Casas, casas, casas... O que aquele chapéu iria ver era o que o deixava naquele estado. Ele observava os alunos começarem a subir no palco, todos com suas próprias reações, confianças e inseguranças, as expressões ali naqueles rostinhos jovens como o do próprio Leon não escondiam nenhuma emoção que fosse dissímil às duas mais usuais dos novatos de Hogwarts.
Ao que Leon via, nenhum aluno tinha nada de suas vidas particulares comentada, ou algo do tipo, o chapéu só sentava aquela bunda larga e aberta na cabeça de todos e não demorava mais que três segundos para gritar o nome da casa e seguir. A cada nome que se era apresentado Leon esfregava os dedos suados escondidos nos braços cruzados, a cada nome era uma tortura pois não era o seu, a cada nome que não era o seu era um alivio, mas a tortura ainda era maior que o alivio e estes ainda assim andavam de mãos dadas. Uma das garotas parecia complexa demais para o chapéu, talvez tivesse muitas qualidades? Talvez não tivesse nenhuma? Não conseguia pensar nada muito diferente de "dane-se" porque era consigo mesmo que estava preocupado, até que finalmente... Falaram, "Leon Hollow" e naquele momento o coração do garoto parecera saltar da garganta.
Em uma contagem de "1...2...3..." que na verdade durara 1 segundo, Leon seguiu para o palanque descruzando os braços, o que para o alivio, ou mais tortura ainda do garoto durara nada mais do que 1 segundo. Era colocar e tirar e nada mais, e o nome "Sonserina" fora proferido com vigor e logo os aplausos eram somados. Leon não sabia se tinha transparecido alguma emoções nervosa, e quem sabia quando estava nervoso? Caíra na mesma casa que sua odiosa família, com exceção da peçonhenta de sua mãe que era da Corvinal. Não sabia se desgostava da casa que caíra ou não, afinal a poucos instantes atrás a casa que iria ficar era a menor de suas preocupações, não? Agora pensara que de fato, talvez tivesse duas em particular que não quisesse ficar, mas agora já era tarde. Leon já tinha descido do palanque e ido para o lugar devido quando concluiu esses pensamentos, e novos se iniciariam: Será que o que o chapéu viu, vai me causar problemas? Leon ainda não estava 100% tranquilo mas melhorara bastante visto que o evento não fora interrompido para tirá-lo dali. Talvez fosse exagero, mas quando se é uma criança, sua imaginação poderia lhe levar a caminhos extremos. Mas ainda faltava saber em qual casa Potter ficaria?
Depois de outro garoto que caíra na mesma casa que Leon, o menino gordo do sapo havia caído na Grifinória e o que era intrigante era que ele tinha demorado tanto quanto a outra menina, e queria acreditar que nesse caso era que o chapéu não via qualidade ao qual por, mas se fosse o caso porque não jogá-lo na Lufa-Lufa? Eles eram os taxados de quem não tinham nada de mais, talvez o garoto tivesse sim algo mais e que não mostrava pros outros... Mas depois que viu o garoto esquecendo o chapéu e voltando para devolvê-lo... Sangue-frio, nobreza, indômito? Achava que o chapéu estivesse talvez enxergando coisas demais...
Depois dele foi o garoto com cabelo de baba-de-vaca e arrogante. Caíra na Sonserina, depois de alguns outros o que chamara a atenção e Leon pensou "Ela só pode tá brincando..." foi ver aquela mesma menina que tinha dado bronca no Malfoy limpar o chapéu antes pô-lo, e logo depois de ele ter anunciado a Corvinal ela sair correndo pra outro garoto que era ruivo, como ela, eram bem parecidos, talvez fossem irmãos, parecia ter ficado feliz e ido correndo abraçar, podiam ser essas coisas de familia... Quem dera ele pudesse sentir orgulho de entrar na mesma casa de sua família. Depois o garoto ruivo foi subir, como muitos ele fechou os olhos como quem diz "e lá vai..." e caiu na mesma casa da garota, pareciam estar felizes no final.
Depois, outro nome que chamou atenção, Holly Pluemer, a garota que havia conhecido no trem, que tinha os problemas com a família exposta pelo Profeta Diário. Agora pensando bem, achara estranho terem só ido cada um para um canto se separando se tinham saído do trem juntos, mas talvez não tivesse importância afinal das contas. O chapéu anunciara a garota em ser da Sonserina, ela não parecia muito com o resto do pessoal que fora pra Sonserina mas algo mais estranho ainda foi ouvir as quase vaias dos alunos da Sonserina que começaram a chamar a garota de doida e logo depois... Bem, foi algo lamentável... Era claro o embaraço que os outros estudantes botavam na menina e ainda por cima descera quase chorando se isolando de todos. Tá legal... Aquilo fora... Escroto... Compadeceu-se da situação de Holly no mesmo instante e não fosse o nome Harry Potter que viera logo em seguida chamando completamente sua atenção, Leon ainda estaria com pensamentos na situação da garota.
Leon olhou fixamente para Potter e cruzou os braços, ansioso, e fixava na sua mente. "Vai... Sonserina... Sonserina... Sonserina... Cai na droga da Sonserina!" e é quando o chapéu anunciava a Grifinória e Leon quase deixou escapar um "Droga!" de seus lábios. Todos ficaram muito orgulhosos de Potter, até mesmo Dumbledore.
Não se podia vencer todas, ia ter mais dificuldades pra ficar de olho no Potter, mas ia ter que dar um jeito, assim sendo ele olhou de volta na direção da Pluemer, novamente o sentimento de compadecimento se voltou, afinal ele sabia o que ela passava, ao menos poderia imaginar de perto... Poderia ser o próprio Leon ali antes dela, talvez nem tivesse ficado na mesa e sim saído do salão e esperado tudo acabar. O garoto então pensou em ir falar com ela, certamente aquela garota não ia ter muitos amigos, e os que tivesse seriam os verdadeiros. Leon deu uma espiada nos doces que ainda tinha no bolso, ele pensara a caminho de Hogwarts que fazer amigos podia não ser legal porque não queria envolver ninguém no seu objetivo, mas talvez pudesse ser amigo o suficiente dela para que ela não tivesse tantos problemas e ter alguém mais pra ajudar a estudar? O sentimento de entender a desgraça familiar de Pluemer, aliado ao compadecimento da situação que era tosca e cruel, junto com a solidão que Leon sempre teve com relação a amigos e ainda mais aquele pensamento que todos nós temos de "Ah... unzinho não vai fazer mal...", fizeram o garoto tomar atitude e se encaminhar até a garota sentada, isolada, de mal humor e com um olhar que ele reconhecia bem pois convivera com ele a maior parte de sua vida: raiva.
Ao chegar próximo de Pluemer, o garoto tirou um dos doces que ainda tinha e pôs em cima da mesa ao lado dela dizendo:
- Pode ficar com esses, eu nunca fui muito fã de doces mesmo.
Era um misto de mentira e verdade, verdade porque nunca tivera oportunidades para doces e por conta disso não era um fã, e mentira porque quando provou gostou e tinha guardado aqueles pra comer depois. Não sabia se estava agindo certo, falando certo daquela forma, sendo empático, não tinha prática em fazer amigos, apenas arriscava.
Quanto às outras crianças das casas, Potter já tinha sido anunciado então não tinha mais ninguém em quem Leon tinha interesse em saber a casa.