A tarde estava chuvosa, fazendo com que as ruas de Essembra ficassem enlamaçadas e escorregadias. Mais uma vez, no cemiterio da cidade, o coveiro Kheltu procedia com o enterro de um comerciante. Com o Encontro dos Escudos, que ocorreria daqui a tres meses, muitos comerciantes da cidade estavam buscando mercadorias em grandes cidades, na expectativa de ampliar as vendas no festival. Carroças de peles, objetos em madeira, trabalhos em couro, armas, entre outros ja podiam ser vistos a todo vapor na cidade. A consequencia disso: bandoleiros, bandidos e outras coisas piores atacavam os carregamentos nas estradas principais. Neste caso específico, foram orcs. O resultado: o caixão estava fechado.
Kheltu fazia seu trabalho da melhor forma possível. Suas preces eram profundas e arrancavam lágrimas dos ouvintes, já que falava sobre o falecido e seus feitos em vida. Tratava tambem do início de um novo ciclo para aquela alma, que a morte não era um fim em si, mas o começo de uma nova fase repleta harmonia e paz. As pessoas conseguiam, atraves das palavras daquele jovem rapaz, não ficarem com sentimento tão negativo acerca da morte.
Mas Kheltu sabia do seu potencial. Sabia que poderia fazer muito melhor longe dali, eguendo armas e lutando por Kelenvor e sua espada, a Lamina dos Justos. Mas sabia tambem que deveria esperar, tudo ocorreria no momento certo.
Havia um grupo de 30 pessoas no cemiterio, acompanhando a cerimonia do falecido comerciante. Ao final da cerimonia, aproximadamente no meio da tarde, todos vão embora tristes mas sem um sentimento tão negativo acerca da morte. Apenas uma figura permanece, que vai ao encontro de Kheltu. Ele usa uma cota de malha prateada, com cinto de metal ricamente detalhado, botas e luvas de couro grosso e negro. Um manto escuro e gasto cobre o corpo sadio do homem. Sobre o seu ombro Kheltu consegue ver o cabo grosso de uma espada, que fica as suas costas. O homem tem aproximadamente 45 anos, tem os cabelos longos e mal cuidados e barbas pro fazer grisalhos. Seus olhos são azuis, e suas feições mostram que ele não é dessas bandas.
Apos alguns segundos, ele caminha ate Kheltu.
- E que KeleMvor o guie durante o Plano da Fuga...se ele for merecedor, diz o homem.
- Meu nome é Barder Freezeheart. Gostaria de falar com você, jovem coveiro, diz ele.
- Somos irmãos de religião, meu jovem. Venho de Cormyr para passar uma temporada neste Vale, pregar a palavra do Juiz dos Condenados. Ouvi falar que você serve a ele tambem, e posso garantir, pelas suas preces, diz Barder.