- Tem um primo dela também, não fui pressionar por informação por respeito a ela, o cara tava fugindo dos puros, ele não é alcateia e nem vai ser se depender de mim. - Rancor? Sim, total. Se quisesse entrar pra alcateia, agora tinha que querer pra caralho, era o que todo mundo fazia, por que com a gente tinha de ser diferente?
Ouvia ele falar baixo, e era difícil de acreditar, talvez alguma coisa já estivesse quebrada com eles, ou quase isso, por isso mesmo Adagmos tinha dado a Cruzada como último teste deles, duvidava que passariam a aquela altura, tinha certeza de que cairiam atirando o máximo que podiam e levando tantos Urathas quanto possível pro inferno com eles… Uma pena Shaw fazer parte disso, mas era uma escolha inteiramente dele.
Eu não discordo ou concordo da afirmação dele, mas eu tava vivo muito mais que pelo juramento, disso eu tinha certeza.
- É eu sei que a porra tá de cabeça pra baixo, mas parei de me inteirar quando a Cruzada começou. William disse que ia ser difícil o caminhante terminar vivo com o que seja lá o que tá acontecendo. - ainda assim enfiar ele num fetiche não parecia legal.
- O coração dela tava no lugar certo… Em conflito, mas no lugar certo… Até não estar mais. - A coisa toda não parecia ter solução senão um banho de sangue, mas não me cabia negociar, nem queria, nem saberia por onde começar.
Pela primeira vez eu não compartilho do sentimento de qualquer diversão que Nestor tenha em deixar a minha mãe pistolada. - Ela vai e dessa vez eu tenho medo do que ela pode tentar fazer, dependendo do que for ela pode querer arrancar a minha espinha, ela já fez essa promessa com intenção de cumprir. - nenhum sorriso, nenhuma alegria naquilo, só uma respiração pesada e uma expiração que saia pela boca.
- Eu me viro pra roubar e espionar os outros também, nem saberiam quem eu era se ela não tivesse me vendido assim que viu eles… - Eu queria estar xingando ela pelos cotovelos agora, mas ela não valia meu juramento, xingar ela também não adiantava de nada também, no fundo me confortava o fato dela nunca mais poder ver os filhos que a essa hora deviam tá na puta que pariu.
- Eu só tenho certeza que seja lá que diabos fez ela mudar de ideia não foi nada planejado, clínica, bens, grana, crianças, primo, ficou tudo pra trás, como se ela tivesse cagado pra tudo que teve por aqui, como se Dover nunca tivesse existido! - tinha me cansado de tentar pensar em uma resposta lógica pra aquilo, não fazia nem sentido.
- Eu fui um idiota em confiar que ela podia fazer, porque se fosse ao contrário eu conseguiria fazer, mas você tem razão, a gente é feito de um material diferente… - parecia algo bastante babaca de se falar, podia soar elitista, mas talvez só Nestor podia entender aquilo, as minhas marcas não mentiam e em cada uma um pedaço do que eu era ficou pra trás ou algo novo que surgiu.
Eu finalmente cuspo a folha fora antes de subir as escadas, eu fico parado como uma parede alguns passos atrás de Nestor que dá a notícia como uma pedrada, mas não tinha como amenizar uma pedrada, era o que era. Eu só confirmo com a cabeça quando ele aperta meu ombro, o recado era pra mim também, mensagem entendida, tomar conta dos seus era tudo que eu tinha feito nos últimos seis meses.
- Eu não. - Não era bem verdade, a traição doía, mas tudo tinha seus dois lados. - O que é nosso é nosso, podia ser pior. Quem importa ainda tá vivo e eu posso lutar. - e aquilo sim era totalmente verdade. uma das minhas mãos alcança uma face de Rail e lhe faz um carinho, por mais que arranhassem como lixa - Me desculpar já é um bom começo. - E não, aquilo não era nem por causa da Chloe. - Eu não disse sim aquele dia porque eu tava começando enlouquecer e eu sabia disso… Eu levei três segundos pra matar seis caras adultos, sem derramar uma gota de sangue, só dobrei eles como se fossem papel e sacos de ossos, e eu quase fiz isso com a minha alcateia, aquele treco quase me dominou três vezes, por isso eu meti o pé, Axel decidiu ser mais teimoso e todo mundo sabe onde essa merda foi parar. - Eu não precisava falar mais nada, ela sabia como o resto tinha sido, ela sabia agora porque eu tinha afastado ela, sabia que era um motivo justo. - Sim eu fico remoendo as coisas, por isso tu nunca vai querer o meu rancor. - meu tom é de humor, o melhor que eu posso, eu precisava aliviar aquela tensão deles, a minha tensão também.
- Vamo cortar a Chloe primeiro, o AP dela antigo fora do território, provavelmente tem um primo dela ficando por lá, a gente vai saquear tudo, incluindo o que precisar da clínica dela, se der sorte a gente topa com ele, o cara tava fugindo dos puros, ele quer abrigo, mas vai ter de fazer por onde. Minhas crianças tão seguras fora de Dover, mas isso quer dizer que a gente perdeu a única que é boa com agulha e linha, vamo descarregar a parafernalha médica toda pra Tia, beleza? - Eu olho pra Nestor esperando um sim como resposta, um sim que eu sabia que viria. - Bem, agora a gente precisa de uma picape, então a gente vai roubar uma. - tinha muita coisa pra carregar.
Eu começo a me mover lentamente em direção da porta esperando ela me acompanhar - Ela tinha um monte de jóias, roupas caras, eu consigo desovar as jóias, carros, qualquer merda que precisar se tiver mercado negro, o resto a gente usa como der. - não tem urgência nenhuma na voz, deveria, mas não tinha, como se de alguma forma eu pudesse calcular tudo.
| Connor Mcleary
-Essência: 7/11 -Dano: 0/13 |