ON - Desbravando as Brumas

Oktai Ide

Os olhares e comentários não incomodaram Oktai. O samurai tinha passado mais da metade da vida fora de Rokugan, cumprindo ordens do imperador,  o que o fez se acostumar a ser visto como um estranho. Em contrapartida, também não atenuou a expressão séria que habitualmente mantinha.

Passou pela porta e, enquanto caminhava, refletia sobre a missão confiada ao grupo. Descobrir os detalhes e origem daquele reino, agora que tinham chegado à primeira cidade dele, não parecia uma tarefa simples.

Não muito tempo depois de deixar a estalagem, ouviu passos se aproximando e virou rapidamente, empunhando a katana, mas relaxou ao ver que era Krystofor. A igreja fazia parte dos locais que Oktai planejava conhecer, assim, ele aceitou o convite, assentindo com a cabeça. Talvez o sacerdote local pudesse ajudá-los ou, ao menos, fornecer informações relevantes que auxiliassem na missão.

Oktai Ide

Oktai caminhava pelas ruas seguindo os passos do sacerdote e achou prazeroso que elas estivessem desertas. Certamente não encontraria um vendedor de cavalos, mas, em compensação, também não havia o risco de serem furtados.

Os últimos dias não tinham sido confortáveis. Por mais que Oktai estivesse acostumado a uma marcha rígida, pois essa vivência era necessária entre aqueles que combatiam em nome do imperador, a experiência enfrentada na floresta amaldiçoada havia causado pânico real no samurai. Já fazia mais de um dia que tinham chegado a Teufeldorf, e somente agora tal pânico começava a se dissipar do coração de Oktai. O período na estalagem, uma boa refeição e uma cama relativamente confortável ajudaram no processo.

Caminhar em direção a igreja local o fez lembrar dos shugenja da sua terra, que conheciam orações poderosas a serem dirigidas aos kami e, assim, manejar poderes impressionantes. Ao pensar em Rogukan, Oktai também se lembrou de sua esposa e filho. Pensou com carinho em como ansiava pelo reencontro com Chabi, a maneira como desejava fazer amor com ela novamente, sentir o calor de seu corpo e o toque suave de sua pele. Imaginou como Zhenjin já estaria crescido e correria ao seu encontro quando ele retornasse triunfante. Além disso, ansiava por receber Xuanzang em sua yurta, onde os dois se sentariam para compartilhar chá salgado, e o velho amigo ouviria cada palavra, cada detalhe das estranhezas e maravilhas que ele tinha conhecido nesse reino misterioso.

Todos esses pensamentos haviam feito Oktai se perder, ou ao menos foi isso que ele pensou quando se viu envolta da névoa, sem nenhum dos sues companheiros por perto. As afirmações da voz despersonificada atingiram profundamente o samurai que, ao se ver naquela situação, sentiu mais uma vez todo o temor que teve na floresta amaldiçoada.

- Revele-se, covarde! - Gritou severamente. Empunhou a katana pronto para usá-la na primeira coisa que se mexesse - Revele-se e vamos acabar com isso!

Como resposta, um enxame de morcegos partiu em sua direção. Tentou acertar todos aqueles que estivessem a seu alcance, descontando toda sua raiva e medo em cada golpe.

Então a nevoa amenizou e Oktai voltou a ver Krystophor e Denna.

- Covarde... - Sussurou, ainda ofegante, embainhando a katana.