TIREL - Então ele é um Sen, daqueles enigmáticos que se sabe pouco ou quase nada e nada de direto se pode tirar?
Gaíla gargalha.
- Ai... ai... Acho que esta foi uma das melhores descrições que já ouvi sobre os pensadores Sen. Enigmáticos, com certeza. Talvez isto tenha influência minha, como espiritualista também estou envolvido com o enigmático. O mistério é um sedutor de olhos e pele escura... Quanto ao "nada de direto", também tem sua verdade. Os Sen adoram uma boa charada, um paradoxo ou um provérbio. Quanto mais nova eu enchia Silvan de provérbios, hoje olho pra ele e penso: "eu criei um monstro!"
Os Sen podem ser até irritantes algumas vezes, estão sempre estudando os piores erros das pessoas comuns: a ilusão, as falácias. Muitos acham ruim justamente por ser difícil enganá-los, e perto de um Sen, muitos também acham complicado enganar a si mesmos, por isto o rancor.Nergal e Tirel conversam brevemente. Ele diz ser de Verda Ero, o lugar tem suas lendas na Ilha dos Excluídos: segundo dizem, é (ou era?) o único lugar fértil na Ilha dos Exilados, embora fosse só um pequeno pedaço da ilha, deveria ser maior do que uma pequena cidade. Um lugar onde flores diversas e até árvores frutíferas cresciam. Porém Verda Ero não era um lugar para humanos, pois ficavam no meia da região dos lupinos, uma raça humanoide que, como o nome sugere, aparentam-se a enormes lobos e que não costumam ser amigáveis. Talvez Verda Ero fosse um lugar bonito justamente devido a humanos não irem lá estragar tudo.
Nergal combina de encontrá-la depois, e ainda pergunta se estaria interessada em visitar uma herbanária na manhã seguinte. O dia seguinte era uma Iniciadora, dia sagrado para seguidores de Anĝelina. Tirel fica de dar uma resposta depois.
No dia seguinte, Tirel não acorda muito bem, seu estômago pesava como uma pedra. Depois de passar um tempo na "casinha", ainda tem que ouvir seu gêmeo tirando sarro:
- Ma'bah! Pensei que a princesa não ia deixar o "trono". Sua cara está um verdadeiro bagaço maninha. O que andou aprontando?Caso queira contar ao irmão sobre as peripécias de ontem, a descoberta do dom, etc. Ele ouvirá admirado, embora com cara de cético em muitos pontos. Tirel também perceberá que está muito cansada, e que não consegue "sentir" a presença da mana como sentia ontem (portanto não vai conseguir fazer nenhum truque). Será que demoraria a recuperar sua força? Era algo que começaria a se preocupar a partir de agora. Agora havia muito a se pensar.
Sua cliente, caso cumprisse sua promessa (tomara que tenha esquecido) passaria em sua tenda todos os dias para saber das "novidades", porém Tirel não tinha menor ideia de quando ela apareceria, se fosse mesmo aparecer, portanto não iria ficar esperando, até porque não teria nada novo para falar com a meio(?)-demônio por enquanto.
NADHULLNadhull come, mas sai cedo da pequena reunião. Ele convida Niréia para dançar em outro lugar, e como ela também não tinha tanto a falar com os demais, aceita.
Niréia comenta que provavelmente o íncubo precisaria de um dia ou dois, no mínimo, para recuperar a energia mágica gasta com Keela, e portanto não faria muito sentido treinar no dia seguinte, marcando para daqui dois dias.
Ela também observa que o dia seguinte seria uma Iniciadora, dia sagrado para adeptos de Anĝelina. Talvez, com as atividades destes, a cidade conseguisse ficar com o clima levemente menos pesado da mana negra, embora sentir alguma vantagem da mana branca já seria esperar demais. Niréia não é adepta de Anĝelina, apesar de ser maga branca, mas eventos conjuntos afetam o ambiente, embora os eventos de Dafodil não sejam suficientemente grandes para apresentar uma mudança significativa.
Depois que a maga vai embora, Nadhull ainda fica um tempo, tinha mesmo gostado desta coisa de dançar.
A Iniciadora começa com muitas nuvens, e antes do almoço cai uma garoa. As ruas ficam elameadas, mas por enquanto a chuva era fina a não atrapalhava muito, embora pudesse engrossar.
Cerca de um terço da cidade estava parada devido as atividades religiosas. Com dois terços não importando para a Iniciadora, ainda tinha problemas de sobra para procurar na cidade, ainda assim a cidade parecia mais "vagarosa". Nadhull só se dá conta depois de pensar na observação de Niréia, que ele, antes de conquistar sua liberdade, achava as Iniciadoras tediosas ou até desagradáveis, e quando não estava trancado (literal ou figuradamente) nos aposentos de sua antiga dona, tendia a se manter mais longe do rio ou ir mais para o lado das montanhas.
Era algo que fazia sem nem perceber, e ainda não sabe porque. Hoje porém não sente esta compulsão instintiva. Para testar, até resolve se aproximar do porto.
Como imaginava, parecia haver um número menor de demônios por ali, o número de meio-demônios não mudava muito mas algo afastava os de baixa-casta. Nadhull sente o cheiro do rio e da garoa, mas não sente nenhuma força misteriosa dizendo para se afastar.
Um grupo de monges, com suas vestes cor de açafrão, entoava cantos em algo que deveria ser Yrdok (língua dos anjos, oficial de Ajros). O grupo era exclusivo de humanos, já que meio-demônios não eram bem vindo na Cisne Branco. Se bem que em Dafodil tudo era relativo, pois poucos tinham mesmo sangue puro, alguns podiam não ser meio-demônios, mas eram um-quarto-demônios ou três-sétimos, etc.
Os meio-demônios que estavam no porto, e eventuais demônios de média-casta mantinham pouca distância. Não era uma coisa de respeito, mas era tipo "nós não gostamos de vocês, vocês não gostam de nós, então enquanto ficam no seu espaço, nós ficamos no nosso". Haviam certas hostilidades nos olhos de ambos os lados, e muitos (também de ambos os lados) querendo que alguém desse motivo para uma luta, assim, embora parecesse uma atividade civilizada, havia certo grau de tensão ali.
NERGALNergal continua conversando com Tirel e fala sobre amenidades com os demais também. Nadhull e Niréia saem relativamente cedo. A maga branca diz que marcaria outro treino com vocês, talvez daqui dois dias.
Fah e Josan também encontraram motivos animados para conversar entre eles. Quando o filósofo começa despedir dos demais, embora ainda não fosse muito tarde, Nergal resolve ir também. Influenciado por Josan mais cedo, Nergal resolve procurar alguma estalagem barata para não ficar no templo.
Ele conversa com Tinafe, mas ela lhe conta que está "sobre liderança de uma súcubo da Cour" e que esta noite iria dormir num barco. Comenta que, trabalhando para a Cour isto implicava em alguns dias ter que dormir em barcos, outros em barracas ou cavernas, etc.
Nergal pergunta se La Cour des Miracles era então como um exército.
- Às vezes exército, às vezes escola, às vezes guilda... Pode ser melhor ou pior, dependendo do que se faça...De forma bem vaga, ela explica que está "sobre liderança" desde que veio de Fajr-Regno e enquanto estiver em missão. Diz que uma de suas missões continua sendo encontrar sua irmã, mas não a única, porém Tinafe é vaga em quase todas as explicações, mostrando que não
podia explicar tudo sobre a Corte.
- Mas tenho mais folgas que uma amazona comum, amanhã podemos dormir juntos, se quiser.Tinafe também diz para Nergal não ter pressa em fixar-se definitivamente em Dafodil, melhor seria ficar uns dias em estalagens e depois procurar outro continente fora daquela Ilha dos Excluídos para arrumar um lar, e ela até comenta que Fajr-Regno é muito mais agradável que aquela ilha.
Satisfeito ou não com as explicações dela, não era uma noite em que perderia discutindo. Talvez tentasse saber mais sobre a Corte outro dia.
Enquanto caminhava, Nergal viu num canto dois corpo retalhados, um cartão-postal irônico da cidade; Era também incomodado por mendigos ou simplórios que o viam como algum tipo de "coisa fantástica". De quando em quando alguma mulher o segurava pedindo ajuda para sabe-se-lá-o-que, muitos o saudavam como "guardião". Quando estava no templo até esquecia estas misérias coletivas, mas começa perceber que realmente terá que começar a ser mais discreto, talvez arrumando uma capa ou manto, ou as pessoas não o deixariam em paz.
O dia começa frio, o que é até agradável, mas depois de algumas horas uma fina garoa começa cair. A cidade estava um pouco menos barulhenta por ser uma Iniciadora (dia em que muitos procuravam templos da Cisne Branco, já que não tinham grandes templos da Sagrada Conduta). O sul da cidade (onde tinha mais gente vinda de Ajros e se bobear até alguns anjos) deveria estar mais movimentada que o centro hoje.
A chuva estava tão fina que não chegava incomodar, mas como Nergal queria ir na herbanária, resolve fazer isto logo, pois vai que dá azar de cair uma chuva de verdade.
Jussara o atende, e o filho dela, Kandel, também estava na casa. Era uma casa simples, mas estava em melhor condições que a maioria, já que a maioria dos dafodianos não se preocupavam muito com limpeza.
- Oh! Sente-se, guardião! em que posso servi-lo?Embora mais discreta (ou menos desesperada) que muito da cidade, Jussara não deixa de demonstrar ainda um pouco de exaltação por estar na frente de um anjo.
Pouco tempo depois que Nergal tinha chegado, outro jovem humano aparece na porta dela, usava uma armadura deveras pesada, mas estava sem elmo.
O jovem parecia poucos anos mais velho que o filho da herbanária, e parecia relativamente forte, mas (embora não tivesse nada com isto) Nergal parece perceber um certo ar de afeto a mais no rosto do jovem, portanto certamente não era outro filho dela.