANHÃ DO SÉTIMO DIAESDRES - Café da Manhã - Nem se eu casasse com a neta mais velha dele? Ela é tecnicamente a herdeira de Porto Branco, depois de seu pai é claro.
Foi Lady Maria que explicou isso com praticidade:
- O pai dela é formalmente o herdeiro de Porto Branco. Se ele tiver um filho homem em seu último dia de vida, o bebê seria o herdeiro natural, com seu direito superando o de Wynafryd e Wylla. Se, em vida, o pai delas indicar seu irmão como herdeiro aparente, suas filhas não herdam nada. Se ele morrer sem ter um herdeiro aparente, sua sucessão seria decidida por seu suserano, Lorde Stark. Nenhum senhor do Norte, e na maioria dos Sete Reinos, indicaria uma mulher como herdeira, a não ser em Dorne, pois isso demonstra fraqueza. Um herdeiro deve ser forte para defender sua herança, seja como guerreiro, seja como diplomata, e presume-se que uma mulher não reuniria essas condições, uma vez que deve ser obediente ao homem com quem se casar.Lorde Beron assentiu, concordando com a esposa.
- Wynafryd tem uma chance difícil de herdar Porto Branco, que seria melhorada por estar casada com um homem forte do Norte, mas nem isso garante qualquer coisa. Se quiser casar-se com ela realmente, uma aliança e um dote seriam boas recompensas, mas não espere uma promessa de herdar a casa mais rica do Norte pelo matrimônio.LÍCIA - Reunião com Beron -O Senhor Henry Allafante poderia me ajudar com alguma informação, não creio que apenas isso é algum motivo de ficar em debito com ele se assim o for, tomarei mais cuidado com meus futuros pedidos a todos os conhecidos, uma vez que se entre amigos e familiares eu apenas consiga as coisas oferecendo favores, de nada me adianta trata-los como amigos ou familiares, serão tratados como clientes da forma mais eficiente para aumentar o ouro do cofre da nossa família...
Beron ponderou as considerações de Lícia:
- Allafante é um sócio, não é um membro da família, e seus laços de amizade não são como os dos Norte. Nas Cidades Livres, principalmente em Braavos, eles tem outros costumes, e Henry é um portador da chave do Banco de Ferro, o que lhe dá uma perspectiva muito mais complexa. Você é, ou deveria ser, plenamente capaz de negociar por sua própria conta.ASDULFOR - No Acampamento -Caso ela falhe novamente, o que pretende fazer?
A resposta de Beron foi dura:
- Se ela falhar nisso, não receberá nenhuma outra tarefa. Mostrará que não é confiável e vamos retirar qualquer autoridade dela. Quando voltarmos para o Norte, se ela não tiver propostas de casamento, vamos mandá-la para algum septo.O Lorde Felinight confiava nas medidas que Asdulfor tomaria sobre seus sonhos e não comentou mais nada.
TARDE DO SÉTIMO DIALÍCIA - No PortoA caminho do porto, quando mais pensava na tarefa que lhe fôra dada, mais Lícia se apercebia da dificuldade que envolvia a missão.
Consultando mapas simples, Lícia percebia que na Baía do Gelo, onde ficava o porto de sua casa, a única casa de importância era a Mormont, na Ilha dos Ursos, mas eles eram pobres, portanto não ofereciam grandes oportunidades de lucro.
Descendo a baía para o sul, ela via a Ponta do Dragão Marinho, uma larga península controlaada pela Casa Glover de Bosque Profundo, os vizinhos mais importantes dos Felinight, embora eles não fossem grandes matinheiros. Ela não sabia se eles tinham um porto que pudesse usar.
Passando por ele, os barcos estariam no Mar do Poente, um mar tão grande e vasto que ninguém que o explorou jamais voltou. A única alternativa era continuar costeando para o sul, numa longa viagem até a Baía Blazewater, nas imediações dos Regatos, onde a casa Ryswell talvez tivesse um pequeno porto que permitissse reabastecer um barco. Do outro lado da Baía, havia a fortaleza de Flint´s Finger, onde um dos ramos da casa Flint também poderia ter uma estrutura mínima para aportar.
Depois de dobrar o Cabo Kraken, chegava à Baía do Homem de Ferro, já fora do Norte. Aqui as coisas eram perigosas devido aos hábitos piratas dos homens de ferro, mas depois de passar pelo Cabo das Águias chegava-se a Guardamar, a sede da casa Mallister, cujo líder, Lorde Jason, era primo de sua mãe. Com um histórico de guerras contra os homens de ferro, com certeza Guardamar tinha um porto pulsante.
O sul da Baía do Homem de Ferro já era das Terras Ocidentais, com suas ricas cidades abundantes de recursos minerais, e ali haveria váarios portos onde Lícia poderia negociar vantajosamente. O principal, a capital do reino, Lannisporto, a cidade mais rica ao oeste de Westeros.
Descendo pela costa das Terras Ocidentais, chegava-se ao arquipélago das Ilhas Escudo, que guardava a entrada para o reino da Campina. Pelo que Lícia sabia, eram ilhas rochosas de poucos recursos próprios, mantendo frotas navais e armadas para prevenir invasões dos homens de ferro. Bons portos, muitos soldados, mas seria mais fácil vender para eles do que comprar.
No extremo sudoeste de Westeros, era preciso passar pelos Estreitos Redwyne, entre a grande ilha da Árvore, famosa pelos melhores vinhos dos Sete Reinos, e a Enseada dos Murmúrios que abrigava a tradicional cidade de Vila Velha, a segunda maior cidade de Westeros, só abaixo da capital. Lícia sabia que ali ou nas cidades próximas haveria grandes oportunidades para comprar as ricas safras da Campina a um preço melhor do que em Lannisporto.
Quando alcançasse Casassolar, a sede da casa Cuy, saía-se da Campina e entrava-se no litoral de Dorne, na foz do Rio Torrentine, onde havia casas como Tombastela, Alto Ermitério e Monpreto.
Se não parasse ali, qualquer embarcação teria que continuar pela árida costa sul dornesa até a foz do Rio Brimstone, que se fosse navegado corrente acima levava à sede da casa Uller, a Toca do Inferno.
O próximo porto era Salinas, na Baía dos Caranguejos, um porto pequeno mas principal embarcadouro para as ilhas do Mar do Verão.
Passando por eles, haveria os belos portos dorneses de Limoeiro, Lançassolar e os JArdins de Água. A melhor chance de lucro em Dorne com certeza estaria aqui.
Cruzando as perigosas águas do Braço Quebrado de Dorne e talvez evitando as ilhas de Stepstones, seria possível aportar em Pedraverde, a sede da casa Estermont. O lucro seria pequeno, mas seria uma pausa bem-vinda antes de encarar o tempestuoso mar do Cabo da Fúria e a Baía dos Náufragos.
Se não quisesse navegar abertamente pelo Mar Estreito, seria possível rumar para os Estreitos de Tarth, a chamada Ilha Safira, onde poderia-se negociar em Solar do Entardecer ou em Pergaminhos, sedes das casas Tarth e Penrose.
A longa península chamada de Gancho de Massey tinha alguns portos pequenos mas interessantes, mas o grande tesouro estava após ele, na Baía da Água Negra, chegando à capital dos Sete Reinos, Porto Real, onde Lícia estava agora. Ela teria que fazer todo aquele trajeto inversamente para chegar ao porto de sua família no Norte.
- Spoiler:
Veja o mapa online aqui: Mapa de Westeros
Não era fácil encontrar algum navio para fazer toda aquela viagem, e a concorrência para embarcar mercadorias era grande devido à efeméride do torneio do Rei Robert. Lícia teve que pechinchar, mas por fim acho uma grande sorte: o navegador Sean Bellamare tinha dez navios de carga que estavam preparados para partir, mas seu contrato anterior tinha sido cancelado e ele estava "à deriva".
Ele propôs à Lícia que locasse sua frota por 150 DOs cada, o que quase fez Lícia ter um ataque. Mas ao explicar o propósito e o destino de sua viagem, Lícia recebeu de Bellamare várias sugestões interessantes, mostrando que ele era tanto experiente quanto disposto a ajudar. Uma das coisas que ele disse foi:
- Não compre mantimentos aqui em Porto Real, senhorita Felinight; os preços estão inflacionados com toda essa movimentação do torneio. Zarpe com os porões vazios e compre e venda nos portos durante a viagem. Se negociar corretamente, poderá ter um bom lucro durante a viagem e encher os porões na Campina, onde os cereais são mais baratos, e chegar ao Norte carregada tanto de mantimentos quanto de ouro.Aquilo agradou Lícia. E o que agradou ainda mais foi que o capitão Sean aceitava receber só ao fim da viagem, desde que Lícia pagassse os custos de cada etapa da viagem.
ASDULFOR - No Caminho para a Fortaleza Vermelha -Wilford, como andam as coisas? Alguma queixa ou sugestão sobre qualquer coisa quanto a guarda? Qual o cometário geral?
Depois de Aubrey, Wilford era o soldado mais velho que os Felinight tinham trazido na viagem, e consonante com sua idade, era reservado e circunspecto. Ele respondeu o meistre com a neutralidade de um bom soldado:
- Gylen Snow tem mantido a comitiva organizada. Sempre há alguém se queixando, mas nada digno de atenção. Em geral, todos sabem o que fazer e o fazem sem demora. -Minha filha, se encontrar Gaspar, caso eu não esteja por perto repasse o que conversamos para ele e peça que fale comigo assim que eu estiver disponivel. Quero saber sobre sua empreitada. Aliás, Já se Inscreveu no torneio com arcos? Você sem dúvidas teria uma boa chance. Veja quem está responsável pela inscrição e peça que lhe inscreva a meu pedido.
Lu Mei, silenciosa e digna, andava como um gato ao lado do meistre. Ela o observou pelo canto dos olhos enquanto ele falava e respondeu em sua voz baixa e suave:
- Gaspar está obcecado com oss sacerdotes vermelhos e fica cada vez mais arredio. Já estou inscrita no torneio de arquearia, e treino sempre que posso.ASDULFOR - Com Meistre Rain -...só mais uma coisa Meistre Rain, lhe farei um pedido um tanto quanto inusitado, mas servirá para apaziguar a surpresa do Grande Meistre Pycelle com nossa eficiência em resolver essa questão da necessidade de um novo Meistre para os Fenlinights. -Asdulfor se aproxima do Meistre Rain para falar ao pé do ouvido. - Seria possível que você não se sinta bem hoje para falar com o Grande Meistre Pycelle, remarcando essa conversa para amanhã, no mesmo horário talvez? Acho que com isso poderemos apaziguar um pouco o espanto dele quanto a nossa eficiência... Na realidade a sua! Assim entendo que dirimimos a possibilidade de surgirem empecilhos "do acaso", devido a minha abordagem que reconheço que foi um tanto ofensiva...
Meistre Rain olhou para Asdulfor, e o mais velho viu que Rain não o via como superior, mas um igual. Ele falou com a objetividade típica dos veteranos da Cidadela dos meistres:
- O Grande Meistre Pycelle pediu que eu o visse amanhã à tarde, e é o que pretendo fazer, Meistre Asdulfor. A opinião do Grande Meistre será indiferente uma vez que a Cidadela receba o pagamento da Casa Felinight.NOITE DO SÉTIMO DIAASDULFOR - Noite no acampamentoAsdulfor não teve tempo para procurar gaviões ou desenhistas, pois quando saiu da Fortaleza Vermelha o sol também estava vermelho no horizonte, anunciando o fim do dia. Com a noite caindo, eles passaram ainda pela Baixada das Pulgas para fazer sua busca infrutífera. Quando finalmente voltaram ao acampamento, a hora do lobo já corria, com a noite pela metade.
Chamando Beron com urgência, Asdulfor levou-o à sua carruagem para discutirem:
-Beron, preciso falar com você privadamente.
Assim que é atendido, Asdulfor leva Beron até sua carruagem, ele senta-se visivelmente cansado e começa a explanar.
-Precisamos agir mais direta e incisivamente contra aqueles que tentam nos prejudicar, o problema é que sequer sabemos quem são, por este motivo eu pensei em algo para descobrirmos de uma vez por todas. Precisamos gastar recursos e sua influência. Temos três dias até voltarmos para o norte e quero sair daqui com esse problema solucionado. O que proponho é uma rede de espionagem. Você deve se utilizar de sua influência, conhecimento e recursos para contratar pessoas que você tenha de confiança para passar estes últimos dias rondando a cidade para obter informações, mas para isso deve ter um laranja que tenha uma relação pouco conhecida com você.
Essa pessoa seria o suposto ou suposta líder dos espiões, estes repassariam para ele ou ela as informações obtidas de modo discreto e a pessoa responsável repassaria para você as informações obtidas, assim você se reuniria conosco e traçaríamos estratégias para nosso contra-ataque. Não temos muito mais tempo e essa calmaria exacerbada me preocupa. Devem estar planejando uma cartada final, devemos evita-la, só espero que não seja tarde de mais. Até meus poderes de warg não estão sendo suficientes, não temos mais tempo a perder.
O velho meistre estava visivelmente angustiado e preocupado e fazia tempo que Beron não via uma postura tão série e urgente de seu tio avô.
-Quero aproveitar e pedir permissão para consultar Lícia, pois ela traçou as conexões de tudo que vem acontecendo conosco. Entendo que a função dela não é essa, mas você deve reconhecer que ela foi a que mais detalhou e coligou tudo que nos aconteceu de prejuízo até agora. Nossa casa está sob ataque Beron, você é nosso líder deve nos guiar mais diretamente na nossa defesa e até sacrificar algumas coisas, é nosso nome que está em jogo.
Beron ouviu tudo que Asdulfor falou, aparentando sua frieza não afetada pela angústia de Asdulfor. Quando o meistre terminou, Beron falou em voz muito baixa e lenta:
- Acha que eu estive parado todo esse tempo? Eu tenho feito tudo que posso para fortalecer nossa posição e nos proteger de novos ataques. Isso exige que cada um de nossa casa saiba apenas o necessário. Contratar espiões aqui na capital para buscar informações quando nós nem sabemos o que procurar é inútil, e não há ninguém confiável aqui tão longe do Norte. Temos que ter cuidados para não nos expôr ainda mais do que já estamos ou iremos acabar todos na masmorra do Rei. Pode falar com Lícia ou com quem quiser, mas cumpram as minhas ordens.Com o assunto encerrado, Beron se ergueu e se retirou.
Quando Asdulfor foi para sua própria tenda, ele deu pela ausência do gato das sombras Rakashar.
Preso numa haste ao lado de seu leito, Asdulfor encontrou um pergaminho preso com uma adaga. O seu conteúdo era bem simples:
Informações- Mote: Sou a última da minha casa, e cabe a mim garantir que seus nomes se tornem lendas!
- Itens Carregados: Todos meus pertences.
- Vestimentas: Vestido curto de seda preto, casaco com capuz preto, gargantilha, braçadeira de ouro, pulseiras de ouro e botas altas pretas de couro com salto alto.
Na reunião com Beron - Minha lealdade é inabalável, Lorde Beron. - Completo com uma piscadela antes de deixar a tenda.
Na carruagem com Aubrey Já estava confortável ao lado de sor Aubrey quando ele prosseguiu. Sorri animada ao ouvir seu relado, mas logo tomei a palavra. - Sor Aubrey, sinto-me honrada por saber que o senhor está disposto a tanto por mim. - Repouso a mão sobre o ombro do cavaleiro. - Mas, o senhor está entendendo errado. Quero o senhor ao meu lado como consigliere. - Sorrio gentilmente. - Vejo no senhor a sabedoria e vivencia que me faltam. - Ajeito-me no lugar suspirando. - Sei que ainda não sou digna de confiança. Fazem poucos dias que me conhecem e creio que não seria saudavel para nenhum nobre confiar em desconhecidos. - Pondero por alguns segundos. - Então sei que não posso cometer erros e perder a oportunidade que Lorde Beron me ofereceu. Por isso, o que mais preciso nesse momento é de um amigo que evite que minha impulsividade cause problemas desnecessários. - Acabo sendo sincera com sor Aubrey acreditando que posso confiar nele.
No alcoice com Madame Chataya Sem delongas, adentrei à casa de Chataya e logo parti em sua procura. Assim, que a encontrasse a cumprimentaria com uma abraço e um beijo em sua face. E logo começava a proferir ansiosa: - Madame Chataya, venho encarecidamente pedir-lhe por um favor. Gostaria que a senhora permitisse que uma de suas garotas viesse comigo em uma viagem. - Faço uma pausa dramática. - Mas não qualquer garota. Quero a mais sedutora e ardilosa. Uma que possa se misturar em qualquer ambiente. - Sorrio sem jeito. - Claro, se isso não atrapalhar os negócios da senhora, madame Chataya. |