SONHO escreveu:“Agatha...Acorde!”
Imagens turvas surgem, era tudo disforme e embaçado, fragmentos de memória de uma criança de quatro anos de idade, ouvia um zumbido alto, as luzes piscavam sem parar, gritos e tudo tremia, o barulho do metal se contorcendo, um estouro e mais fogo...a voz de sua mãe ecoava ao longe
“Agatha querida...Acorde!ACORDE!!”
Os olhos de Agatha se abriam , sua respiração era acelerada, sentia o seu coração bater forte no peito e a sensação é que ele iria saltar para fora a qualquer comento, sentiu a blusa colada ao corpo devido ao suor, encarou na parede do quarto de motel um feixe de luz oval que surgia e desaparecia em intervalos de segundos, seu corpo estava paralisado recusando-se a obedecer a ordem mental para se levantar, então vagarosamente seu corpo se erguia e Agatha sentava-se na beirada da cama, ainda encarando o feixe de luz por alguns segundos. Respirou fundo e olhou para trás, o feixe vinha da janela e atravessava um ventilador o que causava a alternância da luz na parede. Era de manhã, e havia dormido mais do que planejou, fungou e levou as mãos aos cabelos prendendo-os em um coque, levantou-se ainda zonza de sono e se dirigiu ao banheiro.
A água atingia seu corpo e como mágica parecia aliviar a tensão que estava agora pouco, manteve-se ali pensativa sobre o pesadelo, ela sabia que aquilo poderia apenas ser um truque da sua mente ou o fragmento de um trauma, não importava ela nunca lembraria daquele dia e nem desejaria lembrar apenas terminou seu banho e deixou seu quarto, precisava comer antes de ir ao encontro do Detetive Gates, havia sido difícil marcar um horário e não iria simplesmente estragar a oportunidade com um atraso inconsequente, mas pelo relógio tinha tempo para parar em algum lugar e comer.
Estacionou a moto na frente do prédio onde ficava o apartamento do detetive, caminhava pelo corredor do andar enquanto olhava o número do apartamento no celular e comparava ao numero nas portas, foi então que parou em frente a uma porta com o nome do detetive gravado. Respirou fundo e bateu forte trs vezes, ninguém respondeu, olhou em direção de onde veio e novamente para a porta, bateu mais três vezes
.-Detetive Gates, aqui é a...Agatha Diamond...nós...nós nos falamos ao telefone…-Ninguém respondeu, Agatha se afasta dois passos da porta , e olhava seus pés, sua perna balançava impaciente, olhou novamente para o relógio, já havia passado alguns minutos, ele talvez tenhas aido para comprar um café ou passou a noite investigando e desmaiou de cansado na cama, mas ela não voltaria outro dia, então bateu mais três vezes, dessa vez com mais força e para a sua surpresa a porta se abriu.
A jovem olha pela fresta da porta atrás de movimento, mas nada acontece, verifica os arredores procurando a presença de alguém no corredor, mas ao ter certa que ninguém estava olhando entrou no apartamento, fechando a porta ao entrar. Andou alguns passos encarando o lugar, havia um local reservado, provavelmente onde ele atendia os clientes, uma escrivania, várias pastas, estantes e armários de arquivos. Olhava o que havia em cima da mesa e se assustou quando o telefone tocou colocando a mão no peito. Ouviu atentamente a mensagem e ao ouvir o tom de desespero da moça e o que havia acontecido com ela seu semblante mudou totalmente, respirou fundo pra tentar esvair a raiva e pegou o celular pesquisando sobre o caso e sua revolta e senso de justiça só aumentavam.
"Monstro..."-Pensou alto enquanto guardava o celular e fuçava as coisas do detetive sobre a mesa talvez tentando achar algo sobre a organização criminosa que destruiu sua vida, mas um novo susto, a porta se abriu e no reflexo jogou uma pasta novamente sobre a mesa e virou-se encarando o homem na porta.
-Desculpe...eu não estava..é que a porta...eu sou Agatha, Agatha Dimond, nós nos...falamos no telefone...é um prazer conhece-lo detetive Gates. -Agatha se aproximou para cumprimenta-lo. O homem era mais jovem do que haviam lhe informado e possuia um olhar penetrante, Sua voz era suave e dissimulada porém leve e gentil.
-Sinto informar que o detetive Gates está morto, foi durante uma investigação esta manhã, uma grande perda. Sou Presto MagnoAgatha encarava o homem da cabeça aos pés e se afasta um pouco ao saber que não se tratava do homem que procurava.
-Sei...você é detetive também? Vocês trabalham juntos?-Eu cuidarei das coisas do detetive Gates durante sua fatídica ausência, mas e você senhorita Diamond? O que faz aqui dentro? Invasão de propriedade é crime.Agatha , coloca uma mexa do cabelo atrás da orelha e pigarreia.
-Você me pegou...na verdade eu tinha um horário marcado e eu não invadi..tecnicamente a porta estava aberta -Agatha mostra a mensagem de texto de Gates com o horário e o endereço do local.
- Ele ficou de me ajudar na investigação sobre uma rede de tráfico de pessoas e prostituição….Ele..disse que tinha algo para me mostrar.Presto a ouve atentamente com as mãos dentro dos bolsos da calça. Caminha em direção a mesa de Gates e fala no mesmo tom calmo porém com convicção
- Neste caso ficarei com o número do seu telefone, darei uma olhada nas informações que ele coletou e se encontrar algo relevante entrarei em contato com você.
Agatha sorri com um sorriso de nervoso pela situação constrangedora e agradece a Presto indo em direção a porta, porém antes de fechá-la ela coloca o celular na fresta da porta tirando uma foto dele fechando-a em seguida. Foi um encontro estranho e a jovem poderia tentar achar algo sobre o tal Presto, porém a única coisa que ficava na se repetindo na sua mente era a voz desesperada de uma garota estuprada pelo seu professor 27 anos mais velho. Não era apenas estupro, era abuso de menor. Precisava fazer algo , seu instinto dizia isso, então bolou um plano…
TARDE
(Obs, a descrição do plano a seguir acontece em tempo real as ações de Agatha, imaginem ela narrando o plano enquanto as cenas do plano já em prática sendo aplicado )
O plano era simples, fingir ser uma estudante secundarista com interesse de entrar para a faculdade, isso a faria entrar no ambiente do local , provavelmente iriam designar um funcionário para inciar uma visita acadêmica ao complexo, Agatha não fingia o tempo todo, ela sempre teve interesse em cursar fotografia por isso sempre que tinha oportunidade fotografava o local. Quando finalmente ao passar pelo dormitório feminino Agatha aproveita pra questionar sobre o caso.
-Eu li no jornal o caso sobre o professor de matemática que estuprou uma aluna, isso foi verdade?A mulher olha assustada, mas começa a falar enquanto anda pelo corredor
-Sim...é sim. Horrivel o que aconteceu, muito triste mesmo. Eu era vizinha do professor Odera sabia? Era uma ótima pessoa educado, prestativo e sempre ajudava as alunas, o conhecia a mais de dez anos, muito triste….-Mas ninguém desconfiou das atitudes dele?-Agatha tentava não transparecer seu tom de revolta na voz.
-Eu vi as reportagens e ele permaneceu muito tempo ainda aqui antes de ser preso não foi?-Ah minha jovem, Odera era um homem com um currículo invejável, reconhecido foi a primeira vez que o nome dele esteve envolvido em algo desse tipo, é natural as alunas darem em cima dos professores para conseguir notas melhores e estágios. Então ninguém acreditou..até as provas saírem e serem confirmadas...Acharam sêmen dele nas roupas da menina. Isso que da se engraçarem para os professores, nunca se sabe se ele é um maníaco sexual.
-A vítima nunca tem culpa senhora…-Retrucou Agatha sem olhar para a mulher
A mulher olha sem entender muito e continua andar e e falar
- Odera era um homem casado e tem uma filha linda a Karen, sua esposa a Candence está extremamente abalada coitada…Agatha fica pensativa por um tempo e isso a faz ignorar o que a mulher falava a partir daquele momento, pensou em pedir o endereço do professor e conversar com a esposa, mas isso seria suspeito demais, então algo veio a sua mente, a denúncia de Sara acabou com a vida de Odera, perdeu o emprego, a família e a liberdade, se ele escapou, certamente iria atrás de Sara e por isso o desespero dela em sair do estado. O estado não fez sua parte em manter um homem como esse solto, castração química não o torna um homem melhor, ele iria atrás de vingança e Agatha é tomada por um senso de heroísmo( ou talvez vingança) que sempre a colocava em perigo.
-Vocês eram vizinhos então? Ele morava no...como é mesmo o nome do bairro….droga não consigo lembrar.-.Agatha fingia forçar a memória e estalava os dedos próximo a cabeça.
-Fica no Harlem, W 126th St pra ser mais exata, é um bairro bem complicado mas é ótimo morar lá, não é muito longe daqui e não demoro muito para chegar em casa ou vir trabalhar é ótimo…Ao ouvir o endereço Agatha aproveita o devaneio da mulher e a deixa falando sozinha entrando em um corredor que levava de volta para a saída da faculdade, marcou o endereço em seu celular colocando-o em um suporte que tinha na moto, ligou o GPS e colocou o capacete, a moto fazia um ronco grave, havia passado quase a atarde toda andando pelo lugar e ele era enorme, mas o tempo perdido era mais tempo que um estuprador estava na rua e poderia fazer mais uma vitima, mas Agatha não eixaria isso acontecer, o pneu desliza no asfalto do estacionamento e ela deixa o lugar na pressa rumo ao Harlem….
NOITE
O sol estava se ponto atrás dos prédios e as luzes da cidade se acendiam aos poucos. Era uma área residencial com casas germinadas características daquele bairro, estacionou a moto em um local seguro e afastado e caminhou por algumas quadras até o quarteirão onde ficava a casa da professora e consequentemente a de Odera, parou por algum tempo no lado oposto da rua, sob um ponto de ônibus, de lá olhava a casa e via uma mulher abraçando a filha, Agatha não tinha pena de Odera, mas sentia pela sua família, elas não mereciam isso. Foi então que percebeu algo estranho, percebeu uma luz refletida no vidro de um carro as uma frente, era a luz vinda de uma janela no prédio atrás, porém o lugar havia sido desocupado a muito tempo. Agatha olhou com estranheza e puxou sua câmera tirando uma foto e neste instante viu o vulto de alguém passar e a luz ser apagada.
Sua intuição lhe dizia o tempo todo que poderia ser o Odera, vigiando sua família, será que ela havia a visto, era um pesamento que lhe martelava a cabeça e a fazia subir as escadas com pressa tentando fazer o menos barulho possível, chegou rápido ao primeiro andar e caminhou até a porta do apartamento de onde viu o movimento, viu o culto de uma pessoa que pela altura era um homem, pegou sua câmera e focou e clicou no botão, o que ela não havia percebido era que com o movimento apressado havia ligado o flash acidentalmente, a luz tomou todo o lugar e Agatha pode ver, era Odera.
Assustado o homem saltou pela janela, Agatha se surpreende e se aproxima da mesma janela a tempo de vê-lo correr para longe do prédio.
-Droga..mas como ele….-Ela olha para trás e calcula o tempo que levaria para descer as escadas mentalmente e chegou a conclusão que não iria alcançá-lo , ela olha para baixo e novamente para trás.
-Você é louca Agatha…-Fala para si mesma antes de saltar pela janela, era uma queda de cerca de em mas um passo em falso e uma perna poderia ser quebrado ou pior poderia bater com a coluna e perder os movimentos das pernas, contudo não foi o que aconteceu, Agatha sentiu seus pés tocarem o chão mas não sentiu o impacto, sabia que devia dobrar os joelhos e isso amorteceu bastante a queda.
Apertou a alça da mochila no peito e iniciou uma corrida, ela corria todos os dias ao menos 10 quilômetros, era uma corredora eficiente e raramente ficava cansada e uma perseguição foi iniciada, Agatha corria com ferocidade, não queria perdê-lo de maneira alguma. Enquanto corria pegou o celular, falava com a foz trêmula, mas nada ofegante.
-911 boa noite, qual a emergência?-ESTOU PERSEGUINDO O FUGITIVO KENETH ODERA PELA W 126TH ST, NO HARLEM, SEGUINDO PARA O SUL EM DIREÇÃO A AVENIDA MANHATTAM, MANDE VIATURAS, RÁPIDO.Agatha não desliga o telefone mantendo a ligação eles provavelmente iriam rastear para verificar se não se tratava de um trote, e continuava correndo, torcendo para não perdê-lo de vista.