_______________________________________ARCO 1 - UM POUCO DE CONHECIMENTO
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PLANALTO ARIDO
| - As coisas são como são. Há apenas uma pergunta que eu sempre me faço, e agora faço a você também: Você é predador ou presa? |
Dima estranha a pergunta, e faz cara de insatisfação. Ela faz um bico e cruza os braços.
| “Que pergunta é esta, Thri-Kreen? Predador ou presa? Sou uma humana, ora essa! Não faz nenhum sentido este tipo de coisa... Bah, estou perdendo meu tempo!” |
| - Não há uma cadeia natural que diz quem eu como e quem me come. Algumas criaturas poderiam me matar, mas enquanto não conseguirem, tanto eu posso ser o predador dela quanto o contrário. Posso não ser mais forte que algumas criaturas, mas às vezes, habilidade, inteligência e coragem são o suficiente para vencer. Se você achar que é uma presa, basta deitar-se e esperar que uma criatura qualquer seja seu predador. Mas enquanto eu puder lutar, eu vou me levantar e ser o predador contra qualquer ameaça que encontrar. O que você fará, Dima?
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As palavras de Kriket aos poucos vão fazendo sentido para a jovem, que descruza os braços e muda sua expressão. Nunca tinha pensado nas coisas desta maneira, sempre com uma ideia fatalista, de que as coisas eram um sofrimento imutável, e o que era ruim, se tornava pior depois. Tinha sua família, e depois foi abandonada, sua mãe morreu, ficou sem casa, passou fome... Mas em nenhum momento Dima agiu como presa! Ela lutou sempre, foi atrás do pai, viveu nas ruas, libertou-se da escravidão com seus companheiros!
Ela volta seu olhar para Kriket.
| “Sou uma predadora. Nunca vou deixar de lutar, Kriket.”
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Ela então faz um gesto de agradecimento, que aprendeu com o pai quando pequena. Dima se ajoelha, a fronte voltada para baixo, e os braços cruzados a sua frente.
Um agradecimento Thri-Kreen.
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| -Eu prometo que voltarei depois que isso se resolver e levarei você comigo para seguir minha jornada solicitada pelos espirítos da natureza, por isso precisaremos nos fortalecer ainda mais para vagarmos neste mundo sozinhos, até que alguns filhos venham para completar nossa felicidade. Eu voltarei para você Rikas e ficaremos juntos, é uma promessa.
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Rikas sabia que naquelas terras, promessas eram muito difíceis de serem cumpridas, mas ela acena com a cabeça.
| “Sim, ficaremos juntos... Vamos lutar para isso.... e que estes breves momentos que passaremos juntos nos deem força para alcançar algum dia nossa união tão desejada...”
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Novamente os dois se beijam, e vão de mãos dadas até uma das carroças. A noite era fria, mas seus corpos estavam quentes.
(...)
Os dois estavam sobre um cobertor estendido, em meio aos mantimentos e provisões rapidamente afastados para dar lugar. Rikas, que estava com a cabeça recostada no peito de Gibdin, suspira. Ela da um rapido selinho no amante e diz,
| “A viagem ate o Oasis do Descanso parecia estar durando uma eternidade, mas agora, me parece que está próximo demais, queria ficar mais tempo com voce, Gib... Escuta, o grupo de vocês vai ficar no Oasis? O que pretendem fazer? vão se estabelecer por la? Bem, só sei que se forem para as cidades-estado de Urik e Tyr, é possível que sejam escravizados novamente... Se bem que como vocês não foram marcados ainda, não tem como saber que são ex-escravos.”
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A mente de Kalash ao ver Dakali se abriu, e milhares de coisas se passaram pela sua cabeça, e o tempo pareceu correr mais devagar. A garota de pele branca se aproximou com um sorriso no rosto, um sorriso meio envergonhado, mas num rosto decidido.
| Kalash: - Sim, você é bela. A maior beleza que vi em toda a minha vida, pensa Kalash, mas sem verbalizar.
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Dakali fica com o rosto mais corado.
| “Voce não disse o resto, mas eu ouvi...”, pensa para si.
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| Kalash: - Sim, há mais do que habilidades em meus interesses por você. Porque você é a criatura mais extraordinária que eu já encontrei e eu sinto que desejo ter você ao meu lado pro resto da vida, pensa Kalash novamente.
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Dakali leva a mão sobre a boca, para esconder um sorriso.
| “E isto tambem...”, pensa para si.
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| Kalash: - Por que pergunta, Dakali?
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Dakali chega próximo do meio-elfo, e nada diz. Rapidamente ela le a mente de Kalash, e quase sente o próprio coração destroçado pela sua insegurança. De fato viveram em mundos diferentes, uma com a educação nobre e abastada, outro com a educação da violência e pobre.
A jovem aproxima a mão delicada no peito forte do homem a sua frente, musculoso e cheio de cicatrizes. Ele teve uma vida sofrida... mas ela também teve. Ele, a opressão do mais forte, ela, o isolamento.
Dakali, que estava cabisbaixa, fixa seus olhos azuis nos olhos de Kalash. Olhos que tinham visto a violência do mundo, olhos experientes.
| “Por que pergunto? Sei que voce tem a liderança em seu sangue, vejo isto nos seus olhos, assim como vi em minhas visões, voce, Kalash, liderando exércitos! As pessoas dizem que voce só se interessa no que a pessoa sabe fazer, que voce ve as pessoas como objeto. Eu não penso assim... voce é um líder que se preocupa com cada um de nós, e para garantir nossa sobrevivência, nos organiza da melhor forma possível. Por isto escapamos da escravidão, atravessamos o deserto, enfrentamos os tubarões e vencemos o vorme.”
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A mão de Dakali se afasta. Ela fecha os olhos, respira fundo, e abre novamente. Seus olhos brilham a luz do luar.
| “Assim como não me importo que peça pelos meus poderes, eu não me importaria se pedisse por mim.”
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