Aparentemente a babá era bastante vingativa e aquela expressão sádica dele enquanto assistia ao documentário estúpido só deixava mais claro. Já que não podia agredi-lo descontava em todas as outras coisas? Tsc. Balançou a cabeça. Agora seria ameaçado por causa daquilo e nem tinha como dizer que o avô não acreditaria que ele tinha se drogado em uma festa, porque bem… era muito provavel. Mesmo assim, tanto faz, não era como se desse para piorar ainda mais sua reputação com o velho. Era só não ser preso e isso ele tinha plena confiança que nenhum dos dois, por mais que fosse a vontade de vingança, gostaria que acontecesse.
Não estava achando divertida a atitude do secretário porque a joaninha já o tinha tirado do sério com aquela lição de moral e desprezo para o presente que ele lhe deu. Esse assunto mal resolvido lhe dava um sentimento enrolado no peito. Não gostava daquela situação meio termo, mas aparentemente era assim que tinha que sempre lidar com ela. Ficavam naquela linha entre raiva e qualqueroutracoisa. Uma linha que sempre que tentavam passar, um dos dois se enervava mais e fazia com que a história ficasse mais complicado. Mesmo assim, ele não conseguia simplesmente cortar e ir embora. Ela era algo bom que tinha aparecido naquele ano, apesar de ser tão estupidamente irritante e não ser capaz de entender o que ele falava.
Voltou ao celular e a sentar-se na cama. Ia se virar ali como dava, mas o documentário parado o deixou com cara fechada até que alguém resolvesse salvá-lo daquele universo. No meio tempo, não faltou tentativa de olhar perfil das pessoas, que estavam dormindo naquele momento, depois desistiu e resolveu deitar e descansar mesmo, fechando os olhos e cochilando brevemente ou fingindo, para evitar cair na provocação do secretário.
Tinha muito problema para lidar. Costelas doloridas, moto confiscada, joaninha nervosa, amigo crápula…Isso sem contar as pessoas que já estavam a fim de matá-lo. Imagina se soubessem o que aconteceu? Seria um prato cheio, hm?!
Enfim, seu humor já tinha virado para o estresse completo. Era melhor do que ficar infeliz, mas era difícil lidar com aquilo sem quebrar coisas e jogar outras nos outros. É claro que encarou a enfermeira querendo intimidá-la como um tigre ferido, e é claro que acenou para a recepcionista gatinha antes de ir para casa. Naquele estado gostava de provocar e obter reações e absolutamente detestava pegar carona com a babá que o tinha como refém.
Ficou em silêncio no trajeto, sentando ao lado do banco do motorista só para escolher uma rádio própria para ouvir e não se se sentir tão criança levada para a escola.
- Bibimbap. Tenho certeza que o seu arroz vai estar perfeito.
Também.. Depois de horas de documentário! Apertou os olhos. O secretário ouviria reclamações sobre a comida que faziam referência direta ao programa irritante, como “já passaram 5 minutos, não vai esquentar o arroz?”, mas é claro que ele só falaria isso para enchê-lo e acabaria comendo.
Era ótimo que o avô não estivesse em casa, porque se tivesse que ouvir perguntar agora, ficaria bem incomodado. Não interessava muito onde o velho passeava, mas o preocupava um pouco o que é que ele poderia estar tramando, já que na cabeça de Hyun Hee dificilmente o avô poderia simplesmente sair para se divertir em vez de tramar contra ele de alguma forma, mesmo que não tão intencional.
Sentado à mesa e beliscando alguma coisa antes do prato principal, viu que o celular vibrou com o nome de JongIn na tela e sua mensagem cara de pau. Lambeu a boca, com vontade de jogar o telefone na parede, mas ele quem tinha aceitado jogar o jogo da cobra, então agora que se virasse com o veneno. Riu de boca cheia, tapando a boca com a mão e respirou fundo.
Como ele era escroto.
”Sinto decepcionar, mas dessa vez eu ganhei como noite mais interessante.”
Escreveu com “bom humor”, mas a verdade é que queria meter a mão fechada na cara dele para cada movimento que o fazia sentir dor. E esse merda queria sua joaninha? Não ia deixar nunca.
De qualquer forma, a vingança era mais gostosa quando feita no momento certo. Jongin podia pensar que ele tinha realmente virado outra pessoa nos EUA e curtido aquele tipo de droga como praxe. Seria até melhor se criasse um clima de normalidade em volta do acontecido e deixar passar. Certamente apareceria uma oportunidade para fazê-lo tomar a própria bebida contaminada, mas seria muito maior do que isso e ele estaria ali do lado para assistir. Ser amigo daquele cara era fundamental para poder assisti-lo cair. Então tinha que controlar seus impulsos, o que ele sabia que acabaria não conseguindo fazer e estragaria tudo. Mesmo assim, sabia também que gente como seu amigo o tempo se encarregaria de devolver o que estava fazendo. Ele só… Podia dar uma mãozinha, se tivesse a chance.
Falando em impulsos, Hyun Hee não controlou o seu de largar uma curtida naquela foto tão bonitinha daquela menina e sua bicicleta. Era discreto, um like ali perdido. Nem era comentário. Mas marcava um território sim. De leve, discreto e quase não de propósito. Mas afinal não devia nada para ninguém. Ninguém mesmo.