going verbiage all out
Apesar de não gostar que baguncem meu cabelo, era claro que Rebecca apenas fez aquilo como uma vingança por tê-la chamado de titia. De bom humor e dando uma risadinha, eu franzi as sobrancelhas como uma criança que não gosta de algo e tenta mostrar isso sem falar nada, mas então voltei minha expressão ao normal.
— Sangue humano e plantas? Parece inovador. — brinquei, sendo óbvio que eu estava se referindo a mim. O que Veraza estava fazendo, no entanto, era bem diferente do experimento a que fui submetido, logo percebi pela explicação. Concentrado, comecei a suspeitar para que lado aquele encontro estava indo e meu sorriso foi aumentado de pouquinho em pouquinho a cada nova palavra da doutor — Basicamente uma intoxicação. — conclui, embora fosse até que bem óbvio e a expressão fosse em tom de mostrar que eu estava prestando atenção. Meus olhos brilharam quando me foi apontada a mesa repleta de espécimes, e Rebecca podia perceber a minha felicidade em estar fazendo aquilo; era como estar de volta aos laboratórios com meu pai, mas desta vez comigo fazendo o trabalho que normalmente seria dele.
Um tanto emocionado e com lembranças das noites diversas que dormi em cadeiras enfileiradas por não ter com quem ficar em casa, procurei por um jaleco disponível e o vesti antes de me aproximar da mesa que logo seria tomada por experimentos. Uma coisa que eu aprendi estando sempre cercados de cientistas era que a segurança vinha em primeiro lugar, então também me certifiquei de estar de luvas. Apesar da minha ligação com plantas, eu nada sabia sobre aqueles exemplares alienígenas, então era bom me prevenir. Checando os equipamentos um por um, me senti familiar com os utensílios terráqueos e me peguei refletindo por algum bom tempo sobre como usar os demais de forma eficiente. Foi quando avistei aquele pinçador esquisito em formato de boca de cobra e o apliquei com cuidado em uma das plantas apenas para testar seus efeitos. Meus olhos brilharam esverdeados no segundo seguinte, comigo me conectando com a planta e tentando compreender o que estava acontecendo. Não parecia ser algo ruim, então me senti indo no caminho certo.
Levei algum tempo misturando diversos exemplares de seiva e até folhagem amassada de diversas espécimes até encontrar uma que, pela minha conexão, eu percebi estar mais adequada para o tratamento. Tinha algo em minha percepção das estruturas vegetais que eu me conectava que era difícil de explicar, mas para mim parecia bem óbvio. Concentrei minha mente ainda mais naquilo, deixando meus poderes fluírem mais forte do que antes, praticamente no mesmo nível de quando eu tentei expandir meus sentidos na floresta particular que me deram. Por alguns momentos, foi como se eu conseguisse ver em uma lente super aumentada cada estrutura daquelas plantas e suas toxinas. Por um breve segundo, pude ver sua menor partícula tremer enquanto se ligava a outra, como se fosse sua concepção em algum tempo muito distante. Quando meus olhos voltaram ao normal, eu sabia exatamente o que fazer. Mestre, o que descobri sobre as toxinas?
Eu ainda estava trabalhando naquilo tudo quando o chamado de Mila veio direto na minha cabeça. Ela parecia ter algo importante para dizer, mas naquele momento tratar de Ivanova e ajudar Rebecca era minha prioridade. Tentando respondê-la direto pelo canal telepático, eu transmiti minha vontade.
"Mila, estou ajudando a criar um remédio pra Ivanova agora, você pode transmitir a reunião pra mim? Eu estou quase terminando, não queria parar agora."