Capítulo 2 - A Entrada para o Subterrâneo

A discussão a respeito da drow teria que ser feita em outra ocasião. Todos percebem a emergência da situação e até mesmo Kalilah precisa engolir os seus temores para que o grupo alcance o seu destino. Às pressas, os sete aventureiros se acomodam na carruagem da Senhora Alustriel. Com um comando quase instintivo, os cavalos de fogo iniciam uma corrida e aos poucos suas patas deixam o solo para cruzar o céu em sua velocidade espantosa, deixando um longo rastro de fumaça pelo caminho.

Em questão de minutos a carruagem estava sobrevoando a cadeia de montanhas, e foi quando todos avistaram a criatura de tamanho descomunal caminhando em passos lentos pela paisagem. Uma devastadora nevasca parecia acompanhar a criatura por todos os lados, num raio de quase trezentos metros. Aquela coisa era o motivo do terror que causara em brantas e tigres dentes-de-sabre...

- ALI! - Morwen gritou para todos, apontando num ponto lá na superfície. - Ali é onde fica a passagem para o Subterrâneo! Precisamos ir até lá imediatamente!

A drow havia reunido o resto de suas forças para dar o grito de ordem. Havia ficado claro para todos a montanha em que ela apontara, e Kalilah não lembra de ter dado o comando à carruagem, mas ela foi de encontro ao local indicado. Os cavalos corriam em diagonal em pleno ar; o vento se intensificava cada vez mais, pois em questão de alguns metros eles adentrariam as geadas provocadas pela criatura colossal. Era inevitável. A carruagem parecia ter entrado num turbilhão de ventos incessantes, neve e frio... muito frio. A pele começou a congelar, os dedos desprotegidos perderam qualquer sensibilidade, uma pontada de dor começava a tomar conta de todos eles quando de repente o fogo da carruagem pareceu se reacender e ganhar vida, se transformando em alguns pontos em verdadeiras chamas emanando calor. O calor era suficiente apenas anular parcialmente o frio...

Enxergar através das geadas era um exercício de extrema dificuldade, mas Kalilah, à frente de todos, foi a primeira a ver a porta de entrada de uma caverna. A carruagem se dirigia para lá, mas ela já não tinha mais a velocidade de antes, era como se o vento estivesse agindo como um peso contrário à direção que tomava. Os aventureiros viram a criatura se aproximar. Ela virou o rosto em direção a eles, os seus olhos brilhavam em vermelho, o que parecia ser o seu braço se moveu em direção à carruagem. E então foi tudo muito rápido.

A carruagem conseguiu adentrar na caverna um segundo depois da mão colossal do tamanho de uma montanha atingir a própria montanha à qual eles acabaram de aterrissar. Foi um choque estrondoso e violento, e rochas voaram para todos os lados... A carruagem tombou em algum ponto, os corpos caíram uns sobre os outros... havia uma espécie de rampa profunda por onde eles todos começaram a cair, com rochas e mais rochas desmoronando do lado deles. A descida era íngreme e pareceu ocorrer uma eternidade até a avalanche em que eles se encontravam cessasse num turbilhão de fumaça e poeira. Todo o som pareceu se encerrar com a queda de uma última rocha.

Ninguém sabia direito o que tinha acontecido, mas aparentemente eles estavam a salvo, ainda que todos tenham se machucado na queda e no desmoronamento. Estava breu lá embaixo. Acima deles, àqueles que enxergavam no escuro, viam apenas uma massa escura cobrindo a passagem pela qual eles entraram. A montanha provavelmente havia desabado, pelo menos boa parte dela, e com isso a entrada foi bloqueada por algumas toneladas de rocha.

A boa notícia naquilo tudo é que eles estavam, enfim, no Subterrâneo de Faêrun.