Quando Quan-Lei falou com ele, ele meneou negativamente.
- Não adianta dar conselho para alguém que não quer ouvir ou enxergar.
Deu de ombros, mas logo uma staff se aproximou. Shin estava começando a se encaminhar até que foi parado pela mulher. Aquela pergunta o deixava numa cilada. Ele era uma pessoa justa, mas não queria ser responsável pelo fracasso de ninguém. Como poderia sair daquela situação?
- Ahm...Houve um momento tenso, acalorado entre alguns candidatos, mas foi controlado. Não sei se chega a ser uma infração, sinto muito.
Omitiu, mas não mentiu.
No fundo, Shin estava sentindo que teria sido melhor contar a verdade e se livrar daqueles problemáticos. Mas, se nem quem tinha se envolvido diretamente na história tinha falado nada, por que ele seria o causador de maiores confusões?
Reverenciou a staff e pediu licença para seguir com Quan Lei.
- Quanto mais o tempo passa, pior fica essa história.
Encaminhou-se para a fila, voltando ao ponto demarcado – se era para esse lugar que tinha que voltar. Viu que a gêmea mais extrovertida acenou para ele e retribuiu com um meio sorriso, fazendo um gesto de "Fighting", mas sem gritar. Quan Lei falou novamente.
- Ah sim, tentarei colocar mais energia dessa vez.
Mexeu o pescoço de um lado para o outro e parou quando os jurados foram anunciados. Fez as reverencias necessárias e esperou para ouvir o que tinham a dizer. Será que a história já tinha chegado aos ouvidos deles? Pela expressão de Cha e do diretor Song, podia jurar que sim. Trocou um breve olhar com Quan e meneou negativamente.
O diretor se mostrou decepcionado com todos os envolvidos e logo a tal da Peach ergueu a mão e, indiretamente, acusou Seok Min-ki, o garoto que tinha se estranhado com Tae mais cedo.
- Que?
Falou baixo, sem entender num primeiro momento. Um verdadeiro alvoroço começou e todos os ânimos estavam exaltados, apontando para Minki como o culpado. Shin olhou na direção do garoto e, apesar de não ter concordado com a cena em que ele empurrara a menina no chão, não achava certo o que estava acontecendo ali.
Momentos atrás, ele tinha dito que não era um problema seu.
Contudo, ele não conseguia ficar quieto quando via uma situação de injustiça.
O que Tae alegaria? Ele sabia, melhor do que ninguem, que não tinha sido Minki, mas não sabia como a mente dele funcionava. Peach havia entregue de bandeja o grande vilão para o "nosso heroi".
Shin trincou os dentes, mas antes que qualquer um se manifestasse, a timida menina que caíra teve um ato de coragem.
Não, não achou burrice.
Foi corajoso porque se colocar na frente de outra pessoa para assumir a culpa era um ato de coragem. E ela, mesmo que nervosa, tentava trazer a responsabilidade para si. Ela ainda tentava defender Peach e pedia desculpa repetidas vezes.
Logo o menino baixinho que tinha se machucado na confusão, também se manifestou. Era o amigo dele, afinal! E, Eun-Ji também fez coro.
Porém, seria o suficiente?
Naquele momento, era a palavra de três corajosos desconhecidos contra uma "celebridade". Talvez duas, porque não sabia qual seria a resposta de Tae.
Teriam algum valor?
Shin achava melhor ter esperado a resposta de Tae, mas como Peach havia incitado os ânimos e parecia todas – com exageros, é claro – contra os três, ele falou em alto e bom som, do alto.
- Você não tem nenhum resquício de moral?
Sua voz era mais grossa pra falar e, do ponto de onde estava, talvez demorasse um pouco para chegar até ele.
- Acusar alguém assim, sem provas, é um ato covarde. A menos que você tivesse olhos no vestiário masculino para fazer qualquer apontamento, não deveria fazer esse tipo de acusação.
O olhar que ele lançou para Peach foi diferente da maioria do que ela estava acostumada a receber. Não havia nenhum tipo de encantamento, admiração ou deslumbramento. Era apenas o mais puro e profundo desprezo.
- O candidato Seong Min-ki não estava no vestiário masculino no momento da confusão.
Declarou e voltou o olhar para Tae para ver qual caminho ele seguiria.