- Intão ta combinado. Acena com a cabeça.
O guerreiro do sertão tira seu óculos e passa a mão nos olhos para limpar as lágrimas de antes enquanto respira fundo.
A decisão havia sido tomada.
Antes de sair, o nordestino foi até as duas crianças, Kytes e Rena, e se despediu delas, dizendo que da próxima vez que os visse já estaria na companhia de Morgana e que iria lhes apresentar Rosinha, uma nova amiga. Queria deixar com eles um pouco da confiança que havia retomado graças a oferta de ajuda vinda de Elena.
Preparou suas coisas no camelo. Ajeitou seu óculos em seu rosto, endireitou seu lenço vermelho no pescoço e pôs sua Pexera no coldre em sua cintura. Estava pronto. Olhou para o céu, com os olhos miúdos graças ao sol forte, e pediu para que seu Padim Ciço olhasse por aquelas terras e os guiasse pelo caminho certo.
Partiram.
Em pouco tempo, o Khan'Gaceiro já pôde sentir a dificuldade de se montar um animal daquele. Não era como um jumento, animal mais comum a ser montado no local de onde vinha, pois era mais alto e rígido para se "manobrar"... Também não era como se Sivirino fosse um exímio montador de Jumentos, já que esse era seu maior ponto franco dentro do bando que regia no Brasil.
Os dois aventureiros observaram as belezas e tristezas de uma terra árida e a cada metro que se aproximavam de Jack, fazia com que o coração nordestino batesse mais forte. Chegava a palpitar de ansiedade.
Mas lá estava a cidade abandonada e o covil do inimigo. Em frente à dupla.
Sivirino agradeceu os mensageiros no rádio e olhou para Elena. Estavam bem perto e precisavam manter o foco e a vontade inicial.
Ambos desceram dos animais e os encostaram onde poderia ter água e comida por ali por perto. Sivirino da Silva conferiu se tudo que precisava estava com ele e partiu até seu objetivo.
Ao entrar na cidade, olhou ao redor e se espantou com a vastidão daquilo que agora estava abandonado. O que teria acontecido com as pessoas que antes moravam ali? Seria tudo aquilo obra do Jack?... Perguntas ocupavam sua mente enquanto os olhos permaneciam atentos à paisagem ao redor.
Acharam a mansão.
Os passos do brasileiro se apressaram um pouco, mesmo sem que ele percebesse, e logo já estava diante dos dois guardas. Encarando-os furiosamente no olho. Cara de poucos amigos.
Ao ver os portões abertos, apenas iniciou sua caminhada e mal respondeu àqueles homens ou deu muita bola para o que Elena havia perguntado a eles. O foco era tudo que ocupava a mente de Sivirino. Andava na frente, mas não ao ponto de se distanciar da guerreira que lhe oferecera ajuda.
Passaram pelo quintal e se aproximavam da porta quando Elena avistara a construção menor. Sivirino não dera muita atenção, mas o fato da jovem ter saído em disparada na direção daquele lugar fez com que ele saísse um pouco do transe que se encontrava ao tentar estar preparado para uma das batalhas mais importantes de sua vida.
- Ispere Minina... Já parecia tarde, Elena andava em passos firmes até lá.
Observou ao longe o que se daria daquela situação, ponderando se deveria ou não se aproximar da guerreira e demorar um pouco mais para entrar na mansão. Era uma decisão difícil.
Mas algo pareceu complicar dentro daquele local quando a garota pareceu se paralisar por ter visto algo lá dentro. Isso fez com que, novamente, as pernas do nordestino corressem até lá sem que ele realmente tivesse decidido o que queria daquela situação. Chegando perto e vendo que não tinha muito o que fazer para ajudar a garota a se defender, Sivirino chegou dando uma rasteira por trás da garota para derrubá-la para o lado no chão, evitando qualquer que fosse a ameaça que estaria vindo na direção da nativa daquele local. Tentaria evitar que aquele movimento fosse muito danoso.
- ACORDE MULÉ! O QUI TA ACONTECENO AQUI?
Mal chegara nas terras de Jack e já teria que resolver as pendências alheias.