Fantasmas

Hannibal seguia dirigindo e nota a mudança de postura de seu irmão. Parecia agora mais sério e mais focado. Conforme uma passando as ruas, ia também trocando as marchas. Escutava quieto e calado tudo que era dito por Jack, inclusive sobre sua irmã e tinha alguns pontos que precisavam ser salientados. Não deixa também de fazer uma nota mental das características individuais ditas por Jack sobre cada um da matilha e honestamente, aquilo era o que menos importava para Hannibal no momento. Logo que pode responder, disse então para o Ahroun.

- Não vai ser tão fácil despachar nossa irmã quanto parece, Jack. Pode parecer que não, mas a vantagem nesse momento não é nossa. Ela anda percorrendo a Blood Truce e tem algum relacionamento com um cara chamado Philippe LaClaire, que com certeza deve ser outro Vampiro desgraçado. O que ela tem com esse cara eu não sei, mas uma coisa é certa, eu preciso investigar com muito cuidado. Aquilo em Bela-Noite, nós vamo cair num covil de desgraçados, e até a gente saber ao certo com o que estamos lidando, estamos pisando em ovos. Yasmin deve sentir ódio no coração por conta dos erros dos nossos pais. O destino lhe pregou a pior das crueldades e agora deve impor na gente essa culpa. Não somos culpados e nem vamos morrer porque ela acha que a vingança dela é nos matar. Se um dia tiver que escolher entre eu e ela, obviamente escolherei eu.

Anda mais um quarteirão e pelo tom que Hannibal usava Jack poderia perceber o peso de suas palavras.

- Yasmin anda perguntando de mim, não vai demorar até nos encontrar, Jack. O caminho que vejo nesse momento, é a gente descobrir o que esse tão de LaClaire tem a ver com nossa irmã. A gente precisa descobrir quem é esse cara e no que ela tá metida, mas como descobrir isso, é que são elas. Eu tinha que fazer umas investigações, mas tive que vir te buscar. O ideal era que fosse comigo...

Olhou sorrindo para seu irmão.

- É bom ter alguém pra apanhar no meu lugar.

E riu mais abertamente depois. Era verdade o que dizia. Sabia muito pouco sobre Yasmin, a não ser o quanto ela estava tão perto. 

- Dará tudo certo, Jack. Todo mundo sai ganhando e todos farão o que é certo. Lutarão contra a Wyrm, nós só escolheremos o combate, contanto que isso seja prioridade de nossa prima, tudo dará certo. No final todo mundo sai ganhando, inclusive nós.

Claro que no fundo era bem mais complexo que aquilo. Não queria envolver a matilha porque o risco de dar mais merda era maior, mas por um lado Jack tinha razão, era algo que poderia ser usado a favor e isso não poderia ser descartado. Dá mais uma tragada e responde sobre Valerie ser instrumento ou parte do plano.

- Nossa prima será o nosso instrumento do plano. Convenceremos ela a lutar pelo que é certo, nossa sobrevivência, ela fazendo o certo, tem o respeito da matilha, que consequentemente estará enfrentando a Wyrm. É o bem comum de todos.

Sorriu para Jack e completou sobre seus contatos.

- Muito pouco. Aquele nome, mas na verdade nada substancial, por isso ainda preciso investigar melhor, mas já mexi alguns pauzinhos e pode ser que até daqui a pouco tenho alguma coisa, talvez um caminho. E cada caminho pode ser uma armadilha de nossa irmã.

Outra tragada jogando a fumaça para fora enquanto finalizava.

- Precisamos confiar desconfiando de tudo, Jack... de tudo.

Olha para Jack e se mantém sério seguindo pelas ruas de Bela-Noite.

'- Não sou familiarizado com a filosofia oriental. Seja benevolente com minha ignorância, meu caro Xavier. Pouquíssimas foram as vezes em que os tutores da “Casa Grande” dedicaram seu tempo comigo discutindo taoismo, budismo e confucionismo. Mesmo assim, fico lisonjeado que minha postura lhe arremeta tal pensamento. Meu nome Garou é Drakonnaya Krov'. Significa: Sangue-do-Dragão.'

Niko ficou em silencio por alguns instantes. Em seguida, mirou seu olhar para o espelho, onde era possível ver as lentes escuras dos óculos da Srta. Valerie. Olhando para as lentes, imaginando que naquele instante os olhos dela também o miravam, a respondeu de maneira sucinta.

'- Uma investigação, minha cara senhorita.'

Depois de alguns segundos o russo desviou seu olhar para a janela onde viu as construções humanas cinzentas contracenarem com a natureza verde.

Nikolayev se surpreende com o tamanho da propriedade. Era uma residência de proporções enormes, cercada por grandes campos verdes que se perdiam no olhar. Aquele era o tipo de local capaz de colocar qualquer Garou em sintonia com seu lobo interior.

Quando finalmente chegou ao Palacete Rosa e adentrou o recinto, o Presa observou a finíssima decoração daquela residência. Os padrões eram luxuosos e extravagantes. O imóvel também era enorme, havia diversos quartos e salas e Nikolay teve um pouco de dificuldade para encontrar o seu. Mais uma vez lá dificilmente perderia-se no caminho outra vez.

Já no quarto, aproveitou o momento e fez uma breve inspeção. O lugar era aconchegante, muito diferente do que estava acostumado. Experimentou a cama. Era muito macia. Olhou a paisagem que tinha a partir de sua janela. Não recordava de ter visto tanto verde antes. O quarto, em função do pouco uso, tinha um leve cheiro de poeira e mofo. Sendo assim, abriu a janela e inspirou o ar puro daquela mata.

Depois de desfazer a mochila e guardar as poucas roupas que trazia consigo na cômoda do quarto Niko tomou uma ducha quente. Em seguida, vestiu uma roupa limpa, algo simples. Uma camisa branca e calça jeans. Calçou as botas velhas, de outras longas andanças e desceu para o local onde a refeição seria servida, imaginava que todos já estivessem reunidos lá.

Enquanto caminhava rumo ao seu destino, farejava o cheiro da comida de longe, porém, ainda no seu aposento, havia comido algumas barras de cereais para distrair sua fome.

A CASA ROSA

(Flashbacks)

O Almoço

O almoço foi um verdadeiro banquete. Um misto de sabores que Nikolayev não conseguia imaginar que pudesse existir. Apesar do sangue da rainha Tamara, cuja trilha chegava até os gêmeos Tvarivich, correr nas veias o modesto Niko, ele jamais havia sido acostumado a desfrutar de tais luxos. Luxos, como por exemplo, uma sobremesa após o almoço. Um banquete para ele se resumia a pão, algumas uvas frescas e um pouco de vodka. Aquilo lhe bastava. Ele estava acostumado a simplicidade. A viver de pouco pão. Aquela simploriedade sempre deixava seus semelhantes loucos!

Quando partiu da Rússia, o Lua-Cheia saiu decidido a não utilizar em hipótese alguma seu sobrenome em benefício próprio. Em suas viagens muitas foram as vezes em que ele sentiu fome e dormiu ao relento, mas jamais fez questão de se valer do seu sangue para desfrutar de qualquer conforto. Entendia que honra estava acima de um sobrenome.

Durante o almoço, e diante daquela matilha, Nikolay sentia-se lisonjeado com a hospitalidade, bem como a camaradagem daqueles Garous para com ele. Quando foi informado que a guloseima servida seria uma iguaria russa, sorriu espontaneamente. Ele mesmo não conhecia os pratos típicos de sua Pátria Mãe. E como poderia conhecer tendo ele crescido entre as estepes congeladas da Sibéria? Mesmo não estando familiarizado com a sobremesa que lhe foi servida, o Filho do Falcão sentiu o dever de retribuir tal atenção. Se sua anfitriã se dispôs a trazer para a mesa de sua casa um prato da terra natal do seu convidado. Tal gesto não poderia passar batido. Então o presa elegantemente se levanta de sua cadeira.

‘- Um momento de todos por favor! Srta. Valeria. Não sei como lhe agradecer. Ninguém até hoje se dispôs a fazer o que você vem fazendo por mim de tão bom grato. Alguns até se dispuseram, mas somente o fizeram mediante ao conhecimento de minha linhagem e é claro, movidos pelo vil  interesse político.Diante da homenagem a Mãe Russia, gostaria de propor um brinde a sua hospitalidade. Faço isso não apenas em meu nome, mas em nome de todas as pessoas que você acolhe sobre seu teto.’’

Dito aquilo, ergue sua taça ainda com vinho, olhando para sua anfitriã.

‘- A sua hospitalidade. Nasdrovia!’

Dito aquilo, tomou um gole do aperitivo.

(Off: A cena pode parar aqui ou seguir caso alguém queira interagir comigo)

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Jack

O momento do almoço já havia ficado para trás. Niko, agora na janela, observava os extenso campos verdes da propriedade de Valerie. De repente, a presença de Jack interrompe a contemplação que o russo fazia daquela paisagens tão diferentes a tundra palida siberiana.

Após o brutamontes finalmente se apresenta formalmente, e lhe oferecendo uma nova taça de vinho, Niko retribuiu a cortesia aceitando a oferta e informando ao mesmo seu nome garou: Sangue-do-Dragão.

Quando Jack fala em tom de brincadeira sobre a necessidade de alguém para pressioná-lo, no intuito de fazer com que esta competitividade esportiva lhes trouxessem glória, Niko ri com ele. Porém, no seu íntimo, o Presa notava que aquele Senhor das Sombras ainda não fazia a menor ideia a respeito das motivações que guiavam o jovem Tvarivich. Mediante aquela sensação, o russo foi bem franco com ele.

‘- Não se preocupe valente Jack, não serei nenhum obstáculo para você. Na realidade, não comungo dos mesmos anseios que os seus. Não busco glória e muito fama nessas terras longínquas. Sou um sujeito discreto como você pode bem perceber. Nada mais além disso. Sinto dizer que nossas motivações seguem por caminhos opostos e sei que talvez isso lhe frustre. Mas acredite, ao meu ver, isto soa como algo positivo para nossa convivência já que não impedirei que você siga seu caminho rumo ao topo da sua montanha pessoal.’

(Off: @Hagen o diálogo pode seguir se quiser)

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Gwen

Reparando que Gwen estava sozinha, Niko pretendia pedir licença a Jack quando este o fez tal favor. Enquanto o Senhor seguiu tranquilamente para o local onde sua prima descansava, Niko caminhou até Fianna. Quando estava perto o suficiente, ela a perguntou:

'- É uma bela jóia. Tem algum significado especial?'

Fazia alusão ao pingente em forma de floco de neve que a ruiva levava consigo.

(Off: @Gwen O'Dyna o diálogo pode seguir se quiser)

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A MONTANHA

(Tempo presente)

Caern

Finalmente  havia chegado o momento do encontro com o líder daquela seita. Niko estava perfilado junto aos outros membros da matilha Aliança com Luna,  aguardando que o ancião senhor da montanha convocasse a alfa.

Hannibal sente o cheiro do almoço feito por Marta e fica muito satisfeito. Comer era bom. Nas custas dos outros era melhorar ainda. Tudo corre bem. Come e bebe igual como deveria ser para se sentir satisfito. Nota Niko fazer um brinde de boas vindas e prefere ignorar por hora. Aquilo era coisa de quem não tinha o que fazer ou o que se preocupar. É então que vai descansar e após o descanso, trabalho. Iria até ao Senhor da Montanha, liderado por um de sua tribo, o que também era importante. Colocou seu terno fino e bem cortado, que também era dedicado, e se pôs a andar por uma hora. Depois por mais duas horas em lupino até que na entrada pelos grifos soube que havia chego.

"To em casa..."

Nota então que o Senhor da Montanha estava sendo em posição de lótus próximo a um espelho dágua. Não interromperia seja lá o que fosse que o líder estivesse fazendo. Apenas mantém o semblante fechado e se posiciona ao lado de sua Prima Valerie, afinal, Senhores das Sombras eram unidos ou no mínimo mantido pelas aparências mistosas e cordiais. Naquele Caern bastava aguardar para ver o que o príncipe e o líder falariam.