A escuridão.
O ar gelado entrou como lâminas afiadas nos pulmões da jovem elfa da florestas, trazendo uma sensação nostálgica. Então era por isso que os bebês choravam à primeira lufada de ar em seus pulmõezinhos. Meileen, na ânsia de viver, respirou com força e se engasgou algumas vezes, antes de relaxar e começar a apreciar a vida novamente. Os pequenos detalhes da vida começavam a tomar forma, como o cheiro do orvalho e da terra molhada, os vários sons da floresta, aquela sensação de calor, mas com o vento gelado que lhe tocava a pele, fazendo-a arrepiar-se. Ela sorriu com aquela coisa tão simples, mas tão importante, que ela mal podia acreditar que estava viva novamente. E que presente era a vida. Agora, mais do que nunca, ela sabia.
A estremecida a fez fechar a mão involuntariamente e com isso ela sentiu a fisgada da rosa. Apoiou-se no cotovelos e a viu lá, plena, entre seus dedos, o presente de sua estimada deusa. Isso a fez se lembrar da conversa que teve com a deusa Andrine-luz, a deusa dos portais. Ela sentou-se e observou a rosa, depois que lembrou da conversa com a deusa dos portais, ela apalpou suas costas, mas nada sentiu. Tirou a blusa e curvou-se para ver o desenho que era um presente também. Não teve uma boa visão, mas pode ver que estava lá e isso lhe bastou. Vestiu-se outra vez. Olhou o círculo de cogumelos e sorriu até começar a reparar em volta. Onde estava? Nunca esteve lá, mas o lugar não lhe era estranho, de onde o conhecia? Estava...
- Esse lugar... mas como? - suas palavras saíram confusas - é perto... minha... casa! - sua audição já estava recuperada e seus instintos também e algo não estava certo. Levantou-se depressa com seu arco em punho, fechou os olhos e concentrou-se buscando a direção certa a seguir e foi... - hora de trabalhar, Meileen! - um turbilhão de imagens de sua infância agora apareciam feito água cristalina em suas memórias, as boas e as ruins, ela tinha um passado agora e sabia para onde seguir.