O súbito beijo de William realmente pegou Januar de surpresa, que não teve nem tempo de reagir. E ela permaneceu por um tempo parada, tentando assimilar aquilo que tinha acontecido. Embora não tivesse sido o primeiro beijo entre os dois, este também tinha um toque especial, uma expressão de carinho pela superação de uma adversidade. A cleriga levou a mão até o peito, seu coração batia disparado. Tudo levava a crer que o momento que tiveram juntos na torre não fora um impulso arrebatado e momentâneo de dois jovens, e sim um inicio de algo que prometia ser mais duradouro. Apesar de todos os problemas que ambos teriam que enfrentar...
- A Oração da Luz Restauradora...
As palavras de William trazem Januar para a realidade, e mais que depressa ela o acompanha em sua oração.
- Em nome da Luz Restauradora de Mitz, que os maus Espíritos se afastem de mim! Espíritos malfazejos, que inspirais maus pensamentos aos homens; espíritos enganadores e mentirosos, que os enganais; espíritos zombeteiros, que zombais da sua credulidade, eu vos repilo com todas as minhas forças e fecho os meus ouvidos às vossas sugestões, mas peço para vós a misericórdia de Mitz.
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O grupo decide então seguir um outro caminho, liberado pela destruição do mal representado pelo covil da aranha. Parecia ser um atalho que seguia pelo outro lado da colina, provavelmente guardado justamente pelo finado monstro.
Era um caminho simples, entremeado por rochas afiadas e que circundava a lateral da colina, subindo constantemente. A grande vantagem é que tinham uma ótima visão do caminho por onde tinham passado, podendo se certificar de que ninguém estava seguindo.
Ao final da tarde eles chegam num pequeno platô de pedra, onde uma cascata de aguas frias e cristalinas descia formando uma pequena lagoa. Uma razoável quantidade de seixos coloridos pode ser vista no fundo, e centenas de inofensivos peixes dourados e prateados nadam livremente através das aguas. Na borda próxima da cascata crescem 3 estranhos arbustos, que fazem lembrar arbustos de framboesa, mas as suas bagas são muito maiores que as framboesas comuns.
Tanto Januar quanto Shebet estavam visivelmente cansados, e ao verem aquela cena paradisíaca simplesmente param e se sentam no chão, soltando suspiros de alivio.
O mago, que normalmente era muito reservado, tinha tirado sua mochila e agora estava deitado com a cabeça recostada sobre ela. Ele então diz para William:
- Este me parece um ótimo local para montarmos um acampamento. Tem agua fresca e ate frutas silvestres, e daqui podemos ver o caminho para baixo. Minhas magias arcanas se foram todas, preciso de descanso para estuda-las e prepara-las novamente.
Januar, que estava com o rosto suado e um pouco sujo pela poeira, acena com a cabeça. Ainda estava sentada, mas parecia que seria um esforço fenomenal tira-la daquela posição.
- Estou na mesma situação, William. Que tal um descanso? – diz, com voz cansada.