- Trilha Sonora:
Aezhlyn se encontrava em um ambiente iluminado apenas pelas luzes neon coloridas. O único som que ouvia era a música rápida e alta. Tratava-se de uma daquelas festas de modelos bastante comuns, onde a garçonete trazia bebidas e cocaína em uma bandeja, empresários importantes "negociavam" com jovens talentos em ascensão em quartos privados, de onde saiam com os corpos úmidos de suor pós coito.
OFF: Pode decidir o motivo de Aezhlyn estar neste local. Talvez tenha sido convidada por algum agente importante? Talvez queira fisgar algum peixe grande e conseguir algum favor? Cumprindo um Favor para Lilith (talvez algo relacionado com o vídeo abaixo)? Talvez apenas tenha caído lá de paraquedas? Você decide. Pode decidir como ela age no local, e em seguida, segue a cena abaixo:
Em certo local do ambiente, a Lilim podia perceber um grupo de modelos e um empresário assistindo algo em uma gigantesca Smart TV na parede. O empresário trazia consigo um pendrive, cujo conteúdo dizia ter sido encontrado nas profundezas da deep web, mas não deixava de ser interessante. Assim, ele chamava a atenção de todas pessoas próximas para o que seria um vídeo bastante revelador:
No começo, o vídeo estava granulado, mas acabou por assumir uma imagem sólida, cristalina. As pessoas do vídeo se pareciam com um anjo caído ao chão, preso em estranhas correntes e cinco demônios zombando, todos em suas formas verdadeiras (algo bastante bizarro, pois em teoria, câmeras mortais não eram capazes de captar celestiais em suas formas verdadeiras).
O anjo, porém, parecia transitar diversas vezes entre sua forma celestial e sua Veste humana. Ele fechava os olhos com tanta força que as veias em sua testa pulsavam azul e sua pele queimava em vermelho. Pouco antes de seu rosto ficar completamente vermelho, sua concentração quebrou e seus ombros caíram em um
semblante de derrota.
“Eu não aguento,” o anjo de asas douradas ofegou para seus captores. A frase foi uma deixa para eles abandonarem seus semblantes demoníacos e assumirem suas formas humanas.
“Pronto, não foi tão difícil, não é?!”- Um dos demônios sussurrou, escovando mechas de cabelo dourado da testa do anjo de forma aparentemente carinhosa.
"Apenas terminem logo com isso", ele gemeu. “É insuportável. Eu... eu tenho um buraco em minha alma.". O demônio apenas riu e deu-lhe um olhar sombrio:
"Desculpe, canarinho", disse um demônio em Veste feminina, cobrindo o sorriso com uma mão e acariciando o ombro do anjo com a outra. "Sério, essa foi engraçada, ‘buraco na minha alma’ "– ela ri. "Isto soa como uma letra de música brega. Veja aqui, senhor", ela sussurrou. "Eu tenho uma cratera em minha alma." - Dizia, colocando a mão dentro de suas roupas íntimas, tocando a própria genitália, enquanto murmurava uma Canção de Encanto no ouvido do anjo, minando sua força e, ela esperava, acalmando sua raiva. Ele caiu de volta ao chão, olhando para suas mãos.
“Eu quero te destruir,” ele confidenciou. “Eu quero envolver minhas mãos em torno de sua cabeça e apertar até que minhas palmas se encontrem.” - A demônio sorriu debochadamente.
"Eu sei, querido, eu sei."
Ela estreitou os olhos, afastando qualquer afeição.
"' Um buraco em sua alma, diz você, Miguelita?!" - disse ela lentamente - "Há um vazio em todos nós, pois nosso Criador nos fez assim propositalmente. Ele nunca esteve do nosso lado. Diga isso para mim, Max. Repita isso para nós, e o sofrimento irá acabar."
O anjo mordeu o próprio lábio com força suficiente para sangrar enquanto sua testa se enrugava como se ele lutasse consigo mesmo. A todo momento, ele evitava olhar nos olhos dela.
“Diga por mim,” ela disse severamente. “‘Há apenas um buraco porque assim Ele o quis.'”
“Há... a... apenas um buraco. . . Porque... "
“Por que há um buraco, querido Maxie? Você sabe o porquê”
Olhando fixamente para frente, sua respiração desacelerou.
"Vá em frente", disseram os demônios em conluio.
“Só há um buraco porque Ele quis assim... pois Ele não me ama...” ele repetiu, ombros caindo ainda mais. Ele balançou para frente e para trás, os olhos vidrados e os dentes rangendo, murmurando a frase repetidamente como um mantra. Então, de repente, ele parou.
Ele pareceu emergir de seu devaneio, saindo de sua névoa protetora e estupor. Ele olhou para os demônios e então seus olhos se abriram como se tivesse acabado de experimentar uma revelação horripilante.
"Eu fiz isso...", disse ele, sua voz trêmula com angústia. "Eu sou mau. Eu sou fraco. Não, eu realmente gostei de dizer isso, foi libertador. Você estava certa,
eu sou atraído pelo mal. Eu não posso mais ser um Miguelita.” Ele olhou para seu corpo como se nunca o tivesse visto antes, sentindo a evidência física de sua corrupção, mas então ele abriu as mãos, escorregadias com o sangue dos estigmas no peito, vermelhas como as mãos de um assassino.
"Ei, ei, calma querido..." - Ela o tocou, tentando acalmá-lo como fizera tantas vezes antes, mas seu toque apenas aumentou seu tormento.
"Fique longe de mim!" ele gritou, batendo no braço dela. O movimento violento o desequilibrou e ele cambaleou para trás, seus pés emaranhados com sua cauda vestigial flácida. Ele caiu no chão, gritando com uma raiva louca tão avassaladora que a demônio sedutora finalmente percebeu que poderia estar em perigo.
“NÃAAAAO! EU ESTOU CAINDO!" Ele se contorceu de dor e terror, tentando se levantar e depois desmoronando em um amontoado patético no chão. "Eu Caí! Por favor, me ajudem!"
A demônio hesitou por um momento, olhando para seus comparsas, que confirmavam com a cabeça, sorrindo satisfatoriamente, e então segurou a mão do antigo Miguelita para puxá-lo do chão. Ela retomou seu tom suave, como se estivesse falando com uma criança que tem medo de monstros.
"Venha cá querido. Você acabou de Cair.” Ela tinha ele a meio caminho de joelhos, soltando seus grilhões, quando ele tombou de novo como uma boneca de pano.
"Eu Caí", ele gemeu.
"Não seja tão bobo", ela repreendeu. "Quem disse que isso é tão ruim assim?!"
De repente, ele saltou do chão, agarrando-a pela garganta com duas mãos com garras. “É tudo sua culpa,” ele disse para seu rosto em pânico, sacudindo-a impiedosamente, mas os outros demônios o separaram dela, e, com lágrimas de sangue escorrendo dos olhos, ele finalmente assumiu: "Não, é tudo culpa minha!"
Eles o soltaram e ele se ajoelhou, levantando-a como se ela estivesse sem peso, então, com um movimento explosivo mais poderoso do que qualquer humano poderia produzir, ele a arremessou através do quarto. Ela bateu contra uma parede, seu corpo batendo no chão onde estava, totalmente imóvel abaixo de uma chuva de gesso sangrento. Os outros demônios tentavam detê-lo, mas, agora solto, ele era mais forte que os dois juntos.
O anjo gritou a plenos pulmões, assumindo finalmente sua forma verdadeira de vez, asas coriáceas de aspecto letal brotando de suas costas. Uivando, ele atacou a sala, batendo no ar com suas novas asas, esmagando e rasgando objetos como uma fera presa. Ele soltou um grito medonho, despedaçando tudo o que ainda estava intacto. Cacos de vidro voavam pelo ar, enquanto ele colocava para fora a violência de sua dor e angústia, beirando a loucura.
Ele se jogou em direção à porta, estilhaçando-a com a força de sua fúria. Então ele desaparecia na Cidade dos Anjos.
A fita acabava, deixando todos boquiabertos sem entenderem nada...