- Ora, ora, ora - Apesar daquela máscara feral, Kadir continuava capaz se comunicar-se de forma perfeitamente "humana", numa voz que parecia até demais calma – Parece que a escolha foi acertada... Você é forte. Quase me escapou.
Afora o absurdo daquele delírio impossível, inesperado pesadelo no que seria apenas uma negociação comercial, o que tomara por completo o corpo de Ezra era uma sensação simplesmente definível como estranha: não perdera de todo o controle dos próprios movimentos ou da mente, não ficando “paralisado”. Ao contrário, a única coisa que parecia incapaz de fazer era desobedecer aquela instrução simples de, literalmente, não resistir – por mais que algo no fundo dissesse-lhe que havia algo de terrivelmente errado, a ideia de fugir parecia evanescer e tornar-se pó na cabeça dele, substituída por algo entre a curiosidade pelo desconhecido e a resignação religiosa. Fosse qual fosse o destino, era o momento de encará-lo de frente.
Aquele homem, cuja existência era ignorada até aquela maldita carta ser aberta, agora rodeava-o como um felino cruelmente encarando a refeição já dominada. Levara lentamente a mão à cabeça do jovem e, inclinando-lhe o rosto, deixou-lhe o pescoço exposto à luz difusa do ambiente.
E sem mais cerimônias, cravou nele os pontiagudos dentes fundos na carne, nalgo que não era exatamente dor.
À medida que tinha a vida sugada num movimento quase erótico, um prazer insuportável, mais agudo que qualquer experiência pela qual pudesse ter passado anteriormente, ou mesmo sonhado, invadia cada canto do corpo daquela vítima. Um desejo único de querer mais daquela morte preenchia as veias esvaziadas, até que fora largado quase inconsciente no chão, sem forças para mais nada além de esperar pelo que pudesse seguir.
- Você está no limiar da mortalidade - disse de forma cavernosa - Guarde esse momento na memória.
Se continuasse assim por muito tempo, era certo que o túmulo seria o destino dele. Aquele monstro havia mentido para ele? Tudo o que pretendia era matá-lo, deixando-o à mercê do tempo?
Se ainda houvesse lugar para o medo, o momento era agora.
Ou isso ou deixar o mundo de maneira brava e serena.
Afora o absurdo daquele delírio impossível, inesperado pesadelo no que seria apenas uma negociação comercial, o que tomara por completo o corpo de Ezra era uma sensação simplesmente definível como estranha: não perdera de todo o controle dos próprios movimentos ou da mente, não ficando “paralisado”. Ao contrário, a única coisa que parecia incapaz de fazer era desobedecer aquela instrução simples de, literalmente, não resistir – por mais que algo no fundo dissesse-lhe que havia algo de terrivelmente errado, a ideia de fugir parecia evanescer e tornar-se pó na cabeça dele, substituída por algo entre a curiosidade pelo desconhecido e a resignação religiosa. Fosse qual fosse o destino, era o momento de encará-lo de frente.
Aquele homem, cuja existência era ignorada até aquela maldita carta ser aberta, agora rodeava-o como um felino cruelmente encarando a refeição já dominada. Levara lentamente a mão à cabeça do jovem e, inclinando-lhe o rosto, deixou-lhe o pescoço exposto à luz difusa do ambiente.
E sem mais cerimônias, cravou nele os pontiagudos dentes fundos na carne, nalgo que não era exatamente dor.
À medida que tinha a vida sugada num movimento quase erótico, um prazer insuportável, mais agudo que qualquer experiência pela qual pudesse ter passado anteriormente, ou mesmo sonhado, invadia cada canto do corpo daquela vítima. Um desejo único de querer mais daquela morte preenchia as veias esvaziadas, até que fora largado quase inconsciente no chão, sem forças para mais nada além de esperar pelo que pudesse seguir.
- Você está no limiar da mortalidade - disse de forma cavernosa - Guarde esse momento na memória.
Se continuasse assim por muito tempo, era certo que o túmulo seria o destino dele. Aquele monstro havia mentido para ele? Tudo o que pretendia era matá-lo, deixando-o à mercê do tempo?
Se ainda houvesse lugar para o medo, o momento era agora.
Ou isso ou deixar o mundo de maneira brava e serena.