- Pelo visto estou liberado.
Se Tinafe ficou chateada com os modos do aluno, não deixou transparecer, a não ser por um leve levantar de sobrancelhas que podia significar "te acerto mais tarde" ou "tá tanto faz".
Depois de sair ele se enfurna na biblioteca, procurando algo sobre encantamento de armas. Havia alguns livros sobre o tema, mas logo fica claro que não era uma ciência fácil.
Um encantamento de armas era um ritual para normalmente três ou quatro magos, ou mais. Em linhas gerais, a medida que um mago tivesse poder maior que o acumulado numa arma, ele iria passando poder de seu corpo para a arma, enquanto a segurava. Enquanto a arma era segurada por um mago com poder menor que o acumulado nela, a arma passava poder dela para o corpo do mago, com isto depois de encantada ela ia se carregando ou descarregando dependendo de como era usada, podendo inclusive perder suas propriedades.
Tudo começava com a preparação de uma arma, e isto já era difícil. Não era difícil entender porque uma arma mágica podia sair 100 ou até 1000 vezes mais cara que uma arma comum. Tudo começava com o material. Cada elemento tinha seu material próprio, e cada estilo dentro de um elemento podia ter materiais especiais. Nergal se foca nos de magia branca e negra.
A prata era o elemento que melhor canalizava qualquer elemento (ou a maioria, pelo menos), mas tinha um inconveniente: não era um elemento bom de acumular magia, sendo assim ele carregava rápido, mas descarregava rápido, assim não era uma arma boa para iniciantes, embora prata é boa para detalhes com linhas-guias.
A Gran-Elemental Ariel usa um tridente inteiramente de prata (parecido com de Jara, mas de Jara não é de metal), e outros heróis, como Helena e Joĥe, também usavam armas de pura prata pois não precisavam contar com energia acumulada na arma.
O ouro era o metal que melhor acumulava e canalizava mana branca, e ele ainda era resistente a mana negra, fazendo uma arma boa para dominadores de magia branca pura. Uma arma de ouro puro já era cara por si, uma arma mágica então era uma fortuna. Poucos, como Æno possuíam uma arma de ouro puro.
O bronze por outro lado era o metal que melhor acumulava e canalizava mana negra, e ainda resistia à mana branca, sendo o "metal dos demônios".
Havia uma breve descrição de uma arma suprema, chamada Tenash'ná, feita em prata com detalhes em ouro e bronze de formas muito específicas e que (teoricamente?) poderia ser usada por magos de qualquer elemento, desde magos negros a magos brancos. Porém não há outros livros ali que falam desta lendária Tenash'ná.
Depois do metal, as armas podiam ser "decoradas" com uma série de linhas-guia, pequenos detalhes em alto ou baixo relevo que ajudavam conduzir a mana. (veja o link de Ĝeko sobre linhas guias: https://www.novaerarpg.com/t3814p14-novos-mares-geko parece que o site que coloquei a imagem das linhas guias deu pau, depois vejo se reponho)
Além de metais, armas podiam ter gemas, que não serviam apenas para decorar, mas poderiam ter propósitos mágicos também. As gemas não conduziam a energia bem como metais, por outro lado elas acumulam muito mais energia, e a descarregam de forma muito mais lenta. As gemas de melhor efeito para a magia branca eram o diamante, ou a opção mais barata, embora não tão eficaz, seja algumas qualidades de quartzo. O ônix é conhecido como a gema da magia negra, embora não seja a única.
Armas de madeira eram ainda mais complicadas de se encantar, pois mesmo a madeira sendo uma forma de vida inferior, ela era orgânica, e portanto mesmo depois de morta ainda poderia ter uma "personalidade" quanto à magia, o que podia ser bom ou ruim.
As armas de madeira, de um ponto de vista mágico, apesar de mais difícil de ser encantadas, têm vantagens intermediárias entre metais e gemas: elas são melhores acumuladoras que metais, melhores canalizadoras que gemas e ainda podem ser talhadas com linhas-guias como metais, e como dito, se um mago conhecer a "personalidade" de cada madeira, ele pode trabalhar com isto.
O pau-ferro por exemplo é uma madeira que tem mais afinidade com energias masculinas, a mana negra ainda não foi caracterizada como masculina ou feminina, mas como é mais densa, o pau-ferro parece ser uma boa madeira para armas negras. Já o ipê, em especial o rosa, tem grande afinidade com energias femininas, portanto com elementos da água e ar.
Nadhull opta por ficar quieto, só observando. Os mestres em pouco tempo se distraem, principalmente Fah e Gaíla ficam conversando sobre a sorte que tiveram, os dois perguntam a Tinafe se o anjo dá dando problema ou não, Marcel faz algumas considerações sobre outros eventos na cidade que os mestres acham de alguma relevância, mas Nadhull não estava muito a par, Níron fica meio na dele, em geral o fim da reunião não passa muito disto. Não demora para todos se dispersarem.
Ao fim Tinafe vendo que o íncubo ainda aguardava, se aproxima:
- Você conheceu a Anciã?
Nadhull supõe que a pergunta é sobre a Anciã Velora, e diz que a viu rapidamente no dia do teste com Marcel e outras pessoas mas que seu conhecimento foi superficial, apesar de sentir a incrível energia mágica que emanava da velha demônio.
- Mmm, Velora e Marcel tem contatos demais... - Pelo timbre do "demais" da pra sacar fácil que Tinafe não ia mesmo muito com a cara dos outros dois, podia ser até inveja, mas alguma desconfiança rolava. - Não são muito de dividir informações quando precisamos, mas amanhã precisarei ir na Copa de Ânima ver se desentoco a Anciã de lá. Vamos precisar de contatos. Infelizmente meu aprendiz já deixou aquela sacerdotisa branca ir embora sem apertá-la, eles não gostam muito de demônios e se quiséssemos saber o que vão aprontar teria de ser por iniciativa do Nergal. Mas tudo bem, não me interesso tanto assim pelos pescoços de cisnes.
Nadhull comenta como sua instrutora Niréia também parece ligada à anciã, pois inclusive parece que ela tinha recebido um chamado desta, e por isto não estava ali.
- Mm, seria útil se pudéssemos encontra-la antes de procurar Velora na Copa de Ânima, mas se não dermos sorte talvez a encontremos justamente na Copa de Ânima. Quem sabe uma possa ajudar com a outra... Veremos!
Enquanto não encontramos elas, você e sua mestra, ou melhor, instrutora, já fizeram algum plano de estudo, ou não?
Ela espera a resposta, posteriormente Nadhull comenta também do rápido treino que teve com Latifa, a Atemense, que não foi muito agradável, ainda assim deu para observar um pouco sobre magia branca. Tinafe comenta que apesar da colaboração dos Atemenses ser superficial, para todos vocês seria bem mais fácil encontrar colaboração entre a Escola Atemense que com a Igreja Cisne Branco. A partir de agora, tudo teria que ser levado em conta.