Amoghasiddi - Kether

Amoghasiddi anda por entre os destroços do templo, a construção talhada a golpes de machado ou queimada por flechas incendiarias. O inimigo não teve piedade, matando homem, mulher ou criança, os corpos feridos e mutilados estirados ao chão, mortos como se fossem animais. O que teriam feito para merecer isto? O monge então se lembra de sua família, que mora próximo do templo, e corre para fora...

Estaria a sua família bem? Nas paredes do templo, uma forma queimada no contorno de uma mão negra fechada em formato de punho se repete pelos corredores, que se alongam ao infinito. Os cães ladram do lado de fora!

***

Latidos. Amoghasiddi acorda com os latidos de um cão vira-lata, e se espreguiça. Aos poucos se da conta de que estivera dormindo, e que tudo era um sonho, um sonho do passado. Ele olha ao seu redor e percebe que estava próximo de uma fazenda ao lado da estrada galiana que levava para a cidade de Uniao. Já tinha caminhado muito em sua peregrinação pelo mundo, e finalmente se aproximava da principal cidade de Gália. O monge olha para o céu acima e decide que era hora de prosseguir caminho.

***

Depois de uma longa caminhada, já é início de tarde quando Amoghasiddi avista ao longe as primeiras torres de União. Isto o faz ganhar novo animo, e com mais afinco ele aperta o passo, ansioso para chegar o mais cedo possível ate a capital de Galia. Porém ao passar o topo de uma colina rochosa, vê mais abaixo, no caminho tortuoso por entre as pedras um outro viajante, um rapaz bonito, de cabelo ruivo, mantido preso por uma bandana para não cair em seus olhos. Ele é belo, mas também de aspecto frágil e delicado, que não combina muito com a espada que portava, a espada de um guerreiro.



Os olhos atentos do monge percebem que não estava sozinho, e captam a presença de outras pessoas, bandidos escondidos atrás das rochas! Não tarda muito e eles saltam de seus esconderijos, ameaçando o jovem rapaz com suas armas gastas e enferrujadas, demandando dinheiro.

O monge se levanta ainda afetado pelo pesadelo recorrente. Desde que a última vez que esteve no templo e encontrara toda aquela cena de destruição. Além de não ter encontrado nenhum sinal de sua família, nem mortos ou vivos simplesmente eles haviam sumido quase sem nenhum vestígio apenas um pedaço de pano com um bordado.



Aquela era a única pista do que ocorrera, então ele ao acordar pega aquele pedaço de pano o olha e aperta. Reafirma o juramento que fizera de encontrar a família e se levanta. Após arrumar suas coisas e seus exercícios de alongamento ele pega a estrada a caminho da cidade de União. Após horas de caminhada ao avistar as torres da cidade ele acelera o passo até que nota um guerreiro sendo emboscado por um grupo de rufiões.

Quando os bandidos atacam o jovem de traços finos e aparência frágil, Amoghasiddi pega duas pedras de bom tamanho e formato e atira uma delas na direção de um dos bandidos que não possuía elmo. E mesmo antes de saber se ele havia acertado, o bom monge segue apressado em direção aos bandidos.

- Ei! Porque não deixam este jovem em paz e enfrentam alguém desarmado? Vai ser mais justo para vocês, quem sabe não conseguem alguma coisa?

resultado da rolagem:

RODADA SURPRESA

Amo Ataque: Acertou Dano: 4.

RODADA 1

Iniciativa: Amo 16 Rapaz 15 Bandidos 2
Amo Ataque: 11. Acertou. Dano: 4.
Rapaz Ataque: 6. Errou.
Bandidos (3) Ataque Amo: 4. Ataque rapaz: 9, 6. Erraram.

**

Aproveitando-se do fator surpresa, o monge lança uma pedra certeira em um dos bandidos, que vai ao chão sem perceber o que o atingiu. Rapidamente Amo desce a encosta, saltando agilmente pelas pedras.

- Ei! Porque não deixam este jovem em paz e enfrentam alguém desarmado? Vai ser mais justo para vocês, quem sabe não conseguem alguma coisa?

Aproveitando uma das rochas próximas, o monge toma um grande impulso e usa a rocha para dar um salto para cima, terminando com uma voadora no pescoço de um dos bandidos mais próximos. O que estava ao seu lado gira desajeitadamente com sua espada, mas com um passo para trás o lutador marcial desvia facilmente daquele golpe amador.

O chefe dos bandidos, junto com seu cupincha, escolhem o rapaz ruivo como oponente. O rufião não tem muita técnica, mas ataca com muita ferocidade. O som metálico das laminas se enfrentando ecoa pela colina, e com certa dificuldade o guerreiro consegue se defender. Amoghasiddhi percebe que ele também não tinha muita técnica, e decide ajuda-lo.

Com um jogo de corpo, o monge consegue se posicionar de maneira a ficar de costas com o rapaz. Os bandidos os cercam, tentando encontrar uma brecha.

“Não sei quem é, estranho, mas obrigado” diz o ruivo, ofegante, “meu nome é Redris”.

NRPG: Ação de Amogha.

Amoghasiddi se esquiva do ataque do ladrão, que usava uma espada enferrujada e desbalanceada para a habilidade que possuía, com um passo para trás o suficiente para fazer um pêndulo e voltar com um ataque rápido, fintando com a perna de trás apenas para dar impulso e entrar na guarda do ladrão e pegar o seu braço que segurava "ameaçadoramente" a espada para o monge.

Amoghasiddi pega o braço do adversário com a mão esquerda e num movimento com o tronco dá uma ombrada no na axila do braço preso com o intuito de tirar o equilíbrio e encaixar melhor o golpe. Ainda sobre o impulso do giro ele encaixa o quadril e usando o braço direito como alavanca e soltando o seu Kyai.

- HUS! - ruge o monge ao aplicar o golpe no inimigo arremessando-o por sobre o ombro direito ao encontro dos outros ladrões.

Depois ele já se põe em base de combate novamente. Já se preparando para continuar a luta com o primeiro que vier (declarando o inimigo para bônus de esquiva).

- Eu falei que se os três estivessem me atacando seria mais justo...

Só então ele gesticula afirmativamente com a cabeça para o garoto, Redris, respondendo para ele. Depois aponta para os ladrões e os chama com uma das mãos que estava para frente.

RODADA 2

Iniciativa: Amo 16 Rapaz 15 Bandidos 2
Amo Ataque: Agarrar. 12. Acertou.
Amo Ataque: Lançar. Teste Força: 7. Falha. Dano: 2.
Rapaz Ataque: 4. Errou.
Bandidos (3) Ataque Amo: 13. Errou. Ataque rapaz: 1, 2. Erraram.

**

Amoghasiddi faz a alavanca com sucesso e arremessa o meliante de encontro aos dois outros ladrões. Porém eles estavam distantes, e a força utilizada pelo monge não havia sido suficiente. Porém a queda no chão pedregoso causou muita dor ao infeliz, batendo com seu peito em uma rocha e fraturando uma de suas costelas.

No entanto o arremesso não havia sido de todo mal, dado que tudo isto causou uma grande confusão nos outros ladrões, fazendo com que um deles derrubasse sua arma no chão, e o outro tropeçasse em uma pedra durante a esquiva, fazendo com que errasse em muito seu ataque.

O monge pode ver que o rapaz realmente era inexperiente, pois mesmo com tal abertura de guarda, ele não conseguiu aproveitar a oportunidade para desferir um golpe nos inimigos.

NRPG: Ação de Amogha. Se quiser que eu role todos os dados ate o final do combate, só falar. Ou podemos continuar rodada a rodada.

off:

O monge repara que o inimigo mesmo ferido não iria abandonar o combate, talvez o fato dele estar usando uma arma enquanto o monge estava apenas com as mãos pudesse ser uma vantagem dele neste combate. Mas aquela queda causou um ferimento grave e mesmo que Amogadashi fosse contra matar, ele sabia que havia sempre a opção do adversário reparar a inferioridade e desistir do combate.

Mas aquele homem parecia não ter inteligência o suficiente para reparar que ele era muito inferior ao monge naquele combate. Então Amogadashi se prepara para continuar o combate com o inimigo. Então quando ele tenta se levantar entrando em sua área de alcance com o intuito de atacar, o monge utiliza novamente sua energia interior e desfere uma sequencia de dois golpes rápidos com os pés um chute de baixo para cima com a perna direita num ataque com um mortal para trás concluindo com um segundo chute com a perna esquerda acompanhando o movimento.

- Lute defensivamente Redris, aguente que eu já estou chegando...

Ele utilizaria suas sequencias de golpes ora desferindo chutes, ora sequencias de socos (jab - direto), mas sempre tentando se aproximar do jovem que tudo demonstrava ser alguém importante, pois pela pouca experiência de Amogadashi ele já havia aprendido que ladrões comuns se valem de ataques surpreendendo as vítimas de forma rápida sem muita resistência. E quando ocorria usavam de sua vantagem numérica para tentar resolver ainda assim rapidamente e sempre buscavam atacar o adversário mais forte com maior número possível com a vantagem posicional onde sempre haveria uma brecha. Mas estes três queriam o garoto e não roubá-lo como o monge pensou inicialmente.

Agora que o monge suspeitava da motivação dos rufiões ele deveria ser realmente mais rápido para acabar com o combate e levar este garoto para um local seguro onde ele iria perguntar o que estava acontecendo.

RODADA 3
Iniciativa: Amo 16 Rapaz 15 Bandidos 2
Amo Ataque: 17. Dano: 3.

Então Amogadashi se prepara para continuar o combate com o inimigo. Então quando ele tenta se levantar entrando em sua área de alcance com o intuito de atacar, o monge utiliza novamente sua energia interior e desfere uma sequencia de dois golpes rápidos com os pés um chute de baixo para cima com a perna direita num ataque com um mortal para trás concluindo com um segundo chute com a perna esquerda acompanhando o movimento.

- Lute defensivamente Redris, aguente que eu já estou chegando...

Amogha passa seu recado a Redris, que muda seu estilo de combate com o intuito de defletir os ataques dos inimigos. O monge volta sua atenção para seu inimigo e aguarda a chegada dele em seu campo de ação. A sequencia de golpes marciais atingem em cheio o rosto do meliante, que cai morto no chão com o chute final.

O monge olha para o corpo caído por uns instantes, e volta sua atenção para os dois ladrões restantes.

Um olha para o outro, e se põem a correr o mais rápido que podem dali.

Terminado o embate, o guerreiro ruivo finca a espada no chão e a usa como apoio, enquanto observa o monge, que nem suado estava. “Vencemos, vencemos...”, balbucia.

Ele aguarda a aproximação de Amogha e aponta na direção da trilha. “Me disseram que... tem uma estalagem... próxima daqui...”, diz, com dificuldade. Redris estava bem pálido e cansado.

**

Depois de recuperarem o folego, os dois rumam em direção da suposta taverna. Logo os dois passam da trilha rochosa para uma via mais movimentada, por onde passavam comerciantes e moradores locais. Com um deles Redris confirmou que estavam próximos, e num ponto de cruzamento entre duas vias eles avistaram a estalagem Estrela Negra.

No caminho Redris conta a sua historia.

“Bem, eu vivia numa fazenda com meus pais e minha esposa, e era muito feliz, cuidando das vacas e dos porcos e colhendo trigo. Aos finais de semana ia ate a vila próxima, para beber na taverna e jogar cartas. Uma vida normal. Porém um dia tudo mudou... Foi quando bandidos invadiram a fazenda e ameaçaram minha mulher e meus pais, se não déssemos dinheiro para eles. Nós não tínhamos dinheiro, mas eles não queriam saber. Então os bandidos começaram a bater nos meus pais e a abusar da minha esposa. Tive uma raiva imensa, e neste momento foi que me transformei... Entrei numa grande fúria, e me lembro de ter pegado uma faca de cozinha. Matei todos os bandidos.”

O rapaz fica meio desconcertado, especialmente ao falar de sua transformação.

“Quando eu me... transformo, viro uma outra pessoa. E... ela surge em momentos de raiva, ou desespero. Neste ultimo combate consegui me controlar, e agradeço sua ajuda, seu monge. Mas tem vezes que essa outra pessoa simplesmente aparece, sem motivo algum. E cada vez mais frequente. Não sei porque fui vitima desta maldição, nunca fiz mal a ninguém. Sem aguentar ficar nesta situação, uma noite peguei a espada de meu pai e deixei a fazenda de noite, sem contar a minha esposa ou a meus pais. Em busca de uma cura para a minha maldição!”

Havia uma ponta de esperança na fala do rapaz. Com um sorriso leve, ele se vira para Amogha:

- E qual a sua historia, monge?

Amogahsiddi nem olha para o homem morto após seus golpes, ele precisava chegar até o garoto. Ele já ia disparar contra os outros dois quando repara que eles fogem numa retirada total. Havia acabado.

O rapaz estava cansado e começava a respirar para acalmar seu corpo. O monge então vai até o corpo morto do ladrão, verifica as roupas em busca de alguma pista sobre quem eles eram. Na verdade ele tentava encontrar o mesmo símbolo que ele havia encontrado nos destroços de seu templo.

Ao terminar ele se volta para a garoto ruivo que dizia:

"Me disseram que... tem uma estalagem... próxima daqui..."

- Recupere seu fôlego.

O monge ficava em silêncio durante o tempo que o seu novo companheiro de viagem recuperava suas energias. Ele pensava no que havia acontecido, fora forçado a lutar para salvar a vida deste jovem. Mas qual seria o motivo real para este ataque? Quem seria este jovem? Estas perguntas seriam respondidas em breve...

Assim que começaram a caminhada em direção a estalagem o jovem começou a contar sua história. Haviam coisas parecidas com a sua própria história. Mas este jovem havia salvo a família apesar do mal que fora feito contra a sua família. Ele falou sobre uma maldição e talvez isso responda o motivo para aqueles caras terem atacado o jovem.

- Então estes ladrões estavam te atacando por vingança... Mas a quanto tempo de distância está de casa garoto? Você lutou pela sua família, para mantê-la viva apesar de tudo o que passou. E a abandonou! - as palavras do monge eram duras. - De que valeu isso tudo? Não pensou que eles poderiam voltar até sua família a sua procura! Não estou dizendo que não deveria partir em busca da cura de sua suposta maldição. Mas deveria ter levado sua família para um lugar seguro.

O monge via a estalagem, ele queria descansar um pouco e colocar seus pés numa água quente, mas isso deveria esperar mais um pouco. Sua própria vingança deveria esperar. Ele deveria ajudar este jovem estúpido mas de bom coração. E como haviam pessoas assim no mundo! E como ele teria trabalho se todas cruzassem o seu caminho...

- Agora antes de mais nada deveremos voltar até sua fazenda e espero que eles estejam bem. Não é hora para falar minha história. Mas posso dizer que entendo a sua dor e por isso irei ajudá-lo a proteger a sua família. Só depois disso você deve seguir em busca de sua possível cura. Durante o caminho talvez, eu disse talvez possa te ensinar alguma coisa sobre combate, para não precisar perder o controle de sua razão e entrar neste frenezi de batalha.

Amogahsiddi já havia ouvido em suas viagens pessoas falarem sobre os temíveis bárbaros que tomados pelo frenezi de batalha se tornavam máquinas de combate, com temíveis instintos assassinos.

"Se este garoto for um destes homens ele deverá se aperfeiçoar no combate para que não seja necessário usar este tipo de força, ou pelo menos que ele possa controlar e usa-la quando for para a sua vantagem, sem ferir nenhum dos aliados, amigos ou familiares." - pensava

O monge então vai até o corpo morto do ladrão, verifica as roupas em busca de alguma pista sobre quem eles eram. Na verdade ele tentava encontrar o mesmo símbolo que ele havia encontrado nos destroços de seu templo.

As roupas do ladrão estavam sujas e encardidas, e emanavam um odor repugnante. No bolso da calça estava um saquinho tilintante, contendo o valor considerável de 10 moedas de ouro. Provavel que era o chefe do grupo.

Entretanto foi no bolso da camisa que Amogah encontrou o que procurava: um papel com o símbolo presente nos destroços do templo. E nele estava escrito a seguinte mensagem: “Recompensa! 1000 moedas de ouro para quem trouxer, vivo, um rapaz ruivo magro, morador de fazenda no Principado de União. A recompensa será paga após identificação. Falar com Kolen um-olho, no porto do rio Torbruk.”

A motivação estava clara, porém quem seria o jovem? Parecia um simples fazendeiro, mas o valor em torno de sua cabeça estava bem alto para ser somente isto...

- Então estes ladrões estavam te atacando por vingança... Mas a quanto tempo de distância está de casa garoto? Você lutou pela sua família, para mantê-la viva apesar de tudo o que passou. E a abandonou! - as palavras do monge eram duras. - De que valeu isso tudo? Não pensou que eles poderiam voltar até sua família a sua procura! Não estou dizendo que não deveria partir em busca da cura de sua suposta maldição. Mas deveria ter levado sua família para um lugar seguro.  

O rapaz ouviu aquelas palavras e seus olhos começaram a marejar. Ele olha para o lado para retomar sua compostura, e acena com a cabeça.
- Sim, o senhor esta certo, não podia ter abandonado minha família daquele jeito... Não fazia ideia de que os bandidos pudessem querer se vingar, e agora estou preocupado com a segurança da minha esposa e pais.

- Agora antes de mais nada deveremos voltar até sua fazenda e espero que eles estejam bem. Não é hora para falar minha história. Mas posso dizer que entendo a sua dor e por isso irei ajudá-lo a proteger a sua família. Só depois disso você deve seguir em busca de sua possível cura. Durante o caminho talvez, eu disse talvez possa te ensinar alguma coisa sobre combate, para não precisar perder o controle de sua razão e entrar neste frenezi de batalha.

Redris concordou com o monge, aliviado por encontrar uma companhia sábia em seu caminho.

- Vamos voltar então... Minha fazenda fica na vila de Gamelin, há uns dois dias de viagem daqui. Mas tem razão, primeiro tenho que garantir que minha família esteja em segurança, para depois cuidar da minha maldição. E eles devem estar preocupados, não deveria ter fugido de casa...

Lágrimas brotam de seus olhos, e ele se vira de costas, fazendo um grande esforço para não soluçar. Realmente de guerreiro este rapaz não tinha nada...

O monge sabia que havia sido bastante duro com o jovem, mas deveria ter sido desta forma. Mas ainda havia algo mais que o garoto não falara, e por isso se manteve quieto, mas os homens que ele estava caçando estavam caçando este garoto. Então ele seria a chave para encontrar a própria família e isto era um Norte para a sua caçada.

Agora o monge tinha um nome e um lugar para seguir. Ele apressa os passos até chegar no jovem, pega seu braço e entrega o cartaz de procura-se.

- Redris, o que você deixou de me contar? Se quer que eu ajude, é melhor contar.

O rapaz fica visivelmente assustado com a súbita atitude de Amogha. Ele apressadamente le o que estava escrito no cartaz, e balança a cabeça.

- Não é possível! Nunca fiz mal a ninguém! Isto deve ser um engano, deve ser alguma outra pessoa, e me atacaram pensando ser essa pessoa... 1000 moedas de ouro, por mim? Absurdo!!!

Redris solta seu braço da pegada do monge, e se afasta alguns passos, e para. Ele então se volta para Amogha.

- No entanto... Na realidade, meus pais não são de fato meus pais... Meus pais me disseram que faz anos atrás eles me encontraram na margem do rio, desacordado e... sem memoria. E me adotaram e me trataram como se fosse filho deles. Tudo estava muito bem, eu já tinha me adaptado a vida na fazenda, e nunca me preocupei em recuperar o meu passado.

- No entanto... Na realidade, meus pais não são de fato meus pais... Meus pais me disseram que faz anos atrás eles me encontraram na margem do rio, desacordado e... sem memoria. E me adotaram e me trataram como se fosse filho deles. Tudo estava muito bem, eu já tinha me adaptado a vida na fazenda, e nunca me preocupei em recuperar o meu passado.

O monge apressa os passos e assim que passa ao lado do jovem.

- Isso responde muitas coisas. Vamos não temos tempo para sentimentalidades. Durante o caminho eu lhe contarei uma ou duas coisas sobre mim.

Ele então reduz a passada para que o jovem aventureiro o acompanhasse.

- Eu também não conheci meus pais, fui adotado e criado por uma família simples que servia um antigo Templo de Monges nas montanhas, também tive uma família que não pude defender das mesmas pessoas que puseram um prêmio pela sua cabeça. Por isso me desculpe pela forma rude que lhe tratei.

Amoghasiddi via muitas coisas em comum com aquele jovem. Mas apesar dele ter esta maldição, pelo menos ele pôde salvar a família, mas escolheu abandoná-los depois. Talvez a dor deste garoto se tornasse ainda maior que a do monge, pois ele carregaria (caso algo houvesse acontecido com sua família) este peso sob as costas. Então ele se repreende internamente pelo veneno do orgulho que envenenava a sua mente fazendo-o nublar a sua visão para o bem.

- Amoghasiddi. Meu nome é Amogahsiddi.

Off:

Já recuperado, Redris acompanha a passada do monge.

- Eu também não conheci meus pais, fui adotado e criado por uma família simples que servia um antigo Templo de Monges nas montanhas, também tive uma família que não pude defender das mesmas pessoas que puseram um prêmio pela sua cabeça. Por isso me desculpe pela forma rude que lhe tratei.

O jovem ruivo acena e leva a mão a cabeça, sem graça.

- Nossa, não precisa se desculpar, voce tem razão, eu acabei tomando uma atitude apressada... Lamento pelo que aconteceu com você, parece que temos uma historia bem parecida... Seria um capricho das deusas?

**

O resto da viagem ate a vila de Gamelin se passa sem maiores problemas. A caminhada é longa, o sol estava quente e quase não batia vento, fazendo com que Amogah e Redris se sintam bem cansados ao final da mesma. A ansiedade do jovem é visível, e parece aumentar a medida com que se aproximam da pequena fazenda.

Os pais de Redris, um casal de simpáticos velhinhos, ao perceberem o retorno de seu filho, largam seus afazeres para virem abraca-lo. Depois de muita bronca e lagrimas, eles recebem Amogahsiddi na casa e oferecem agua, pão e queijo.

Depois de se servir dos alimentos, Redris passa os olhos pelo interior da casa a procura de sua esposa. E é com uma voz pesarosa que seu pai responde:
- Zannete não esta mais aqui... Ela partiu a sua procura meu filho!

O ruivo não se conforma.

- Como? Saiu assim, sozinha, por estas estradas perigosas? Oh não, o que que eu fiz! Pai, mãe, por que não a impediram!!!

A mãe de Redris balança a cabeça, mantendo o sobrecenho franzido.

- Impossivel Redris, Zannete parecia uma outra pessoa depois que voce foi embora... Não era mais a sua esposa prestativa, doce e simpática. Ficou com uma cara mais amarrada, e passava bastante tempo no centro da vila. As más línguas diziam que estava saindo com outro homem... Desculpe Redris, mas isto é o que estavam falando.

Redris estava desolado, com as mãos nos cabelos desgrenhados. O pai bate em seus ombros para dar apoio.

- Força filho... Controle-se... Ou então poderá se transformar... – diz, e então lança um olhar para o monge. – O senhor já viu como Redris fica quando se transforma?

O ruivo segura na mão do velho.

- Eu contei para ele, mas até agora felizmente não me transformei.

NRPG: Quanto a arma, posso bolar uma quest para que Amogah possa adquiri-la.

O monge ouvia a tudo com a calma que lhe era comum, então ele se levanta e toca no ombro do jovem.

- Redris fique aqui. Comemore o fato de que seus pais estão vivos, comungue com eles a dádiva da vida que vocês compartilham. Eu vou até a cidade e buscarei respostas para você.

Ele então olha para os pais do jovem e diz:

- Muito obrigado pela refeição e pela acolhida mas aproveitem o tempo com o filho de vocês, decidam se irão continuar aqui nas terras de vocês ou se partirão. Independente do que decidam, eis aqui 10 peças de ouro. Deverá ser o suficiente para ajudar no que decidirem. Mas peço que me aguardem.

Amoghasiddi então tira a sacola que estava com o bandido que ele havia ceifado a vida e coloca sob a mesa, depois tira a outra mão do ombro do jovem, caminha para a porta e ao lado dela pega seu cajado de viagem. Ao abri-la ele se detém olha para a família e diz:

- Mas preciso de duas informações: qual o nome do homem com quem ela se encontrava? E onde fica o porto do Rio Torbruk?

Ao receber as informações ele diz:

- Obrigado. Redris, me aguarde eu retornarei com mais informações. Mas fique aqui, não se esqueça do que lhe mostrei no caminho para cá. Ninguém deve saber que você está aqui. Use também o que lhe ensinei, observe e reaja. Seja como a água não como o fogo. Ela se adapta e segue seu curso e com mais tempo ou com menos tempo ela sempre chegará até seu destino.

Ele após aquelas palavras segue em direção da cidade em busca de informações para seu jovem, amigo. O monge ri ao reparar que realmente se importava com o garoto e sua história triste. Tão parecida com a sua, mas tão diferente.

"Vou ajudá-lo Redris, e depois partiremos ao encontro daqueles que nos arrancaram aquilo que tínhamos de mais valoroso e cobraremos a conta. Eu prometo!"

Ele fez aquele juramento mentalmente, cerrou o punho que segurava o cajado e correu...

Redris estava imerso em seus próprios pensamentos quando sentiu a mão do monge em seu ombro. Ele volta seu olhar para Amogha, e este era o olhar de alguém que parecia ter perdido o chão debaixo de seus pés. Vagarosamente ele acena com a cabeça, concordando com as palavras do monge, sem mais nada dizer.

- Muito obrigado pela refeição e pela acolhida mas aproveitem o tempo com o filho de vocês, decidam se irão continuar aqui nas terras de vocês ou se partirão. Independente do que decidam, eis aqui 10 peças de ouro. Deverá ser o suficiente para ajudar no que decidirem. Mas peço que me aguardem.

Os pais de Redris recebem as 10 moedas de ouro muito agradecidos.

- Estas terras pertencem a nossa família a gerações, e como não tivemos filhos, ficariam abandonadas após nossa morte. A chegada de Redris em nossas vidas significou muito para mim e para a minha esposa, sabendo que elas ficariam nas mãos de alguém que estimamos muito. Ficaremos aqui.

- Mas preciso de duas informações: qual o nome do homem com quem ela se encontrava? E onde fica o porto do Rio Torbruk?  

- O nome do homem é Orion, e ele chegou na vila junto com Zannete. Orion tem uma casa no centro da vila, e vende produtos vindos de fora. As vezes ele viaja para buscar suas mercadorias, dizem que vai até o porto do rio Torbruk, na capital União.

- Obrigado. Redris, me aguarde eu retornarei com mais informações. Mas fique aqui, não se esqueça do que lhe mostrei no caminho para cá. Ninguém deve saber que você está aqui. Use também o que lhe ensinei, observe e reaja. Seja como a água não como o fogo. Ela se adapta e segue seu curso e com mais tempo ou com menos tempo ela sempre chegará até seu destino.

O jovem ruivo suspira e acena com a cabeça. Sua face tinha uma expressão cansada.

- Dificil saber o que fazer, realmente esperava que minha esposa fosse me receber preocupada, mas agora nem a reconheço mais... Não se preocupe, ficarei aqui com meus pais.

Segurando seu cajado Amoghasiddi correu em direção do centro da vila. Não foi difícil chegar lá, não haviam muitas bifurcações pelas trilhas, e sempre era possível encontrar alguém para pedir informações.

Logo o monge se encontrava diante da venda de Orion, que era um local simples e tinha pendurados alguns dos seus produtos importados: tapetes, bolsas e roupas. Ao tocar um sino, ele aparece.



Amogha percebe que Orion, ao observar melhor o monge, para por alguns instantes, surpreso. Porem logo ele se recompõe e pergunta:
- O que deseja? Quer ver algumas roupas? Meus produtos são de ótima qualidade!

O monge para a alguma distância esperando notar alguma movimentação dentro da loja, fica ali por cinco minutos como quem estivesse recuperando o fôlego. Então quando vê que a loja estava em funcionamento ele se aproxima e começa a olhar as mercadorias até que um homem de olhos como de aves de rapina e uma grande cicatriz na cabeça que descia pela testa o aborda.

Orion escreveu:
- O que deseja? Quer ver algumas roupas? Meus produtos são de ótima qualidade!

- Estou aqui a procura de uma jovem senhora, uma senhora casada chamada Zannete. Me informaram que ela se encontrava com o senhor assim que seu esposo viajou. Estou aqui em nome da família e da honra do jovem Redris. O marido de Zannete.

Amoghasiddi falou de forma direta para o homem sem carregar nenhuma emoção em sua voz, ele observava o homem e caso ele tentasse atacar ele já estava preparado para desferir um golpe direto.

Orion ouve as palavras de Amoghasiddi, mas faz cara de quem não está entendendo nada, balançando a cabeça e sorrindo. Ele se apoia na parede, olha para baixo por alguns instantes e então diz:

- Olha seu monge, não sei nada do que esta me falando... Acho que deve estar me confundindo com alguma pessoa – diz, e começa a guardar suas mercadorias – agora se me da licença, preciso fechar a minha loja, pois tenho outros compromissos... Passar bem!

NRPG: Sentir motivação 9. Falhou.

O monge, que estava observando bem as reações do homem a sua frente, não notou algo que indicasse que estivesse mentindo, mas mesmo assim, tinha a certeza que estava falando com a pessoa certa.

Porém, antes que pudesse fazer alguma coisa, algo inesperado acontece.

Ao lado de Amogha aparece o jovem Redris, armado de sua espada! Ele está possesso, a face distorcida numa mascara de ira e raiva.

- Seu desgraçado! Há quanto tempo se encontrava com minha mulher? Há quanto tempo me trai? Foi só eu sair da fazenda para vocês começarem a transar, sem nem terem a decência de manter isto escondido! Agora vou lavar minha honra com seu sangue! – vocifera o rapaz ruivo, brandindo a arma.

Neste momento de alta emoção, o monge presencia então a transformação de que o pai de Redris tinha falado. De rapaz franzino e pequena estatura, ele vai crescendo e aumentando de tamanho. Seus braços e pernas ganham massa e músculos, e os cabelos dele crescem e tomam volume.

Mas se Amogha esperava um bárbaro do norte másculo e barbudo, ele se depara surpreso com uma forma feminina cheia de curvas! Redris transformava-se numa grande mulher em tempos de raiva e grande emoção!



A grande barbara avança contra a tenda e ataca o vendedor, que da um passo para tras e escapa da lamina. Porem suas mercadorias não tem a mesma sorte, sendo despedaçadas com a violência do golpe.

Aquela revelação deixa o monge paralisado de tão pasmo que ele fica.

- Ei! Moça! Se acalme! Ninguém está entendendo nada! - fala para a ruiva.

Ele então repara ao ouvir o que ela grita enquanto ataca.

"Mas o quê?" - pensa.

Ele então se move para o lado para se posicionar flanqueando o vendedor. E por sorte ele poderá atacar o vendedor e derrubá-lo antes que o rapaz(?) pudesse o acertar com a espada.

"Agora eu me pergunto até onde era o rapaz... Será que esta transformação não causa a perda de memória e a esposa seja ele mesmo?"

As novidades tomam por completo a mente de Amogha, que se sente atordoado. Porem ao ver como Redris avançava em direção do mercador, o monge decidiu agir antes, desferindo uma rasteira para faze-lo cair e assim mante-lo em segurança.

Porem para mais surpresa de Amoghasiddi, o mercador saltou facilmente, demonstrando grande agilidade ao evitar o ataque rasteiro do monge. Ao golpe horizontal da lamina da ruiva transformada, deu um passo para trás, e depois para o lado, tomando refugio em uma coluna de madeira.

Tudo isto deixou o jovem/a jovem ainda mais irritado, e com isto acabou ficando mais descuidado. Orion parecia dançar em frente da lamina de Redris, escapando por alguns centímetros dos seus ataques, para então finalmente soprar algo no rosto dele, algo parecido com um pó amarelo fino. A barbara anda para trás, passando a mão pela face e disparando obscenidades, cambaleando sem enxergar direito.

O mercador então lança um olhar direto para Amogha, e sem dizer nada vai para dentro de sua casa.

O monge sabia, pelo estilo de luta e agilidade, que Orion não somente era um monge, mas pertencia a uma facção renegada de sua própria ordem, Arakna.

O monge fica na dúvida entre seguir o monge renegado ou ajudar o/a aliado/a. Ele então pega a sua moringa de água e põe na mão da bárbara, ou bárbaro.

- Lave os olhos! E vá para o outro lado da casa! Precisamos pegar aquele homem vivo! - diz em tom autoritário.

Depois ele corre para dentro da casa do monge (entrando ou por uma janela aberta ou pela porta, acredito que ele não tenha dado tempo para ele ter fechado tudo) em seu encalço. Era uma questão quase de honra pegar aquele homem, e se alguém podia saber o que acontecera com a sua família era ele.