Salão Principal

Olho para a grandiosidade do salão principal e um pequeno sorriso se abre em meu rosto, não ganhava por muito em luxo e decorações em relação à casa onde cresci, mas com certeza ganha em tamanho e presença. Embora fosse grande e imponente, o castelo mantinha uma aura agradável de segurança (pelo menos em grande parte do tempo), eu me sentia bem aqui, já havia percebido que aqui era a minha segunda casa.

Ainda me sentia nervoso por estar cercado de tantas pessoas da minha idade, em minha casa já teve diversas festas dadas por meus pais para a comunidade bruxa, mas mesmos as mais lotadas não tinham tantas crianças, eu me sentia solitário e agora, com tantas ao meu redor, não sei exatamente o que fazer. Tentei conversar com alguns mas até agora ainda sinto como se algo faltasse, eu precisava achar alguém legal com quem conversar.

Faço questão de me sentar perto do Neville, o garoto era tão simpático quanto atrapalhado e não merecia toda aquela encheção de saco da sonserina, minha presença perto dele foi o suficiente para fazer com que parte dos verdes voltassem a atenção aos suas comidas e não ao menino, confesso que senti uma pontada de orgulho.

Olho em volta e percebo que Trevor ainda não apareceu depois de ter ido conversar com a professora Minerva, não tenho a mínima ideia do que pode ter acontecido com ele, mas o tempo todo minha mente vai pra ideia de que ele já foi expulso, mas eu não tenho conhecimento nenhum de que Hogwarts expulsa alunos assim tão facilmente, será que eles são assim tão rigorosos?

Meus pensamentos mudam totalmente de foco quando vejo as que as corujas chegaram, eu olho pra cima e espero a chegada do meu exemplar do Profeta Diário chegar e junto com ele veio uma carta de meus pais, coloco-os de lado e decido terminar de comer antes de ler, vejo que Harry Potter, o mais novo dos Weasleys que eu esqueci o nome (acho que era Robbie) e uma menina da Corvinal que por um erro veio parar na Grifinória estão sussurrando sobre algo do Profeta, fico curioso e decido abrir o jornal agora, vejo a notícia de que tentataram roubar o Gringotes, acho estranho eles estarem sussurrando sobre a notícia, por mais impressionante que fosse a estupidez de alguns ladrões desesperados desses, será que esses três sabem de algo a mais? Teria que pesquisar sobre isso mais tarde.

Perdi a fome e começo a ler a carta de meus pais quando vejo uma garota de cabelos vermelhos e andando pela mesa da sonserina aparentemente procurando alguém, o que não me chamaria a atenção se a garota não fosse da corvinal, vejo que ela começou a conversar a Holly. uma garota que não deve ser normal, uma tia comensal e a mãe maluca, olho de relance para o Neville e lembro da história de que seus pais também estão lá, no final reviro os olhos e volto a ler a carta, era menos complicado se concentrar nisso do que em relações de pessoas e seus pais.

Tristan deu de ombros quando Erin lhe avisou que não teriam tempo de ir até o corujal naquele momento.

-Tudo bem, com o tamanho desse castelo, é bem capaz que a gente se perca no caminho da aula. Podemos ir quando tivermos tempo sobrando...

Estava divido entre seguí-la até a mesa da Sonserina ou adicionar mais alguns itens à sua lista de coisas para pesquisar sobre o mundo bruxo. Acabou optando por seguí-la até a mesa da Sonserina. Tinha ouvido um pouco sobre os membros da Casa, mas ainda não tinha falado com nenhum deles, e seria uma boa oportunidade para conferir por si mesmo como eram os sonserinos.

Na mesa da sonserina, reconheceu Holly das notícias trouxas. Talvez ela fosse de família trouxa como ele e de repente lhe ocorreu que talvez o tal acidente noticiado tivesse algum fundo mágico, já que os bruxos pareciam ser tão bons de esconder acontecimentos que se passavam logo embaixo do nariz dos trouxas. Não disse nada, ficou apenas um pouco atrás de Erin, enquanto ela conversava com a menina.

Apesar de ter ficado curioso pela sonserina que aparentemente tinha pelo menos um pé no mundo trouxa, Tristan percebeu que ela não parecia muito a fim de conversa no momento, então só lhe deu um sorriso meio constrangido e foi atrás de Erin quando ela se despediu e se afastou.

-Vi a família daquela menina no noticiário trouxa. - comentou em voz baixa quando já estavam longe da mesa da Sonserina - Engraçado como o mundo bruxo se esconde embaixo do nariz dos trouxas e eles não percebem nada...

Com um belo sorriso, Erin ficou feliz ao ver que Tristan tinha entendido a colocação dela.

- Isso... depois da aula teremos bastante tempo de ir lá.

Ele acompanhou a garota até a mesa da Sonserina e no caminho falaram algumas amenidades, provavelmente respondendo algumas questões sobre o mundo bruxo. Ela falou brevemente com Holly e logo se afastaram. Ele fez um comentário sobre a família da menina sonsa e Erin refletiu um pouco antes de falar.

- Uau, você tem uma visão trouxa sobre esse assunto? - pareceu bastante animada e admirada. Ela sabia muito pouco sobre os trouxas, e como adorava histórias, imaginou o quão divertido e inspirador poderiam ser os trouxas - eu gostaria de ver um jornal trouxa... essa notícia - depois ela concorda com ele - sim, o ministério trabalha duro para manter os trouxas protegidos, ao mesmo nos protegem também... - ela pensa mais um pouco - você deveria ver as notícias bruxas sobre a família dela. Parece que é uma família bem problemática... meus pais odiariam saber que eu fui falar com ela... tadinha dela...

Somente pra Holly:

Setembro, 02 de 1991, Hogwarts - Londres

Holly queria ir logo para a sua aula. Ela não gostava de estar entre pessoas… ou talvez não gostasse de ver as pessoas felizes confraternizando entre elas.
De um jeito ou de outro, terminou sua comida assim que o almoço foi servido. Comeu muito rápido e foi seguindo pelos terrenos da escola…
A aula de herbologia seriam nas estufas, do lado de fora da escola, perto da cabana do guarda-caça gigantesco que levaram os alunos pelo barco até a escola na noite anterior.

Ela não sabia muito bem para onde ir, mas tinha tempo para se perder se isso acontecesse.
Caminhou pelos gramados observando alguns alunos mais velhos, quando viu o Guarda-Caça conversando com a moça que era do Ministério da Magia.

Seria comum o Ministério ficar dentro da escola? Não teriam coisas mais importantes para fazer?

Abraçada com seus livros, apressou o passo tentando chegar logo nas estufas. Mil ideias atormentavam seus pensamentos – a imaginação auto destrutiva de Holly era realmente algo que ela ainda não conseguia controlar – até que escutou uma voz de mulher, adulta, chamando-a.

Era a moça do ministério vindo atrás dela.

Ela era a moça que havia interrompido o discurso do diretor na noite anterior. “Srta. Wood”, a representante do ministério que tinha um olhar de falcão e um ar de incherida.

- Srta. Pluemer? Por favor, gostaria de ter um minuto seu antes da sua próxima aula, sim?

Foi o que ela disse quando chegou perto o suficiente para ser ouvida. Holly ainda estava de costas para ela quando ouviu. Apertou ainda mais os livros, como se eles pudessem lhe emprestar força. O que ela quereria com a pobre holly? Seria alguma noticia de sua mãe? Será que ela teria alguma notícias da mãe dela?

Holly tinha deixado o Salão Principal para não conversar com pessoas e não ter que responder perguntas... agora estava diante de uma mulher adulta muito importante que queria conversar E lhe fazer perguntas. Sentindo seu coração apertar, ela concordou timidamente com a cabeça e olhou para os lados, para se certificar de que não havia alunos que caçoariam dela simplesmente pelo fato de parar para conversar com alguém do Ministério. Bem... alguém do Ministério imporia respeito nos outros, não é?
Será que ela estava trazendo notícias ruins para ela? Será que era por isso que a madrinha tinha mandado uma carta? Para que ela não se sentisse péssima pelo que todoorestodomundo sabia? Talvez até a menina ruiva soubesse, então tivesse vindo falar com ela por pena.
Muita bobagem passou em sua mente até que ela girou o corpo e fez menção de acompanhá-la, tempo em que teve coragem para perguntar bem baixinho:

- Aconteceu alguma coisa?

O livro de poções era apenas um disfarce para seu ciúme. Estava claro, Erin já não o amava como antigamente. Estava ocupada demais com seus novos amigos e fazendo ainda mais, para se preocupar com seu irmão. Uma lágrima ameaçou a sair, mas ele limpou rapidamente. Não queria que ninguém o visse daquele jeito. Seria uma ótima deixa para alguém ir até ele puxar algum tipo de conversa. Aproveitou a comida para engolir o possível choro e leu mais alguns capítulos que no fundo, ele sabia que não estava entendendo nada pela avalanche de pensamentos negativos que estava a criar em sua cabeça juvenil. A esta altura, já não queria mais acompanhar sua irmã com o olhar. Iria se divertir consigo mesmo.

-Eu vi na tv, dizendo que era uma explosão de gás. - ele se lembrava vagamente do momento pois a notícia havia levado a uma conversa sobre a vez que ele tentara fazer uma experiência no fogão de casa e, segundo seu pai, quase tinha incendiado a cozinha.

-O jornal trouxa não tem nada demais, é bem sem graça comparado ao dos bruxos... As fotos não se mexem, nem nada... -falou num tom meio desapontado, tudo que era trouxa parecia super chato comparado ao mundo bruxo - Acho que por isso a gente prefere televisão...

Tristan ouviu Erin contar um pouco sobre a família de Holly enquanto olhava para trás e a via deixando o Salão.

- Problemática como? - o pouco contato que tivera com o mundo bruxo já tinha lhe ensinado que havia todo um novo leque de questões que não existiam no mundo trouxa e precisava entender como tudo funcionava o quanto antes.

Aparentemente estava sendo muito interessante conversar com Tristan, ele era filho de trouxas e falava coisas muito curiosas de seu mundo, o que era muito divertido para a jovem bruxa.

- Explosão de gás? - fez uma cara de surpresa - como assim? - depois ele falou umas coisas estranhas que ela logo quis saber - TV? O que é isso? Televisão? Os trouxas gostam dessas coisas? Que pena que o jornal trouxa não se mexe, como vocês registram suas coisas então?

Depois ele quis saber sobre a família Pluemer, coisa que a menina não sabia detalhes.

- Hum... não sei muita coisa, só que a mãe e a tia são um pouco... - ficou sem jeito de falar essas coisas e desviou o assunto - meus pais não deixam a gente ficar sabendo de certas coisas. Dizem que é coisa de adulto... mas ouvi dizer elas são loucas ou estão internadas... algo assim... não sei ao certo - cochichou no ouvido dele - parece que a tia é má!

Setembro, 02 de 1991, Hogwarts - Londres

Assim que Holly perguntou se algo havia acontecido, um sorriso largo demais desabrochou dos lábios finos de Samara Wood.
Tentando parecer acolhedora, passou os braços pelos ombros de Holly fazendo a menina sentir arrepios. Sua voz saiu fina, o que incomodava ainda mais Pluemer…
Se ela queria ser amigável e acolhedora estava fazendo tudo muito errado.

- Nada aconteceu, Srta. Pluemer. Apenas queria lhe fazer algumas perguntas…

Ela deu dois passos com Holly debaixo de seus braços e perguntou, tentando ser delicada:

- O Ministério tem observado sua família, Srta. Pluemer. E depois do ocorrido, decidi que seria...imprescindível… estabelecer uma relação de confiança entre a srta. e o Ministério. Afinal… sua tia sempre demonstrou um interesse peculiar em você…

Dito isso, deixou a frase morrer no ar.

O que ela queria? O que seria o “ocorrido”? Estaria ela falando sobre a tia ter explodido a casa? Imediatamente o rosto de sua tia veio em sua memória, com o rosto pálido expressando a loucura em sua mente.

Em algum momento Holly desconfiou que sua tia havia aprontado mais alguma coisa. Mas o quê?

~*~


Tristan e Eireann ficaram grande parte do tempo conversando sobre a família da Holly e sobre o mundo Trouxa.
Tristan percebeu que ele poderia ensinar algo para Erin sobre o seu mundo em troca dela lhe mostrar as maravilhas sobre os bruxos, mesmo achando cada vez mais que as invenções trouxas eram inúteis e bobas se comparadas com o mundo fantástico que estava descobrindo.
Haveria uma lógica para tudo aquilo?

Os dois acabaram voltando para a mesa da Corvinal conversando animados, como amigos, sobre os dois assuntos. Ao se aproximarem de seus lugares, Erin já não se lembrava dos dois amigos sonserinos que tinha ido conversar. Não que tivesse esquecido deles, mas naquele momento sua atenção estava na conversa com seu novo amigo.

Sentou-se ao lado de Owen, mas percebeu que tinha algo diferente com o garoto. Ele havia disfarçado bem seu estado emocional para quem não o conhecia, mas não poderia enganar Erin se ela reparasse nele de verdade. Quando a menina virou-se para o irmão para falar sobre Tristan, o menino trouxa que fizera amizade, Owen simplesmente levantou-se e saiu da mesa dos corvinos.

Ele sequer havia tocado em seu almoço.


~*~

Carter ficou intrigado com a ruiva da corvinal estar conversando com Holly na mesa dos Sonserinos e, por isso, ficou observando-a curioso. Ela era lindíssima. Tinha leves sardas no rosto, olhos tão azuis como o céu e um cabelo vermelho, cacheado, preso com uma transa. Era graciosa e ria facilmente.

Quando a menina sentou-se na mesa da Corvinal viu um menino levantar-se rapidamente e se afastar… Era como uma versão menos atraente de Eireann, como se fossem… gêmeos! Sim, talvez Carter já os tivesse visto antes em um dos bailes que sua família costumava ser convidada.
Deviam ser os O'byrne. A família toda era ruiva e irritantemente gentis e belos… Nunca tinha conversado com eles, mas talvez fosse a oportunidade de estabelecer uma amizade com uma poderosa família irlandesa.

Elliot ficou muito feliz ao receber a carta de sua família, já sentia falta deles, ainda era estranho estar no meio de tantos desconhecidos, mesmo com a Eireann fazendo o possível para enturmá-lo algo parecia estranho para o garoto, parecia errado fazer amizades assim tão rápido, pelo menos nunca aconteceu antes, logo pensou que queria ficar sozinho um pouco e escrever uma carta em resposta para sua família falando como foi seu primeiro dia, poderia até falar que fez amigos sem estar mentindo "minha irmã não vai acreditar nisso", pensava ele sorrindo e baixando a cabeça para disfarçar, mas ele queria escrever a carta em um lugar calmo e silencioso, queria um tempo para refletir, ficar um pouco sozinho, imaginou que faria bem para ele.

- E-Eu preciso resolver umas coisas na biblioteca, encontro vocês na aula. - Falou Elliot bem baixo e apressado, não sabia nem se tinham escutado, na verdade ele passou um bom tempo pensando o que falar pra sair de lá e esperando o momento certo pra falar, ou talvez apenas criando coragem para isso, mas no fim acabou não falando nada como havia planejado e só se retirou, ia passar o resto do tempo que havia sobrado pra passar um tempo sozinho, encontraria o resto do pessoal já na próxima aula.

Animadamente Erin conversava com Tristan até voltarem para a mesa, logo quis passar tudo para o irmão.

- Owen, o Tristan estava falando sob... - ela notou que o irmão estava emburrado, ela o conhecia muito bem e sabia quando estava chateado. Ele levanta e sai da mesa sem dar qualquer satisfação - Owen? Tristan, me dá um minutinho - ela se levanta e corre atras do irmão - Owen... Owen, me espera... para onde está indo? Posso ir junto? Está bravo comigo?

Tento me concentrar na minha carta, mas o rosto daquela menina não saia de minha cabeça, aqueles cabelos ruivos eram lindos, guardo a minha carta em meu bolso para ler depois, já tinha lido todas as palavras duas vezes e ainda não sabia do que se tratava.

Penso um pouco tentando fazer uma suposição de que família ela vinha, seus cabelos ruivos me fazem pensar que poderia ser uma Weasley, mas aquelas roupas eram muito ajustadas e novas para isso se concretizar, então lembro de uma família irlandesa também conhecida pelos seus cabelos ruivos, ela deveria ser uma O'Byrne.

Ela está sendo seguido por outro garoto o que me faz hesitar um pouco, não quero parecer atirado demais. Fico a observando de longe até o momento em que ela volta para a sua mesa e quase que ao mesmo tempo um garoto se levanta, ele tem os mesmos cabelos da garota, os mesmos olhos embora um pouco menos atraente, um sorriso se desenha em meu rosto quando percebo que eles devem ser gêmeos.

Me pergunto se eles já estiveram em alguma das festas que demos ou fomos convidados, provavelmente, embora não lembre nem um pouco de já ter falado com eles ou de ter sido apresentado a eles (embora isso possa ter acontecido e eu apenas não lembre). Independente do que aconteceu decido que era hora de me apresentar oficialmente.

Me levanto pra seguir o garoto que se dirige a saída, quase que ao mesmo tempo que eu, a irmã dele se levanta e sai correndo na direção dele, reviro os olhos e me aproximo um pouco mais deles, embora ainda mantivesse uma certa distancia, não queria realmente falar com mais de uma pessoa de uma vez, não era muito minha praia conversar com muitas pessoas desconhecidas de uma vez. Esperaria um pouco os dois se separar.

As pernas de Owen levantaram-se sozinhas. Como se seu próprio corpo tivesse compreendido sua dor e agisse por si mesmo. Ao ouvir a voz de sua irmã, já era tarde demais. Não poderia olhar para trás de maneira alguma. Seria como matar a si mesmo, seu orgulho infantil. Mesmo a irmã repetindo seu nome por algumas vezes, estava na hora de decidir para onde iria. Por mais que a dúvida tenha batido em sua mente, foi questão de milissegundos decidir para onde iria, qualquer lugar bastava então por que não ao banheiro? Seria ótimo para colocar suas ideias no lugar e decidir como encararia sua irmã depois de sair.
Enquanto se dirigia ao lugar escolhido em sua mente, ouvia sua irmã perguntando se poderia ir junto, em sua cabeça, ele mostrando à ela aonde estaria se direcionando, entenderia que não poderia acompanhá-la, afinal, era o banheiro dos meninos, não um universal. À este ponto, o coração do jovenzinho já estava acompanhado de um misto de sentimentos e cada passo que direcionava ao banheiro, sabia que estava despedaçando o coração da irmã que tanto amava, mas ele não poderia se virar... tinha que manter a pose e sair por cima, era isto o certo, não é verdade? Mostrar que estava bem sem ela, pois a mesma havia escolhido outros. Era tarde demais... os últimos passos até o banheiro foram os mais pesados até então. Carregados de uma culpa que não entendia exatamente o porque.
Ele abriu a torneira, lavou as mãos e se olhou no espelho, buscando de certa forma, encontrar a resposta para o problema que ele mesmo criou.
Será que deveria pedir desculpas a ela? Afinal, Owen já sabia como ela ficava a respeito de novidades. Será que estava certo sentir essa raiva só por ela estar se divertindo? Mas ela não deveria se divertir apenas com ele? Ele não estava sendo deixado de lado? Eram perguntas que apenas se multiplicavam em sua cabeça.
Owen faz uma espécie de cuia com suas mãos e lava seu rosto. Tinha fé que deste modo, de certa forma, esfriaria sua cabeça e estaria pronto para encarar a realidade caótica que havia deixado fora do banheiro masculino. Não suportava a possível imagem da irmã chorando por causa dele, mas também não suportava a terrível verdade de que ele já não era mais tão especial assim para ela. Owen tentou, mas dessa vez era tarde. Ele chorou. E percebeu que não conseguiria parar tão facilmente. Ele pegou alguns papéis e entrou em uma das cabines para ter privacidade. Secou o rosto recém molhado e suas lágrimas. Olhou novamente para o espelho, com a esperança que seu rosto não revelasse o que havia passado. Limpou os últimos resquícios de seu crime, respirou fundo e esticou seu uniforme. Chegou a hora de encarar seu destino.

Foi triste ver o irmão partir sem ela, não queria mais sua companhia. Se ele estava bravo com ela, ela não sabia nem o motivo. Ele nem mesmo tinha olhado para ela e foi muito doloroso. Odiava quando brigavam, mas das outras vezes ela ao menos sabia o motivo.

- Tá bom, seu chato... - falou à distancia - depois não vá reclamar quando eu ficar de mal com você - ele já estava dentro do banheiro e talvez nem tivesse ouvido sua reclamação infantil. Ela já tinha um irmão que vivia longe deles, não queria que Owen fosse outro a partir.

Ficou parada no corredor por um tempinho antes de secar as lágrimas e voltar para a mesa.

"Owen bobo! Não gosta mais de mim? Vou contar para babá!"

Parou mais uma vez, dando mais uma chance para que o irmão a visse quando saísse do banheiro.

Não tive que esperar muito, a garoto segue para o banheiro sem se virar para a irmã, ele apenas foi para o banheiro, penso que parece ser muito estranho falar com ele enquanto ele faz suas necessidades básicas, fico por alguns segundos pensando com qual deles falar, me aproximo da garota, ela seria mais simples, principalmente agora que estava sozinha.

Ela está de costas pra mim, penso em tocar seu ombro para fazer com que ela vire, mas, antes que realizasse tal ação me lembro do rosto dela, sinto meu rosto corar um pouco, ela era muito bonita e não acho que conseguiria soltar frases coerentes se simplesmente a abordasse no meio do nada sem mais e nem menos. Recolho a mão e passo por ela seguindo em direção ao banheiro.

Ao abrir a porta eu avisto o garoto, ele está ajeitando seu uniforme, algo está estranho com seus olhos, mas não identifico o que por não olhar por tempo o suficiente, não queria ficar encarando por muito tempo.

Vou em direção a pia e lavo as mãos, só uma desculpa para não parecer que entrei lá por nada. Olho para o rosto dele através do espelho, estreito os olhos e pergunto:

– Você é um O'Byrne, certo? - falo com um tom de voz casual.

Esperou um tempo e nada, seu irmão definitivamente não queria conversar com ela. Resolveu então voltar para a mesa da Corvinal e conversar com Tristan. Passou brevemente por um aluno da Grifinória que ia ao banheiro, mas não deu atenção.
De volta à mesa, sentou cabisbaixa.

- Meu irmão me odeia! - foi o que disse para Tristan.

Tristan voltou à mesa da Corvinal acompanhando Eireann. A menina se apressou em contar para o irmão o que os dois tinham conversado, mas Owen apenas levantou-se e abandonou a mesa. Eireann se apressou para seguir o irmão e descobrir o que estava acontecendo, mas Tristan preferiu continuar na mesa e evitar o drama, adicionando mais alguns itens à sua lista de coisas que precisava estudar sobre o mundo bruxo.

Minutos depois, Eireann voltou cabisbaixa, parecendo chateada com alguma coisa.

-Meu irmão me odeia! - ela disse enquanto sentava-se ao seu lado.

-Vocês estavam se dando bem até agora a pouco... Aconteceu alguma coisa? - ele olhou para ela sem saber direito como lidar com a situação e voltou os olhos para seu caderno de anotações, pensando no que poderia dizer - ah... Eu tenho um monte de irmãos e a gente vive brigando... - sorriu para ela meio sem jeito, encolhendo os ombros - Vocês parecem se dar muito melhor do que eu e meus irmãos, aposto que logo vocês fazem as pazes.

O ciclo de seus pensamentos interrompeu-se drasticamente com a entrada de alguém parcialmente desconhecido.
Sua pergunta produziu um leve incômodo. "Um O'byrne", como se pertencesse à algum tipo de raça animal, Owen sempre amou animais, mas sabia que pessoas deveriam ser tratadas de um modo melhor. Sabia que a partir daquele momento, estaria sendo avaliado até o fim da conversa. Não era a primeira vez que passara por esta situação. Em todas as festas que participou graças ao seus pais e ao grande nome O'byrne, Owen aprendeu bastante coisa, entre elas, como identificar alguém como esta pessoa que está lavando as mãos na pia.
Os olhos do menino ruivo caminham sutilmente para a figura irritante e se dá conta que era um membro legítimo dos Memphis. Sabia que alguma hora alguém se aproximaria dele, todavia as condições que Owen se encontrava era uma das piores, se não a pior. A voz de seus pais dizendo para que ele mantivesse a postura quando estivesse dirigindo à outras famílias importantes ecoava, porém sem grandes efeitos em si mesmo. Todo o esforço de Owen encontrava-se em não demonstrar que estava chorando ainda a pouco.

- Meu nome é Owen O'byrne!

Com os olhos franzidos e uma voz inundada de descontentamento, se faz ausente do local e, ao seu lugar inicial retorna.

Holly arregalou os olhos quando ficou mais próxima daquela mulher, que apesar de ser uma funcionária de autoridade e confiável, soava tão estranha... Ela não teve coragem de olhá-la nos olhos e encolheu os ombros, acompanhando-a timidamente. Estava apavorada pensando o que poderia ter acontecido com sua mãe, mas mais uma vez ninguém lhe dava uma resposta satisfatória.

Desanimada,deixou que a mulher continuasse falando. Não entendia o que ela queria dizer com relação de confiança e porque ela queria isso, mas estava falando da sua tia.

- Minha tia...? - só de lembrar daquela mulher loira e como foi estupidamente enganada, já lhe dava vontade de chorar. Então era óbvio pra todo mundo o quanto a tia era louca, só ela que tinha sido enganada. Só de lembrar daquele rosto insano, já se sentia com medo. - Aconteceu mais alguma coisa? - perguntou de novo, receosa e desanimada. Parecia bem triste e morosa, o oposto do que a funcionária provavelmente queria. - Eu não....falo com ela... - continuou falando, torcendo para que essa fosse a resposta certa para ser deixada em paz.

O garoto se apresenta após um momento, logo em seguida se vira e sai do banheiro sem mais nem menos, como ele se atreve??? Será que ele não sabe que sou um Memphis, aff garoto burro. Sempre ouvi falar (e presenciei algumas vezes) a gentileza característica dos O'Byrne, mas dar as costas para alguém estava bem distante do que eu imaginei que ele faria.

Corro atrás do garoto e o alcançando no corredor o seguro pelo braço, de uma forma não tão rude, mais para lhe chamar a atenção.

– Eu sou um Memphis garoto, não me dê as costas - geralmente as pessoas simplesmente sabem quem eu sou, mas não se deve julgar as pessoas pela sua falta de inteligência, me pergunto como ele foi parar na Corvinal, pelo visto nem tudo é como dizem - quero conversar com você sobre uma coisa.

Eu não tinha a mínima ideia do que faria agora, com toda essa situação tinha esquecido sobre o que tinha pensado em falar, mas se tudo ocorresse bem, ele, agora sabendo quem sou, puxaria o resto do assunto.