A Guerra. A Guerra nunca muda.
O ano é 2290 mas pouca gente se importa com isso. Naquela mesa estavam duas pessoas que já tinham sido servidas com duas doses de café forte de origem desconhecida.
Era um bar de Lugar Nenhum da região de Não Interessa.
A mulher é uma repórter que sabe que sua profissão nem existe mais. O homem usa uma máscara de gás.
[Piper]:Você vai tirar a máscara pra tomar o café ou coloca pelo tubo? - a jornalista ri um pouco e termina seu café.
O homem segura o caneco com as duas mãos. Está mais concentrado no que falaria do que no café barato.
[Mascarado]:Piper, a famosa Piper. Aquela que ajudou o Sole Survivor a libertar o Commonwealth* do Instituto.
Piper respirou fundo, não parecia feliz com a memória.
[Piper]:Eu mesma. E você tem nome ou é só Mascarado?
[Scott]:Meu nome é Scott. Quero que você publique uma história, Piper. Quero que todos escutem sobre ela: na Commonwealth, na Capital Wasteland*, no Mojave*...
[Piper]:Uou uou, calma garoto do ar. Sobre o que seria essa história? - sua curiosidade era maior que seu nível de descrença.
[Scott]:É sobre a Empire Wasteland. Sobre Nova York.
Piper inclina o corpo. O homem tomou sua atenção por completo.
[Piper]:Se importa se eu pegar meu gravador? Acho que isso vai ser uma história longa, não?
Scott acenou positivamente.
Como tudo em Sandford o Liberty Pub era um amontoado de sucata, materiais diferentes de construção e estilo combinados num estabelecimento que refletia toda a diversidade da comunidade.
A máquina de música tinha a mesma seleção de músicas desde...sempre, afinal, quem gravaria mais músicas depois do fim do mundo?
Uma clássica tocava, dando melodia a uma manhã comum.
Patrick e Nin teriam acabado de chegar e se sentar numa mesa de quatro lugares. O movimento era o comum para aquela hora da manhã: pessoas tomando seu café da manhã, ouvir as notícias do dia anterior e ter mais um dia de trabalho.
Todos em Sandford trabalham caso queiram se abrigar na cidade. Alguns trabalhos pagam mais outros menos, mas a maioria paga Bottlecaps* o suficiente para o dia a dia.
Nin e Patrick tem uma seleção meio limitada para seu café da manhã. Caçar era uma opção, mas ultimamente os arredores de Sandford andam mais desertos que o normal, nem as criaturas que rastejam pela terra desolada estavam aparecendo.
- Cardápio:
- Carne de Brahmin* frita
- Ensopado de esquilo
- Iguana no espeto
- Sopa de vegetais
- Agua purificada
- Café solúvel
Assim que pedissem a dupla receberia um conhecido na mesa.
[John]:Bom dia - o colega, um scavenger como os dois, joga a mochila ao seu lado no chão. Ele parece não ter dormido muito bem - Viram a Kara por aí? Ah, ela já chegou.
Kara não é uma scavenger como os três e sim uma espécie de "atiradora independente" que trabalha com bicos de segurança. Ultimamente ela vem trabalhando bastante com John.
[Kara]: Hey hey Johnny Kido, já acordou com essa cara de Ghoul? E ae Tsunami, Branquelo - ela é desbocada, conhecida por dar apelidos nos outros - Já falou pra eles do serviço de hoje?
Ela ergue a mão para pedir algo.
[John]: Ainda não, Kara... - ele soa um pouco incomodado, mas parecia ser o seu tratamento normal com ela - Uns scouts acharam um monte de sucata valiosa perto de Sandford. É coisa nova, vai valer uma grana, mas eu não consigo carregar tudo e sei que vocês sabem a diferença de cobre e de alumínio barato.
Era um serviço interessante. Caps a mais nunca fazem mal, principalmente em época de baixa de serviço como agora.
O Sr. Ninguém pode ter feito muitas coisas em sua vida, muitos feitos inéditos entre seus semelhantes, mas o mais recente era surpreendente: cruzar o país inteiro até chegar ali, em Empire Wasteland.
Na borda da Empire Wasteland para ser mais exato.
O caminho até ali tinha sido tortuoso pois não existem estradas da Empire Wasteland para o Mojave. Na verdade a região toda é praticamente isolada devido a duas das bombas terem atingido o meio do caminho, criando obstáculos.
Além disso havia sido um caminho solitário: não havia visto quase ninguém. Pelo menos não teve de matar ninguém também.
Um ponto positivo é de que na região haviam musicas diferentes no rádio.
Sua pista mais recente lhe trazia ali: A Comunidade de Sandford. Um assentamento que havia prosperado e já podia ser considerado uma cidade.
O portão estava fechado, talvez tivesse um horário de abertura.
Um guarda encara o viajante. Será que já tinha visto alguém com o uniforme da NCR na vida?
Um serviço simples e entediante: escolta de mercador.
Ash já fizera esse caminho e esse tipo de missão centenas de vezes.
O mercador contratava o serviço de proteção na região da Estação Brooklyn e eles caminhavam até Sandford. Transporte de Brahmin, como sempre.
O diferente neste serviço era que este mercador era...excêntrico. Um homem com vestes muito mais caras que dos comerciantes comuns da comunidade. Ele até mesmo havia contratado dois guardas ao invés do comum que seria um. Vance é seu nome.
Vance tinha seu próprio rádio, não falava muito então deixava a música preencher o silêncio.
Brooker, que faz parte de seu bando de mercenários, também acompanhava na missão.
[Brooker]:Ahhhgrrr, esse cara parou de novo!? - estava irritado. Não tinha matado nada no caminho e Ash sabe que o colega tem um dedo muito leve e que costuma atirar antes de fazer perguntas.
Vance estava alguns metros atrás, tinha parado de andar enquanto os dois mercenários estavam mais a frente.
[Vance]: Senhores...por gentileza...uma pausa para respirar.
[Brooker]: Falta só uma hora! Vamos! - impaciente.
É uma região desértica, sem quase nenhuma estrutura ao redor tirando as ruínas de uma lanchonete.
[Brooker]:Me ajuda a arrastar esse cara. Ele tá demorando tanto que eu imagino se a gente ia ganhar mais só matando ele e levando a carga - sussurrou para Ash. Ele estava curioso com o conteúdo do transporte.
Quem não estaria?
O despertador e o relógio revelaram a Lizbeth que era manhã mais uma vez. Se não fosse o caso seria impossível diferenciar manhã da noite, pois o sol não existe naquele mundo que é o Vault.
Uma máquina de som preenche o silêncio do refeitório quase vazio. Uma música que Liz já ouvira, desde criança, afinal as músicas que tinham no Vault eram as mesmas desde o ínicio do uso do abrigo subterraneo a mais de 200 anos.
O café em sua caneca é do tipo plantado numa estufa: mais uma regalia que o Overseer lhe concedia. De repente pareciam tantas...
As coisas andavam quietas em seu trabalho também. Sem novas "ovelhas negras" nem prisões. O Vault 265 parece só uma pequena cidadezinha como nos tempos do pré-guerra, com sua rotina e vidas normais e pacatas.
[Robert]:Bom dia doutora, se importa se eu sentar com você? - Robert surgia interrompendo pensamentos e se sentava na mesa, de frente para Liz.
Robert é um dos capitães da Guarda do Vault. De acordo com as avaliações psicológicas de Liz ele é um homem honesto, leal ao Vault mas com um jeito simplista de enxergar tudo.
É mais uma ovelha do Vault. Mas pelo menos é um rosto conhecido naquela manhã, mesmo que não fosse tão próximo da doutora.
[Robert]:Faz tempo que a gente não se esbarra por aqui. Como anda o trabalho? - o guarda toma um gole de alguma bebida fria.
- Glossário:
- Commonwealth: região de Boston onde se passa o Fallout 4
- Capital Wasteland: região de Washington onde se passa o Fallout 3
- Mojave: região de Las Vegas/California onde se passa o Fallout New Vegas
- Bottlecaps: no universo de Fallout o dinheiro papel não tem valor nenhum. A "moeda" de troca são tampinhas do refrigerante Nuka-Cola, os Bootlecaps ou abreviados somente para Caps.
- Brahmin: Brahmin é um tipo de vaca afetada por radiação das bombas nucleares que mutacionou e possui duas cabeças. É um animal muito utilizado para alimentação e carga.
OBS: Ufa, finalmente começamos essa mesa! Obrigado pela paciência de vocês nesse começo.
- Fiquem a vontade para interagir com os NPCs e tomarem suas deciões. Nesse começo eu acredito que vocês podem começar a se acostumar com o cenário e já ir pegando o feeling de seus PJs.
- Caso fique alguma dúvida ou questionamento fiquem a vontade para me perguntar no grupo ou no pvt.