Ato I - Ariel, Johan, Aeltlas e Baraz

Johan sentiu-se frustrado e irritado ao mesmo tempo. Tanto planejamento e cuidado para nada! Agora eles estavam diante de mais orcs do que o cavaleiro conseguia contar no pouco tempo que eles tinham para se preparar para o combate. Sem gritar, mas com uma voz firme o suficiente para ser ouvido, o cavaleiro fala com seus companheiros.

- Não fiquem muito longe uns dos outros. Vamos deixar os orcs virem até nós neste corredor em vez deles nos cercarem nesse salão. Nós quatro podemos formar uma linha e Ariel fica atrás de nós, dando apoio da forma que puder.

Johan estava, inconscientemente, subestimando o mirrado rapaz, apesar de saber que ele é um mago. Os anos que passou sozinho no Norte fizeram o cavaleiro crer que apenas alguém preparado para o combate corpo-a-corpo conseguiria sobreviver, e este não era o caso de Ariel. Na cabeça do cavaleiro, ele estava protegendo o rapaz.

Guardando sua espada e o escudo, Johan dá alguns passos e fica um pouco à frente de Baraz e Arianna.

- Vamos formar uma linha aqui e esperar os bastardos virem até nós!

O cavaleiro saca seu arco e atira uma flecha no primeiro orc que vê, esperando-os no fim do longo corredor que os levou ao salão.

BARAZ

Baraz concorda com Johan e posiciona-se da forma indicada. Com sua besta em punho, dispara contra o orc mais próximo, antes de sacar seus machados e aguardar a aproximação dos inimigos.

Ariel não discute com o cavaleiro, ele provavelmente era mais experiente em táticas de combate. O rapaz de fato sentiu que Johan podia estar fazendo pouco dele, mas não havia motivo para se irritar com isso, ele veria em tempo o que um arcanista podia fazer.

O artífice enfia a mão em sua bolsa e retira uma pequena gema azul escuro repleta de glifos e runas. Ele a segura em frente ao corpo e se concentra, focando sua consciência e sua mente dentro dela, encontrando a fechadura escondida nos corredores cristalinos. Uma marca, um surto de reconhecimento. A chave estivera dentro dele todo o tempo. A brilho da gema se rompe, deixando uma coisa azulada e fosca para trás, e uma manta do que parecia ser alguma força translúcida semi-tangível cobre o mago, vente-o como uma capa para a chuva.

-Armadura do Mago!

Completada a invocação, Ariel cuida de se posicionar como Johan havia pedido. Um pouco de cobertura sempre era bom.

Aeltlas já havia passado por esta situação muitas vezes, já havia matado muitos orcs. Desta forma, ele se posiciona na parede do corredor para não ser flanqueado, em linha com sua equipe. Com o arco em mãos, concentra-se em atirar flechas nos orcs.

BARAZ

Finalmente o anão se livrara da besta que carregava, e agora portava suas armas favoritas: os dois machados. Tendo sido atingido por um orc, Baraz revida imediatamente.

- Cê vai se arrependê, disinfeliz!

Johan puxa seu capuz para ter uma visão melhor do combate. Talvez seus companheiros não notem a face deformada do cavaleiro agora, mas eles não serão agraciados com tal prazer por muito tempo. Johan tinha certeza de que Baraz era capaz o suficiente para cuidar de um orc e, sacando sua espada e a enpunhando com as duas mãos, ataca o orc que havia investido contra Arianna.

Logo após o ataque, o cavaleiro volta a epunhar a espada com uma mão e puxa seu escudo, preparando-se para a investida das vis criaturas.

- Cuidado! São muitos! diz Aeltlas, retesando seu arco para atacar o orc na frente de arianna. Ele da um passo a frente e dispara duas flechas nos seus inimigos.

Ariel analisa toda a situação: eram muitos orcs, ele precisava fazer uso inteligente de seus feitiços, o que com certeza incluía não desperdiçar seus recursos com inimigos que já estavam sendo assaltados pelos companheiros. Com isso chegou a apenas uma conclusão óbvia: estava sem alcance. O mago abriu a boca para reclamar, então algo cruzou sua mente. Ele tomou um segundo para estudar seus companheiros cuidadosamente: quem era o mais forte ali?

-Ai, cabeça minha, o que é que eu estou pensando?

O mago enfia a mão na bolsa e retira uma pequena raiz de alcaçuz cortada de um ramo lateral. Ele morde a raiz e a mastiga enquanto enuncia a fórmula, algo que parecia bastante complicado de fazer.

-Quarto Círculo, modalidade safira. Chama do coração, relâmpago da mente. O vento norte sopra em nossos ombros, carrega nossas lâminas e varre nossos inimigos. Um...nove...setecentos e sessenta e cinco, cinco andorinhas na torre leste. Senhor do Fogo, com sua permissão eu evoco a chave, abre-se o portão, qual três vezes três. EM ASAS NEGRAS VOAMOS!

O alcaçus se desfez na boca de Ariel e ele assoprou um vento frio e poderoso, que viajou para cada um de seus companheiros, encadeando entre eles e retornado ao mago. O vento subiu por suas espinhas e gelou seus músculos, e eles puderam sentir uma chama dentro deles. Logo depois, sentiram-se inquietos, como se de repente fossem enchidos de energia, como mil copos de café e mil colheres de açúcar.

-Vai durar pouco, aproveitem...

BARAZ

Era fato: anões e machados haviam sido feitos um para o outro! As pesadas armas pareciam dançar nas mãos do anão, deixando, por onde passavam, um rastro de sangue e corpos. Mesmo que o primeiro machado não encontrasse sua vítima, o segundo liquidava o serviço.

Por baixo da barba engordurada, um sorriso de satisfação brotava.

Johan ouve Arianna mas não lhe responde, já que o cavaleiro estava focado nos orcs que vinham de encontro à eles, mas isso não foi o suficiente.

Sentindo a magia de Ariel fluindo por seu corpo, Johan ataca com fúria o orc que o acertou.

BARAZ

É nesse momento que o anão sente os efeitos da magia de Ariel. O cenário a sua volta parece mover-se mais lentamente, possibilitando ao anão tempo suficiente para mais um ataque! Sem pensar duas vezes, o machado anônico novamente é erguido contra o oponente.

- Tô ligêro! Pra cima deles!

Seu trabalho estava, de certa forma, feito. Seria um desperdício sem tamanho gastar um orbe com aqueles orcs menores, e ele podia sentir falta desse orbe mais para a frente. Ele precisava de uma varinha...

-Temos que chegar àqueles no meio. Eles parecem os mais fortes. Não há o que eu possa fazer daqui.

O mago apenas segura a posição e espera.

- JOHAN, ARIANNA, BARAZ! AGUENTEM FIRME, MANTENHAM A POSIÇÃO! diz Aletlas, enquanto dispara 3 flechas contra seus inimigos. Ele esta mirando nos inimigos que se aproximam do grupo, para que não consigam nem mesmo conseguir entrar em combate corpo-a-corpo com a equipe. Suas flechas passam zunindo pela cabeça dos seus companheiros.

BARAZ

A dor deixa Baraz ainda mais enfurecido. Os machados voltam a girar numa dança mortal, procurando novas vítimas. Contudo o foco era outro: o líder. Era preciso abrir caminho, e o anão sabia exatamente como fazer isso.

- Já tô abrindo caminho, mago!

Johan entendeu a pedido de Ariel, mas agora os orcs já estavam muito mais perto deles, inclusive o líder do bando e outros orcs bem grandes. Ocupado com dois orcs, Johan gira sua espada no ar enquanto fala com os companheiros.

- Aeltlas, Ariel, derrubem aqueles três!

Aeltlas se esquiva da flecha abaixando-se bruscamente e mira o arco no orc maior, que parecia ser o líder. Por um instante ele arregala os olhos frente aquela criatura, para em seguida mirar suas flechas no pescoço dela.