Arthur Fray

jovem Clary nem havia perceido que o tio estava de volta até que ouviu o pigarrear e também sua voz. Ela não levantou para ver o tio inicialmente, mas disse ainda enquanto tentava puxar a bolsa:

- Oi tio, tudo bem? Que bom que está mesmo de volta... agora será que dá para você pedir para o seu sofá desobediente cuspir minha bolsa de volta?

Depois que o sofá a devolveu, ela podia finalmente se levantar e dar um abraço bem apertado em seu tio, afinal estava com bastante saudades dele. Não iria perguntar se ele havia trazido algum presente para ela de suas viagens, mas se tivesse encontrado algo que ela pudesse gostar, com certeza traria...

- Por onde você andou desta vez? Você demorou muito para voltar...

Clairy iria esperar primeiro o seu tio contar tudo o que ele tinha para contar para ela para então quem sabe ela contar suas novidades ou não. Talvez não fosse o momento ideal ainda de falar certas coisas, então melhor apenas esperar para ouvir.

Depois que ele disse o que precisava ser dito, Clairy simplesmente sorriu e disse:

- Pelo menos esse lugar me deixou arrumar algumas coisas e eu consegui fazer um ensopado quentinho para o senhor. Trouxe tudo para isso porque imaginei que não teria nada na geladeira ou que o eu ainda pudesse ter já estaria podre... agora vamos descer e comer e continuar a conversa...

E puxou ele pela mão para o andar de baixo, onde a mesa da cozinha já estava arrumada e a comida estava sob o pequeno fogão. Aparentemente tudo bem limpo e organizado no local, por mais que a loja estivesse sendo bem desobediente com ela...

lairy estava realmente muito feliz com o retorno do seu querido tio, mas não em lidar com a bagunça daquela casa que ainda por cima estava dificultando bastante qualquer coisa que ela gostaria de fazer, mas dar um abraço apertado no tio fez o seu mau humor melhorar bastante.

- Eu não entendo porque é que você precisa viajar por tanto tempo atrás de coisas bizarras que seus clientes lhe pedem... e o pior ainda, por que é que eles fazem isso?

Desde a última vez que esteve ali,  o tio ficou bastante tempo ausente. Aquela havia sido uma das ausências mais longas dele se não a mais de todas e detestava quando ele se ausentava. Ela já possuía muitas obrigações com o clã e agora tinha um namorado, uma avó doente e o seu trabalho comum. Precisava de uma mãozinha com tudo e não de mágica naquele momento.

- Você vai ficar quieto por aqui por algum tempo agora, não vai? Eu preciso de você...

E foi logo depois que ela disse isso que ele começou a falar que havia lhe trazido um presente e entregou um lindo colar com um pingente de esmeralda. Ela foi logo pegando,  dando um beijo bem molhado e apertado na bochecha de seu tio e colocando o lindo presente no seu pescoço. Realmente havia gostado muito daquilo e queria imediatamente usar.

- Eu adorei tio... lindo demais... vou usar sempre é pesquisar um pouco mais sobre ela, eu prometo... agora,  voltando ao assunto... eu preciso muito da sua ajuda...

O olhar dela estava triste e parecia que a jovem estava escondendo muitas coisas, desde todo o seu stress e preocupações com tudo o que andava acontecendo com ela desde que o tio havia partido...

situação realmente não estava sendo muito fácil para a garota, pois tinha muita coisa o que fazer e que dar conta e não estava dando conta de tudo. Precisava mesmo que o tio ficasse para então poder aliviar o fardo.

A ruiva não conseguiu evitar de ficar muito feliz com as notícias de que, pelo próximo ano pelo menos, o tio não tinha nenhuma intenção de sair da cidade. Ouvir aquilo era um grande alívio para seu coração, mas o tio queria saber de tudo e por mais que ele fosse fofo e gentil com ela sempre, sem falar do extremo cuidado e carinho, tudo o que ela precisava era de uma abraço apertado e um colo, com alguém dizendo “tudo vai ficar bem...”

- Vovó está doente de novo... o clã está passando por problemas devido ao excesso de problemas e inúmeras reuniões com os vampiros e lobos... está tudo me consumindo...

Ela faz uma breve pausa para respirar e continuar falando:

- O serviço tem aumentado bastante e está até difícil de eu conseguir arrumar tempo para o meu namorado,  que está também com problemas que eu sinto que envolve o sobrenatural... eu tô sob muita pressão...

Parecia que a ruiva ia ter um colapso. Ela falava, movendo a cabeça, as mãos e as vezes colocava o cabelo para trás com a ponta dos dedos, pois o stress estava bagunçando tudo. Ela começa a murmurar e andar de um lado para o outro repetindo os dramas das reuniões, dos toques de recolher, das atividades que tinha que fazer para os outros clãs e os incidentes sem solução que aumentavam progressivamente nos jornais. Ela sentia que algo grande iria estourar em breve e tinha receio...

lairy havia preparado um gostoso jantar para o tio que aparentemente não estava se importando com tudo, mas estava em cima do fogão então quando foi preparar o chá para ela, ele acabaria vendo tudo aquilo.

- Vamos então tomar chá e jantar. – Sugeriu ela. Tinha saudades de passar um tempo com tio e em meio a tudo aquilo que estava acontecendo, era um luxo ela conseguir algum tempo para descansar. Tinha vezes que chega a apensar que não via a hora de tirar férias de seu trabalho como humana para poder ter um pouco mais de tempo para todo o resto.

- Eu prometo tentar descansar um pouco, mas preciso atualiza-lo de tudo o que está acontecendo na cidade, então verifique o seu email e descubra que há algum tempo estou lhe fazendo um dossier envolvendo todas as notícias dos últimos fatos e enquanto eu descanso um pouco você lê...

Artur podia perceber que se a garota havia feito algo do tipo, era porque ela tinha esperança que o tio visse tudo durante a viagem e acabasse voltando logo. Não era muito animador em ter certeza que aquilo não aconteceu, mas o que importava era que ele iria ver tudo de qualquer forma.

Enquanto o chá fervia, ela correu para prender o cabelo em um rabo de cavalo e ajeitar a mesa para o tio, já que ele parecia bem ocupado no fogão. La havia preparado um gostoso “gumbo” para os dois e no forno havia algumas fatias de pão que ele havia deixado para poder dar uma leve torrada, para comer junto com o cozido típico da cidade. Que bom que pelo menos naquele momento a loja não estava fazendo de suas peripécias e estava deixando ela arrumar tudo sem o menor tipo de problema, com certeza era porque Artur estava por lá, ou talvez não...

Clairy, apesar das correrias de sua vida por estar cheia de deveres e obrigações, era exímia em muitas coisas, desde se auto defender e até mesmo em cozinhar e ela esperava que o tio gostasse muito daquela comida e elogiasse como sempre.

garota ficava bem feliz ao ouvir o que o tio dizia enquanto comia. Queria que ele aproveitasse o momento é esquecesse um pouco o tempo e distância que havia colocado entre os dois mas que agora não iria mais acontecer.

O jantar seguiu tranquilo até que ambos ficaram satisfeitos, então Artur seguiu limpando tudo enquanto Clairy foi descansar um pouco na cama do tio.

Por mais que Artur não gostasse muito da modernidade, havia aquele computador na loja que poderia usar para então ver tudo aquilo que Clairy havia lhe contado anteriormente, mas assim que ligou a máquina, como não era usada há um considerável tempo, precisou fazer uma série de atualizações. Tudo estava funcionando porém o que Artur queria ver estava ficando mais vagaroso do que de costume por conta das atualizações em segundo plano.

Passar por aquele tipo de coisa, poderia deixar Artur sem paciência ou até mesmo irritado, mas como havia perdido o celular durante a viagem, ou ele usava aquele computador ou a sobrinha iria lhe conseguir outro aparelho de celular para o seu desgosto.

Com um pouco de paciência, conseguiu abrir o email e viu que era uma lista interminável de coisas que haviam ali, por culpa da quantidade de tempo que ficou longe digitalmente e no meio da bagunça estavam os emails que Clairy havia mandado, com notícias e fotos: explosões em clubes na cidade, pessoas com doenças contagiosas (como uma certa doença que havia visto), pessoas sendo mortas e retalhadas como se houvesse em estripador na cidade. As últimas notícias eram as mais delicadas, pois eram notícias que falavam sobre bruxaria e praticantes de magia negra na cidade, fazendo sacrifícios humanos. As notícias eram muito chocantes e as imagens eram tão aterrorizantes quantos as palavras das notícias. Realmente todas as notícias que eram suspeitas de serem feitas pelo Sobrenatural haviam sido reunidos daqueles e-mails e que e-mails...

Pela quantidade de e-mail já fazia tempo de a garota estava tentando entrar em contato com ele mas não conseguia, mas antes tarde do que nunca aquilo havia finalmente sido possível. Agora o tio finalmente podia ver o quanto a garota estava desesperada e o quanto ela tinha tentado entrar em contato pedindo ajuda. Mas agora Clairy estaca dormindo  em sua cama e o tio precisaria refletir e escolher o próximo passo que fará dali em diante.

noite de Arthur parecia estar sendo bem agitada, uma vez que estava tentando se inteirar de tudo na sua ausência. O diálogo com o computador parecia que estava melhorando pois estava começando a ler os e-mails que Clairy havia mandado e organizado mediante a todos os acontecimentos da cidade nos últimos tempos.

O equilibro que havia antes em cada um dos clãs era visivelmente uma fachada,  pois os acontecimentos estavam abalando muito a estrutura, mas será que isso era uma coisa que apenas ele estava vendo ou outros também haviam visto? Será que tudo aquilo era apenas coincidência ou não?  
Estava muito claro que havia alguém coordenando todas essas coisas. Será que o que havia acontecido com os lobos não era também um incidente planejado por alguém?

Arthur decidiu então que,  pelo nível em que a situação estava, seria interessante conversar com o atual líder dos vampiros: Alec, mas será esperto o bastante fazer isso sozinho ou deveria comunicar sua sobrinha? Será que não seria interessante conversar com o líder dos garous (lobisomens) também? O ideal era esperar Clairy acordar e dividir suas idéias.

Se passou cerca de 2 horas até que Clairy acordou do cochilo e foi falar com o tio. Não fazia também muito tempo que Arthur, sentado em sua confortável poltrona,  tomou as próprias decisões. Clairy se aproximou de mansinho e foi logo pulando para se sentar no colo do tio com uma criança de 5 anos. Estava mais descansada e bem mais cheia de energia. Foi logo dando um beijo estalado na bochecha do tio e disse:

- Estou bem melhor agora...Obrigada tio... e então. ... você viu os e-mails?  Conseguiu ler alguma coisa ou ainda está brigando com esse seu computador?

Ela estava realmente curiosa para saber de tudo...

entada no colo do seu tio, Clairy havia sido pega desprevenida com todas aquelas informações dos planos que ele tinha e não conseguiu se mover dali. Era difícil chegar a algum veredito bem naquele momento, uma vez que a ruiva havia sido surpreendida. Articular alguma palavra não estava sendo muito fácil, mas depois de alguns segundos, ela conseguiu organizar seus pensamentos para então dizer alguma coisa.

- Eu vou... tentar agendar uma reunião com o senhor Alec...

Crescidinha ou não, ela saiu do colo do tio e foi correndo pegar seu telefone para então poder fazer a famigerada ligação. Era pouco provável que ele não aceitasse uma reunião e que se recusasse a ouvir, mas todo cuidado é pouco, afinal estariam lidando com vampiros. Alec parecia bem preocupado com a situação atual então se mostrava bem aberto à comunicação com todos.

Longos minutos haviam se passado enquanto depois que ela pegou o telefone celular. Parecia que era uma conversa bem delicada, pois ela ficava andando de um lado para o outro enquanto falava no telefone. Após longos minutos ela terminou e disse:

- A reunião foi agendada para daqui duas noites, em um restaurante em uma área neutra... eu te passo o endereço por email, mas iremos juntos...

E então os próximos minutos foram de um total silêncio, pois Clairy havia feito o que foi pedido. Qual será a sequência daquela noite? O que será que o tio Arthur estaria pensando ou faria agora?
Clairy então pegou sua bolsa e se preparava para sair.

lairy sabia muito bem que se o tio havia pedido uma coisa daquelas,  não era algo que pudesse simplesmente ignorar e deixar para trás. Era muito bom aproveitar toda aquela situação ainda mais porque com a experiência de Arthur e com o fato de que estava de volta à cidade, teria ainda mais ajuda. De qualquer forma,  a decisão tomada teria te se relatada ao coven então Allison precisaria também saber disso. Talvez um  grande problema havia sido criado naquele momento, mas suas atitudes eram certas e todos confiavam nela, então agora era esperar apenas pelo dia da famigerada reunião.

A ruiva então olhava para o tio e pegou sua bolsa.

- Pronto... agora eu preciso ir dormir um pouco em casa e o senhor te, visitas...

Poucos segundos em seguida a campainha da loja tocou e Arthur foi avisado que uma bela e jovem loira esperava do lado de fora. Será que era ela!? Elena!?

Clairy pegou logo sua bolsa, deu um beijo na a bochecha do tio e correu para sair pela porta dos fundos enquanto parecia que Arthur ia ficar bem ocupado...

a porta estava a bela e jovem Elena,  com seus cabelos loiros compridos e olhos azuis como o oceano. Ela vestia uma calça jeans azul escura,  botas de motoqueiro pretas e um casaco de couro brilhante preto também.  Por debaixo do casaco havia um blusa de seda bem fina e de alças. O casaco estava aberto e ela estava com as mãos nos bolsos. Havia uma moto preta parada ao lado de fora também.

Por algum motivo Elena havia ido visitar o bruxo 24 horas depois que ele deixara seu grupo em recuperação. O que será que ela foi fazer lá na loja?

Assim que ele a convidou para entrar, ela entrou e deu uma boa corrida de olhos pelo local, admirando cada pedacinho da loja que seus olhos poderiam alcançar, até que ela viu o sofá e se sentou nele, olhando para Arthur. Como será que a loja iria reagir a bela loba? E Arthur?

lena entrou primeiro no local para depois o responder.

- Eu sei que realmente não esperava...mas eu aceito um café... com pouco açúcar...

Claire já tinha realmente saído, o que deixava as coisas mais tranquilas para que ambos pudessem conversar tranquilamente ou seja lá o que fossem fazer...

- Eu vim aqui sem nenhum motivo aparente... queria simplesmente ver você e saber onde mora...se eu estiver atrapalhando em algo, irei embora...

Elena era bem simples e objetiva com tudo o que dizia a faria, então não ia ser agora nada diferente. Tudo o que queria era realmente ver aquele homem e estar com ele, mas ainda não sabia se sua visita tinha sido algo bom ou não...