Eu me sentia calma enquanto tomamos a estrada mais uma vez e em minha mente apenas pensava no melhor, agora eu não estava mais sozinha e tinha meus companheiros para me ajudar a ser uma pessoa melhor. Meus olhos se encontraram com os de meu irmão me fazendo abrir um largo sorriso e isso já era o bastante para fazer aquela viagem agradável, os riachos, as árvores e os campos me faziam sorrir.
Me sentia como uma garota livre deles de muitos anos sofrendo e aquilo me fez parar por alguns segundos enquanto eu sentia o vento bater em meus cabelos, doce liberdade era o que eu estava sentindo naquele exato momento enquanto caminhava com os outros e o silêncio me deixava um pouco alegre já que poderia aproveitar aquela paisagem.
Nós havíamos parado por mais alguns minutos para podermos comer alguma coisa e também beber um pouco de água e quando estávamos prontos voltamos a andar enquanto eu tentava não falar muito para não deixar que minha paz e sensação de liberdade fossem embora. — Como sentia falta disso, queria que essa minha liberdade não acabasse tão cedo. — Falava para meus companheiros enquanto respirava fundo sentindo o cheiro do ambiente ao meu redor.
A noite finalmente havia chegado e o som dos insetos vinham em meu ouvido, me sentia de certa forma leve como se as forças da noite me dessem algum tipo de calmaria enquanto continuávamos andando. Meus olhos então já conseguiam ver a região que estávamos e mesmo ainda com medo tinha meus companheiros e meu irmão para me proteger, eles me davam forças nesses tempo difíceis que eu estava enfrentando.
Quando finalmente chegamos ao vilarejo senti meu coração bater mais rápido e minha mente começou a me pregar peças já que eu não conseguia realmente ver o vilarejo, era como se ele não estivesse lá e eu estivesse vendo somente um grande breu com algumas montanhas. As lembranças de um quarto escuro vieram à tona e foi quando eu parei e encarei aquele grande breu em minha frente, eu não conseguia andar e a sensação de não conseguir ver nada atingia meu coração com força.
Eu sentia que meus companheiros estavam ali e mesmo assim o meu medo me fazia parar no lugar, meu coração estava batendo rapidamente e eu logo fechava meus olhos ainda paralisada de medo. — Eu não posso… Tá escuro… Demais… — Falava enquanto sentia minha garganta ficar seca e meu coração continuar a bater mais rapidamente, eu tentava me mexer mesmo que o meu corpo não quisesse e conforme eu olhava para frente parecia ver uma movimentação.
Na minha mente eu já estava sozinha e os barulhos ao meu redor se tornaram altos como se alguma coisa ou alguém quisesse me pegar, eu senti que estava sendo observada e foi quando um silêncio mortal tomou conta da minha volta e talvez tudo isso fosse coisa da minha cabeça me fazendo congelar e logo eu me sentava no chão encolhida.
A sala escura vinha em minha mente e as vozes daqueles que queriam me deixar ali voltavam à tona como se eu estivesse revivendo aquele momento, matar a menina que traria a desgraça para o mundo e fazer com que seu irmão nunca a encontrasse. — Me tira… daqui… eu quero sair… — Falava em murmúrios para mim mesma enquanto uma lágrima caia em meu rosto, o medo fala mais alto e eu começava a chorar como uma menina de seis anos enquanto tentava segurar a mão de alguém para fazer sair daquela escuridão.
Conforme o medo iria crescendo eu sentia que estava sozinha novamente e o breu era só a prova de tudo aquilo, mesmo tentando desesperadamente conseguir segurar a mão de alguém próximo a mim parecia que minha mente estava fazendo o oposto de meu corpo e me fazendo imaginar monstros na escuridão.