- Entendi. Vamos ajudar! O que a Hasumi-sensei disse sobre a ancestralidade? Ela pode nos guiar também, dizendo o que podemos fazer. Aposto que a Princesa Mai e o Megumi-chan estão dispostos a ajudar também.
Hirotaka ajusta o óculos sobre o nariz, e acena com a cabeça.
“Hasumi-sensei acessou alguns arquivos e nos informou de maneira geral que tanto a família de Mai como da Yoko tem uma ancestralidade conjunta de muitas gerações, datando da época de Tokugawa (1600). Descobriu-se que a família da Mai tem a capacidade de ser reservatório da entidade Ahri, porem a sua possessão somente se da em momentos de grande necessidade. O objeto amaldiçoado de Ahri, o broche da raposa, é então guardado pela família vassala-guardiã de Yoko.”
Hirotaka volta seu olhar para Mai, que estava entretida abrindo os pacotes de pipoca e comendo.
“Falando agora de tempos modernos, Yoko não era guardiã ainda, em 2010 era a sua batchan. Quando ocorreu a fatalidade da caixa dagua, o sumiço do broche não foi associado a Yoko, e sim a algum grupo de poder jujútsu (assassinos ou religiosos), tendo permanecido perdido desde então. A morte da neta foi demais para a sua batchan, que faleceu logo após. Yoko não sabia das propriedades magicas do broche, mas tinha noção de seu valor, por isto permanecendo como espirito em inferno pessoal. Como eu tinha mencionado anteriormente, o registro Akashiko...”
“Não acredito que vocês tao falando de escola agora! Vamos relaxar, parou agora, hein?”
**
PROCURANDO LUGAR PARA SENTAR
- SABE POR QUE NINGUÉM TE DÁ BOLA??? PORQUE ALÉM DE TARADO, VOCÊ ATIRA PRA TODO LADO!! NADA DE ENCOSTAR NA MINHA CAMA!
Bachira suspira, fazendo cara de coitado.
“Eu? Que culpa tenho eu, só estou expressando meu apreço pelas gatas de Fukushima... ah, essas mulheres... se eu ignoro, acham que sou esnobe, e se eu aprecio, me chamam de tarado... hmm, que cobertor cheiroso... é de amaciante ou é o seu cheiro natural?”
**
E COMEÇA O FILME
- Ah, Akame. É como você disse. Temos que saber dar espaço pra você sacar sua espada. E acho que qualquer um pode estar no seu time. Então todo mundo deve treinar! Pode deixar que eu vou ser ligeira se acontecer alguma coisa!
Genko se divertia com tudo aquilo. Imediatamente ele apoia Elliot.
“É verdade Akame! Eu e a Elliot estamos treinando combate físico, e rapidinho ela sai do seu caminho, pelo menos da espada, kekeke!”
***
E AHRI APARECE
- Ahri? Tem certeza que é uma boa ideia, Princesa Mai?
“Blub! Não é fácil negar alguma coisa para a raposa de nove caudas... desde antigamente era assim... Princesa Mai é forte, mas ninguém consegue controlar Ahri...”
“Uma força da natureza! Maldições antigas ninguém controla! Como dizia meu ex-mentor... hmm... deixa pra la...”
- Talvez seja melhor deixar isso pra outra hora.
“Não vai dar amiga...”
**
“Oi Elliot! Poderia me dar lugar, quero ficar do lado do Megumi-chan! Só um pouquinho, não vou demorar...”
“Ahri, acabamos de começar a ver o filme. Não vamos trocar de lugares, vai acabar atrapalhando todo mundo. E tanto a Elliot quanto a Mai querem ver o filme. Além disso, por favor, me chame de Fushiguro-san ou até Megumi-san. Não me chame de Megumi-chan. ”
- Ahri, talvez depois você possa falar com ele. A Princesa Mai quer ver o filme também. E eu e o Megumi também.
As pupilas dos olhos de Ahri começam a afinar e sua face se torna mais a de um animal raivoso, suas mãos se tornando garras afiadas como adagas. Todos sentem a enorme pressão produzida pela energia amaldiçoada de um ser antigo e poderoso, fazendo com que todos instintivamente assumam uma posição preparatória de combate.
Porém tudo se vai em um instante, e Ahri volta a sua bela forma feminina, como se não tivesse acontecido nada. Ela faz um biquinho e se senta do outro lado de Megumi, querendo ficar encostadinha dele. O rapaz sem cerimonias volta suas mãos espalmadas para ela, indicando que queria seu espaço pessoal.
Um leve tremor em sua sobrancelha, mas ela se segura.
“Muito bem, Megumi-san. Entendo que voce esteja assim seco comigo, ainda mais depois do beijo que eu te dei em Nikko. Quero que me perdoe, mas não resisto a um rapaz bonito e poderoso. Para mostrar que estou arrependida, eu me vou... É injusto deixar a Mai sem saber das coisas que estão acontecendo aqui, então vou trazer ela de volta...”
Ahri se aproxima e cheira Megumi.
“De banho tomado... quase não sinto o outro cheiro...”, diz, dando um sorriso safado com os dentes a mostra.
A imagem de Ahri começa a tremeluzir, e então Mai reaparece.
“Ainda bem que a Ahri se comportou, né? Vou ficar sentada aqui, tudo bem, Megumi-san? É mais confortável! O que vocês estão olhando?”
Todo mundo, que estava acompanhando as cenas acima descritas, então se volta para assistir um filme, que comparado ao que ocorreu, estava bem menos interessante...
- Nakamura Yamino. – O homem alto, de vestes do que parecia ser o período Heian, recitava o nome que fazia todos os presentes tremerem.
- Você está diante deste tribunal acusada de assassinato, associação com Ryomen Sukuna e pela tentativa de roubo do Fogo de Amaterasu, o que resultou na morte de sua hospedeira.
Sussurros entre os presentes. Sussurros horrorizados e lamentos pela perda do Fogo de Amaterasu. Os olhos todos apontavam para Yamino.
- Como é de nosso dever e jurisdição, o clã Nakamura a condena à pena capital, sem qualquer direito de defesa ou recurso. A pena será realizada no fim deste dia.
Somente um olhar percebe que Yamino tremeu diante da sentença:
O olhar de Akaru.:
A mulher mais velha, impassível, observa Yamino sentir o gosto da ira subir à garganta.
- Você tem algo a dizer? – O homem finalmente terminou.
Coberta pelo manto, os olhos de Yamino não podem ser vistos.:
Eles apenas sentem o ódio que a mulher estava vivenciando através de sua voz, que ecoou como um trovão:
- Vocês não sabem o que estão fazendo! Este júri é apenas uma farsa!! Akaru, diga alguma coisa!
Akaru permaneceu imóvel. Ela, mais do que ninguém, conhecia os jogos que Yamino jogava.
-.......
Quando os guardas se aproximavam de Yamino para leva-la, Akaru ergueu sua mão. O ar e o local ficaram estáticos.
- Você zomba de nós, Yamino. Acha que a morte lhe livrará, não acha? Acha que voltará como uma maldição ou algo pior. Acha que conseguirá nos matar depois de morta.
Akaru controlava sua voz para que a raiva não saísse:
- Seu castigo será a servidão ao clã Nakamura. Seu espírito ficará selado em uma espada amaldiçoada, onde você só poderá sair quando matar 1 milhão de seres amaldiçoados!
Akaru apontava para a ré, que agora tinha a respiração suspensa. Todos os olhares foram de Akaru para Yamino.
- Este número é pouco diante do que você fez. – Akaru completou. - Até lá, pense no que nos roubou. Pense que me roubou Hikaru.
Mais uma vez, o ar ficou pesado. Era como se ao tempo não fosse permitido passar naquele lugar.
Ninguém ousou contestar a ordem e apenas a voz de Yamino podia ser ouvida enquanto ela era carregada, aos berros, para fora do tribunal da Casa Nakamura. Akaru permanecia calada, lutando contra as lágrimas.
Yamino nunca mais foi vista.
Fukushima, 15/09, 4:30 da manhã
Em Fukushima, Elliot levanta em um susto da cama. Seu coração preenchido por uma raiva que não sabia de onde vinha. Uma raiva que a consumia. Demorou alguns segundos para acalmar-se e reparar que estava na Escola Jujutsu.
- Um sonho...?
Elliot sentiu um vento frio, um arrepio em sua espinha. Triste, sussurrou um nome:
-Yamino....
Kyoto, 15/09, 4:30 da manhã
Ryunosuke estava cansado. Sentado no banco de trás de seu carro, ele ouviu um grito feminino e sentiu a espada que estava a seu lado tremer.
-......
Ele pegou a arma e seus olhos a observavam. Com o que era um rascunho de um sorriso dúbio, ele disse:
- Ainda não é sua hora, Yamino.
A espada estava imóvel. Nenhuma reação ou som.
- Eu ainda tenho planos para você. - ele disse sem nenhuma emoção.
Em algum lugar onde não existia tempo, com os olhos cobertos, Yamino encarava uma árvore de cerejeira, único objeto além dela naquele espaço vazio.
A bela casca da árvore estava quase coberta de cicatrizes. Faltava tão pouco.... Yamino encarava-a, presa em sua própria ira.
Elliot escuta a resposta de Hirotaka e arqueia uma sobrancelha.
- Hirotaka, você fala até seus parênteses. Interessante. – ele tinha muitas informações importantes para serem divididas. Ele deveria realmente fazer um seminário.
A menina acompanha o olhar de Hirotaka para Mai, depois volta a olhar o jovem enquanto conversavam.
- Hmmm... Então a Princesa Mai e a Yoko-chan possuem um histórico. Trabalharam juntas e é por isso que a Yoko-chan disse pra passar o broche pra Mai. E o avô da Princesa Mai sabia disso tudo e contou pra ela. – Elliot ia mexendo o dedo indicador de um lado para o outro enquanto contava a história. – Faz sentido.... Eu acho.
Elliot lembrou-se de como Mai lutou contra seu próprio destino. Havia coisas que realmente era impossível fugir. Ouvia a explicação de Hirotaka e não deixou de pender a cabeça para o lado quando Hirotaka falou um de seus parênteses.
- Assassinos ou religiosos? Como assim? – Elliot deixou escapar. Não se lembrava de nada disso! Quando Hirotaka ouviu falar sobre isso? Porém, ela logo recompôs. Não queria se passar por idiota. – Quer dizer, eu sei mais ou menos... Enfim.
Ela esperou Hirotaka morder a isca e soltar alguma informação sobre o assunto, mas a Princesa Mai logo cortou a conversa. Elliot sorriu sem graça para a amiga:
- Desculpa, Princesa Mai! Vamos parar por aqui!
Mas Elliot olha Hirotaka, determinada:
- Depois, vamos ajudar a Yoko-chan! Amanhã vamos atrás da Hasumi-sensei e ver no que ela pode nos direcionar!
****
Elliot sente o sangue ferver com o comentário de Bachira. Todos a ouvem rosnar e Elliot acaba por dar um belo soco na cabeça de Bachira:
- NÃO INTERESSA!!!
**** Elliot estava de braços cruzados, com os olhos fechados e um meio sorriso vitorioso enquanto ouvia Genko.
-É isso aí, Genko! Tá certo!
Depois, ela não tem tanta certeza se Genko a defendeu. Começa a tentar entender o que o amigo quis dizer.
-Err... Eu acho. Você tá me ajudando, né?
**** Elliot engoliu em seco com a resposta de Yoko. Era engraçado ouvir ela falando de Ahri, agora que Elliot sabia que Yoko fazia parte de uma família vassala que servia a família de Mai. Então, era por isso que Yoko-chan jurou defender Mai também. Elas estavam ligadas. Ainda.
- ... Desde de sempre então... – Elliot olhou de relance para Mai, que brigava com Ahri. Devia ser difícil ter alguém convivendo de uma maneira tão “próxima”. Elliot se perguntou até onde Mai sabia do que Ahri fazia ou dizia. Sabia que ambas conversavam, mas, até onde eram separadas?
E é claro, o comentário de Akane não passou desapercebido. Porém, era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Sua atenção estava em Mai. Elliot tinha os olhos na amiga, que logo o corpo começou a tremeluzir e deu espaço a Raposa de Nova Caudas, o que deixou todos no quarto impressionados.
*****
Elliot ia abrir a boca para responder, mas Megumi foi mais rápido. Seu coração bateu mais forte com a resposta dele e ela deu um sorriso bobo.
Ela conseguiu responder e a reação de Ahri chamou atenção da menina. Elliot arregalou os olhos e sentiu novamente o peso da presença de Ahri. Aquela era a presença de uma maldição antiga, de um ser poderoso! Aquilo era estar presente diante de algo que não se podia explicar.
“Pesado!!” Elliot sentiu o estômago ir ao pé, nervosa e impressionada com aquela energia amaldiçoada que vinha de Ahri. Será que havia mais maldições poderosas como Ahri?
Todos ficaram um tanto quanto nervosos e pareciam prontos para lutar, caso fosse necessário. Com os olhos um tanto arregalados, ela pensou na possibilidade de realmente haver algum tipo de contenção de Ahri...
“Droga...” Pensava enquanto sentia a presença de Ahri crescer e crescer, a pressão preenchendo o quarto e fazendo seus amigos rangerem os dentes. Era como se todos percebessem a real ameaça que Ahri poderia se tornar.
Ela só se acalmou ao sentir Megumi ao seu lado. Estava com os ombros tensos quando, de repente, Ahri pareceu encolher e voltou a sua forma feminina. Todos ficaram tão confusas quanto ela ao observarem a mudança de comportamento da raposa.
Elliot estreitou os olhos, confusa. Acompanhou Ahri com os olhos, desconfiada, enquanto ela se sentava ao lado de Megumi. Meio irritada, Elliot segurou um sorriso quando ele colocou limites na distância que a raposa podia chegar perto. Mantinha os olhos azuis e afiados como facas na direção da raposa e de Megumi enquanto ouvia a conversa, curiosa e enciumada.
-...................................
Peraí! Beijo?? Elliot não segura o espanto e olha na direção de Megumi, com os olhos arregalados. Ela fica com os olhos no rosto do rapaz, impressionada e um tanto machucada enquanto a raposa cheirava Megumi. Ela sequer ouviu o comentário.
Silêncio depois que Ahri vai embora. Elliot não fala nada e vira-se para o filme como os outros. Sequer responde Mai.
“Mas como assim???!!!” O filme voltou a passar e Elliot tentava se concentrar nele, mas agora... Como assim Ahri beijou Megumi? Ele queria? Foi roubado? Ele parecia bravo com ela, mas... A insegurança cresceu. Ele disse que entendia ela querer manter segredo. Era por causa disso? Elliot sentiu uma raiva misturada com tristeza crescer em seu coração. Precisava se afastar de tudo aquilo!!
Do nada, deu um pulo e foi até a porta do quarto.
- Eu vou lá fora pegar mais água! Aqui acabou!
Saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Ficou um tempo parada, pensando no que ouvira. Respirou fundo e rangendo os dentes, foi na direção do refeitório.
“Mas... O que foi isso??!!” Não sabia muito bem como lidar com aquele sentimento. Sentiu-se presa no quarto. Porém, enquanto andava pelos corredores, sentiu-se totalmente sem chão e a raiva dava lugar à tristeza. Não acreditava no que escutara. Era isso mesmo? Era alguma brincadeira de Ahri? Por que ninguém, principalmente Megumi, contou a ela?!
Seguia meio sem rumo. Seguia pelos corredores até um lugar mais aberto, indo na direção do refeitório.
-É isso aí, Genko! Tá certo! Err... Eu acho. Você tá me ajudando, né?
“Sempre, kekeke! Estamos treinando para voce ganhar da sua prima, pra ela deixar de ser nariz empinado.”
Akame só torce o canto do lábio, balançando a cabeça, seus olhos dizendo, “nem sonhando”.
***
E AHRI APARECE
O momento que Megumi temia finalmente chega, e a figura de Ahri agora encontrava-se a sua frente, desafiando sua namorada. Elliot já tinha avisado que a Ahri-Mai tinha sentido o cheiro dos dois juntos, e provavelmente usaria isto para obter o que queria, seja la o que fosse isso...
O sangue do rapaz ferveu por dentro, mas mantendo sua calma exterior, disse com voz objetiva para que se retirasse. Elliot apoia suas palavras, e Megumi sorri por dentro, feliz por ter alguém assim ao seu lado.
Porem as palavras ditas tem um efeito gatilho, que faz com que por breves instantes a raposa de nove caudas demonstre seu enorme poder. Assim como Elliot, a pressão em suas entranhas se tornou muito forte, o mal-estar tomando conta de seu corpo diante da temível presença amaldiçoada. Teria tempo de invocar seus shikigamis? Em Nikko, Ahri foi rápida em exterminar o monstro da escola, garras retalhando a carne ectoplasmatica, banqueteando-se a medida que arrancava nacos grandes da criatura.
Felizmente tudo foi por um instante. Teria sido um descontrole ou uma amostra de seu poder? No entanto não se deixaria intimidar, e para Megumi a beleza extasiante de Ahri não significava nada, pois o que importava estava além das aparências. Viu que sua recusa em se manter próximo a ela irritava aquele ser.
Teria sido por isto que ela mencionou o beijo?
Um flash daquele momento percorre sua memoria. Ela tinha sido rápida, a ponto de sequer ve-la se movimentando, de repente estava a sua frente, e ela se inclinou, tocando seus lábios com os dela. Sem reação, Megumi ficou paralisado, mesmo depois que ela se afastou e deu um sorriso maroto. “Agora posso ir embora...”, disse. E então Mai cai desacordada, nos braços dele. Megumi olha para Akame, que estava um pouco vermelha, mas ela nada diz.
Seu pensamento logo se volta para Elliot, e os olhares se cruzam. O segundo-anista fica sem palavras, observando a incredulidade da namorada. Um rápido pensamento passa pela sua cabeça: deveria ter contado sobre isto?
Ahri continua falando, mas ela não importava mais, um sentimento de culpa tomando seu intimo. Teria traído sua confiança, escondendo isto dela?
Quando Mai volta, perguntando se poderia continuar sentada do seu lado, Megumi assente automaticamente. No que havia de conexão com Elliot, agora parecia haver um abismo! Ele mesmo tinha receio de chegar mais perto, por medo de ser rechaçado.
- Eu vou lá fora pegar mais água! Aqui acabou!
Elliot sai rapidamente, e Megumi a ve fechando a porta, sua face transtornada. Acabou a agua? Ou acabou o que mal havia começado?
***
Elliot, confusa com seus pensamentos e sentimentos, caminhava pelos corredores vazios dos alojamentos. Ela ia em direção do refeitório, não porque estivesse realmente com sede, mas precisava sair daquele espaço fechado. Em sua cabeça apareciam imagens e palavras dos momentos em que estava junto de Megumi, assim como daquilo que havia sido dito por Ahri... e uma imagem dos dois se beijando, como amantes.
Elliot se senta em uma cadeira, e ela viu que tinha um copo de agua na mão, mas não se lembra de ter pegado ele, tal era seu estado de desconforto. Então, surge alguem na porta do refeitorio.
“Desculpe, Elli-tchan. Eu deveria ter te contado antes. Não queria te fazer sofrer.”
Megumi se aproxima e se senta oposto a Elliot. Ele estende a mão, com a palma voltada para cima, em direção da mão direita da namorada, que segurava o copo sobre a mesa. Seu olhar pedia por reconciliação.
Elliot cruza os braços, satisfeita com a resposta de Genko.
-Heheheheheeee, verdade! Se prepara, Akame!
E ambos começam a rir juntos enquanto Akame faz sua careta.
*****
Realmente Elliot tinha sido pega de surpresa. Tão de surpresa que Elliot tinha seus olhos sobre Megumi, mesmo que aquilo indicasse alguma suspeita aos outros lá. Elliot olhava nos olhos do rapaz. Queria encontrar neles alguma explicação para a afirmação de Ahri. Queria que ele negasse aquilo! Não era verdade, era?
“Megumi-chan...?”
Nada. Ele apenas a encarava com um olhar igualmente impressionado. Elliot sentiu o golpe. Sentiu a insegurança surgir e até mesmo o olhar de Megumi pareceu coberto de duplo sentido: ele estava arrependido? Ele estava preocupado? Com ela? Com ser descoberto? Ele não queria que ela soubesse? Era algum segredo deles? Eles tinham alguma coisa? Ainda tinham??
“Calma, Elliot. Pode ser só intriga da Ahri...” Elliot tentava racionalizar enquanto todos voltavam a ver o filme. Era quase impossível prestar atenção no que estava se passando na tela da TV. Todos pareciam ter já esquecido o que aconteceu, mas não Elliot. Ela mantinha-se imóvel, ainda perdida em pensamentos e machucada pela situação. E Megumi também parecia estranho. Elliot sentia que agora havia realmente um espaço, não só físico, entre eles.
Estava tão feliz e agora, sentia que Megumi era quase um estranho. Não aguentava mais ficar lá! Tinha que sair. Levantou-se e foi andando até o refeitório, confusa.
**** Enquanto caminhava, lembrava-se do dia que havia passado com o jovem. Tudo tinha sido tão especial. Lembrava-se de quando o conheceu e de como ele havia, de certa forma, salvo sua vida. Sentia-se bem ao lado dele e tinha certeza que ele também se sentia da mesma maneira.
Porém....
Agora, estas lembranças pareciam um tanto manchadas. Uma vozinha incômoda ficava no fundo do cérebro de Elliot dizendo que aquilo tudo poderia ser somente fingimento. A mente de Elliot a levava sempre para o mesmo lugar: o cenário onde Megumi e Ahri eram amantes, e desde Nikko! E ela... ela era apenas algum tipo de brincadeira.
“Não pode ser.... Pode?” Elliot pensava enquanto se julgava muito dramática.
Quando se deu conta, Elliot tinha um copo de água na mão e estava já sentada em umas das mesas. Ela suspira, pensativa, enquanto observava o copo em sua mão apoiada na mesa. Sentia-se boba. Na verdade, não sabia bem como se sentia. Será que Megumi era esse tipo de pessoa? Logo ele... Qualquer um poderia ser assim, mas não ele. Ele não.
-Hunf.... – Elliot suspirou e depois, olhou na direção da entrada do refeitório. Sentiu a presença de alguém.
Elliot, antes com uma expressão irritada e triste, agora, sentia que seu rosto mostrava uma tristeza incrédula, como se ver Megumi trouxesse uma felicidade que não podia disfarçar, mas que agora, estava coberta por uma insegurança que trazia dor a seu peito.
- Megumi..... – ela disse de forma um tanto meiga, mas com um tom carregado pela incerteza. Sequer o chamou de “Megumi-chan”.
Acompanhou o rapaz com os olhos e quando ele se sentou na sua frente, Elliot olhou sua mão e ficou um tempo calada. Bebeu a água e ainda mantinha sua mão segurando o copo. A outra segurava seu braço, em um meio cruzar de braços.
-Deveria ter contado antes? Então... Aconteceu? Vocês se beijaram e... Em Nikko? Eu achei, pensei que você tivesse ficado em Nikko por.... – Elliot olhou Megumi, depois desviou o olhar para o copo. -... Por minha causa.
Sentiu as bochechas ficarem vermelhas com aquela afirmação. Talvez fosse ter muita confiança por pensar assim, mas gostava de pensar que ele queria, desde Nikko, estar perto dela.
-............ Então não foi? – disse ainda sem olhar para ele, fazendo um leve bico. Estava com certo medo da resposta.
Elliot esperou a resposta de Megumi, mas tinha outra coisa que a incomodava. Não sabia muito bem como colocar em palavras sem parecer que estava acusando o namorado de algo:
- Por que você disse que o momento não era apropriado pra gente contar pro pessoal sobre, bem, a gente? - olhou Megumi nos olhos, ainda meio insegura e receosa. Será que era apenas para concordar com ela? Ou seria por causa do que Ahri comentou?
Para Megumi, aquela situação com Elliot trazia uma tristeza que para ele lembrava a dor da perda que sentia com relação a sua irmã. Tal qual ver o rosto de sua onetchan em um descanso quase eterno, era ver o rosto triste da namorada: e isto o deixava com um grande aperto no coração. Era uma sensação incompatível com os momentos felizes que ambos tinham partilhado faz não muito tempo atrás, e até um tanto inesperado. Porem Megumi sabia que se tratava de uma situação bem diferente, pois ele podia enfrentar aquele mal-estar e resolver o problema.
- Megumi.....
O rapaz sente um calafrio. A maneira como ela se dirigiu a ele mudou.
“Desculpe, Elli-tchan. Eu deveria ter te contado antes. Não queria te fazer sofrer.”
-Deveria ter contado antes? Então... Aconteceu? Vocês se beijaram e... Em Nikko? Eu achei, pensei que você tivesse ficado em Nikko por.... – Elliot olhou Megumi, depois desviou o olhar para o copo. -... Por minha causa.
Megumi, que era observador no que se tratava de enfrentar maldições, não pode deixar de ser assim ao lidar com o amor e sua amada. Elliot estava inconsciente, não tinha presenciado o ocorrido, e podia ter em seu pensamento os mais diferentes ocorridos. Tinha que contar a verdade.
-............ Então não foi?.
Embora não transparecesse, Megumi se sentiu quase sem chão, e teve muito medo naquela hora, de perder algo tao precioso para ele por causa de palavras. E para dar força a si mesmo, decididamente foi em direção da mão de Elliot e a segurou firme, para também falar com o coração.
“Fiquei em Nikko por sua causa sim, Elli-tchan! Não poderia ir embora até saber que voce estava bem, e também porque eu queria ficar perto de voce... O que eu senti por voce, foi somente com voce, e mais ninguém... Sim, a Ahri me beijou, mas foi sem meu consentimento... Ela tinha me pedido um beijo para retornar Mai, e eu neguei, mas ainda assim ela surgiu na minha frente e encostou seus lábios nos meus. Para mim isto não significou nada, mas sim, eu deveria ter falado para voce, e por isto peço perdão.”
**
- Por que você disse que o momento não era apropriado pra gente contar pro pessoal sobre, bem, a gente?
Megumi arregala os olhos por um instante, surpreso. Pensava que sua namorada já soubesse do motivo. Talvez fosse melhor mesmo falar as claras.
“Foi por causa da Mai, Elli-tchan. Eu sei que vocês duas são muito amigas, já tinha percebido pela maneira como vocês conversaram enquanto estavam me acompanhando ate o templo, quando a gente se encontrou... e também depois, quando fomos comer no restaurante enquanto voce estava desacordada. A maneira como ela fala de voce, princesa Elliot, é de uma verdadeira amiga...”
Megumi morde o lábio inferior de leve rapidamente. Assunto difícil, ainda mais naquele momento. Mas tinha que esclarecer tudo, inclusive para não ser usado depois pela ardilosa Ahri.
“Não sei se voce percebeu... mas parece que a Mai deve sentir algo por mim... É a maneira como ela me olha, tanto no hospital, como no restaurante, que parece que sai purpurina dos olhos dela...”, diz, quase sem disfarçar seu receio em dizer tal coisa. Ele suspira, e continua, “talvez fosse melhor conversar com ela antes de dizer que estamos juntos.”
Megumi queria beija-la, tomado por um carinho tao grande por ela, para deixar bem claro que seu desejo não era que permanecessem escondidos como criminosos. Porem, limitou-se a abraça-la forte. Assim como ele não queria que Ahri o beijasse, ele não queria forçar algo tão importante como um beijo entre duas pessoas.
Sozinha, no meio do refeitório, Elliot seguia sentada na cadeira sem tirar os olhos de Megumi, que chegava no local. O olhar da menina era triste e preocupado. Porém, havia certa esperança nele. Uma esperança que achava que Megumi tivesse, realmente, uma boa explicação para aquilo tudo. Que logo ele iria explicar-se e poderiam deixar tudo aquilo para trás, mesmo que sua insegurança a atrapalhasse e dissesse o contrário. Ainda queria acreditar que ele não trairia sua confiança. Ele não faria isso. Faria?
A jovem acompanhou o rapaz com seus olhos até ele sentar-se próximo a ela. A princípio não fez nenhuma menção de segurar sua mão. Continuava segurando o copo depois de beber a água. Bebeu até o último gole para pegar tomar coragem e fazer a pergunta que estava entalada em sua garganta.
Tinha os olhos ainda desviados do menino quando terminou de perguntar, como se tentasse entender tudo que estava acontecendo. Qual foi sua surpresa quando Megumi pegou sua mão. Não esperava um ato de coragem assim. Elliot voltou seu olhar para ele, impressionada com a atitude do rapaz. Não deixou e gostar.
-.....!!
Ia dizer alguma coisa, reclamar ou ainda ficar brava com Megumi, mas....
Elliot foi pega de surpresa com as palavras dele. Ficou um tempo sem reação, digerindo o que ele dizia enquanto via, impressionada, alguém abrir seu coração daquela maneira. Não se lembrava de alguém ter feito isso de forma tão corajosa e verdadeira quanto Megumi. Isso a fez admirar ainda mais o rapaz, por mais que estivesse ainda um tanto machucada e arisca.
Seus olhos estavam bem abertos enquanto o ouvia falar. Megumi novamente afirmava que queria estar com ela, e só com ela. A vozinha de insegurança de Elliot dizia que não passava de uma bobagem o que ele estava falando... Doeu ao ouvir ele confirmar que Ahri havia sim o beijado. Elliot engoliu em seco ao ouvir isso e franziu de leve a testa ao ter aquela informação confirmada.
Porém... Elliot lembrava-se de como sentia-se perto dele. Lembrava-se de quando se conheceram. E principalmente, via seus olhos. E não via mentira, ou qualquer artimanha lá. Via apenas o que sempre quis ver: Megumi.
- Megumi-chan. – Sussurrou. Gostava dele. E sentia a reciprocidade. Elliot ainda não sorriu, mas segurou a mão do namorado de volta e com a outra, fez um leve afago nos cabelos do menino, indo até sua bochecha, onde faz um leve carinho. – Obrigada por contar, eu... eu fico feliz que tenha me contado. Eu sei que você não fez por mal.
E dessa vez, ela deu um leve sorriso.
E Elliot arqueia uma sobrancelha ao reparar que Megumi arregalara de leve os olhos. Riu por dentro. Achava engraçado os trejeitos de seu namorado. Era sempre controlado, mas algumas vezes, deixava um ou outra reação escaparem. Gostava dos maneirismos de Megumi. Gostava de sua forma calada e sucinta, mas sempre atenta.
E ele contou o que pensava. Elliot estreitou os olhos, de primeira.
- Da Princesa Mai...?
Elliot deixou Megumi continuar a expressar o que pensava. Ela assentiu com a cabeça enquanto ele falava seus motivos. Estreitou um pouco os olhos ao lembrar-se de Mai e seus olhinhos brilhando. Não deixou de sentir um pouco de ciúmes....
- Então você reparou, Megumi-chan... Você é sempre observador, né?
Elliot desviou o olhar e depois voltou a olhar Megumi.
- Sim, ela... Ela sente algo por você. Ela me disse, confessou pra mim. Eu... Não podia simplesmente contar algo da Mai assim... Por isso falei que era melhor esperarmos para contar sobre nós. Eu queria contar a ela primeiro, mas... Não sei bem como vou fazer isso. Eu... Eu tenho medo da Mai ficar chateada comigo e deixar de ser minha amiga. – Acabou por se abrir com Megumi também. - Mas eu quero resolver logo.
Elliot suspirou e fez um leve bico. Falar daquilo não era agradável para ela também.
- Eu... Eu até pensei que seria melhor não nos vermos, mas quando eu te vi no pátio da escola, não consegui resistir.
Ficou um pouco vermelha e deu um sorrisinho bobo, tímido. Ia dizer mais alguma coisa, mas Megumi a abraçou. Elliot sentiu o perfume do namorado e agora, sorriu. Sorriu e o abraçou com força.
- Me desculpa também. Não devia ter saído assim. Fiquei com ciúmes. – falou timidamente enquanto o abraçava, quase não sendo possível ouvir.
Ainda abraçada, Elliot deu um beijo no rosto de Megumi e afastou-se apenas o suficiente para olhá-lo nos olhos.
- Sabe quando a Ahri ficou brava, quando todo mundo ficou preocupada? Eu também fiquei, mas saber que você estava lá me deixou mais tranquila. Quer dizer, fiquei preocupada também, de alguma coisa acontecer com você, mas também sabia que você ia me ajudar.
Elliot, ainda um pouco vermelha, passou seu nariz contra o nariz de Megumi-chan, de um lado para o outro.
- Que nem naquele dia lá em Nikko. Hihi!
Elliot riu de leve e aproximou-se um pouco de Megumi, para beijá-lo. Entretanto, desta vez, não o beijou. Esperou o rapaz encontrar seus lábios, como para selar o encontro e, como um beijo era realmente algo muito importante e, quis respeitar a vontade de Megumi. Quis deixar ele decidir por ele mesmo, ao contrário de Ahri.
Há cerca de 12 anos. Em algum lugar de Tokyo:
O elevador descia. Descia vagarosamente, como qualquer elevador de hotel o faria. Desatento à paisagem às suas costas, que também descia desde o topo de alguns edifícios e construções mais baixas, Ryunosuke acendia um cigarro. Seu olhar não focava em lugar nenhum, mas tinha um aspecto embravecido. O chão, em um material que aprecia mármore negro, refletia de leve sua figura e, ao lado, a figura de um homem elegantemente vestido em um terno.
- Sabe que isso faz um mal danado, né?
Kaneda disse com um meio sorriso. Quem os visse diria, com certeza, que eram parentes.:
- Afe! Como se o trabalho não fizesse! – Ryunosuke disse ao irmão que, apesar de mais novo, era ligeiramente mais alto.
Ryunosuke tragou e soltou lentamente a fumaça enquanto o elevador ficava mais escuro. A paisagem agora era substituída por concreto. Haviam adentrado o subsolo.
- E aí? Preparado? Você trouxe quais dados? – o fumante perguntou enquanto olhava Kaneda de relance.
- Poucos. Acho que apenas uns D6 ou D10 darão conta do recado.
Ryunosuke riu:
- Você realmente tem dado em casa.
- Sério, Ryu-chan? Nessa altura do campeonato...
- Quem mandou você ser um nerd. – Mais um trago enquanto a voz mal humorada ressoava. – Douwa já está pronto? Ele vai abrir as portas para nós?
- Como sempre, onii-chan. Tudo pronto. Pro lugar certo dessa vez. – Kaneda disse com um leve sorriso. Ryunosuke grunhiu, irritado.
A porta do elevador se abre e uma figura feminina entra.:
O rosto denunciava uma noite mal dormida. Se é que houve algum sono.
Ambos os rapazes calam a boca e apenas respondem com outro aceno de cabeça, o aceno que a figura feminina fez enquanto ela dizia um breve e baixo “Boa tarde”.
Mais andares são descidos. Silêncio.
A porta se abre e apenas sussurrando um “Boa tarde”, a mulher sai enquanto ela mesma acendia um cigarro. Antes que a porta se fechasse, eles podem ver os belos lábios formando a passagem para a fumaça escapar.
As portas fecham.
Desce.
Silêncio.
- Acho que ela ainda não te superou. – Kaneda finalmente comenta enquanto olhava o painel do elevador que indicava os andares.
-Azar o dela. Já tem tempo. Hifumi que lute. – Ryunosuke respondeu seco, com a irritação típica de quem não queria falar sobre aquilo.
Kaneda limitou-se a olhar o irmão e analisa-lo. Decidiu deixar isso para lá. Porém, continua a tentar deixar o irmão um pouco menos soturno:
- Como está a Alexandra?
- Bem. Está atrás de alguma baleia na costa. Logo volta pra casa.
O cigarro acabou, o que deixou Ryunosuke irritado. Ele o apagou no cinzeiro do elevador e acendeu outro.
- Vamos acabar rápido com isso. Hoje eu que busco a Elliot. Quero chegar na hora.
Kaneda olhou para seu irmão com diversão no olhar. Achava extremamente interessante que Ryunosuke não só era um bom pai, como gostava de sê-lo. Tinha se encontrado no papel de pai de família.
- Pode pegar a Akame também? – Kaneda perguntou com um sorriso brincalhão nos lábios.
- Tanto faz. Já estarei lá mesmo.
Finalmente chegaram ao andar. A porta se abriu. Irritado, Ryunosuke sai do elevador seguido por Kaneda, que anda com as mãos nos bolsos, ainda se divertindo com aquela situação.
-Sabe, Kaneda... – Ryunosuke dizia enquanto descia, ao lado do irmão, um corredor longo e estreito de plataformas metálicas.
– Tô já ficando de saco cheio disso aqui. Talvez já tenha dado o que tinha que dar....
As figuras somem na escuridão entre as luminárias.
Megumi sorriu aliviado, ao ver que Elliot o tinha perdoado... aquele espaço que havia existido entre os dois estava desaparecendo aos poucos, ao mesmo tempo que a conexão forte entre os dois se restabelecia.
- Megumi-chan. Obrigada por contar, eu... eu fico feliz que tenha me contado. Eu sei que você não fez por mal.
“Que bom, obrigado... sei que agi errado por não ter te contado antes, e me comprometo a sempre esclarecer o que for necessário com voce Elli-tchan... é conversando que a gente se entende.”
- Então você reparou, Megumi-chan... Você é sempre observador, né?
Megumi acena com a cabeça, olhando com um leve sorriso para Elliot. “Sim... desde Nikko... eu observo voce...”, pensou.
- Sim, ela... Ela sente algo por você. Ela me disse, confessou pra mim. Eu... Não podia simplesmente contar algo da Mai assim... Por isso falei que era melhor esperarmos para contar sobre nós. Eu queria contar a ela primeiro, mas... Não sei bem como vou fazer isso. Eu... Eu tenho medo da Mai ficar chateada comigo e deixar de ser minha amiga. – Acabou por se abrir com Megumi também. - Mas eu quero resolver logo.
“Confessou para voce?”, disse arregalando os olhos por um instante. Depois, levando a mão ao queixo, diz, pensativo,”isso... complica as coisas... ainda mais se ela souber que nós estamos juntos... eu pensava apenas que ela ainda escondia seus sentimentos... eu posso imaginar seu sofrimento com essa situação, Elli-tchan! Mas voce esta certa, temos que contar logo para ela, Ahri vai se aproveitar de qualquer mal-entendido entre nós para criar confusao!”
- Me desculpa também. Não devia ter saído assim. Fiquei com ciúmes.
“Esta tudo bem, Ellitchan... Tambem sinto ciúmes quando voce esta com os outros. Mas isso é porque a gente se importa um com o outro não é? E não quer perder algo tão bom...”
E os dois então se aproximam, e cada qual aguarda pelo outro. Então, com ambos aceitando, seus lábios se tocam, e agora sim, formando um beijo sincero e de sentimento. E o passado acabou ficando no passado...
**
“Ah... Então os dois pombinhos estão se beijando no refeitório? Tsk, tsk, este amor colegial as escondidas... Jovens sempre burlando as regras!”
A voz desconhecida pega Elliot e Megumi de surpresa! Mas rapidamente os dois se levantam, e cada qual assume uma posição defensiva.
A frente deles estava um homem de cabelos castanhos usando uma túnica branca e gola negra, e um tapa olho cobria seu olho direito. Elliot nunca o havia visto antes nas instalações, e pela sua vestimenta e jeito, não pertencia a instituição.
“Então é por isto que vocês ainda estão aqui... estava pensando que poderia vasculhar o prédio tranquilo, mas infelizmente vou ter que eliminar vocês...”
A imagem do homem então aos poucos vai se desvanecendo... E de repente, começam a surgir pequenas maldições, criaturas com a forma de coelhos brancos, com pinturas vermelhas e presas ferozes, saltando com intuito assassino!
Elliot sorri diante da resposta de Megumi. Balançou a cabeça em negativo, lentamente, enquanto sorria.
- Você já esclareceu, Megumi-chan. Não se preocupa com isso. Eu acredito em você.
Elliot ri de leve, fechando os olhos.
- Mas se te deixa mais tranquilo, caso eu fique com alguma dúvida, eu te pergunto. Não vou guardar nada!
Elliot abre os olhos e olha Megumi novamente. Observa seus olhos calmos, agora um tanto apreensivos. Sempre observador. Se perguntava o que fugia dos olhos de Megumi.
- E você também pode sempre me perguntar qualquer coisa. – Elliot disse de forma meiga. – conversando que a gente se entende. Hihi! – e sorriu.
Megumi arregalou os olhos novamente. Elliot não deixou de dar um leve sorriso. De novo o maneirismo de Megumi que ela adorava. Observava, um tanto discretamente, os pequenos movimentos que Megumi fazia: o desvio de olhar enquanto ele estava pensando nas possibilidades. Como ele levava sua mão ao queixo enquanto estava pensando. O tom de voz e a maneira como falava. Elliot se perdia um pouco naqueles pequenos gestos. Talvez estivesse aprendendo a observar como ele.
- Ela me disse depois de você se apresentar na nossa sala, quando se transferiu.
Elliot suspirou.
- Tudo aconteceu em seguida. Por isso eu não sei bem como contar. Eu não tive tempo.
Os olhos de Elliot vão novamente para Megumi quando ele expressa a preocupação com ela. Elliot sorri e faz um afago no rosto do namorado.
- Obrigada, Megumi-chan! Eu vou dar um jeito de resolver isso. Eu também quero contar logo. Não quero ninguém colocando problemas entre a gente.
Elliot abraça Megumi-chan. Fica um tempo com a cabeça apoiada no ombro do rapaz enquanto o abraçava, sentindo seu rosto próximo.
- Sim! Sempre vou me importar com você.
Faz um leve bico.
-E acho que sempre vou ter ciúmes....
Beijou Megumi de forma carinhosa. Parou de beijá-lo somente para olhar seu Megumi-chan nos olhos. Depois, sorriu e o beijou de novo, esquecendo e Ahri ou qualquer problema que poderia surgir. Com Megumi, tudo daria certo.
Elliot sentia que poderia perder bastante tempo junto com Megumi. Já não se preocupava com o filme ou sequer com o que os outros poderiam dizer. Queria poder dizer a todos o quanto gostava de estar com ela!
Estava tudo bem! Logo resolveriam esse pequeno problema e...
Escutou uma voz estranha e logo afastou-se do rapaz e olhou na direção de onde ela veio. A princípio, levou um susto e interrompeu seu beijo, olhou Megumi rapidamente e depois, na direção da voz. Elliot estreitou os olhos. Nunca tinha visto aquela figura lá. O que aquilo significava? Era alguma brincadeira?
Junto com Megumi, Elliot levanta-se em um salto, estranhando toda aquela situação. Seus olhos foram desde o estranho tapa olho até suas vestes diferentes. Tentava puxar da memória se conhecia aquele sujeito, se não era apenas uma urgência ou medo devido terem sido pegos na cafeteria juntos que a fazia temer pelo pior, mas...
- Quem.. Quem é esse cara? – Elliot assustou-se ao constatar que nunca tinha visto aquele homem. E o pior, ele estava no colégio. E andando livremente. Era mesmo... Um invasor?
Elliot, ainda um pouco espantada com o fato daquela figura ter entrado aparentemente de forma tão fácil na escola, não acredita no que houve.
“Vasculhar? O que?”
Porém, ela sussurrou uma palavra apenas:
- Eliminar?
Elliot arregalou os olhos!
Pegou o copo que estava na mesa. Girou o mesmo em sua mão e assim que o pegou de volta, jogou na direção do homem, mas era tarde demais. Ele havia desaparecido!
-MEGUMI-CHAN!! ELE SUMIU QUE NEM UM MAGO DE DUNGEONS AND DRAGONS!!!
Recuperou-se do susto e percebeu que agora, estavam sozinhos e precisavam se defender!
Cheia de si, Elliot preparou-se e correu na direção dos coelhinhos assassinos. Assim que chegou no primeiro, estalou os dedos, esperando que ele ficasse menor. Logo depois, subiu sua perna e desceu um chute na cabeça da maldição.
- Get lost! - estala os dedos de novo, querendo fazer ela sumir.
Outro coelhinho atacou Elliot de lado. Ela puxou os braços do shikigami e o colocou na frente de outro que vinha para cima dela. Usou a base e os braços para empurra-los para longe. Outro tentou atacá-la e ela fez o movimento para também afastá-lo e depois, estalou seus dedos.
Preparou-se para os outros ataques!! Também olhou para a direção de Megumi, querendo garantir que estava bem.
-MEGUMI-CHAN!! ELE SUMIU QUE NEM UM MAGO DE DUNGEONS AND DRAGONS!!!
Megumi imediatamente fica em alerta. Ele tinha as mesmas duvidas de Elliot sobre aquele estranho, mas era obviamente uma ameaça. Havia desaparecido, mas o rapaz não entendeu o restante da frase da namorada. Depois teria que perguntar sobre o que era aquilo.
- Shikigamis?
Megumi acena com a cabeça.
“SIM! Mas em grande quantidade... como consegue?”
As criaturas brancas em forma de coelho avançam, e antes que Megumi se coloque em frente de Elliot, a heroína avança para tomar a linha de frente. Seu namorado fica impressionado com sua agilidade, utilizando técnicas de artes marciais em conjunto com seus estalos de dedo para enfraquecer e eliminar.
Porém as habilidades da garota ainda precisavam ser refinadas, pois mesmo conseguindo destruir 3 deles, acabou sofrendo ferimentos na forma de arranhões em seus braços e costas. Outros 3 tentavam cercar Megumi, mas os seus lobos haviam dado conta deles, e o que sobrou levou um chute na cara.
Infelizmente as criaturas continuavam a aparecer, passando por entre a fumaça que as anteriores tinham deixado. Elliot estala o dedo e um dos lobos engole o bicho inteiro, enquanto Megumi amassa a cara de outro com uma frigideira. Só que um deles escapa da vigilância dos lobos e com a boca cheia de dentes tenta morder a nuca do rapaz. Elliot, que era a protetora do namorado, põe o braço na frente antes de atingi-lo, e da um estalo de seu dedo para diminui a cabeça do bicho. Mesmo assim ela sente a dor como agulhas penetrando pela sua pele, e com raiva manda a criatura por através da mesa.
Megumi olha para Elliot num misto de preocupação e admiração. Preocupação pelo ferimento dela, e admiração por sua coragem. Era ainda uma novata, mas estava se saindo bem. Por enquanto...
Porém as criaturas ainda continuavam vindo... e a voz do inimigo se faz ouvir.
“Até que lutam bem, estudantes... mas até quanto mais podem aguentar?”
Antes que Megumi pudesse dizer alguma coisa, Elliot saltou para a frente, tomando a iniciativa dos ataques! Os shikigamis coelhos diminuíam na medida em que ela estalava o dedos e ela não deixou e sorrir ao ver que sua técnica havia sido refinada!
“Isso!” Ela pensou enquanto via os efeitos de sua técnica nos shikigamis inimigos! Tudo para depois ela conseguir finalizá-los com as mãos nuas. Foi diferente de Nikko! Agora, não sentia as dores do efeito colateral que normalmente os estalos davam. Não sabia se era porque os shikigamis eram mais fracos ou se tinha melhorado, de fato, sua técnica. Porém, não se importou muito com aquilo agora! Na verdade, para Elliot, apesar do perigo, aquilo estava quase que divertido! Aquele sentimento vinha, principalmente, da falta de experiência e da maturidade.
O que sabia era que agora, sentia-se mais poderosa! Sentia que poderia acabar sozinha com aquela situação.
Trabalhava junto com o namorado para eliminar os coelhinhos assassinos: os lobos devoravam os coelhos que Elliot diminuía e Megumi também atacava os shikigamis de forma competente e era mais maduro do que Elliot ao lidar com aquela situação. Ao contrário da namorada, ele sabia os riscos daquela situação.
A confiança de Elliot fez com que ela acabasse por se expor mais do que deveria. Ela sentiu os arranhões em seus braços e suas costas. Elliot segurou o grito de dor quando as garras de um dos coelhos formaram arranhões em seu moletom e consequentemente, em suas costas. Sentiu o ardor dos ferimentos, mas não parou seu ataque. Empurrou os coelhos e os fez sumir. Sentia seus braços doerem e viu o pouco sangue brotar dos arranhões.
Parecia que aquilo tinha trazido a menina um pouco mais para a realidade! Havia se machucado, e de verdade! Ela olhou na direção de Megumi sentindo um leve medo, mas controlou-se. Não queria preocupá-lo. Tinha que se virar sozinha e aquilo era um tanto... Assustador!
Elliot seguia seus ataques, mas percebia que os shikigamis, aos erem derrotados, apenas davam espaço para outros chegarem. Atacava e atacava, assim como Megumi, mas parecia que os inimigos apenas eram substituídos.
“Droga!” sentia as dores e enquanto atacava, sentia cada vez mais que aquele misterioso mago queria cansá-los.
Elliot virou-se na direção de Megumi para ver se ele estava bem. Sabia que Megumi podia virar-se muito bem, mas queria garantir que ele estava a salvo.
- !!!
Um dos coelhos conseguiu escapar da investida de um dos lobos e ela prontamente saltou para impedir que o shikigami mordesse Megumi. Fez a maldição diminuir, mas a mordida foi dolorida e dessa vez, ela soltou um grito de dor e raiva. Socou o coelho e o arremessou longe.
- Megumi-chan! – disse enquanto ficava com suas costas para as costas do rapaz, defendendo-se dos coelhos. Sentia a mão doer e o sangue começava a escorrer. – Ele só tá brincando com a gente! Ele deve estar por aqui ainda. Por isso eles não param de aparecer!
Elliot franziu a testa quando ouviu a voz do mago. A confirmação de que ele realmente estava lá!
- Ele está aqui... – disse para si mesma.
Depois, falou com Megumi:
- Megumi-chan, você pode mandar um dos seus canídeos farejar o mago? Se soubermos onde ele está, vai ser uma vantagem pra nós.
Elliot olhou em volta, tentando descobrir de onde veio a voz.
- Quando o canídeo achá-lo, eu vou atacar também. Vamos ver se conseguimos derrubá-lo.
Assim que Megumi mandou um dos lobos atrás do mago, ele fez um arco e saltou sobre o feiticeiro jujutsu. Elliot acompanhava com os olhos e assim que o lobo encontrou seu alvo, ela disparou em uma investida contra o novo alvo: o mago jujutsu/DnD, sem pensar muito. Assim que chegou perto, o lobo de Megumi deu espaço para o ataque da jovem, que deferiu uma sequência de chutes. Esperava acertá-lo e quebrar sua concentração.
- Megumi-chan! Ele só tá brincando com a gente! Ele deve estar por aqui ainda. Por isso eles não param de aparecer!
Megumi trabalha em conjunto com seus lobos e Elliot para conter os ataques, porém os shikigamis-coelhos apareciam um após o outro. Dando um rápido olhar de lado para localizar Elliot, ele diz, enquanto desfere um chute em um coelho que se aproximou demais,
“Verdade Elli-tchan! E são um tipo diferente, ainda mais fáceis de domar que meus sapos, porem perigosos no ataque... Não podemos ficar somente na defensiva.”
- Megumi-chan, você pode mandar um dos seus canídeos farejar o mago? Se soubermos onde ele está, vai ser uma vantagem pra nós. Quando o canídeo achá-lo, eu vou atacar também. Vamos ver se conseguimos derrubá-lo.
Megumi analisa a situação. Poderia continuar a se defender invocando alguns sapos, e liberaria um dos lobos para atacar junto com sua namorada.
“Boa ideia Elli-tchan. Mas tome cuidado, não se exponha demais! Vamos trabalhar em conjunto!”
Com rápidos sinais ele se comunica com o lobo branco, que late concordando. Ele cheira o ar, e sente o cheiro do inimigo invisível, localizando-o atrás de uma das mesas do refeitório. O shikigami salta pelo ar descrevendo um arco, e ao atingi-lo o arranha com as patas e o morde, arrancando sangue e parte do tecido de sua roupa. O inimigo solta um palavrao e revida, afastando o lobo com um empurrão.
Elliot com o olhar atento captou a posição do mago, que ainda permanecia invisível. Ela aproveita a chance e começa uma sequencia de chutes giratórios, que conectam no adversário. A garota sente a pancada de seu pés uma, duas vezes, terminando com um chute frontal.
O inimigo vai ao chão, e sua invisibilidade se esvai, tornando-se bem visível. Ele esta caído e sentado no piso, e sua face esta amedrontada, se afastando de Elliot para tras.
“OK... vocês venceram... afastem-se de mim! Afastem-se!”
Elliot avança para finalizar...
Megumi observa desconfiado... Apesar dos coelhos não estarem mais aparecendo, o que fazia sentido com o mago caído, havia sido fácil demais... Seria o invasor de fato fraco assim?
Ao se arrastar para tras, a cabeça do mago parece bater em algo... invisível!
Megumi arregala os olhos.
“PARE ELLIOT!”
O namorado age sem pensar, assobiando para o lobo branco saltar. O mesmo avança sobre o novo inimigo invisível em um pulo, passando a frente de Elliot, mas é pego no ar e prensado contra o teto, com o impacto tao forte que um buraco se forma atras dele, prendendo-o esmagado em meio as barras de ferro.
Sangue espiritual respinga no rosto da feiticeira colegial...
Um segundo golpe vem em seguida contra Elliot, mas com menos força, com as línguas dos sapos segurando a forma invisível. Mas é o suficiente para que ela seja lançada no ar por vários metros.
O vilão esta novamente de pé, e ele esta rindo.
“Hahaha! Sua pirralha! Sou um assassino há vários anos, voce acha que me derrubaria somente com esses chutes? Voce não me acertou de verdade, só defendi com as mãos... Esse é o problema de não se ver o que se esta lutando... Além disso, eu também consigo usar invisibilidade em maldições...”
“ELLIOTTTTT!”
A face de Megumi fica transtornada. Sua primeira vontade era checar se estava tudo bem com aquela que era o amor de sua vida, algo que agora tinha certeza ao lutar junto a ela... porem sabia muito bem que era uma temeridade fazer isto com um inimigo gigante invisível e seu mestre. Possivelmente era uma versão gigante dos coelhos, com um cheiro semelhante aos outros, a ponto de enganar o faro de seu shikigami.
Ver o vilao rindo de sua mulher foi o suficiente para tira-lo do serio!
“Cara! Voce cometeu o maior erro da sua vida! Não vou te perdoar!”
Era arriscado fazer uma expansão de domínio destreinado, mas Megumi já não se importava mais...
Porem um som de uma lamina cortando o ar e depois um esguicho se faz ouvir! Sangue vermelho espiritual jorra de uma fonte invisível! Ouve-se um estrondo, e entao aparece uma criatura coelho enorme e bem mais forte que as anteriores, com a cabeça cortada;
Com dois giros mortais, finalmente a figura com a espada alcança o chão e se endireita. Era Akame.
Sem dizer palavra, ela se vira para o vilao com a espada apontada para ele. Ele coça o queixo.
“É, pelo visto vou ter que enfrentar a classe inteira sozinho... Bem, nao estou sendo pago para isso, entao é melhor ficar para a outra vez... bye, bye!”, diz, desaparecendo.
Megumi suspira aliviado, e olha de relance para Akame, acenando com a cabeça. Ele então vai em direção de Elliot, que embora machucada, não tinha nenhum ferimento grave. Sem se importar com a presença de Akame, o rapaz abraça a sua namorada, sem força mas com muito carinho.
“Fiquei preocupado com voce, Elli-tchan! Não... não me preocupe mais desse jeito...”
Akame olha para aquilo e acha muito estranho… só não podia prestar mais atenção devido a situação complicada na escola.
“Minha prima esta bem, Megumi-san? Então vamos procurar os outros... eles devem estar espalhados no campus.”
- Domar? Você os doma? – Então era assim que ele conseguia Shikigamis novos? Ele tinha que domá-los? Por um segundo, Elliot perdeu o foco pensando em como o poder de seu namorado funcionava.
- Achei que era só fazer a sombra dele! – Seu foco logo foi recuperado quando teve que soar a fuça de outro coelhinho do mal que se aproximava.
Elliot dá um meio sorriso enquanto sentia o sangue quente escorrer de sua mão machucada. Aquele ferimento, assim como os arranhões em seu braço e costas, traziam a certeza de que a situação era real e perigosa. Sentia a dor dos ferimentos, mas também, sabia que tinha conseguido derrubar seus atacantes. Conseguiria também derrubar o mago. Não havia razão para medo ou grande preocupação!
- Vou tomar cuidado, Megumi-chan! Não se preocupe. – disse com confiança. Queria deixar o rapaz impressionado e calmo.
Elliot acompanha a comunicação e trabalho em equipe do lobo e de Megumi. Queria também ser útil e mostrar a Megumi que poderia, de fato, derrubar logo aquele mago e livrá-los daquela situação.
Os olhos afiados de Elliot acompanham os movimentos do shikigami de Megumi. Quando o animal conseguiu abocanhar o mago, Elliot correu na direção do inimigo, saltou sobre a mesa e já pousou com seu ataque de chutes, não querendo dar chance para alguma fuga.
Acertou uma, duas, três vezes! Sentia o impacto dos golpes e a cada acerto, seu sorriso abria-se mais! Sentiu-se invencível!
Com o impacto do último golpe, Elliot vê o mago cair e rapidamente afastar-se. Havia medo no olhar do adversário. Com um olhar um tanto frio, ela observava o homem afastar-se. Não disse nada, apenas observava. Era possível ver Ryunosuke nos olhos azuis frios e na postura relaxada de Elliot. Ela era realmente sua filha.
Porém, não dá muito tempo para que ele continuasse a se afastar. Sem o olhar analítico e a experiência de Megumi, Elliot era presa fácil para o blefe do inimigo.
Elliot ouve o grito de Megumi, mas não impede seu avanço! Iria resolver logo aquela situação e salvar a si mesma e seu namorado! Ela defere um soco contra o inimigo caído e...
Tudo aconteceu muito rápido.
Elliot viu apenas o rastro de algo branco passando por ela. Sentiu o calor do imenso lobo branco passar ao lado de seu corpo. Ela podia ver o lobo branco na sua frente e, como uma câmera lenta, ele foi acertado.
Sentiu o ar ser deslocado. Um barulho alto pôde ser ouvido. Quando deu por si, estava parada na frente do mago e, atônita, olhava para cima, vendo o animal que tinha um grande carinho ser esmagado contra o teto do refeitório.
-N..Não! – ela apenas sussurrou enquanto via o corpo desfigurado ainda preso no teto devido à violência do impacto. Foi aquele lobo que entregou o bilhete do convite de almoço de Megumi. Foi ele que, de certa forma, os auxiliou a ficarem juntos.
- Can...Canídeo... – Uma parte de Megumi estava esmagada no teto. Era algo querido por ele e ela... Com os olhos arregalados, constatava que ele...
“Não!!”
Elliot, paralisada pelo que acabara de ver, não percebe o segundo golpe a tempo. Apenas consegue erguer os braços e defender seu tronco enquanto era jogada a alguns metros para trás. Sequer conseguiu ver onde havia pousado. Sua visão e audição estavam confusos. Ela ergueu os olhos e viu apenas os sapos tentando conter uma forma invisível. O mago agora estava de pé e ria! Ria dela!
-!! - não teve coragem de dar qualquer resposta a ele. Ela tinha caído em seu truque. Pensou demais de si mesma e havia subestimado o adversário.
Elliot sentiu raiva. Raiva e vergonha. Sentia-se humilhada. Humilhada por não ter percebido o jogo do inimigo. Humilhada por ter se deixado ir daquela maneira. E Megumi estava lá, para ver tudo.... Como poderia encará-lo depois de tudo que aconteceu?
Elliot desviou o olhar para o chão e logo levantou seus olhos para seu inimigo. Encarava-o enquanto reunia forças para se levantar. Teria que virar o jogo! Deveria!!
Agora, tudo doía. Sentia os arranhões, sua mão e uma dor descer por seu corpo. Sentiu-se cansada e derrotada. Era uma idiota.
E havia Megumi.... Megumi viu tudo! Por culpa dela, seu lobo havia sido esmagado! Ela era responsável por aquela morte. Ele teve que ajudá-la, senão, talvez também estivesse morta. Era mesmo uma idiota.
"Megumi..." Elliot ouvia a voz do jovem. Sentiu uma pontada no peito. Até um pouco antes, estava brava com ele e agora, ele fazia de tudo para vê-la bem. Deveria pedir desculpas a ele por colocá-lo naquela situação. Era sua obrigação resolver tudo e depois, pedir-lhe desculpas.
Elliot unia forças para levantar-se quando ouviu um barulho metálico cortar o ar! O sangue espirrou pelo refeitório e logo após, Akame apareceu na frente do mago com uma postura ofensiva. Elliot soltou um “tsc!”.
- Akame, sai...! - ela tentou dizer, mas não teve forças. A única coisa que conseguiu fazer foi observar a prima acabar com apenas um golpe o shikigami que havia feito ela voar por metros! Aquilo deixou Elliot mais brava e humilhada. Baixou o olhar enquanto controlava sua respiração e tentava se levantar.
Enquanto fazia o esforço, não reparou que Megumi se aproximava. Elliot sentiu seu abraço. Com um dos braços, abraçou de volta o rapaz. Não queria sujá-lo com seu sangue. Sentia seu próprio corpo tremer agora que o tinha pór perto. Era como se pudesse finalmente relaxar e deixar aquela tensão de lado.
- Megumi-chan. – apertou o rapaz com delicadeza, mas firmemente. Sentiu algumas lágrimas chegarem aos olhos, mas as conteve.
- Desculpa! Seu...Seu canídeo....Ele... – não conseguiu completar a frase. Sentiu que a voz ficou embargada e calou-se.
Por fim, olhou para Megumi. Passou os olhos por seu rosto. Queria ver se ele estava machucado.
- E eu...! - Sentiu-se tremer. Tremeu por finalmente parecer entender toda a situação e o que poderia ter acontecido.
Ia dizer mais alguma coisa, mas Akame se fez ouvir. Elliot suspirou enquanto sentia o gosto amargo da derrota e ainda pior, ter sido salva por sua prima.
- Eu tô bem! - falou enquanto olhava feio para Akame.
Depois, olhou Megumi e usou a ajuda do rapaz para se levantar.
- Megumi-chan. Ele disse que queria procurar alguma coisa. Aqui na escola?
Elliot suspirou, pensativa.
- E ele disse algo como "assassino"? Ele foi pago para estar aqui? O que será que ele procura...
Disfarçando seu abalo emocional, Elliot olha Akame:
A aparição de Akame eliminando o Shikigami gigante coelho e a subsequente fuga do mago jujutsu fazem com que se termine o combate, deixando uma Elliot desolada com o resultado. Após o abraço carinhoso de Megumi e suas palavras de preocupação, devidamente acompanhadas pela senpai, a namorada do rapaz, diz, muito emocionada,
- Megumi-chan. Desculpa! Seu...Seu canídeo....Ele... E eu...!
Megumi relaxa a sua expressão, e olha com simpatia os olhos de sua amada. Ele segura a mão ferida de Elliot, e a entrelaça com sua própria, repetindo o gesto de Nikko.
“Elli-tchan... não se preocupe... Meu shikigami cumpriu sua função, que é proteger as pessoas... e entre elas aquelas que eu amo... Você lutou bem e me protegeu, e voce esta viva! Entao esta tudo certo. Aconteceu o que tinha para acontecer.”
“Minha prima esta bem, Megumi-san? Então vamos procurar os outros... eles devem estar espalhados no campus.”
Megumi arregala os olhos, tinha praticamente esquecido a presença de Akame! Relutante ele solta a mão da namorada secreta.
- Eu tô bem!
Megumi ajuda Elliot a se levantar.
- Megumi-chan. Ele disse que queria procurar alguma coisa. Aqui na escola? E ele disse algo como "assassino"? Ele foi pago para estar aqui? O que será que ele procura...
Megumi acena com a cabeça. Assassinos podiam ter outras missões, além de exterminar as vidas das pessoas.
“Existem feiticeiros jujutsu que vendem seus serviços, e a maioria deles esta associado a Guilda dos Assassinos. Ele pode estar numa missão que não envolve necessariamente matar alguém, mas isto é algo que eles frequentemente fazem... Todas as escolas possuem salas secretas que são usadas para se guardar artefatos poderosos. Esse assassino pode ter sido contratado para isso... e provável que não esteja sozinho.”
- O que houve? Vocês também foram atacados?
Akame parecia não ter ouvido a pergunta, perdida em seus próprios pensamentos. Somente depois que Elliot repetiu a pergunta uma segunda vez, que ela voltou a si. Ao ver a prima, sua expressão se fecha, irritada.
“Voces tiveram sorte... de sair... os dois do quarto...”, diz, e sua face mostra uma expressão de alguém percebendo alguma coisa, “sim, é mesmo, vocês estavam só os dois fora... então um cara estranho surgiu! Eu já saquei minha espada e fui atrás dele, mas então eu cai em uma espécie de portal, e vim aparecer na floresta. Demorei um tempo ate chegar novamente aqui.”
Os três vao correndo ate o quarto de Elliot e o mesmo estava vazio. Os outros alunos provavelmente haviam sido transportados para outro local.
***
O pensamento de Akame, da qual ela se orgulhava por ser objetiva e racional, agora era um caos de imagens e suposições. Ela andava como se estivesse em piloto automático, sem sequer prestar atenção em eventuais perigos. O que foi aquilo que ela tinha visto? O que foi aquilo que ela tinha ouvido? Não podia ser, não fazia sentido... Fushiguro-san tinha dado todas as mostras de que seu interesse era por ela!
Onde teria errado em suas suposições? Primeiro, em Tokio na competição, sua equipe, ela, Shizue e Kichiro, havia sido sobrepujada pela equipe de Fushiguro-san, Itadori e Nobara. A estratégia de eliminar um a um os membros da equipe Tokio via a anulação de poder de Kichiro teria funcionado, caso Fushiguro-san não tivesse sendo feito como isca para que Itadori pudesse nocautear o menino. A derrota teria sido muito amarga, mas Fushiguro-san foi ate ela, agradecer por ter poupado um dos shikigamis de sua lamina mortal. “Não havia nada para impedi-la de fazer isso... e ainda assim voce poupou meu shikigami. Obrigado!”, disse na época. Não zombou, não a chamou de idiota por isso... agradeceu.
Akame, que se preocupava principalmente em melhorar sua técnica e evitar o problema que são rapazes, especialmente depois de Suzuki, após muito tempo começou a ter pensamentos desse rapaz. E quanto menos esperava, veio a noticia de que estava em Nikko! Akame se lembrou que seu coração quase parou, e ela mesma achou estranho isso!
E não seria o destino, que os tinham feito encontrar um ao outro, enfrentando aquela maldição? Mesmo a presença de Ahri não havia estragado o reencontro, pois foi legal ver que Fushiguro-san tenha se negado a beijar Ahri na sua frente, tendo feito isto apenas porque foi um beijo roubado. Sua cara de desconforto com aquilo tinha sido ate... fofa. Akame tinha perdoado ele por isto, pois não foi por mal...
E quando ele falou que iria mudar de escola? Akame se lembrava muito bem da conversa... Tinha sido após uma missão que fez junto com ele, enquanto Itadori e Nobara tinham ido para Hokkaido. Fushiguro disse, "Foi uma boa missao." "Foi." "Combinamos nossos ataques." "Sim".
Depois de uma pausa, continuou,
"Vc é de Fukushima, não e? Estou indo pra lá "
“... ... legal" Akame na realidade estava atordoada, de um jeito que ela não ficou quando levou um soco da maldição-peixe. Teria finalmente encontrado um amor... depois de Suzuki?
Depois da chegada oficial em Fukushima, Akame já não conseguia mais disfarçar seu crush por Fushiguro-san... A ponto de deixar espantados seus colegas ao permitir que Fushiguro-san sentasse ao seu lado na sessão de cinema.
E ela sentia-se bem com isso.
Sua mão então pega firme no cabo de sua espada.
MAS ENTÂO, O QUE FOI ISTO ENTRE SUA PRIMA E FUSHIGURO-SAN?
***
Megumi leva a mão na testa, para refletir sobre o que estava acontecendo.
“Trata-se de um ataque a escola, planejado... Um feiticeiro ou maldição ficou encarregado de deslocar os estudantes e professores para outro lugar, enquanto o mago jujutsu procurava por algo... tendo sido derrotado, ele aparentemente fugiu. Não sabemos o que ele procurava, mas não deve ser algo tão importante, para desistir assim.”
Megumi volta seu olhar para Elliot e Akame. A prima evitava de olhar para eles, e sua atenção estava voltada para si mesma. O rapaz acha estranho aquela atitude, pois a sua colega de classe era sempre objetiva e não negava opinião.
“Estamos somente agindo por suposição... Pode ser perigoso ficar aqui, se houverem mais inimigos a procura. Porém se sairmos, deixaremos a escola sem ninguém para guarda-la. O que sugerem?”
Os sentimentos de Elliot borbulhavam. Estava em misto de raiva, tristeza e vergonha por tudo que havia acontecido. Não queria encarar Megumi e sentir que havia falhado com ele. Pediu desculpas, ainda triste e... Ficou surpresa com a gentileza e cuidado do rapaz.
Elliot observa os olhos de Megumi ficarem serenos. Ela desiste de segurar o choro e deixa algumas lágrimas escaparem. Sentia que podia se deixar levar perto dele. Porém, logo segurou-se. Não queria deixar Megumi mais preocupado. Não queria causar mais transtorno do que já tinha causado a ele.
- Mas... Eu acabei deixando tudo pior. Se eu tivesse sido mais esperta...
Sentiu a mão quente de Megumi sobre a sua. Parou de falar e deixou que Megumi cuidasse dela. Logo, entrelaçou seus dedos também. Elliot ficou quieta apenas ouvindo o que o namorado dizia. Ao contrário dele, tinha o olhar preocupado, mas...
Megumi falava de uma maneira gentil e compreensiva. Aos poucos, os ombros de Elliot foram relaxando e ela acabou por relaxar um pouco. Megumi fazia de novo o que ele sempre fazia: deixava tudo em paz, onde quer que ele estivesse. E trazia segurança a Elliot.
- Eu... Sinto muito. – disse, finalmente, depois de ouvir as palavras amáveis de Megumi. Ela suspirou, ainda se sentindo culpada. Sentiu-se um pouco mais culpada depois das palavras dele, mas, ao mesmo tempo, estava feliz. – Quando eu vi o canídeo lá, eu...É como se te machucassem e...
Elliot ouviu a voz da prima. Arregalou os olhos junto com Megumi e soltou, discretamente, a mão do rapaz. Olhou para a direção oposta, tentando disfarçar enquanto levantava-se com a ajuda dele.
- Eu tô bem! – falou em um tom um tanto ríspido para Akame, que parecia também meio irritada. Elliot não ligou muito. Sua prima estava sempre irritada.
Elliot não disfarça estar impressionada com a resposta de Megumi. Por um segundo, ela parece pensar e digerir as palavras do rapaz.
“Assassinos?” Elliot franze de leve a testa. Então, realmente havia pessoas que vendiam seus serviços daquela maneira. E ainda havia uma Guilda! Isso era matéria de colégio? Hirotaka parecia saber algo sobre isso também.
- Guilda de Assassinos? – Elliot perguntou sem pensar. Assassinos ficam andando por aí e dizendo que fazem parte de uma Guilda? Não deveria ser... Por baixo dos panos?
– Como você sabe que isso existe? – ela disse, sem pensar. - Eles não deveriam manter segredo, se são... Assassinos? Ninguém prende eles?
Novamente ela divagava, mas seu pensamento voltou ao mais importante: poderia haver mais inimigos na Escola! Ela virou-se para sua prima, que parecia perdida nos próprios pensamentos.
-O que houve? Vocês também foram atacados?
Elliot ficou esperando a resposta da prima. Olhou Megumi de relance, depois olhou de volta para Akame. Meio irritada, repetiu a pergunta:
- Ae, Akame, o que houve? Vocês também foram atacados?!
A jovem de cabelos claros estranha o olhar bravo e um tanto ameaçador de Akame. Elliot estreita os olhos. Primeiro, ela falou que apenas Elliot e Megumi estavam fora do quarto. Elliot não ousou olhar para Megumi naquela hora. Balançou a cabeça como quem não estava entendo aquele comportamento estranho da prima. Por que ela estava agindo daquela maneira? Nem parecia ela.
- Mais um cara? Então... Além do Mago de DnD, havia mais.
Elliot agora tinha uma expressão séria enquanto ouvia a prima.
- Portal?... Você apareceu sozinha na floresta, Akame? Não havia mais ninguém com você?
Uma maldição ou feiticeiro com esse poder....
- Vamos ver os outros!!
Os três correm rápido para o quarto de Elliot. Ela abre a porta rapidamente e faz-se ouvir:
-Pessoal!!
Não havia ninguém lá! O filme continuava rodando. As falas em inglês preenchiam o ambiente. Ela olhou para sua cama.
“Princesa Mai!”
Depois, foi para onde Hirotaka e Yoko estavam sentados.
“Hirotaka! Yoko-chan!!”
Olhou em volta. Seus amigos tinham sumido! Elliot sentiu o coração apertar. Será que estavam todos bem?! Torcia para que sim!
“Genko, Akane... Bachira!”
Com o olhar preocupado, ela olha Megumi-chan. Havia temor em sua voz:
- Será que ele mandou um pra cada lugar? Dividiu todos??
Elliot respira fundo em quanto Megumi dizia suas suposições. Não sabia o que fazer! Estavam sozinhos na escola? Então...
- Acho que... Acho que eles iriam querer que a gente confiasse neles e fizéssemos alguma coisa por aqui.....
Elliot dizia com a voz baixa. Ela piscou seus olhos longamente. Ao abri-los, ela olhou Megumi.
- Vamos até a sala de objetos amaldiçoados. Eles devem estar por perto. Vamos expulsá-los daqui, Megumi-chan.
Elliot vira seu rosto para Akame.
- Akame, vamos trabalhar juntos. Acho que vamos conseguir.
“E eu não vou atrapalhar!”
Akame estava de novo viajando. Ela tinha um olhar agressivo, mas parecia completamente desligada. Ela arqueia uma sobrancelha, estranhando o comportamento da prima:
- Guilda de Assassinos? Não deveria ser... Por baixo dos panos? Como você sabe que isso existe? Eles não deveriam manter segredo, se são... Assassinos? Ninguém prende eles?
Megumi para por um instante, avaliando a situação. Ele então continua.
“Voces não tiveram esta aula ainda, geopolítica Jujutsu. Os Assassinos formam uma das pontas da tríade, sendo as outras pontas ocupadas pelas Escolas e Seitas. Eles não se escondem, porque não tem nada a temer, nenhum governo que sabe de sua existência se atreve a tomar alguma atitude.”
- Mais um cara? Então... Além do Mago de DnD, havia mais. Portal?... Você apareceu sozinha na floresta, Akame? Não havia mais ninguém com você?
Akame parecia muito interiorizada e irritada. Ela responde sem olhar nos olhos da prima.
“Sim. Fui a que reagiu primeiro. O portal logo se fechou atrás de mim.”
NO QUARTO DE ELLIOT
- Será que ele mandou um pra cada lugar? Dividiu todos??
Megumi investiga a sala rapidamente. Não havia sinais de luta, nem sangue.
“Creio que sim, Elli-tchan”, diz, sem reparar no uso do apelido carinhoso, “o feiticeiro ou maldição do portal deve ser bem habilidoso, pois agiu rápido, sem tempo para reação.”
Era hora de se tomar alguma atitude.
“Estamos somente agindo por suposição... Pode ser perigoso ficar aqui, se houverem mais inimigos a procura. Porém se sairmos, deixaremos a escola sem ninguém para guarda-la. O que sugerem?”
- Acho que... Acho que eles iriam querer que a gente confiasse neles e fizéssemos alguma coisa por aqui..... Vamos até a sala de objetos amaldiçoados. Eles devem estar por perto. Vamos expulsá-los daqui, Megumi-chan.
Seu namorado acena com a cabeça, concordando com as palavras de Elliot. No entanto, Akame ainda parecia perdida, olhando para o chão enquanto limpava obsessivamente um respingo de sangue em seu calçado contra o carpete.
“Akame, vamos trabalhar juntos. Acho que vamos conseguir. Akame?”
O olhar de Akame estava assustador!
“Sim. Claro.”
EM BUSCA DA ENTRADA SECRETA
Enquanto caminhavam a procura de rastros de inimigos, Megumi explicava para Elliot como funcionava a entrada para a sala dos artefatos.
“Não é fácil de encontrar a entrada, pois ela muda de posição varias vezes... Isto é o que a torna segura... Se aquele mago estava atrás dessa entrada, ele provavelmente teria algo que o ajudaria a encontrar... Se não encontrarmos rastros de presença de outros, tanto melhor, a sala esta segura... mas se descobrirmos que existe um outro inimigo, melhor nos preparamos...”
Elliot avança pelos corredores, a procura de pistas, qualquer marca que indicasse a presença de alguém. E ao passar por um dos quartos, ao abrir a porta ela encontra um corpo todo cortado, sobre uma cama coberta de sangue!
Mais a frente estava uma porta na parede, que não deveria estar la... e ela estava aberta, revelando um corredor comprido...
“É um dos serviçais ... ele ainda respira, mas morrera, sem cuidados...”
Com a mão na espada, Akame avança no quarto em direção da porta fantasma. Ela diz, em tom seco e objetivo,
“Fiquem aqui e cuidem dele. Eu vou acabar com esse invasor.”
Elliot arregalou de leve os olhos e levou um dedo até sua bochecha. Abriu a boca em entendimento.
- Aaaaaaah, sim!
Elliot lembrou-se de Hirotaka falando alguma coisa sobre aquele assunto. Dentro da situação atual, não teve muito tempo para digerir a informação. A única coisa que pensou e que fez sua espinha gelar era que havia pessoas que pareciam estar acima da lei e do governo. O que aquilo poderia significar...? Engoliu em seco.
- No...Nossa! Então, eles são livres pra fazer o que quiserem...
Ela olhou para o refeitório e depois, viu suas roupas sujas de sangue do Lobo espiritual.
-.... Inclusive atacar um dos pilares....
“ E nos matar...! Mataram o canídeo Kuro!!!”
Parecia que o peso da situação estava começando a cair sobre os ombros de Elliot.
- ..... – não ousou dizer mais nada. Não queria deixar Megumi preocupado ou parecer fraca diante de Akame. Porém, a expressão de Elliot era séria e os olhos arregalados. Sua respiração ficou um pouco maios pesada e rápida enquanto absorvia o que havia acontecido.
Lembrou-se do Lobo espiritual esmagado contra o teto. Lembrou-se do ganido fino que ele dera e que foi interrompido antes que ele pudesse pedir ajuda. Elliot engoliu em seco. Agora, parecia que tinha percebido a gravidade da situação. Não era um treinamento. Não estava lutando contra uma reles maldição de banheiro, como em Nikko.
“Agora é pra valer. Eles estão aqui pra nos matar. Eles mataram o shikigami do Megumi-chan. Ele ia me matar.”
A visão dela esmagada invade sua mente. Seria ela morta e Megumi estaria sozinho para lidar com aquela situação.
Elliot voltou a si e olhou Megumi. Sentiu medo. Poderia acontecer algo com ele! Megumi poderia se machucar. Megumi poderia...!!
O que ela faria? Não queria pensar nisso. Não deixaria que nada acontecesse! Não com ele!
- Entendi.... Estamos então nós por nós...
Elliot balançou a cabeça em negativo. Não havia o que fazer. Não havia para quem pedir ajuda. Eram apenas os três. Dependia exclusivamente deles saírem com vida daquele lugar.
Suspirou e virou-se para Akame.
Akame estava estranha. Parecia não estar completamente focada na situação. Será que ela entendia o que estava acontecendo? Tinha noção? Ou estava apenas acostumada? Elliot ergueu uma sobrancelha diante da resposta da prima e, principalmente de seu comportamento. Ela olhou Megumi e depois voltou a olhar Akame:
- Vamos logo ver se encontramos mais pistas! E os outros!
Correram para o quarto de Elliot e a menina engoliu sem eco ao ver que não havia ninguém.
- Espero que eles estejam bem.
Olhou Megumi preocupada quando ele falou que provavelmente tinham separados os alunos. Para Elliot era tão normal Megumi chama-la assim que sequer percebeu também que ele usara o apelido na frente de sua prima:
- A Mai, Hirotaka e Yoko não têm nenhuma experiência em combate... Eles... – suspirou. – São como eu.
Baixou o rosto, triste. Será que estavam bem?
Entretanto, era hora de decidir. Elliot cerrou os punhos e respondeu a Megumi. Sabia que tinham que fazer alguma coisa por lá. Teriam que impedir o avanço dos inimigos. Elliot escolheu confiar na capacidade dos amigos. Ela e Megumi tinham concordado com o plano de ação, mas Akame...
- Akame?
Elliot chamou de novo a prima e deu um passo para trás quando viu o olhar ameaçador e assustador da menina:
- A..Akame? Qual é?
Elliot acompanhou com os olhos Akame ir na frente. Ela olhou Megumi, deu os ombros e foi atrás da prima.
*****
Elliot andava junto a Megumi enquanto observava, atenta os arredores. Ouvia a explicação do jovem feiticeiro sobre a porta:
- E depois que acham, não tem nenhuma proteção a mais?
Elliot examinava cada canto dos corredores e quartos por onde passavam. Tocava as paredes, em busca de alguma pista, enquanto Megumi concluía seu pensamento:
- Vamos torcer praquele mago ser o único e ter desistido!
Depois de um tempo procurando, Elliot acaba por abrir uma porta e leva um susto!
- Aaaai, cara!!! – ela fala alto enquanto dá um leve salto pra trás, segurando o braço de Megumi. – Te...Tem uma pessoa morta lá!
Engoliu em seco. Os olhos arregalados e o leve tremor indicavam seu medo. Ao perceber que segurava Megumi, soltou-o sem graça, deixando o rapaz verificar o corpo.
- Ainda bem. – respirou aliviada quando o jovem confirmou que o homem continuava vivo. Elliot vai entra no quarto e logo seus olhos vão para o longo corredor. – Então.. É lá que...
Akame logo passa na frente. Elliot arregala os olhos e tenta impedir que a prima avance segurando um dos braços dela, mas era tarde demais:
- Akame! Espera!!!
Elliot vê a prima sumir na escuridão do corredor.
- Droga!
Ela vai até o capataz que estava caído na cama e o olha. Havia medo em seus olhos. Medo de falhar e da situação:
-Megumi-chan, vai atrás da Akame. Ela parece meio desligada. Vai precisar de ajuda.
Engoliu em seco e ainda observa o homem que precisava de cuidados médicos. Será que conseguiria ajuda-lo?...
-Eu vou cuidar dele. Aprendi alguns primeiros socorros com a Hasumi-sensei.
Elliot pegou uma toalha próxima e voltou até Megumi:
- Pode ir, eu vou ficar bem. – Não queria que ele fosse! Queria que ele ficasse onde ela pudesse vê-lo, onde pudesse protege-lo. Porém, não havia muito a ser feito. Tinha também que confiar em Megumi.
Suspirou, amedrontada. Deu um rápido beijo na bochecha do rapaz e completou:
- Só se lembra que eu vou estar te esperando, então, fica bem e volta, hein.
E foi ajudar o homem moribundo da maneira que podia: tentava estancar o sangue e limpá-lo. Queria deixa-lo melhor, pelo menos.
- Calma, moço. Você vai ficar bem... – dizia baixo para o homem, tentando acalmá-lo.
- A Mai, Hirotaka e Yoko não têm nenhuma experiência em combate... Eles... – suspirou. – São como eu.
Megumi parou por alguns instantes sua procura por pistas e se virou para Elliot. Sua face inspirava confiança.
“Se são como você, Elli-tchan, então não precisamos nos preocupar. Saberão dar conta de qualquer problema”, diz, acenando levemente com a cabeça.
EM BUSCA DA ENTRADA SECRETA
- E depois que acham, não tem nenhuma proteção a mais?
“Não... Quando o feitiço é forte para esconder, ele é fraco para proteger.”
Depois que encontram o portal e o homem moribundo, Akame parte em direção da entrada.
- Akame! Espera!!! Droga!
Os apelos de Elliot e Megumi não são ouvidos por akame, que se lança obstinada pela passagem.
-Megumi-chan, vai atrás da Akame. Ela parece meio desligada. Vai precisar de ajuda.
Megumi comprime os lábios, pensando se existia alguma maneira de estar presente e proteger as duas. Mas não havia tempo para isso.
“Sim, vou atrás dela, o maior perigo esta na sala dos artefatos”, diz. Mas na realidade queria estar com sua amada.”Tome cuidado, Elli-tchan, assassinos possuem todos os tipos de artimanhas. Vou deixar o lobo com voce.”
Elliot se nega veementemente, argumentando que seu namorado iria precisar de todo poder disponível para enfrentar essa ameaça. Contrariado, mas ao mesmo tempo sabendo que o que ela disse era verdade, Megumi aceita.
- Só se lembra que eu vou estar te esperando, então, fica bem e volta, hein.
O beijo em sua bochecha quase faz com que mude de ideia, mas o rapaz se controla, acena com a cabeça e se vai.
O HOMEM FERIDO
Elliot rasga um pedaço do lençol que estava limpo para tentar diminuir o sangramento no ferimento mais grave, na região do peito. E parecia que havia vários arranhados causados por alguma garra cortante.
Não demora muito, e o homem recupera a consciência. Sua visão era embaçada, mas logo reconhece Elliot. Subitamente ele a segura nos ombros!
“Voce! É a menina bonita nova que entrou esse ano... São dois monstros! Isto é uma armadilha! Eu sou a armadilha! Um foi pelo portal, o outro esta dentro de mim! Me mate, antes que ele saia!!! Rapido!!!”
Elliot se viu em uma situação complicada! Não queria matar o capataz!
Ignorando os apelos daquele homem, Elliot rasga mais o lençol, e com o tecido prende os braços e as pernas do homem nos pés da cama. Ele tentou resistir, porém a perda de sangue o tinha deixado fraco demais, e sendo a primeiro-anista uma lutadora Jujutsu, ela era bem mais forte que um humano normal, seu corpo um repositório de energia amaldiçoada.
Terminada a tarefa, Elliot tenta avisar seu namorado e sua prima, porem nenhum dos dois a ouviu, o corredor secreto vazio.
Ela então se volta para o cativo, e se assusta com o que ve!
A criatura se manifesta, e o rosto do pobre homem se abre, transformando-se numa monstruosidade cheia de dentes e olhos!
Elliot no entanto domina seu medo, e rapidamente nocauteia o monstro, antes que este se liberte das amarras.
Sabendo se tratar de uma armadilha, e tendo ao menos momentaneamente lidado com uma delas, Elliot vai para o corredor com a esperança de avisar seu namorado e sua prima a tempo...
**
NA SALA DE ARTEFATOS
Naquele corredor interdimensional, Elliot corre o mais rápido que podia! Nao haviam intersecções... e finalmente a jovem chega ate uma porta, que estava aberta.
Ela então ve que através da porta estava uma grande sala, cheia de prateleiras, armarios e baús de todos os tipos... Porem parados, imóveis, em estado de transe, estavam Megumi e Akame.
E a alguns metros diante deles, uma criatura estranha permanecia imóvel.
Elliot tinha o rosto voltado para o chão, estava triste pensando nos amigos. Porém, quando Megumi a olhou com confiança e disse que eles dariam conta de qualquer problema, justamente por serem como ela, ela não deixou de sorrir. Megumi-chan era mesmo incrível.
*****
Enquanto via Akame sumir na escuridão do corredor, Elliot suspira. Não havia muito o que fazer. A prima estava muito estranha. O que teria deixado Akame daquela forma? Nunca a vira assim...
De qualquer forma, não havia tempo a perder. Tinha decidido ficar para cuidar do rapaz morto e precisava ser rápida. Estava indo cumprir sua função quando Megumi a ofereceu seu lobo espiritual.
- Não, Megumi-chan! Não precisa deixar seu Lobo comigo!
A imagem de Kuro esmagado no teto do refeitório veio até Elliot. Não podia permitir que aquilo acontecesse de novo. E se ela não conseguisse proteger o animal..? E... Megumi! Megumi tinha que estar seguro!
- Vo...Você vai precisar de todo o poder que tem! Não sabemos o que tem lá. Pode ir, eu vou ficar bem, eu prometo!
Elliot dá o beijo na bochecha do rapaz e o acompanha com os olhos enquanto ele some na escuridão.
"Megumi-chan..." Pensava enquanto desejava que ele tivesse ficado onde pudesse ajudá-lo. Elliot balançou a cabeça em negativo e foi ajudar o homem que estava quase morto na cama. Não podia, infelizmente, estar em dois lugares ao mesmo tempo. Queria pedir para Megumi ficar com ela, mas sabia que não era possível. Sua prima precisava de ajuda.
Rasgou um pedaço de lençol e começou a cuidar do homem, quando, de repente, ele abriu os olhos.
-Ah, você acordou! Que bo...!!
Elliot arregalou os olhos e encarava o homem e tentou completar a frase, mas ele foi mais rápido! A segurou com força. Elliot tentava soltar-se e fazê-lo deitar-se de novo. Estava muito ferido e aquilo era perigoso! Queria colocá-lo deitado de novo, mas ele parecia eufórico e preocupado demais.
- Ar...Armadilha? Quer dizer que..!!
Ela olhou na direção do corredor. Elliot levantou-se rápido! Seus olhos estavam preocupados e ela gritou com todo o seu pulmão para Megumi e Akame:
-MEGUMI-CHAAAN! AKAMEEEEE! CUIDADO! É UMA ARMADILHA!!!
....... Sem nenhum som. Elliot engoliu em seco, temerosa pelo namorado. Porém, ela controlou-se e foi de novo até o rapaz, que tinha mais uma revelação a fazer. Elliot arregalou os olhos enquanto olhava para o rapaz que tentava ajudar:
- Você? Um monstro? - Elliot arregalou mais ainda os olhos e sentiu o coração gelar. Como assim ele pedia para ela...
-...Matar? Matar você? Não! Espera!
Elliot tentava livrar-se das mãos do homem enquanto ele implorava para ser morto. Elliot sentiu os dedos do rapaz tremerem. Um tremor que não era humano. Era como se, realmente, o que quer que estivesse dentro dele estivesse lutando para sair.
- ME maatEEeEeE!! AaAaGOoOrAaA!! - o homem gritava enquanto segurava com força os ombros de Elliot. Sua voz ressoava entre um som humano normal e um gutural típico de uma criatura que não era humana. Elliot, dentro de seu medo, tentava soltar-se, mas ele era forte! Forte demais para um homem normal!
Elliot começou a ver pequenas rachaduras no rosto do homem. Ela engoliu em seco, amedrontada. Deveria ter outro jeito! Não poderia simplesmente matá-lo!
-De...Desculpa! - com técnica e força dignas de um feiticeiro Jujutsu, soltou-se rapidamente e antes que o homem pudesse dizer qualquer outra coisa. Aproveitou da fraqueza dele para agir. Deu um soco em sua mandíbula, deixando-o tonto. Aproveitou o tempo e prendeu-o com o lençol. O homem tentava soltar-se à medida que o monstro apossa-se de seu corpo.
Engolindo o medo, Elliot socou de novo o rosto da criatura, mas desta vez, em sua têmpora, colocando-o para dormir.
-Credo... - dizia entre as respirações amedrontadas e sem controle. Ficou em dúvida se tinha acertado algum lugar que realmente colocara o monstro para dormir. Esperou um tempo observando-o para ter certeza. Então, como se tivesse acordado de um sonho, lembrou-se de algo:
-Megumi-chan!! - olhou na direção da porta. Megumi e Akame estavam indo direto para uma armadilha!
Elliot olhou o monstro apagado e amarrado à cama. Seu olhar foi para a porta. Elliot respirou fundo e foi correndo na direção do desconhecido. Adentrou o caminho negro e reto, correndo sem parar.
Corria e corria e corria em um corredor totalmente escuro. Era como mergulhar no fundo do oceano: não havia luz ou qualquer som. Elliot apenas corria enquanto tinha Megumi e Akame em sua mente. Sem qualquer mudança de direção, ao longe, ela vê uma porta começar a tomar forma. Antes, estava de ponta cabeça. À medida em que se aproximava, ela ia adotando a posição correta em relação à Elliot.
Elliot coloca um pé dentro da porta e toda a atmosfera parece mudar. Não sabia se tinha ido parar em outra dimensão ou estava ainda na escola, mas o ar era pesado e cheirava a incenso. Ela olhou em volta, um tanto admirada com a quantidade de coisas que poderiam ser guardadas lá: armas, caixas grandes e pequenas. Baús, livros, prateleiras com as mais diversas coisas, desde crânios à flores estáticas e artefatos que pareciam ter saído de um jogo de Mago: A Ascensão.
-.... Megumi-chan! - Sussurrou enquanto seu olhar pousou sobre o namorado inerte.
-Akame..? - depois, seu olhar foi para Akame. Elliot seguiu a linha de visão deles e ao notar a criatura na frente deles com sua visão periférica, desviou rapidamente os olhos.
- Grrr!! - Elliot tentou fazer silêncio, mas já sabia que a criatura havia notado sua presença. Ouviu um som estranho! Se é que olhos podiam fazer sons!
Correu rapidamente na direção de um móvel coberto por um lençol e agarrou-o. Sem olhar diretamente para a criatura, ela gritou enquanto saltava sobre ela, tentando cobri-la.
-MEGUMI-CHAN! AKAME!!! ACORDEM!!!
Elliot pensou que poderiam haver mais inimigos na sala junto com aquele monstro, procurando o que quer que estivessem procurando. Porém, decidiu acabar com aquela ameaça antes e libertar seu namorado e prima.
Elliot ao ver a criatura logo se recolheu, e permaneceu escondida, com as costas coladas no beiral da porta. A garota se lembrou dos jogos de RPG que jogava com seu tio e sua prima, e em sua memoria veio a figura do beholder, monstro cheio de olhos que tinha uma serie de poderes mágicos, inclusive de imobilizar pessoas!
Como Megumi e Akame, assim como a criatura, estavam imóveis, Elliot rapidamente concluiu que o monstro fazia uso de seu olhar para afetar suas vitimas. De onde estava a jovem conseguia ver parte dos armários e estantes, e em uma delas havia um lençol!
Elliot tentou ser esquiva, mas assim que pos o pé para dentro da sala, um som estranho se fez ouvir! Ela tinha sido descoberta! Como um raio ela num salto calculado chegou próximo da estante e pegou o lençol, e confiando em sua sorte e agilidade, deu um novo salto por cima de onde deveria estar o monstro. No voo, estava puxando a ponta do lençol, soltando antes de dar uma cambalhota para absorver o impacto no chão.
Elliot se volta, e ve que seu plano tinha dado certo! A criatura estava coberta, e se debatendo para se livrar do lençol... e Megumi estava piscando os olhos e balançando a cabeça, acabando de sair de seu transe profundo.
O monstro de olho gigante estava prestes a se livrar do lençol! Megumi com suas mãos faz a forma de sapos, que surgem das sombras para prender a maldição ainda coberta com suas línguas compridas.
Elliot viu sua chance! E, com o coração batendo de preocupação com seu amado, ela avança resoluta, a mão em forma de punho, concentrada... ela tinha que vencer, para proteger aqueles a quem ela amava! Sem perceber, marcas começam a serpentear pelo seu corpo, como se fossem tatuagens tribais.
Megumi arregalou os olhos! O que era aquilo na mão de sua namorada? Era uma energia diferente daquela que estava acostumado, nunca tinha visto uma daquele tipo, luminosa e clara! E o rosto de Elliot? Seriam aquilo tatuagens, ao estilo que sua prima tinha?
Ao conectar com o punho de Elliot o local onde estaria o olho gigante do monstro, uma luz cegante se irradia! Nem Elliot, nem Megumi, esperavam por aquilo, e ambos ficam sem enxergar por alguns instantes.
***
Spoiler:
“O fogo de Amaterasu? É somente uma lenda. Como a energia amaldiçoada provem de sentimentos negativos, os teóricos dizem que pode existir uma energia amaldiçoada de sentimentos positivos, purificadora. O fogo de Amaterasu seria um uso desta energia purificadora. Como a matéria e anti-materia, ao se juntar, causando uma explosão. Bobagem, esqueça isso.”
***
A visão aos poucos retorna para os dois... Em frente de Elliot estava a maldição, coberta pelo lençol e ainda presa pelos sapos, com exceção de que onde deveria estar o olho, havia somente um buraco chamuscado. Pequenas chamas brotavam do corpo da criatura, que depois de solto transformou-se em cinzas.
Elliot, que havia voltado a sua forma normal, observava espantada aquela cena, quando sentiu o abraço por tras de seu namorado. Ele a vira e olha nos olhos, seu rosto demonstrando alivio e admiração.
“Obrigado, Elli-tchan... Voce nos salvou… Esta maldição foi mais rapida que sua prima e eu, e nos prendeu em um mundo de sonhos. Estou orgulhoso...”, Megumi ia dizer meu amor, mas as palavras nao saíram. Sem jeito, ele continua, “mas o que foi esta energia diferente, Elli-tchan?”
Porém, algo ainda estava errado... Akame permanecia em transe, sua face brava, as tatuagens pelo seu corpo indicando o uso de energia amaldiçoada.
“O monstro me prendeu em um pesadelo, onde eu estava dentro de um hospital, com minha irmã inerte em sua cama, e eu presenciava ela se transformar em um monstro repetidas vezes... Você me libertou, Elli-tchan, mas parece que Akame ainda esta presa em seu pesadelo.”