Ela não entendia o que ele dizia, embora ouvisse aquilo sentindo uma mistura estranha de apreensão e medo que habitava as palavras dele. Por um momento, ela o fitou e depois desprendeu-se dele para tentar compreender o que havia dito e o que poderia ter ocorrido com ela mesma.
Depois ele respondia Samantha, a ruiva apenas ouvia como se o assunto todo fosse perturbador demais para continuar falando. O conselho lhe entra nos ouvidos como se fosse uma brisa fria. Magda era uma criatura feita para matar, mas ao que parece sentia medo do que viu, Chloe não estava lá quando as duas entraram naquele quarto, na verdade nem lembrava direito a sequência de coisas.
Já Samantha fala e a ruiva a ouve sentindo uma onda de raiva ou frustração na voz da morena. Muitas coisas foram entrelaçadas, a vitória deles resultou no resgate daquelas pessoas, mas parecia que tinha muito mais acontecendo e uma cortina de sombras mantinha tudo longe dos olhos da maioria ou quem sabe a loba estivesse sendo dissimulada.
Não tinha como entender tudo, mas sentia que William tinha algo haver, os únicos lobos que sabiam sobre Chloe eram os Uivadores. Não via Brendan arquitetando algo naquele nível, não porque não tivesse a capacidade, mas havia algo nele de correto, justo e que reluzia de maneira afiada demais para arriscar envolvê-la na situação. Afinal quem garantiria que ela não fugiria com a família ou traria os lobos de Dover? Já Wiliam desde a clínica falou de maneira muito aberta, eles a usaram, não tinha como não ter sido eles, a entregaram em prol de uma causa maior.
Sabiam o que acontecia na casa e uma confusão dentro dela agitou-se. Em parte entendia o que tinham feito, o que viu no celeiro justificava a ação deles, mas ao mesmo tempo era como se sua confiança naqueles que aparentemente a ajudaram tivesse sido estraçalhada. Quem garantiria que não a usariam de novo? Sentiu um arrepio pelo corpo inteiro, tinha medo de Ian, mas ele nunca lhe agrediu da maneira que Devon fez. Aquele lobo tinha olhos cheios de violência pura, do tipo que não para até sentir o cheiro do medo vindo da presa. Ela o odiava, nunca sentiu ódio na vida, mas pelo desgraçado que a espancou sentia uma vontade gritante de matá-lo e foi isso que a fez ficar calada mesmo após Sam falar responder a Magda daquele jeito.
Chloe não nega que leu uma nota discreta de vergonha na loba, mas optou em continuar quieta o momento era para ouvir e se conter. Daria um jeito de averiguar depois as coisas, talvez com o próprio Brendan, mas não podia recorrer a mais ninguém dos Uivadores e pensou em James cheio de bondade. Ele fazia parte daquilo e se afastaria dele para evitar cair em uma nova armação por parte de William. Afinal ninguém se apaixona em poucos dias, certamente o usaram para chegar nela e isso a fez sentir vergonha de si mesma por ter sido tão imprudente.
*****
Já no carro.
Samantha fala sobre decidir, depois sobre os parentes e fala de Emilie com quem Chloe não teve um contato amplo. Eram todos desconhecidos conectados àquele mundo pela ligação com os lobos. Notoriamente era sincera quando falava, a ruiva se mantinha recostada no banco ouvindo tudo. Axel respondeu as duas a maneira dele, direto e sem esconder que momentos mais tensos estavam por vir. Havia dentro dela uma confusão de sentimentos, de pecados, de dívidas morais e familiares que a faziam não ter uma resposta exata para o que ouvia. Quando notou tamanha intimidade entre Sam e a outra mulher começou a entender que as duas eram mais que amigas, mas quando a outra fala que a mulher é mãe das crianças, se estivesse com o rosto inteiro teria demonstrando surpresa. As duas eram um casal? Como a loba podia ser mãe das crianças? Inseminação? Ela ficou surpresa, mas machucada como estava não seria fácil ler isso no seu rosto. Por fim Sam voltou a falar havia uma dose de tristeza na voz dela. A ruiva então se concentra de novo nas palavras da morena.
- Uma família?!- Olhou para Sam com um ar de surpresa porque tudo que ela disse tinha consistencia. - Vocês sabem que tudo parece bem ruim, mas ao mesmo tempo as coisas podem acabar fluindo de maneira a nos fazer ver um caminho do meio...Eu não vou adentrar em assuntos pessoais aqui, mas Sam tem razão e você Axel também, mas por agora vamos para a casa e pensemos bem em quais passos dar…-
*****
Na casa
Ela pensou na morte de Franco e as palavras de Sam passaram por sua mente como se fossem pedrinhas batendo na janela. A morte do outro lobo mexeu muito com a morena. As coisas estavam delicadas e preferia não falar novamente sobre a morte no momento. Assim que entra Chloe olha a casa, não era um lar para se chamar de seu, mas pelo menos garantia no momento alguma proteção e antes que pudessem falar com ela de novo foi tomar um banho. Estava imunda, machucada e confusa com muita coisa. A água vai lavando tudo, o cabelo tão bonito estava cheio de nós, nem de longe alguém da sua família a reconheceria, passou a mão pelo corpo vasculhando as marcas e constatando inchaço em vários pontos. Então chora aproveitando o som da água, precisava extravasar, mas não queria que ninguém visse. Quando acabou, tentava desembaraçar o cabelo, mas era uma tarefa ruidosa, a cabeça doía, a nuca especialmente e trincou os dentes lembrando de Devon. Seria capaz de dar a alma para vê-lo sofrer o triplo, mas William também estava na sua lista de desafetos.
Chloe pega uma camisa limpa que encontra sem se preocupar quem é o dono dela, quem sabe achou uma calça com tecido macio e largo. Vestiu-se sentindo-se muito melhor, embora o rosto lhe fizesse lembrar do caos que estavam vivendo.
Quando volta, vai à cozinha onde esbarra com Sam que lhe oferece uma garrafinha de água, junto com um remédio de dor. -Obrigada!- O medicamento não era o ideal para a dor que sentia precisava de um analgesico forte, um antiinflamatório e uma dose de Bourbon para ajudar a esquecer tudo. A água empurra o medicamento e depois aceitava os biscoitos, mastigando com alguma dificuldade e depois zanzara pela cozinha atrás do chá de camomila.
- Axel, nós podemos saber o que de fato aconteceu quando saíram do sítio ou é assunto restrito aos lobos?- Ela se acomoda em uma cadeira, após fazer o chá. Servindo três xícaras. O líquido quente na garganta, apesar do corte feio na boca, preferia aquecer-se por dentro também e fazia uma careta de dor quando bebeu o primeiro gole. Depois vai bebericando o chá devagar esperando que Axel fale pois queria saber se por acaso acabariam dizendo algo que a esclarece-se sobre o pai ou Ian mesmo que os Algozes não soubessem nada sobre quem eram.
Falas em branco.
- OFF:
OFF: Escrevi muitoooo, mas acho que tinha que ser assim por tudo que aconteceu nos últimos posts. Resumidamente a gente tá tentando achar um meio de se manter juntos mesmo depois de tudo que aconteceu. Então fica aqui meu textão uhauhauha acho que daqui o post segue para casa dos Algozes e se não respondi tudo certinho ou com lógica desculpa
@Bastet não sei se consegui responder tudo de maneira que a Sam entenda, mas basicamente é isso mulher e boa semana pra vocês pessoas. <3
@Bravos e
@Wordspinner inté