4. Chegam visitantes: soluções ou problemas?

O Doc não estava chateado por ter perdido a chance com a garota (bom ele queria acreditar nisto, embora provavelmente era mentira) mas sim por Will estar atacando a garota. Enquanto os outros decidiam quem atiraria em quem, Alexandre agarra o desbotado pelo pescoço.

- Seu doido de pedra, o que caralhos pensa que está fazendo atacando ela assim? Não tem caráter?

O "sacode" foi o bastante para tirar a gatinha de lábios verdes do vampirismo (ou seja lá que nome se queira dar) do alma-penada. Ele nem chega a responder, e sai correndo pelas sombras. Doc não tinha segurado tão forte, e pra ser sincero nem estava tão interessado assim, não fazendo a mínima questão de ir atrás dele, estava preocupado com a moça.

- Me desculpe por isto tudo. Este.... mundo é uma droga!

Não haviam palavras inteligentes para ser ditas naquele momento, Doc apenas oferece um abraço sincero, se ela aceitar.

A cena tensa pela qual todos passavam pareceu ter chegado ao fim, aquele impasse estilo bang bang a italiana, terminou sem um único disparo. Aos poucos junto com o desaparecimento do Alma das vistas de todos, a tensão vai se esvaindo e as armas vão sendo removidas de seus alvos.

A jovem de cabelos verdes deixa os ombros caírem e aceita imóvel o abraço do doutor, seus olhos estavam marejados e uma lágrima descia por um de seus olhos. Sabe-se lá o que o companheiro deles havia feito com ela...

Quassia olhava para o casal como uma mãe olha para a filha, todos puderam perceber isso. Menos Raymond que neste momento passa pelo casal seguindo a passos largos para a porta da estação.

Fury que tentou seguir os passos de Alma, acabou por conta da ação de Raymond e do Doc o perdendo de vistas, iria demorar muito para encontrá-lo. E conhecendo bem o fantasma do lixão, ele era uma pessoa que te encontrava e não o contrário.

Haviam duas coisas que podiam ser feitas:

1. Colocar o gerador em funcionamento. Que com uma boa sorte ainda conseguiriam fazer. Ou,
2. Tentar desligar a ativação da estação.

"Níveis de energia baixos... Previsão para falência total dos sistemas 25minutos e 15 segundos... Deseja iniciar o protocolo de destrancamento?"

Doc Alex se recorda, que ele não deu o comando verbal para iniciar o processo de destrancamento das portas.

Alma se perde entre as sombras tentando decifrar tudo o que ele havia aprendido sobre Sharon, apesar de não ter sido exatamente o que ele desejara...

Com toda a confusão, Quasia vem pra cima querendo saber que porra foi aquela.

- Vou pedir para minha assistente acompanhar Sharon para a enfermaria junto com outras que precisem, depois falo com você, Quasia.

Porém, antes de dar tempo, Ray passa como um raio despejando a coisa toda.

- Tentamos abrir as portas do bunker no sul, mas não tinha energia. Vamos precisar arrumar isto primeiro para depois arrumar o resto!

Ray provavelmente grita algo tipo "e eu não sei disto", mas nem dava pra entender, pois já estava correndo.

- Danny! Já separou as pessoas que estavam piores? E o Junis, tá ajudando? Leve esta moça também, e não deixe ninguém entrar na enfermaria antes de eu ir atendê-los. Por ninguém, quero dizer o Will, se precisar use anestésicos nele, os homens da Quassia vão trazer mais depois.

Ele nem sabia o que eles iam trazer, se é que iam trazer algo, mas queria garantir que seria atendido.

Doc ainda estava com o cartão que Sharon lhe deu, e corre atrás do Ray, ele provavelmente deveria ter alguma ideia de fazer a energia voltar, mas todos estavam pensando na porra do portão. Doc ainda acreditava que esconder atrás das portas seria muito mais fácil, e funcionaria mais que fortalecer uma porcaria de portão, mas quem escutaria?

- Maldito daquele capitão que nos deixou aqui sem acesso. É cada vez mais claro que nos deixou para morrer. Inferno!

Ele grita:

- OH RAY, O QUE DIABOS FAREMOS COM O GERADOR? TENHO QUASE CERTEZA QUE NOSSA SOLUÇÃO É ABRIR AQUELA PORTA!

Doc e Ray chegam nos controles que abrem a porta do Bunker militar que o antigo Capitão utilizava como sua casa. Ray observa os botões e começa a verificar com os olhos de um engenheiro buscando as conexões e fontes de alimentação enquanto buscava uma forma de contornar aquele problema.

Olhando os monitores e os painéis indicadores dos sistemas básicos, quase todos vitais para que o local funcionasse. Eles estavam todos com os indicadores verdes o que era um bom sinal. Apenas o indicador de energia da porta de entrada estava vermelho. Ele pensava:

- Quem fez isto? O que foi feito mais recentemente com isto ou nisto? O que há de errado com isto e como eu posso consertá-lo?

Doc falava sobre o gerador que estava desligado, e que abrir as portas seria o mais importante para tudo. Quasia que seguira os dois, após gesticular para Doc afirmativamente sobre o tratamento de Sharon e também liberar "seu pessoal" para ajudar Fury.

- Esta não é a sala de controle do Capitão? Você vivia enfurnado aqui com ele Raymond!

Essa fora a deixa. Aquilo havia passado tanto tempo e foram tantas as ordens e reparos que Ray havia realizado para o Capitão que ele não ser recordava de todos os trabalhos. Mas observando bem o painel ele reparou num conector que já havia sido "consertado" por Ray. Afinal naquele tempo já eram escaços os recursos e a falta de um parafuso num espelho não influenciaria na funcionalidade estética do objeto.

"Droga eu fiz isso! Essa porta está boa! A alimentação deste lugar é autônoma EU MESMO fiz isso! O reator nunca parou! Essa foi uma armadilha que o Capitão pediu para que eu fizesse esse desvio no conector de energia da porta para dar um FALSO DEFEITO e afastar os inimigos do seu Bunker pessoal! Ora é só abrir esse espelho e conectar o plug de alimentação do sistema da porta!"

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Fury agora estava com os dois assistentes do lixão e com a metade das garotas de Quasia trabalhando no portão, quando uma delas fala com ele.

- Ei fortão! Sem ressentimentos, pensamos que aquele esquisitão fosse fazer mal a caçula de nossa família.

Era estranho ela falar aquilo uma vez que aparentemente ela era mais jovem que Sharon.


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Alma acompanhava a movimentação de todos: Fury e seu grupo seguindo para o portão; Raymond, Doc e Quasia retornando para o portão do Bunker que era próximo a enfermaria de Doc e finalmente Sharon acompanhada dos dois auxiliares de Doc e mais duas mulheres do grupo de Quasia. Motivado pelo seu desejo ele acompanha furtivamente o grupo que segue para a porta do Bunker.

Doc bate com a mão na testa.

- Sério mesmo? Mas que maravilha! - sarcasmo modo on - Aquele capitão tinha umas idéias muito interessantes. Como eu queria poder ressuscitá-lo só para matá-lo novamente. Então a gente tá se fudendo a toa? Beleza... Beleza... Respira... Tô de boa... Tô calmo... Ok. Certo. Como então a gente coloca a rebimboca do plug na caceta do espelho para resolver isto de vez? Precisamos deixar aberta para que, se por acaso conseguirmos ver ou rastrear do outro modo as máquinas vindo, possamos entrar e fechar rápido, para que, chegando aqui as nossas leituras de calor já não possam ser lidas. Não tenho mais certeza se a I.A. deles seria capaz de deduzir um esconderijo por uma assinatura fraca de calor do lado de fora da porta, caso demoremos a fechá-la, mas creio 80% que sem leitura de calor, as máquinas deduzirão que não tem gente perto.

As luzes e sons de alerta se desligam assim que Raymond reconecta o plug de alimentação, foi tão simples quanto conectar um equipamento na tomada. Os painéis de scanner com suas luzes verdes e vermelhas que haviam na porta do bunker se acendem e a iluminação fria das luzes daquele setor se acendem modificando a paisagem.

Refúgio, no passado hoje está muito mais acabado, só tem uma das 4 torres de pé mas os muros mesmo com buracos ainda resistem:

Os três nem se assustam quando Sombra, surpreendido com a iluminação, é revelado. Ruídos característicos de engrenagens se movendo são ouvidos, mas para Raymond aquilo soava como uma grande orquestra de instrumentos desafinados o que com certeza lhe daria muito, mas muito trabalho para afinar. Possivelmente quando o grupo de Quassia chegar e com sorte tendo ajuda qualificada de 4 ou 5 pessoas em 20 dias as engrenagens estariam tdas desempenadas, limpas de quaisquer sujeiras e ferrugem e desengrimpadas com os rolamentos lubrificados. Era um oceano de trabalho a ser realizado.

Na fortificação do portão o grupo seguia o trabalho.

Fury escreveu:— Caçula? A quanto tempo Quassia e vocês estão juntas?... Não deve ter sido fácil sobreviver lá fora...

- Já faz bastante tempo que me uni a Quassia. Mas não estava com ela desde o início, acho que ninguém está. Mas... - ela faz uma pausa, e Fury pode reparar que ela tinha alguns conectores também no corpo, assim como Quassia. - Mas, ela me ajudou a fugir do Laboratório. E desde então eu a acompanho para onde quer que sigamos. Isso já tem uns 6 verões. Sharon foi resgatada a pouco mais de 2 estações.

Off:

Alexandre observa as portas abrirem, contando os segundos para imaginar também quanto tempo demorariam para fechar.

Precisava pensar "cirurgicamente": quantas pessoas caberiam lá dentro, quanto tempo demorariam para entrar e quanto tempo para a leitura térmica de seus corpos serem apagadas do lado de fora, dando a impressão de abandono (ainda maior) do lado de fora.

As paredes eram satisfatoriamente grossas para isto. Como imaginou, uma maquina não conseguiria ver através delas, e a inteligência artificial (até onde sabia do tempo que trabalhava na WhitePaper) era programada para tomar decisões rápidas em leituras visuais, sonoras e térmicas do momento e não perder tempo esperando que algo mude num lugar abandonado. As máquinas pensavam rápido, mas não criativamente, esta ainda era a única vantagem do ser humano. Porém o fator humano estava sempre com riscos de cometer muitas falhas por motivos bobos, caso uma pessoa do grupo demorasse entrar no momento em que as sentinelas passassem por ali, ela seria pega e poderia fazer com que programações secundárias das máquinas fossem rodadas, o que procuraria outros aspectos secundários que eles podem ter esquecido, e seria ainda mais perigoso para todos.

Portanto, caso houvesse algum risco do grupo de Quassia ter sido seguido de alguma forma, ou mesmo se não foi seguido, mas se tiver algumas sentinela perto, era preciso treinar que estivesse por ali a seguir a risca instruções para se esconder.

Claro, seria preciso preparar alguma defesa também, mas se esconder primeiro seria uma medida mais eficiente a curto prazo, Alex torcia para que todos entendessem isto.

A torre que estava de pé serviria para observar de longe e dar o tempo necessário para avisar todos para correrem para dentro e fechar tudo, mas seria muito pouco tempo (a menos que dessem sorte das máquinas estarem no sistema de busca lento, mas não podiam contar com isto) portanto tudo precisava ser calculado. Mais tarde, se tivesse tempo, Doc podia até usar uma das poucas máquinas que sobrou no lixão com termômetro de grande área para tentar medir este tempo numa simulação. Sua ideia poderia funcionar, mas tinham que eliminar todos os "ses".

- Vamos, Ray, vou precisar fazer algumas contas, muitas na verdade, enquanto analisamos cada parte deste lugar... É muita coisa para levar em conta... Quassia, qual é o mesmo o número de pessoas que devemos esperar do seu grupo e quanto tempo de vantagem acha que podemos ter para ter certeza que não foram seguidos? Se nossa opção inicial for esconder, devemos pensar em termos de massa total de todos nós...

Como Ray era o com mais conhecimento técnico na questão de reconhecer a área, Doc iria atrás dele pensando na logística e ajudando na observações que fizesse.

Os quatro passam pela porta e descem uma rampa em curva de onde avistam um portão de aço mais a frente logo após um portal que ao cruzarem ouvem um ruído de um motor a altas rotações, mas o ruído era como uma abelha voando próxima ao ouvido.

Atrás deles uma porta de correr de vidro temperado se fecha, o ruído fica mais intenso em seguida uma lufada de ar frio vinda do teto sopra forte em todos. A iluminação que havia tomado uma coloração amarela volta a ficar branca.

- Dr. Alexander, técnico de manutenção Raymond, Paciente Q657 e Paciente X999 identificados, não possuem sinais de contaminação. Sistemas liberados. Olá Doutor.

A voz da IA da base era conhecida por Ray e Alexander, ela era chamada de Zora e a muito tempo ela havia sido desativada. Para ser mais exato quando os homens do Comandante haviam identificado que o ar de fora era respirável e não haviam mais motivos para que ficassem aprisionados no Bunker. Os dois, sobretudo Alex, sabiam que Alma fora um paciente, experimento da WhitePaper, mas Quasia era "livre" assim como eles.

A porta como de garagem se abre subindo dando a visão de um grande corredor, por onde poderiam passar dois tanques de guerra passariam lado a lado sem nenhum problema, e de altura tinha aproximadamente 10 metros. O corredor se estendia por quase 100 metros e possuía uma dezena de portas em ambos, bem como uma suave brisa era sentida.

- Acho que com o tamanho desta coisa doutor... não devemos nos preocupar se irá ter ou não espaço para todos... - disse Quassia.

Eles andam um mais alguns passos e avistam um terminal ligado com a face de uma mulher



- Sejam bem vindos Dr. Alexander e técnico Raymond. Pacientes seus sinais estão normais...