Capítulo 1 - Noites Tempestuosas

Mente. Confusa. Corpo. Preso. Estou preso.

Qual é o problema com este corpo? Ele é estranho, falta alguma coisa, tem coisas a mais. Não entendo.

Desperto da escuridão com o doce sabor da vitae na minha boca, entrando em meu corpo. A confusão diminui, mas ainda me sinto estranho. Meu corpo não está apenas amarrado, ele parece endurecido, músculos moles, pele seca, ossos frágeis. Não tenho forças para me libertar. Não tenho energia para enviar para meus braços e pernas e me erguer. Só posso aceitar receber o sangue passivamente. Isso não é bom.

O que está acontecendo? Quem são essas pessoas? O que querem de mim?

Oblivio... Esquecimento... Perdição....

Até 1 milésimo atrás Banerjee não se reconhecia como indivíduo. Sua não vida orbitava em algum lugar fora dos planos conhecidos, até que aquele calor vindo da sua boca percorrera seu corpo agrilhoando uma vez mais seu espírito a sua carne morta viva animando-a tal como os Necromantes Giovanni faziam àqueles cuja vida não trazia mais lucro à Famiglia.

Junto com a sensação de deleite que a vitae lhe causava e o reconhecimento trôpego de seu corpo, veio ao Hecata a racionalização natural que sua personalidade possuía.

Percebia-se atado a uma maca, dado à impossibilidade de movimentos amplos e a sensação fria que o metal causava ao seu corpo. Isso lhe indignava. Pouquíssimas vezes se vira na posição de observado... Ele era sempre o observador.

Mas também percebia-se cercado de pessoas. Rapidamente sua mente, mesmo nublada pela fome, tinha a noção da miríade de sujeitos a sua volta e isso lhe deixava morbidamente curioso.

Seu ser rugia por mais vitae, mas também por saber por que estava ali e quem eram aqueles a sua volta.

Alice Mockingdale, Alice… Alice… em sua mente o nome reberverava como o estrondo que acompanhava a sensação inebriante que fazia com que, naquele momento os seus olhos, outrora cerrados, abriam-se arregalados, em um mix de êxtase pincelado com uma fúria contida… Ela ouve o rugir de uma fera encarcerada, e percebe que, esta fera era ela mesma: Alice Mockindale.
A fera ansiava por mais, muito mais do que era oferecido por aquele homem que sustinha o cálice e lhe entregava o precioso líquido rubro… mas aquilo era nada diante da fome que corroía suas entranhas…
Seus olhos fixam-se no homem desconhecido. Ela tenta avançar nele, louca por possuir mais do sangue, mas estreita os olhos num semicerrar furioso ao perceber que estava presa, suas mãos calejadas impotentes para se libertar, seu corpo praticamente nu e com um aspecto deplorável com os trapos a cobrir sua pele de ébano que não possuía o brilho de sua eterna juventude.

Ela procura fixar a mente tentando se recordar onde estava ou como tinha ido parar naquele local, junto de outros que também eram prisioneiros e que, assim como ela, pareciam despertar da mesma forma que ela havia sido desperta, mas nenhuma recordação do porquê do que estava acontecendo ali surge em sua mente, por mais que ela se esforçasse… talvez fosse a fome, a sede por mais daquele líquido que trazia poder.
Por fim, apenas uma vaga lembrança do poder que outrora possuía… poderes mágicos… poderes que faziam dela muito mais do que um dia sonhara ser, mas do qual era merecedora, não importasse os meios pelos quais conquistara o que era seu por direito. Ah… o poder… se conseguisse alcança-lo, tocá-lo por mais uma única vez, conseguiria se libertar e reclamar um pouco mais do sangue… O sangue era vida… vida e poder. Alice Mockindale teria novamente o que era seu por direito.
Sabendo-se ainda fraca e limitada, Alice volta sua atenção ao redor, procurando por sinais ou símbolos místicos/mágicos no cálice, nas paredes ou onde mais conseguisse enxergar, esperava que, caso encontrasse algo, que isso pudesse indicar algum ritual que estivesse em andamento, ou perceber o que se passava.
Alice procurava, ainda que instintivamente, Sentir o Não Visto.
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OFF: Se rolar quero usar Auspícios 1. Também queria saber se o homem que está dando o sangue para eles é pálido ou não.

Acordar em um local desconhecido e em meio a escuridão era apenas o começo de algo que não parecia certo, eu não me lembrava de muita coisa sobre meu passado e eu sentia de que alguma forma vivia na riqueza e que por algum motivo não gostava daquilo. Senti que meu corpo estava fraco e mesmo com vontade de me levantar era como se meu corpo não quisesse obedecer aos meus pensamentos, minha visão estava um pouco turva e apenas consegui vislumbrar um homem sem saber muito bem quem era e o porquê estava ali.

O gosto de vitae chegava a minha garganta e a fome aumentava a cada segundo em que tentava me deliciar sobre o mesmo, parecia que eu não estava sozinha naquele local e assim como os outro meu corpo parecia mais fraco e frágil e estava amarrado sobre uma mesa. Não havia muito o que poderia fazer naquele momento e mesmo meu frenesi queria apenas sobreviver naquele momento e logo decidi apenas me deliciar, não adiantava de nada tentar me soltar já que eu estava muito fraca e também bem presa na mesa.

Mas porque eu estava ali? Será que eu era tão importante assim? A única coisa que me lembrava era sobre ser acostumada a riqueza, mas por que?

Me sinto como um homem no deserto, com sede a não sei quantos anos. Então o gosto delicioso é derramado na minha boca e me sinto vivo novamente com aquele gosto maravilhoso derramando na minha garganta. preciso de mais, MAIS!!! mas de repente o gosto para, e nem de perto é o suficiente pra aplacar a sede que eu sinto. Depois percebo as outras sensações do meu corpo, uma queimação familiar, é estranho mas é algo que eu sinto que já me acostumei. Não é agradável mas ainda assim é algo que parece estar sempre lá. Eu abro os meus olhos pro meu corpo e entendo o porque da sensação. Memórias voltam na cabeça e eu me lembro da guerra e percebo as amarras que estou preso. Preciso sair daqui e conseguir mais do liquido, porém não consigo, por mais que me esforce e me debata nessa maca não consigo me libertar. Então é isso, fui capturado e meu captor está me mantendo prisioneiro. Porque? Porque eu não me lembro de mais nada?