- Morreu pra nos proteger...?
Elliot ainda sentia certa dificuldade em aceitar aquilo. Havia sido um acidente de carro que acabou com o corpo. Ela se lembrava do caixão estar fechado. Ninguém pôde ver o corpo.
Elliot olhou Akame de relance quando se lembrou daquilo.
- Você sabia naquela época, Akame? A gente era pequena ainda.
Ela olhou sua avó:
- Como ele.... morreu de verdade? Nos protegendo? Como?
Ouvia o que sua avó falava com um peso no coração. Estava irritada e triste.
- Era isso que você queria dizer com mundo cor-de-rosa, Akame?
Elliot falava baixo enquanto olhava para o chão. Havia irritação e confusão em sua voz. Escutava o que sua prima e sua avó diziam. Uma família de Feiticeiros? O que aquilo realmente queria dizer?! E ainda eram requisitados por todo o Japão! Aquilo tudo era parte de sua história e nunca haviam dito nada para ela?
A memória de Elliot a levava, nitidamente, para o dia em que estava indo embora com sua mãe e seu pai para os Estados Unidos. Era apenas uma criança, mas lembrava-se de sua avó e Akame no aeroporto, vendo-os partir. Akame agarrada às barras de sua avó.
- Como é que eu não sabia de nada? Eu fui morar longe daqui e eu....
Elliot suspirou, ainda perdida em pensamentos. Não reparou sua avó levantar-se e ir até o armário. Ela apenas ergueu os olhos azuis quando viu um objeto longo envolto em pano em cima da mesa.
Com respeito, sua avó o desembrulhou e Elliot arregalou os olhos.
- Essa espada...! - Elliot lembrou dela minúscula saltando do colo de sua mãe e correndo na direção de seu pai, cansado e que chegava em casa de madrugada. Ao pegar a pequena Elliot no colo, ele ainda portava a espada presa às costas.
Elliot ergueu os olhos para sua avó. Sabia, no fundo do coração, que aquilo tudo era verdade. Lembrava-se, agora, de saber como o pai de Akame realmente morrera, mas tudo estava confuso demais. Ela segurou a cabeça com as duas mãos.
- O papai era famoso, como o tio Kaneda... Nós então também somos...?
Ela lembrou-se da transformação recente de Akame.
- Nós temos esse sangue também. Eu...
Perdida em pensamentos, ouve sua avó falando e depois, um som de estalar de dedos.
-!!!
Elliot já não estava mais na sala. Sua mente fora para um dia em que tinha apenas 4 ou 5 anos.
- Naquele dia...:
Era uma tarde típica de verão e ela e Akame brincavam em um pequeno parque próximo de casa. As duas estavam correndo de um lado para o outro entre as árvores gigantes e flores soltas.
Seu tio e seu pai conversavam enquanto as duas gritavam e corriam feito duas cabritas. Estava muito quente e Elliot e Akame acabaram por ir um pouco mais longe dos adultos, até uma máquina de refrigerante.
Enquanto Akame estava de ao lado da máquina, Elliot lutava na ponta dos pés para colocar uma moeda no local indicado. Já estava começando a ficar mais escuro e as cigarras podiam ser ouvidas ao longe.
- Ai, quase... - Elliot brigava consigo mesma, com raiva por não conseguir colocar a moeda.
De repente, ela ouve um barulho estranho e um tanto assustador. Quando olha na direção de Akame, vê algo estranho tentando se aproximar de sua prima. Era uma figura medonha, sem rosto e com uma mão coberta em pus esticada na direção de sua prima. Elliot arregalou os olhos, assustada.
Ela estava quase conseguindo alcançar a criança quando Elliot gritou e a criatura olhou na direção dela:
- Akame!
A criatura soltou um urro mais assustador ainda e com a mão em riste foi para cima de Akame, sedenta.
Um estalar de dedos. A criatura, ou parte dela, ficou menor.
Mais um estalar e ela diminuiu em um grito medonho.
Akame e Elliot conseguiram fugir.
Os adultos terminaram o trabalho.
Elliot, perdida ainda e um tanto incrédula, achando que aquilo era apenas fruto de sua imaginação, olha sua avó e Akame.
- Não pode ser....
Elliot, assustada, olha o copo caído sobre a mesa e ergue sua mão esquerda.
Ela estala os dedos.