A vida dentro dos muros nunca foi muito feliz. Nascido e criado como escravo, uns com um pouco mais, outros com um pouco menos de sorte, mas você nunca conheceu o que é ser um homem livre. Há dias que são menos ruins, mas a rotina é quase sempre a mesma. Dentro da cidade prisão todos os dias são parecidos, sempre há neblina, mas raramente chove.
Mas também há dias bem ruins. Tortura e morte estão nas ruas todos os dias, não raro por motivos banais. Às vez(es) com alguém que você conheceu. O trabalho forçado, as humilhações. O conceito de "justiça" não existe aqui. Hélius nem sempre brilha e a chuva não é para todos, e raramente chove.
Tudo é cinza (ou marrom ou preto), as casas são feias, as ruas são feias, a natureza é feia. Poucas são as pessoas que tem algum luxo, mesmo entre alguns donos de escravos. A fome e a sede, assim como o frio, são companhias conhecidas, as árvores raramente dão frutos (a maioria nem folha da direito), larvas e ratos são pratos típicos, e a chuva está cada vez mais rara.
Tão rara, mas tão rara, que até a parte pantanosa da cidade está secando, o que forçou os generais da cidade (são 7 os generais, os que estão entre os poderosos dos poderosos) a chamar uma caravana especial para buscar água em outra cidade. Vários escravos de vários senhores foram convocados, uma tarefa que reuniu mais de 2000 pessoas, e você (por um motivo aleatório ou não) está no meio destas pessoas. Os portões serão abertos pela primeira vez para um número tão grande de pessoas.
Vocês foram emprestados (ou tomados mesmo) de seus donos originais na noite seguinte, e levados para o castelo de Abyrrar, o general mais rico da cidade. São centenas de humanos e demônios, a maioria escravos, mas muitos capatazes também, e informados sobre a tarefa que vão realizar. Três generais se pronunciam.
O primeiro é Ehgosd, um diabo velho e enrugado, que faz um tedioso discurso de duas horas, em que vocês tem que ouvir de pé. Várias observações, ameaças, instruções... sua voz e discurso são tão chatos que vocês tem vontade de se matar no meio dele. Depois toma a palavra Aug, o Mutilador, sua voz não tem emoção, seu rosto não tem expressão, mas felizmente ele é bem breve:
- Sairemos de manhã, eu acompanharei a caravana, quem ficar para trás, eu cortarei os braços e pernas e darei para o resto comer, quem tentar fugir, eu cortarei os braços e pernas e darei para o resto comer, quem morrer, eu cortarei os braços e pernas e darei para o resto comer, quem fingir de morto, eu cortarei os braços e pernas e darei para o resto comer, quando chegarmos à outra cidade, poderão descansar enquanto carregamos as carroças, quando voltarmos para cá, serão devolvidos para seus antigos donos, espero que não tenham dúvidas.
Por fim aparece Abyrrar, um íncubo que poucos já viram, mas que todos conhecem a fama. Ao contrário dos outros dois, ele aparece sorrindo, e sua voz é amigável (talvez amigável demais) dizendo a todos:
- Meus amigos, não se deixem abalar por estes dois velhos chatos. Vocês foram escolhidos porque são especiais, e precisamos de alguém que trabalhe bem, e rápido. Não se acanhem, hoje são meus convidados, poderão comer e beber bem para se preparar pra amanhã. Não é todo dia que temos algo para fazer fora de nossa querida cidade, então alegrem-se!
Apesar de muitos não acreditarem no que ouvem, seu discurso alivia um pouco os presentes, e por mais inacreditável, ele realmente serve algo que vocês podem considerar um banquete: carne em abundância (vocês nunca pensaram em ouvir estas três palavras juntinhas), ovos, pães (e eles não estavam duros), água, leite, mais carne (algumas aves e outras que vocês preferem não saber do que era), grãos cozidos, grãos doces, algumas bebidas energéticas... vocês nunca comeram tão bem na vida, alguns choram de alegria.
Durante a noite dormem pelo jardim mesmo, apesar de dormir na grama (ou meio amontoados em cima dos outros) o descanso também é um dos melhores que já tiveram, vocês não sabem se alguma outra noite puderam dormir por tantas horas seguidas assim.
De manhã as carroças são preparadas por pipas enormes, elas são puxadas por semëks (semëk são lagartos enormes, do tamanho de um cavalo, são mansos, mais rápidos que bois, mais lentos que cavalos), vários capatazes se colocam a direita ou esquerda de vocês. Aug, o Mutilador, está com sua armadura imponente, vocês ainda recebem uma refeição antes de partir (não tão farta como de ontem, mas ainda farta e muito boa) e dão a cada um dois litros de água para beber antes de partir.
O grande portão é aberto, vocês veem a ponte do outro lado pela primeira vez, a maioria ainda não acredita no que vê. Os primeiros passos fora da cidade-prisão.
A paisagem de fora não é tão animadora, vocês estão num deserto, não é arenoso mas a terra é seca. Quilômetros de nada para todos os lados. Nada de árvores, nada de animais, nem mesmo mosquitos. Ainda assim, é a primeira vez que veem Hélius (a estrela principal) brilhar tanto, conseguem ver tanto Hélius Flava e até Hélius Blua (segundo sol), não há neblina aqui de fora, e o ar está mais "respirável".
Ao poucos seus corpos se adaptam a esta paisagem nova. Não demora para o primeiro escravo tentar fugir, e como prometido, Aug o alcança e corta seus braços e pernas, deixando-o agonizar no meio do nada. A viagem segue adiante.
Você não tem noção do tempo, mas já foram várias horas de caminhada, a cidade-prisão já saiu do campo de visão há muito tempo, e vocês continuam vendo somente terra e mais terra para todos os lados. Quando alguns demônios começam a ficar inquietos, avisando aos responsáveis pela caravana que algo estava errado.
- off:
- Vamos começar então. A primeira postagem de vocês é para dizer o que fizeram neste último dia (ou últimos dias) antes de sair da Cidade-Prisão.
O dia começou como todos os outros para vocês, fazendo ou sofrendo o que normalmente fazem ou sofrem sempre.
Por volta do meio-dia Abyrrar ou um de seus homens chegaram no seu dono ou dona e escolheram alguns escravos, e você estava entre eles. Abyrrar não precisa dizer a seu dono ou dona porque ele está tomando vocês deles, e também não importa se você estava trancado, escondido, isolado, o lugar onde estava simplesmente foi aberto, o homens de Abyrrar chegaram e levaram você, seu dono ou dona pode no máximo dizer algumas últimas palavras, mas não pode fazer mais nenhum mal a você.
Fiquem a vontade para descrever como foi a noite e a saída, podem acrescentar detalhes que eu não falei ou podem simplesmente comer, beber e dormir.
Independente do que forem escrever, depois passem no tópico de rolagem e rolem 1D12 para cada raio que escolheram.