Invasão - Primeira lua nova - Terceiro capítulo

Marco tenta acompanhar Axel e até consegue enquanto o uratha o está segurando. Mas depois fica para trás. O sangue faz tudo ficar um pouco pior. Sangue de Shaw. No pouco tempo até Francis conseguir pegar o invasor. Perfurações na barriga e um arranhão fundo no braço, o irraka consegue continuar segurando sua pequena presa. Eles todos sentem o desespero dela aumentar com aquilo e mesmo quando o irraka a vira ela continua lutando e tentando fugir sem nunca morder. Mas tentando desesperadamente gritar. O irraka sente as mãos molhadas de lágrimas e baba. Sente o rosto dela quente e vermelho. Consegue ver ela lutando para respirar com o nariz escorrendo.

Francis sente a força e agilidade sobrenatural da criaturinha. Ele sabe bem o que fazer, mas as mãos estavam cobertas de sangue fresco. As mãos do dalu que se movia em espasmos rápidos demais. A porcaria escapou pulando em cima de Shaw de novo, só para ser jogada de cara no chão. Não por muito tempo, levantando no mesmo movimento que a levou ao chão. Antes que Francis pudesse pegar ela de novo a coisinha consegue por as mãos em Shaw de novo pulando em suas costas. Ele sente as garras rasgando a pele do rosto antes de serem arrancadas dali pelo cahalith.

Francis esmaga a criaturinha contra a parede dessa vez. Com o longo segundo de expectativa que se segue ele percebe que é uma garota. Ele percebe que o idiota contando alto demais ainda está contando. Mas isso não é ruim. Ruim é ouvir a voz de Marco. Ele chegou atrasado demais quando tudo estava sob controle para fazer o mundo ficar ainda mais complicado. "Nu Bath Githul" O desgraçado cospe na primeira língua. Mal sabe pedir o papel higiênico em inglês e fica falando na primeira língua. Os olhos dele arregalados.

Axel sabe o que ele quer dizer. Mesmo quando ele volta a falar o seu espanhol corrido Axel sabe muito bem o que a pequena humana viu.

OFF:

- Mais que merdinha desgraçada!! - dizia enquanto puxava das costas de Shaw e acertava contra a parede. Nem ouviu o Marco com tudo que acontecia - Shaw... Shaw... É uma criança ai. Uma historinha de monstros para ela é o suficiente para ninguém acreditar, enquanto esse aqui!... - Francis apertava o agarrar - Você machucou meu amiguinho.. Não me faz te machucar. Não machuco coisas desse tamanho.

Shaw pergunta se ela tem alguma chance e Marco fica verde. Uma mão apertando o peito e as costas curvando contra a vontade. Axel era o único que conseguia apreciar o desconforto profundo de Marco. Shaw estava descobrindo que o pânico da criança podia aumentar. A boca babada tentando morder e gritar e morder. As pernas batendo feito louca, chutando e empurrando. As mãos cavando os dedos do irraka. A luta insana pela própria vida. Luta que Francis via refletida bem sob os seus dedos de uma forma muito mais selvagem e agressiva. Dentes pontudos procurando a sua carne. Garras afiadas furando sua roupa em todo lugar que o tocam. Rosnados e grunhidos. Francis ouve os ossos estalando. Sente a carne crescer e a pele rasgar. Ele vê os pelos surgindo. Os últimos traços humanos abandonam aquela forma que ele continha. Seu estilo tem que se adaptar rápido para mantê-la presa. A força agora era maior e os membros mais ágeis e os dentes ainda mais perigosos.

Os dentes do urshul estalam no ar tentando pegar o rosto do cahalith. Pelo menos Shaw está de costas para a cena, séria ainda pior para a menina ver isso. Mas vai ser muito ruim para o irraka o monstro escapar. A nausea de Marco se aprofunda com as palavras de Axel. As poucas que ele podia entender. O vômito tem um cheiro ácido de ovos meio digeridos. Ele limpa a boca encostado no muro. Axel tinha se decidido. Ele tinha um plano. Ele estava a caminho. Uma porta se abre bem do lado dele. Um funcionário do restaurante de uniforme. Ele se assusta com o elodoth, mas sorri. Não pode ter mais de vinte anos. Fones de ouvido enormes. Ele joga um saco de lixo e depois outro. Dos grandes. Com um aceno ele se despede e entra. A porta bate nas suas costas. A porta que tapou a visão dele.

Axel vê a rua. Muitas pessoas olhando para cima. Pouca gente andando. Ninguém ali perto. Claro, se tivesse alguém ali perto já teria entrado para olhar. Era dia e eles não estavam nada invisíveis. Ele nunca se sentiu tão bem ao ver que ninguém dava atenção a ele. Ainda podia ver as pessoas da feira a duas pistas dali. Um Mcdonalds no meio do caminho e um Burguer King lá do outro lado de toda a confusão. Ele ouve Marco vomitando de novo. Ele tentava falar alguma coisa que parecia uma reza ou quem sabe ele estava implorando. Impossível dizer, ele tinha voltado para o espanhol.

OFF:

● Estrangular: Se você rolar mais sucessos do que duas vezes o Vigor da vitima, ele está inconsciente por (seis - Vigor) minutos. Você deve ter sucesso em uma manobra de Segurar. Se você não tiver conseguido sucessos suficiente na primeira, você pode Estrangular em turnos futuros e somar seus sucessos.

Shaw puxa a garotinha para um lugar mais discreto onde ela tem ainda menos chance de ver a coisa furiosa que Francis espreme contra a parede. O irraka sente a hesitação do Cahalith. Ele sente também as subsequentes mudanças de vitória e frustração do elodoth. Mas ele definitivamente não sente nada além do mais absoluto e primitivo pavor na garotinha que estava imóvel desde que ele a colocou no chão. O irraka ainda força sua essência para curar os cortes no rosto. A camisa rasgada tentando absorver o sangue. No segundo em que Axel fala com ela e foca sua percepção na menina ele sabe. O elodoth sabe que a garota autista de alguma forma inexplicável empurrou o terror do aluamento para longe.

Ela está assustada é um enorme eufemismo, ela nunca sentiu tanto medo assim e o elodoth sabe que não pode esperar nem no mais louco dos sonhos que ela não lute com cada gota de determinação que ela ainda tem. Ele sabe antes mesmo de a mão alcançar a dela. Quando ele sabe o irraka sente a nova onda de frustração quando mais um castelo desaba. Até o dia parece ficar mais escuro. Ela grita e avança. Um grito rouco e fraco, algo patético e pequeno comparado com o esforço claro no rosto dela. Ela tenta correr entre os dois quando o irraka move os olhos para onde Francis está com a criatura.

Claro que não podia ficar pior, não é? A forma escura e peluda se desgruda da parede usando as quatro patas para pular de lá direto no irraka. Tufos de pelo ficam nas mãos do cahalith como a única prova de que ele não soltou a o monstrinho que agora é tão grande quanto um deles. Shaw nunca seria acertado por um golpe tosco e desajeitado daqueles, mas se ele se movesse a garotinha ia terminar debaixo de uns cem quilos de fúria assassina. Ele sente o braço estalar enquanto o monstro solta todas as articulações que ele tem com um puxão muito mais firme e forte do que o esperado. Ele sente os dentes raspando o osso e fica se perguntando sem parar, como foi que ele foi parar ali. As coisas estão tão ruins que realmente parece mais escuro, como uma nuvem de chuva cobrindo o sol.

Não que isso incomode o cahalith já que seu humor está sombrio e tempestuoso. Ele tá puto pra cacete com aquela porra de bicho que não fica quieta por porra nenhuma. Ele tem que lutar contra o instinto do corpo de mudar de forma sozinho, mas sua forte ligação com a carne faz isso fácil e doloroso. Os músculos e ossos ansiosos para assumir uma forma ainda mais forte. Ainda mais hábil. Mesmo assim no meio daquele caos fedido com cheiro de um caminhão de bosta e muito sangue de irraka ele ouve os ultimos números da contagem com um certo alívio. "3!" Mais escuro.

O elodoth instintivamente agarra a jaqueta. Dividido, partido, entre ajudar o seu companheiro ou segurar a garota ou segui-la. Ele vê Marco saindo a toda sem nem disfarçar. A garota tenta correr o mais rápido que pode, mas o seu esforço tem um resultado sofrível. Toda força que ela fez para escapar do irraka não recompensaram ela com nada além de dor, cansaço e fraqueza. Ela nem consegue correr em uma linha reta. "2!" Mais escuro.

O irraka sente a próxima mordida vindo e engole um grito de dor com dentes trincados. O elodoth cobre a distância entre ele e a garota com alguns passos largos e cada um deles faz uma sensação de culpa gelada e pegajosa serpentear em seu peito ouvindo os gemidos e rosnados atrás de si. O cahalith arranca a presa de cima do irraka com uma torção complicada que arranca um ganido alto do monte de pelos filho da puta e escorregadio. Os três vêem a garota saindo do beco com as roupas amassadas e o sangue no cabelo. Os quatro assistem o mundo ficar ainda mais escuro. "1!" Mais escuro.

O dia se torna noite. O alívio de ver a menina livre não dura muito em nenhum dos três. O irraka sente o silencioso toque da lua nova. O elodoth vê o sol escuro no céu, nada mais que um arco de fogo em volta da lua feita de sombras. Tão escura no meio do dia e na frente do sol quanto na noite mais negra. O cahalith sente algo que poucos na história puderam, sua lua é feita de fúria e ele percebe a explosão em seus braços. Francis sente a fera mudando. Mudança é a palavra perfeita, ele sabe sem que ninguém precise explicar. Ele poderia ver até de olhos fechados: A primeira mudança em toda sua horrenda glória bem nas suas mãos.

Lá fora o rebanho olha para o céu e toca trombetas. O alarme de um carro dispara. O letreiro do restaurante começa a piscar até as lâmpadas estourarem. Um carro elétrico para com um tranco na pista mais distante. Axel se força a descolar os olhos da lua desafiando o dia e se vira para o dolorosamente urgente e cortante uivo as suas costas. Edgar acompanha o espetáculo grotesco e assustadoramente rápido dessa primeira mudança. Tão súbito e brutal que não parece ser a primeira vez. Parece acontecer nas sombras entre um pensamento e outro, dentro do tempo que a mente leva para entender o que viu. Francis sente a carne ceder e puxar e lutar e ossos quebrarem e torcerem e se formarem de novo. A fúria é como uma corrente elétrica. É tão rápido e intenso quanto puxar a corrente de uma motosserra e sentir ela vibrar nas suas mãos, ele não consegue não sorrir.

OFF:

Axel sente algo frio, implacável e furioso quando toca a primeira mudança. Uma escuridão profunda e enorme olhando do abismo para ele, atravessando as eternas nuvens de tempestade da sombra e cruzando o dromo para banhá-lo com enorme hostilidade. A mão dele recua automaticamente. O elodoth sente a pele fria e as marcas queimando como se seu espírito espirito estivesse em chamas.

Todos ali assistem o corpo enorme e mutante se tornar a garotinha. Agora vestida com nada além dos pedaços mais teimosos de panos rasgados. A menina nos braços de Shaw balbucia completamente fora de si. Ela olha a outra e repete sem parar um nome. Skye. Os braços e pernas completamente moles e sem qualquer energia.

Francis sentiu quando a conexão com a Lua foi cortada. A praticidade era óbvia. As razões do elodoth claras e racionais. Mas aquilo tinha o gosto errado. Cheiro errado. Um caçador nasceu e ninguém morreu para isso. A fúria divina tinha habitado aquela coisa magrela e pequena em seus braços por um momento glorioso e lindo e absolutamente mortal. Agora, sem nenhum derramamento de sangue a menina estava marcada como uma lua nova. Ele não tinha esquecido o certo e errado, mas sentia vontade de chorar como se diante de um crime hediondo.

A Shaw ouve o carro chegar, mas ele já sabia antes. Ele sabia exatamente onde Marco estava. O momento que eles dividiam ali se estendia entre os segundos enquanto lá fora as pessoas viviam outra coisa completamente diferente. Absolutamente diferente. Eles tinham presenciado algo intenso e ele sabia que tinham outro irraka ali com eles. Um irraka pequeno no corpo de uma pre adolescente pelada e apagada.

Marco não buzina. Mas todos sabiam que ele estava ali.