Chloe escreveu:Eu compreendo as regras, mas não posso comprometer uma criança assim..
"Merda... merda... merda..." Silvia suspira e depois respira fundo. Andando de um lado para o outro. O rosto passando de uma emoção para a outra mais rápido do que se pode ler.
Sam escreveu:Quanto mais informação, mais fácil da gente ajudar.
Silvia para.
"Não, de jeito nenhum. Não." Ela começa a falar e a voz vai diminuindo e ficando mais macia.
"Essa garota fofinha sentada aí é a coisa mais perigosa que vocês já viram." Ela olha para Clara com dor em cada linha do rosto.
"Eu to esperando na porta. Essa criança precisa ficar segura." Alguém que não soubesse o que elas três compartilhavam talvez imaginasse que ela queria garantir a proteção da menina. Era clara para quem pudesse vê-la que era isso que seu coração queria. Mas Silvia era uma mulher que entendia dever e vivia isso. Entendia que o bem de muitos podia ser o desastre irreparável de um inocente.
"O único jeito de ela ficar segura é se for segura." Ela não precisava colocar dessa forma, mas fez mesmo assim. Ela pisca a segura o espaço entre os olhos com os dedos.
Silvia sai do quarto devagar ainda resmungando. A roupa simples que ela usava não ia chamar atenção, uma camisa branca e uma calça jeans nunca iam poder competir com aquele rosto bonito lutando para conter as lágrimas.
Clara não resiste em nenhum momento. Ela começa a chorar quando se desfaz do seu vestido. As mãozinhas abrindo e fechando ritimadas. Ela não liga para a princesa ou para o material de desenho, nem parece vê-los. Talvez nem seja capaz de realmente perceber o que vê. Ela não luta para botar o pijama depois de estar limpa. Na verdade a única coisa que fez alguma diferença positiva foi ela estar limpa. Quando o ultimo rastro de sangue é retirado ela parece mais calma. Mais lenta. O corpo tinha hematomas, mas nada sério. Alguns arranhões que podiam ser qualquer coisa e um ralado no joelho completamente normal. Mas os hematomas na cintura, costelas e ombros não eram ruins em si, porém eles contavam uma história curta e revoltante sobre uma garota presa por alguém bem maior. As marcas no rosto eram um testamento mais silencioso, mas a pele branca de Clara deixava as marcas de mão visíveis demais. Talvez elas sumissem. Talvez piorassem. O nariz estava sensível, vermelho e quente provavelmente o choro. Nada era grave, ela provavelmente não estava sentindo dor. Mas tinha uma história ali.
A boca para de repetir o nome quando Samantha o diz.
"Não." Com olhos arregalados ela procura pela sala. Ela pula.
"Não!" Mais alto. Mais forte. Ela parece ter medo das duas. Ela se afasta.
"Não tem Skye, só tem o lobo. Só tem o Lobo." Ela finalmente encontra a porta com os olhos.
"O lobo. O lobo! O LOBO!" Ela dispara para a porta repetindo cada vez mais alto.