O caminho até lá era cheio de perguntas, mas a maior parte delas deixadas no ar. Desde que eles entraram por um túnel carregando uma criança. Tudo bem que ela com certeza tem mais de dez anos. Pequena demais para já ter chegado aos quinze. Menor e mais jovem que a outra menina que deixaram na clinica de Chloe.
Colocar a garota que vestia só a jaqueta emprestada sobre a pedra fria parecia cruel. deixava um gosto ruim na boca, mas seu desconforto estava bem longe de ser prioridade. Especialmente para Axel que passava e repassava as implicações de tudo aquilo. Que tinha um monte de mensagens de Olena no celular. "Você tá bem? Alguém se machucou? Aquilo foi um uivo? Vocês fizeram alguma coisa com alguma fiandeira? Meu celular fritou, mas o chip tá bem. Fala comigo, você tá inteiro, né?" Não que isso fosse tão preocupante quanto ter aborrecido a lua nova. Ele nem sabia se isso era grande coisa.
Esse aborrecimento pesava desgostoso nos ombros de Francis. A maldita criança tinha virado e mal tinha derramado sangue. Não como uratha. Suas únicas vitimas eram umas lâmpadas e a cara de Shaw que já estava tão boa quanto o braço. Francis sabia que o companheiro estava no fim das energias, qualquer um estaria no seu lugar. Também era uma droga que a menina era literalmente uma menina. O que a porra de uma criança tinha que ser uratha?
Shaw sentia um dia bom se tornar um dia de merda. Esse era o resultado da sua liderança? Ou só um azar do caralho? Ou sorte? Tinham uma irraka novinha em folha. Ela odiava eles? Talvez, mas quem não odiaria? Ela não ia confiar neles? Claro que não, a não ser que fosse bem burra. Mas o que eles tinham que fazer ali? Transformar ódio em confiança. Raiva em... entendimento? Alguns dias de paz com Franco perdendo tempo na reserva e então isso. Pelo menos, nem sinal de Connor.
Skye sente o frio em volta dela. Ainda dormindo ela se aninha sem perceber no único calor que sente. Os braços do seu captor, o aconchego dura pouco. A pedra fria e coberta de musgo logo arrepia sua pele. O frio vai subindo pelos nervos e se enterrando nos músculos, cavando até os ossos. A primeira respiração é como do despertar é como nascer de novo em um mundo diferente. Cores perfeitas, em todo sua indiferença desoladora. Com cheiros perfeitos que só trazem estranheza e isolamento. Sons afiados, sua presença em cada centímetro a sua volta. Mas tinha algo mais. Algo ainda mais diferente. Mais alienígena. Mais familiar. Coisas que nem existiam agora fazem sentido como se fossem velhos conhecidos.
- OFF: