Not Alone - A Segunda Caçada.

Denis já tinha visto coisas estranhas na vida, parou e bebericando a chícara de café observou calmamente o "paciente" de Dickson...

—Interessante...

...mas o que o deixava sem compreender era exatamente como aquele sistema funcionava, sem sangue pulsar, mas ainda assim se movendo. O que não compreendia bem, parecia ser onde não deveria comentar e sim no que lhe era pertinente mostrar-se útil, mesmo que em um detalhe mínimo. Como por exemplo uma alimentação balanceada para todos.

—Preparei um café da manhã na sua cozinha, Doutor, caso esteja com fome. Quanto à criatura, parece um Caramazotz das lendas maias. Interessante que estamos em San Diego, que antes de ser tomada pelos americanos, era território maia... Parece que as crenças eram de certo modo reais

Voltando-se para Arthur Fleck.

—No Popol Vuh, a Bíblia dos Maia, os Camazots são os monstros parecidos com morcego encontrados pelo herois gêmeos Hunahpu e Xbalanque durante sua entrada no Inferno...Submundo chamado por eles de Xibalba. Os gêmeos entraram no submundo para se vingar da morte de seu pai, primeiro foram atacados por morcegos e então por um homem-morcego, o Camazotz.

Virando de novo para o vampiro continuava.

—Para eles os Caramazotz são descritos como criaturas aladas que se alimentam do sangue dos vivos. Dizem que são responsáveis por numerosos desaparecimentos e mortes inexplicáveis na região. Arthur, consegue dizer se... foi uma dessas criaturas que atacou sua família?

E bebia o café de novo, aguardando que o ex-policial respondesse. Wilson sentia certa ironia em pergutar para um agente da força do estado se ele viu um suspeito.

Denis quase começou a sentir pena da criatura capturada e por um momento se recordou de Santa Mônica quando caçou um lobisomem de pelo branco e sua namorada vampira, mas pouco pode se recordar dessa época confusa em sua mente pois seus pensamentos foram cortados pelo corvo, entrando pela janela como um tipo de mensagem de Edgar Alan Poe... Aliás , esse corte o fez pensar que ele não seria pego de surpresa diante de algo estranho antigamente...mas ele mesmo duvidava muito das coisas que via.

—Caramba... Morcegos e corvos...Faltam teias de aranha agora em seu calabouço, Doutor...

...ironizou tentando manter a calma diante de um fator completamente confuso diante de si.

—Que tipo estranho é esse de pombo correio é esse, Arthur?

Comentava vestindo o sobretudo de novo, pouco depois de deixar a xícara de café de lado enquanto se aproximava para ouvir Fleck falar enquanto via Kwan chegar na sala.

—Você deve ser Kwan, ouvi falar que você tem bons... contatos, estou certo? Pode me chamar de Denis... Se puder nos dizer quem é John, eu ficaria bem feliz de descobrir.

Comentava vendo as expressões assustadas do incendiário e lascivo especialista em explosivos falando sobre o bilhete trazudi pelo animal que chegou.

Enquanto se arrumava ajustou nos bolsos da calça as barras de proteína para depois, os vidros de sal e pimenta e o pé de cabra por baixo do casaco que cobria o corpo, só então se aproximou para apertar a mão de Kwan.

—Esse é Arthur Fleck, um sujeito feliz em ajudar, você vai gostar de ter ele ao seu lado...

E enquanto dava mais um sorriso cínico e gentil esperou a reação do rapaz se ia o cumprimentar e que Daniel ou desse alguma resposta para Arthur.

Denis ao ver que seu aliado e Kwan deixavam o Doutor e ele para atrás se perdeu em pensamentos olhando para criatura presa...
...sentiu um pouco de remorso, depois pensou sobre ter conseguido alguém tão louco quanto ele por dicas de uma aliada e voltou-se novamente ao médico.

—Me diga, Doutor... Minhas fontes me informaram que o senhor esta conseguindo algum... "resultado especial" com o sangue do Caramazot... Pode me dizer qual é?

Perguntou enquanto olhava para os demais se afastando e esperando respostas.

Sua mente o fez viajara até o dia em que conheceu Shooter.

A chuva definitivamente não ajudava a dupla a chegar até seu destino final. Havia uma adrenalina comum para Denis, sua vida era perturbada por aquelas alucinações, mas apesar de acostumado ele não gostava. O frio da chuva começava a fazer o corpo de Denis tremer, ele estava com muito frio e uma baforada branca saía de sua boca. Não demorou até que ele chegasse até o seu carro. Todos os carros paravam de tocar seus alarmes e ao olhar para os lados a moça havia desaparecido, assim como a criatura.

Ele entrou no carro um pouco mais calmo e teve um momento para puxar o folego, um novo susto lhe foi pregado quando subitamente a moça abri a porta do passageiro do carro. Ela tinha uma pistola na mão, ele não sabia dizer qual era ou se estava carregada. Ela se encolheu devido ao frio e disse.

Shooter: — Me chame de Shooter se precisar. Mas acho que não vai. Se a gente continuar noobão desse jeito um de nós vai estar morto até o fim da noite.

Denis então liga o carro. Que funciona na terceira tentativa. Os dois podem aproveitar para descansar um pouco. A moça enxuga os longos cabelos ondulados e molhados. Mas, não abre a janela de modo algum. O carro então começa a sair em direção a estrada. Tudo está bem se não fosse aquela chuva terrível que dificulta qualquer motorista.

Shooter: - Tá legal! Eu vou te contar a forma resumida do que está acontecendo. Você é um cara "especial" e eu também. Nós podemos sentir um ao outro e isso que nos ajudar a não se foder todo pra aquelas coisas que você viu. Aquilo é um reflexo da merda que tá acontecendo nessa cidade. Essa cidade é super "especial" e por isso os caras maus estão tentando tomar ela pra eles. Quando eu digo caras maus quero dizer De...

Antes que ela pudesse completar a conversa. Uma colisão entre o carro e alguma coisa força o carro a perder o controle. Denis tenta manter o controle do carro mas é difícil. O carro saí da estrada e fica no meio do mato perto da algumas arvores, uma fumaça saí do carburador do carro. Denis está bem.  Mas, a moça parece ter levado a pior. Estava desacordada em com um pedaço de vidro enfiado no estomago.


"Shooter."

Que tremenda ironia.

Um pedaço de vidro atinge atirado do parabrisa.

Sangue... freios falhando...
Ela dizia que  estamos inseridos no "mal".

Pouca coisa trazia memória depois disso...
Cada um ao redor parecia também pouco preocupado em compartilhar informações , então forçava um pouco para falar com quem ainda estava na sala.

—Fale-me , Doutor... há alguma cura que esta no sangue dele?

E enquanto se recordava de Shooter ferida com vidro, friamente tomava outro gole de café quente em uma porcelana que parecia própria para um chá.