Axel Blake

quela mulher tinha lá os seus segredos e um deles que não seria revelado seria o de como ela chegou alí sorrateiramente. Talvez pudesse ter sido alguma habilidade secreta dos setitas ou talvez um pequeno descuido que ele cometera, mas a mulher estava ali, naquela câmera que ela não deveria ter conseguido chegar, principalmente por ser uma câmera ao lado de onde ela tinha um esconderijo secreto para seu próprio caixão em momentos de emergência.

Como não havia invasor já que era simplesmente a convidada, o refúgio não havia sido comprometido.

Quando a mulher ouviu suas palavras em um tom afável, mas nada de sorrisos, ela respondeu usando aquele mesmo tom que ele havia visto antes chegara, uma mistura de delicadeza, sedução porém de assertividade em suas palavras:


- Sim... uma conversa bem desagradável porque alguns não conseguem ouvir um não como resposta... e perdoe-me se acordei cedo ou lhe acordei, mas eu costumo acordar sempre cedo.. hábitos antigos...

Ela faz uma breve pausa e o observa e então volta a falar:


- Em nenhum momento você me disse que eu deveria esperá-lo pacientemente no outro recinto... imaginei que pudesse querer companhia... e eu estava falando com um amigo, que queria pedir um favor, mas como não estou mais na cidade, tive que recusar...
Será que ele acreditaria nela?

Blake conseguiu perceber que apesar de parecer que sua convidada poderia estar se esquivando dele por algum motivo, ela na verdade não estava. Apesar de não dar nome aos bois, ela estava sendo verdadeira no que dizia, que havia tido uma conversa desagradável mesmo com alguém que não revelara o nome.

Ela o olha curiosa e como ele continuava mantendo sua percepção ativada ele viu exatamente o que a mulher disse em um tom calmo e natural, sem nenhum tipo de mentira:

- Eu entendo. Não é muito fácil as vezes falar com os regentes, mas relatar ao senescal mais perto ou xerife deve ajudar em algo e para hoje? Bom...primeiro eu preciso comer alguma coisa e depois, eu com certeza devo ir a ter uma conversa com seu senhor, afinal se ele mandou você me receber, o mínimo que devo fazer é falar com ele, não acha?

Blake saberia que a mulher falava a verdade apesar de ser bem esquiva. Parecia saber lidar com tudo muito bem e estar acostumada com aquele tipo de coisa, tanto que cautelosamente dizia sempre a verdade apesar de serem meias palavras e bem objetivas. Talvez fosse o jeito natural de Liz ou talvez não... mas isso com aquele tipo de leitura ele não iria saber...

quela mulher era uma setita habilidosa mesmo ou será que ela simplesmente estava só omitindo detalhes e todo o resto era verdade?

Ela não ignorava as regras gerais da Camarilla, mesmo sendo de um clã independente e sabia que se submeter ao príncipe seria o ideal para sua segurança naquele novo lugar...

Valentine era o regente da capela Tremere da cidade e Fox era o segundo no comando abaixo dele e então, quando Blake ligou, acabou falando diretamente com Fox, pois Valentine às vezes era difícil de se encontrar, já que ele vivia mais escondido e recluso do que qualquer outro.

Ela esperou e se afastou um pouco de Blake, se sentando no sofá que havia do outro lado daquele recinto enquanto ele fazia a ligação. Não queria parecer curiosa, intrometida ou algo do tipo, então esperou pacientemente ele fazer o suposto telefonema.

E na capela Tremere, Fox atendeu o telefone do jeito de sempre, apesar de estar visivelmente ocupado com alguém em sua cama quando simplesmente o telefone tocou. Mas que bendita hora foi aquela de alguém resolver ligar:

- Fox falando. Ah.. é você... Trazer a mulher aqui!?.. ok... traga... já avisou as autoridades? Pois ligue para aquele loirinho mal encarado e fale com ele. Não queremos problemas com os novatos... – e então ele desligou a ligação meio irritado e então voltou ao que estava fazendo, que parecia ser mais divertido do que aquela conversa.

Por “loirinho mal encarado” ele falava do xerife Jace Wayland, que trabalhava na delegacia da cidade.

Quando a ligação foi encerrada, ela estava ainda sentada no sofá há alguns metros dali, com a cara enfiada no próprio celular mais uma vez. O que Blake faria então?

ox era um vampiro difícil de se lidar as vezes, pois era muito libertino e um bom vivant que gostava de aproveitar a vida e sua condição imortal, por mais que gostasse de brincar que era mortal, era assim que ele vivia e não tinha nenhum puder em disfarçar nada ou até mesmo esconder alguma coisa.  

A autorização havia sido dada e Blake poderia levar a novata para a capela e por mais que o negro não gostasse do poder que Fox tinha, ele de fato tinha e muito.

Quando se voltou para aquela mulher, ela o olhou curiosa e então respondeu à sua pergunta:

- Podemos sim. Não sei como vocês costumam caçar aqui na sua cidade mas, posso me adaptar. O que você sugere? Uma caçada em conjunto? Estou sempre pronta e hoje com bastante fome...

açar em uma terra desconhecida pode ser um desafio para alguns recém chegados e com aquela mulher não parecia que seria muito diferente. Ela não conhecia as regras do local e ainda não havia sido apresentada ao regente local, mas imaginava que mesmo sendo uma independente, que a Camy era a Camy em qualquer lugar do mundo. Alguns governantes poderiam ter uma ou outra regra diferente pois tinham toda sua autonomia, mas as regras gerais são sempre as mesmas, então sendo visitante no lugar, ela simplesmente deveria se submeter.

Blake poderia ser ciumento e possessivo com o seu território de caça, mas se tinha uma convidada, tinha que ser cortes e deixa-la confortável enquanto estivesse sob sua responsabilidade. Gostando ou não gostando, ambos teriam que caçar juntos em seu território, o que talvez podia não ser uma má ideia.

Então o negro levou a visitante ao Quartier Latin, cheio de turistas e jovens que gostavam de se deliciar com a vida noturna na cidade, o que tornava o alimento para todos os imortais uma refeição muito bem abundante e servida com todas aquelas pessoas.

Não demorou muito para que Blake escolhesse um jovem casal de turistas que estavam aproveitando a noite. Era um casal discreto de adultos que não aparentavam ter mais do que alguns trinta e poucos anos. Não usavam roupas espalhafatosas, mas observavam tudo de forma curiosa e naquele momento pareciam bem entretidos olhando a vitrine de uma loja típica de artefatos africanos ocultistas quando foram abordados pelo vampiro.

Inicialmente o casal achou aquele tipo de aproximação meio peculiar, mas como a linguagem corporal de ambos indicavam que eram bem curiosos e se interessaram no tema, foi fácil convence-los e leva-los para uma rua paralela de onde estavam.

A rua era pouco iluminada e deserta, com a exceção da porta de uma casa com uma lâmpada vermelha e uma placa com um unicórnio desenhado. O lugar parecia relativamente reservado, mas como Blake faria? Será que Liz podia simplesmente se aproximar e atacar? Ela apenas o observava e o seguia...

Liz então ficou parada olhando o que o outro iria fazer afinal aquela não era sua cidade e se submeter as regras era sempre o mais inteligente a se fazer.

A mulher ficou parada com o comando do vampiro que simplesmente a impedia de fugir. Ela ficou simplesmente estática olhando para ele sem fazer absolutamente nada enquanto ele ia na direção do homem que estava com ela.

A mordida no homem ocasionou todo aquele êxtase que o beijo ocasionava e o melhor, depois de tudo aquilo ele não se lembraria de absolutamente nada, a não ser o prazer que sua carne havia sentido. Não se lembraria daqueles rostos mas bem no se interior, buscaria por mais sensações como aquela, afinal as coisas simplesmente eram daquela forma.

Depois de ver que seu colega estava cuidando do homem e a deixou com a mulher, ela sorriu maliciosamente e então foi a vez dela. Primeiro ela acariciou o rosto da outra e então lhe deu o tão esperado e desejado beijo. Depois, mesmo já tendo bebido da mulher, trocou a vítima com o outro vampiro e então provou do homem.

Ambos os vampiros então beberam, saciaram sua sede e deixaram o casal vivos e bem desnorteados para simplesmente irem embora depois daquilo. E então, o que ambos fariam agora?

então depois de ter deixado os 2 humanos em um lugar bem discreto após a alimentação, pediu para que Liz o seguisse em direção a outro lugar enquanto falava.

Inicialmente aquelas palavras não soaram como algo realmente vantajoso para os ouvidos daquela mulher, que respondeu logo prontamente:

- Com a estratégia certa... hnn... que espero que vocês tenham mesmo... pois uma posição vantajosa é realmente algo que me agradaria muito. Não é muito comum de se ver tremere e setitas andando lado a lado mas, não somos ingratos, se é isso que está pensando... – ela tinha uma língua bem afiada como uma boa cobra e ela seguiu falando:

- A cooperação terá que ser mútua, pois se querem minha ajuda para alguma coisa, minhas necessidades básicas devem ser muito bem atendidas meu querido... espero que isso esteja muito claro para todos vocês...

E então seguia andando com ele o observando vez o outra, da mesma forma que ele parecia fazer com ela. Não estava sendo ingrata e nem nada, mas da mesma forma que o outro parecia ter, ela também tinha seus receios e cuidados...

Liz caminhou pela cidade com ele apreciando aquela noite tranquila e a brisa em seus cabelos, principalmente depois que havia se alimentado, parecia que seu bom humor havia voltado para seu corpo. Por ela, ainda comeria um pouco mais, mas como visitante naquela cidade, melhor passar desapercebido e comer um pouco menos. Fazer dieta como uma imortal não era algo que fazia muito sentido para uma mulher como ela, mas tinha que ter paciência.

Ela ouviu o que ele disse sobre a expansão de poder na cidade e aquilo a deixava intrigada. Será que poderia de alguma forma se beneficiar com aquilo? Aquilo poderia ser perfeito para que ela conseguisse se estabelecer naquela cidade, longe dos olhos que havia deixado em New York.

- Uma aliada estratégica não é algo que se costuma ouvir em pouco tempo que se chega a uma cidade como essa… mas me conte mais sobre seu clã e seus líderes…por gentileza…. - pediu ela educadamente enquanto acompanhava os passos dele.

ela ouviu calmamente a história dele sobre como o governo daquela cidade acontecia e como as coisas se estabeleciam por ali, que parecia ser uma aliança vantajosa, desde que todos conseguissem manter a paz. Será que aquilo era possível?

- E o que poderia interessar vocês nos lobisomens? Isso me intriga...

E ouviu também sobre a morte da regente. Aquilo não parecia ser um bom cenário de se ver, principalmente porque, uma cidade onde o regente sofreu a morte final talvez fosse perigosa demais, até mesmo para ela.

Axel contava cada vez mais e mais coisas e parecia que tinha um certo cuidado nas informações que ia revelando, como se ele realmente quisesse convence-la de que, devido ao cenário atual, ficar naquela cidade seria a melhor escolha que poderia fazer.

- Realmente interessante...

ele não respondeu ao que ela perguntou, o que deixou Liz mais curiosa ainda. Com certeza ali haviam coisas que ou o próprio Blake não sabia ou ele mesmo não podia dizer.

Ambos continuaram andando sem falarem mais nada, mas a curiosidade da mulher já havia sido provocada e testada e depois daquilo com certeza ela iria provocar mais ainda.
Depois de algum tempo chegaram finalmente ao local.

Muitos outros vampiros não fazem a menor ideia de como é uma capela tremere e o que lá tem, já que em uma sociedade moderna atual, como seria a aparência do local?

A capela tremere da cidade nada mais era do que um prédio como ouro qualquer, porém lá dentro havia o melhor acervo de conhecimento em meio aos rolos de pergaminhos, papiros e até mesmo outros tipos de materiais que uma imensa biblioteca poderia ter. O prédio era dividido em andares de biblioteca para a pesquisa e outros andares com quartos e hospedagem para alguns membros. Haviam salas para experimentos reais enquanto outras se tratavam apenas de salas para depósito de conteúdo e informações para o ocultismo. Não era qualquer cainita que residia alí dentro, ainda mais porque havia todo um sistema de vigília durante o dia feito por humanos com a esperança do abraço...

Tudo muito bem guardado e preservado dos olhares do resto do mundo apenas para o deleite de poucos.

a Capela Tremere:

Quando chegou no local, a mulher ficou bem surpresa com o tamanho da construção. Será que a capela de sua cidade natal seria assim ou quem sabe maior que isso? Não saberia dizer, mas como era visitante ali, ela estava a mercê do seu acompanhante para saber como andar por aquele lugar e até onde poderia ir, caso sua curiosidade batesse...