Sand Valley - Sand Valley Community College

Makya não podia concordar com o outro irraka. Ele tinha posto toda a caçada em risco. Todos eles. Se a decisão não tinha sido só do indigena, era pior ainda. Tinham sido deliberadamente mantidos no escuro sobre uma potencial ameaça, se ele tinha informado os seus companheiros ele não sabia.

Ouvir Bea parece como olhar em um espelho torto e quebrado. Quanto do mesmo ele teria sentido? Quanto do mesmo ele teria dito? Ele tenta se concentrar no que ela sentia. Não no que dava para ver.

Ele suspira quando a meia Lua fala. Fala demais.

"A gente precisa recomeçar. Eu quero ver ela." O irraka olha para Serge e depois para a elodoth. "Tem uma pessoa que eu tenho que mostrar. Serge também tem que ter." Era lógico. Era como humanos funcionavam. Ele espera os outros ali encontrarem suas objeções e desejos e segredos. Mas não precisava esperar eles falarem. Falar tornava real. "A gente conversa. Diz o que precisa ser dito. Eles precisam saber. Precisam ver. Entender. Ser. Aí isso tudo é passado para mim." Ele coloca a mão fechada no peito. "No deserto, na Lua da Mercy. Eu mando a localização."

Ele esperava reações. Esperava até negações, mas qual deles ia dizer que não precisavam? Ele só esperava que fosse alguém para mudar o que ele mesmo sentia.

Puta que pariu! Caralho! Puta que pariu, porra!

"Cê fudeu a mesa dela." Ele dizia com uma voz meio estrangulada. Ele tinha visto piores. Tinha visto muito pior.


Makya não olha para a mão. Não era importante agora, mas ia se tornar depois. O foco era não deixar a menina morrer. Porque Bea não estava se curando. Porque Bea não estava se curando?

"Valeu pela mão." Ele diz se abaixando e segurando o toco sangrento com força. Ele precisava olhar. Mentira. Queria olhar. "Segura os pulsos dela um instante, meu mano." Ele diz para Serge sem se importar se era o jeito certo de falar.

Ele tira o conto com pressa. Não era ideal, mas era melhor que qualquer pano cortado ou rasgado. Era sim. Ele enrola e aperta. Enrola e aperta de novo. Estava doendo? Quem se importa? Urathas desmaiam de sangramento? Ou entram em uma fúria assassina desesperada?

Eles não iam descobrir agora.

Ele não precisa de nenhuma emoção nesse momento. Era como um tiro longo. Engula elas. Empurre pra longe. Respire devagar e aperte mais uma vez.

O irraka olha para a mão suja de sangue e deixa aquela imagem afundar lentamente nele. Makya passa o sangue nos lábios, segura o rosto de Bea e beija sua testa. Olha a marca e se dá por satisfeito.

"Tem linha e agulha?" Ele pergunta para elodoth. "Uma sacola também, por favor."

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Makya assiste o outro nativo. Ele era misterioso e secretivo. Tudo bem. Era o que devia ser. Ele queria saber o que eles tinham para dizer a sua alcateia e Serge já estava falando. Falando o suficiente.

Serge: Mexer com lâminas é perigoso, eu já me cortei mais de uma vez, mas se esquentar o aço e encostar na pele irá cauterizar, diminuindo chances de infecção e estancando o sangramento mais rapidamente.

"Sal e vinagre também serve de antisséptico, mas ia acabar comendo um pouco." Ele diz brincando, mas não queria sentir o cheiro de carne uratha assada. Devia ser absolutamente incapacitante. "Na real, não sei se vai atrapalhar a regeneração. Em alguns minutos ela deve tá bem. Quem sabe amanhã já tá com a mão de novo." Ele não sabia.

O irraka segura a o cinto apertado com uma mão e com a outra usa Serge de apoio para levantar Bea. "Já acabou." Ele segura ela pelo braço e indica uma cadeira com a cabeça para Serge antes de guiar Bea para lá pela cintura. "Vai pingar um tempo." Ele não larga o braço dela. Não é como se ela fosse rapidamente morrer seca por isso. Era só dar tempo pro corpo.

Então ele espera.

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Espera até o outro irraka oferecer a ajuda. A ideia de Serge era muito mais dramática e simbólica. Muito mais correta. Porém a opção de Shiriki era... Mais conveniente.

"Obrigado." Ele abre o vidro com a boca, já que só tinha uma mão livre e depois faz o mesmo com a gase. Enxarca e aplica deixando o toco para cima, como se Bea fosse campeã de alguma coisa.

O sangramento ia parar. Ia parar e aquele cheiro delicioso de sangue ia embora.

Ele assiste a mágica da moeda muito mais impressionada que gostaria. "O que?!" Ele fecha a boca e tenta ficar sério. Tenta ficar. Mas Cheryl esfrega uma sacola nele.

"Eu sei. Vou guardar. Sou sentimental assim." Ele sorri para a elodoth segurando a sacola.

Makya ouve o indio e a meia Lua.

Ouve e pensa.

Considera e pondera.

Faz com as informações o que o um ruminante faz com a grama.

"Acho que tem um pessoal que deve uma pra gente. Mais uma se você ainda tiver um pacote empalado pra eles. Tem? Que tal mandar entregar num bloco de concreto?" Makya não queria nada com aquilo.

Claro, essas merdas tem a mania de te seguir. Mas eles tinham merdas locais para resolver já. Então ele lembra do tio de Serge e pensa na morte de Morgan.

"A gente tem que ver se Morgan deixou alguém para trás. Alguém para a gente proteger." Ele não tinha problema em os dois ouvirem aquilo.

"Tu acha que essa água vai Bater na bunda de vocês?" Ele Volta para Shiriki.

A moeda que bebe sangue e se chama sanguessuga. Original não é. Mas cabe que nem terno sob medida.

Não causam problemas?!? É, claro. Makya pondera o que o motoqueiro falou. Considera cada frase virando e revirando elas na cabeça tentando encontrar o que ele não disse.

"Claro que sabe o que vieram fazer. Eles fizeram na nossa frente. Você não sabe o porque." Ou sabe.

"Essa garota tá nos nossos planos, se a gente achar alguma coisa útil a gente te diz." O irraka fala sacando o celular para tirar uma foto do cartão. "Descobrir um porque pode ser foda. Mas sabe o que eu queria? Queria achar um filho da puta de um sangue suga que eles chutaram da rodinha de punheta deles." Era pessoal. Era irritante para porra. O Morgan era um engomadinho metido a besta e os vampiros não tinham nada com a Mercy, mas era tudo uma coisa só e ele tinha que SE segurar pra não ir controntar a Inquebrável. Ele queria. Mas era cedo demais. Ele não tinha as ferramentas certas ainda. As perguntas e respostas que seriam a munição necessária nessa conversa.

"Inquebrável pode ficar tranquila que a gente não tem o que conversar ainda. Mas vocês tem. O puro que os caras mataram era conhecido dela. O puro que se meteu com vocês tava atrás dela." Makya suspira. Ele não queria falar naquilo. "Cês já falaram com ela?" Provavelmente e o que ela disse? Algo que ele não ia ouvir.

"Eu agradeço." Ele diz de coração. Era verdade. "A gente te fala se conseguir alguma pista, pode não dar em nada também. Mas agora a gente tem que por a Bea na geladeira e se dividir em dez pra resolver nossas paradas."

O irraka tenta conseguir convocar algum charme antes de se virar para Cheryl. "E você? Tá interessada em ajudar uns fodidos que tão precisando de uma mão?" Ele mostra o toco de braço de Bea para ser bem claro.

"Serge, sabe achar a Anastasia?" Ele esperava muito que sim. "Quero dar uma passada na casa do Morgan. Tem alguém vendendo as coisas dele na encolha. Essa pessoa pode ter uma pista." E então ele espera. Sabia que tinha que esperar. O mundo não se movia na velocidade que ele queria. Isso e ele não ia sair correndo sem ouvir os outros. Sua alcateia estava ali, o que era mais importante?

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Cheryl: Tem que praticar sua jogada, esse charme tá bem fajuto.

"É..." Ele diz pensando no assunto. "Mas tá mesmo?" Afinal, funcionou.

Serge: Por mim, perguntaríamos diretamente a ela e passaríamos a limpo o que quer que seja.

Olhar que lança ao Itheur é três partes adimiração e uma de pena. "Manda ver." Precisavam confiar no instinto dele. "Precisa de apoio?" E se precisar será que é Makya o melhor para isso? Afinal Serge tinha sangue da família e sangue da alcateia derramados numa tentativa de um cara de pegar ela. Ela era o alvo. Ela tinha ficado bem fora de tudo.

Serge: Não sei se ela teria um acesso livre à casa dele.

"Não sei quem tá vendendo." Ele saca a pistola e aponta para Serge. De novo. "Ainda não funciona." Ele vira a arma para ele ver os desenhos. "Comprei numa lojinha de penhores. Achei que era a menina vendendo as paradas, mas talvez não seja. De qualquer jeito é uma peça bacana." Que nem a mão de Bea, as Duas peças dariam ótimos fetishes. Mas não era hora dessa conversa.

"A gente vai fazer esses corres na ordem que tu prefirir, mas tenho zero palavras pra Inquebrável. Já conhece ela Cheryl? Ah, tem outra. Esse fetishe." Ele guarda a pistola e levanta o cordão. "A gente pode começar uma coisa boa. A Alegria e medo nem sempre se dão bem por aqui e vivem se esbarrando, isso é receita de problema. Mas se a gente costurar uma aliança? A gente já tem o ouvido de Corre Corredores. Até um acordo de paz já vale o trampo." O irraka olha de um para o outro esperando eles digerirem tudo aquilo. Esperando eles olharem o quanto quisessem o que ele falou. Serge tinha queria resolver as coisas com uma boa e conversa. Makya acreditava em conversar francas. Mas ia dar certo?